Pra onde vai o operário?
O poeta uma vez perguntou.
A eterna luta é seu cenário,
A dialética o retratou
A fome demanda
O alimento que nunca brota
Ele anda
Mas sem nunca saber a rota
Atípico seria se naquela mesa,
Sentasse o mais sujo
No leme, outro marujo
Ao mar de incerteza
Teus ombros suportam o mundo desumano
E o mundo só é leve para quem dorme bem.
Mas o velho manifesto calou seu desengano,
Quando ele soube do poder que tem.
Gustavo Lobato Del' Alamo - 1º Ano - Diurno
Este é um espaço para as discussões da disciplina de Sociologia Geral e Jurídica do curso de Direito da UNESP/Franca. É um espaço dedicado à iniciação à "ciência da sociedade". Os textos e visões de mundo aqui presentes não representam a opinião do professor da disciplina e coordenador do blog. Refletem, com efeito, a diversidade de opiniões que devem caracterizar o "fazer científico" e a Universidade. (Coordenação: Prof. Dr. Agnaldo de Sousa Barbosa)
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domingo, 3 de setembro de 2017
A Reinvenção do Capitalismo a partir de uma Concepção Marxista
A
Revolução Capitalista, na transformação da indústria, iniciada por meio da cooperação
simples e da manufatura cujo princípio é a concentração dos meios de produção,
até então dispersos, em grandes oficinas, com o que se convertem de meios de
produção sociais, metamorfose essa que não afeta, em geral, a forma de troca.
Ficam de pé as velhas formas de apropriação, entretanto aparece o Capitalismo. Assim, em sua qualidade de proprietário dos
meios de produção, apropria-se também dos produtos e os converte em
mercadorias. A produção transforma-se num ato social; a troca e, com ela, a
apropriação continuam sendo atos individuais. O produto social é apropriado
pelo capitalista individual. Contradição fundamental, da qual se derivam todas
as incoerências em que se move a sociedade atual e que a grande indústria
evidencia claramente.
Primeiramente, temos de definir que o
proletariado tem de se identificar como tal, parece uma bobagem, mas as
transformações ocorridas após as grandes revoluções, Francesa e Industrial,
fizeram com que o homem mudasse suas relações com o principal bem, que é
intrínseco historicamente, no caso, o trabalho. Com o surgimento do Capitalismo,
as ideologias produzidas por essa nova fase na vida do homem vão transformá-lo
também em uma mercadoria, pois a partir do aparecimento do Capitalismo, o homem
vende sua força de trabalho e passa a ser incorporado à mercadoria, a burguesia,
que detém os meios de produção, compra a força de trabalho e se apropria do
excedente produtivo, transformando o trabalhador em uma peça dessa engrenagem
produtiva. Sendo assim, o “proletariado existe porque luta,” identificando seu
principal valor e se apropriando da sua importância no processo produtivo ele
se identifica como proletário, ele considera que a força do seu trabalho é que
é responsável pela produção da
mercadoria e, sem ela, a cadeia produtiva não avança, o proletário também
enxerga que existe uma divisão e quanto a quem produz e quanto a quem é o dono
dos meios de produção. Neste momento, começa a se pensar na divisão social do
homem e isso se chama divisão de classes; proletário que vende sua força de
trabalho e a burguesia, que é dona dos meios de produção.
A
burguesia, ao longo dos séculos, cria mecanismos cada vez mais eficazes de apropriação
do excedente produtivo. A mais valia, para o capitalista, é o motor precursor
para se criar novas ideologias e cada vez mais afastar o homem do seu bem
inerente: o trabalho. A alienação e o fetichismo têm o papel de dar um novo
significado para o consumo de mercadorias, já que antes o valor embutido na
mercadoria era o de uso e de troca. Com a criação da mais valia, necessidade de
se pensar a mercadoria como um bem de uso, de venda e de “status”, cria-se a
necessidade cada vez mais de consumo.
O
trabalhador que se identifica como proletário sabe que nas suas mãos, “nem uma
lâmpada se acenderá, se não houver a mão de um trabalhador envolvido”. A grande
questão é que ao longo dos tempos, o Capitalismo vem criando mecanismos de
coesão, o próprio aparecimento de uma Ciência que estuda a vida em sociedade, a
“Sociologia”, no século XIX, traz consigo questionamentos e necessidades desta
nova sociedade, pensadores como Auguste Comte e Émile Durkheim trarão em seus
estudos revelações de como essa nova sociedade terá de se comportar em relação
ao homem e ao trabalho e das relações dos próprios homens em sociedade.
