A complexidade da nossa sociedade hoje, é uma de nossas características fundamentais. Não somos só uma divisão de classe e nem tão pouco de estamentos. Somos, mais do que nunca, seres fluidos e nos tornamos cada vez mais individualistas e voltados a satisfação de nossos próprios interesses. É nesse sentido que Axel Honneth, ao se referir a "Luta social" a coloca como expoente não de interesses individuais, mas sim de interesses coletivos que se confluem para uma causa comum, que para o pensador está no que chama de "Luta pelo reconhecimento".
Para isso, deve haver uma ponte semântica entre os indivíduos, ou seja, a ponte que une o individual ao coletivo.
Ao se sentirem injustiçados, marginalizados, feridos, os cidadãos ao encontrarem seus semelhantes, ao se reconhecerem como grupo, se formam tanto individualmente no âmbito do ser- Ao reconhecer o seus semelhantes acaba por propriamente se reconhecer- Quanto coletivamente, com uma identidade, e, sobretudo, uma Luta comum.
Essa Luta restituirà ao indivíduo um pouco do respeito e da auto confiança perdidos, já que ela demonstra e reafirma ao resto da sociedade justamente aquilo que antes era motivo de preconceito.
Para que essa análise fique mais clara, nos atentemos, por exemplo, ao caso dos homossexuais. Não citaremos aqui os, infelizmente, inúmeros casos de preconceito, barbáries e violações de direitos humanos sofridos por esse grupo ao longo de nossa história.
Contudo, atualmente, cada vez mais com a união desse grupo, com sua luta pelo reconhecimento, tem se tornado uma contraposição de forças a todo o conservadorismo presente em nossa sociedade.
Um exemplo disso é a ADIn 4227 ( ação direito de inconstitucionalidade) e a ADPF 132 (arguição de descumprimento de preceito fundamental), ajuizadas pelo Procurador- Geral da República e pelo Governador do Estado do Rio de Janeiro, declarando que a união homoafetiva não deveria ser reconhecida como instituição familiar a ter direito a proteção do estado. Todavia, após o trânsito em julgado e uma pressão social a decisão foi favorável a reconhecer esse tipo de formação familiar legalmente como exemplo de família.
Em suma, a partir da articulação desse grupo como movimento social, como um grupo conjunto de Luta e de voz, cada vez mais chamam a atenção da esfera pública para suas causas e elevarem a reparação de seus males.
É Ainda importante ressaltar que ao obedecerem a mesma lei, os sujeitos de Direito se reconhecem reciprocamente como pessoas que podem decidir com autonomia individual sobre normas morais de toda a sociedade. Ou seja, se reconhecem também como partícipes de uma sociedade, de um grupo, e por isso, muitos desses movimentos também recorrerem aos tribunais para essa disputa, pois muitas vezes é lá que se consegue fazer com que os seus direitos valham tanto como sociedade mas, sobretudo, como grupo que marginalizado quer voz e a reparação de tantos males.
No exemplo, supracitado, o que tão somente querem é que seja reconhecida a união homoafetiva, um direito fundamental, e que há tanto tempo fora negado a esse grupo. Pede-se o mínimo. Nós enquanto sociedade, devemos nos orgulhar e estimular tais lutas, afinal, é impensável viver em um país, no qual, Ainda se recusava um dos direitos fundamentais a certa parcela da sociedade: o amor.
Mariana Rigacci, noturno
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