Destarte, seus ensinamentos serão de grande utilidade para a manutenção e
aprofundamento do capitalismo no mundo.
Luciana Molina Longati - Turma: XXXIV - Noturno
Dialética de classes
A dialética é dos conceitos mais importantes para compreender a luta de classes, a forma de como surjem as transformações sociais, e ideia de tese e antítese, criando uma síntese mais complexa e que compreende os dois lados da discussão. Para que a dialética funcione é necessário algo que conserve as condições, o direito é o novo campo de batalha, entre elite e povo, o direito passa a ser o objeto de tensão entre as ideologias. Por exemplo, a burguesia em seus primórdios, não tinha poder real, apoio do exercito basicamente, encontraram no direito um modo possível de ascender. Quando começaram a atuar no direito seu objetivo principal era uma igualdade formal entre as pessoas e liberdade. Uma antítese seria a de que o direito também é palco, posteriormente, da garantia dos direitos sociais, ou seja o direito é sempre o alvo da luta por condições materiais, das ambições. Mais um exemplo dessa luta de classes real, pode ser vista nas leis trabalhistas, os liberais desejam uma liberdade maior para negociar salários, já os de viés socialista mais garantias concretas e delimitadas desse salário, a síntese disse é a lei de salário mínimo, que ao longo do tempo, e pelas mudanças sociais varia seus números regularmente.
A lei é o meio dessa constante luta, mas há quem diga que essa constante luta nunca foi, e não será balanceada, so um lado ganha, o que muda é só os valores. E que a solução para tal é uma extinção dessa tese, uma extinção da luta de classes. Uma revolução traria o surgir de uma única classe e a extinção das outras anteriores. Sou parte dos que acreditam que a luta sempre vai existir, e que os avanços conquistados por meio do direito são a melhor e mais formidável forma de garantir.
Lucas Luiz Cavalcanti 1º ano Direito Diurno
Movimento
Desde
que o homem é conhecido na Terra há o instinto e necessidade de haver dinamismo
na sociedade. Seja o nomadismo para a sobrevivência num primeiro momento, sejam
as viagens comerciais no feudalismo para as trocas, seja a velocidade da
Internet para propagandas e compras online atualmente: tudo se resume em
movimento.
Esse
movimento constante não para nessas definições e vai além: a história da luta
de classes. Marx e Engels propõem um ciclo dinâmico que sempre esteve presente
nas sociedades: opressor e oprimido lutam, um para manter a ordem, o outro para
transformar. Porém, com essas lutas mesmo o lado que tenta manter vai ser
obrigado a mudar de alguma forma. Ou seja, a “ciranda” permanece.
Revolução Industrial. Surgimento
das máquinas modernas. O que se movimenta mais do que engrenagens de uma
máquina? A classe oprimida vai perdendo a autonomia: sua vida depende do “bater
de cartão”, é preciso trabalhar, é preciso ganhar dinheiro, é preciso apertar
um prego... A esteira leva... é preciso apertar outro prego... A esteira
leva... O que estou produzindo mesmo? Movimento. E o indivíduo passa a ser
aquilo que produz, pois, o trabalho torna-se especializado e contraditoriamente
parado. O indivíduo estagna para produzir movimento e no fim fica o
questionamento: Você é “quem” ou o “que”?
Rayra Faria 1º ano Direito
Prezado
Prezado Karl Marx,
Tenho estudado sua obra
– queiram, ou não, ela mostra-se capital para entender qualquer evento de nossa
história recente – e, no momento, confio modestamente ter me deparado com alguns
desacertos em suas teses – consciente de que posso tão-só não ter bem compreendido
suas pressuposições, temendo assim cometer uma famigerada “deturpação”. Por
isso, creio ponderadamente poder sanar alguns questionamentos com o senhor e
ainda lhe trazer boas novas do mundo atual.
Chamou-me a atenção o
“valor real” dos produtos, que seria exclusivamente determinado segundo a
quantidade de trabalho da sua produção, tendo o preço uma espécie de caráter intrínseco
a eles. O senhor não acredita que isso seja um tanto generalizante? Digo, não
seria de bom tom levar em conta o valor subjetivoapitalista idoapitalista rainha Elisabeth bens necessarios ou
etiva prosperidade, apesar das crises atuais. derivado do grau de utilidade e serventia que
o referido produto virá a ter para a comunidade? Levando-se em conta apenas a
“quantidade de trabalho” não teríamos aberrações como uma fábrica de gelo construída
no Alaska valendo o mesmo que uma no deserto do Saara? Ainda, acresço, rejeitar
as variáveis de um preço não seria absurdamente afiançar que não existem
diferenças entre valor presente e valor futuro? Por mais que um pouco de ouro tenha
valor absurdamente maior do que um copo de água no momento presente, em um
futuro hipotético e trágico em que falte água, essa situação poderia se dar
distintamente, não?
Ainda no seu método,
permita-me continuar: sob a ótica do explorador e explorado, capitalista versus
proletário, como abarcar um humilde vendedor de algodão doce que, ao ter um
aumento em sua demanda – fruto de seus esforços, bons serviços e iniciativa −,
porventura contrate um assistente para ajudá-lo? E um diretor assalariado da
mais alta cúpula de uma multinacional petrolífera? O primeiro, enquanto capitalista,
estaria sendo explorador; o segundo, enquanto, proletário, o explorado? Outro,
a mais-valia também não acaba por não levar em conta os riscos dos
investimentos que o empreendedor dispõe inicialmente? Em miúdos, o empreendedor
paga – capital esse que poderia usar para consumo ou investimento seguro − aos
trabalhadores, de antemão, com bens presentes em troca de auferir bens no
futuro, correndo o risco de não recebê-los, sendo o lucro uma recompensa ou
incentivo desse sacrifício de reserva. Parece-me natural, não? Ninguém o faria
gratuitamente, penso.
Expostas algumas imprecisões
iniciais, não poderia mantê-lo aquém dos eventos por aqui. Sem me alongar, em
síntese, o projeto socialista ou comunista acabara não rendendo bons frutos por
aqui, não. Acharia desairoso e pretencioso atribuir-lhe todo o fracasso dessas
experiências, contudo, não posso me privar de opinar que alguns de seus
enunciados, como “cada país deva, antes de tudo, liquidar sua própria burguesia”, “derrubada violenta da burguesia”, “descrevemos a história da guerra civil”, “a burguesia produz,
sobretudo, seus próprios coveiros”, “violação despótica do direito de
propriedade” acabaram possivelmente por engrenar projetos ditatoriais e totalitários
– como disse Bakunin “O teu sistema vai se tornar ditadura!”. Lenis, Stalin, Mao, Kim ll-sung, Ceausescu, Che, Fidel,
Ho Chi Minh, Pol-pot acabaram por praticar não mais do que atrocidades e genocídios.
Entre seus feitos encontram-se reiteradamente as mais repressivas perseguições
políticas, campos de concentração, pelotões de fuzilamento − contextualizados
em inevitáveis cenários de fome, miséria e barbárie. Pol Pot, por exemplo, em apenas
3 anos, dizimou 24% da população do Camboja. Stalin foi responsável pela morte
de cerca de 5 milhões de ucranianos, somente no chamado Holodomor – o
Holocausto Ucraniano. Os cubanos são subjugados pela dinastia dos irmãos
bilionários Castro – Fidel chegou a alcançar o posto de 7º governante mais rico
do mundo, superando inclusive a rainha Elizabeth do capitalista Reino Unido −
há mais de 50 anos; e outro país, a Venezuela, aqui da América Latina, tem lamentavelmente
ido para a mesma direção despótica.
Chegando ao fim,
gostaria de reiterar toda sua importância para a compreensão do mundo atual e
já me desculpar pelo excesso de questionamentos e pretensões. Por último, para
confortá-lo – assim almejo −, posso abalançar que o mundo moderno tem começado
vagarosamente a entender o valor da liberdade. Conseguimos, por ora, apartar-nos
um tanto dos vastos ensaios totalitários, que conclamam conforto e prometem
caminho fácil para reduzir a miséria. Ajuízo que quanto mais se peregrinar
nesse sentido da confiança nas próprias seivas e iniciativa − e buscar-se a
real libertação −, mais longe possível do aparelho defeituoso, arbitrário e
coercitivo estatal, poderemos almejar uma relativa prosperidade, afastando-nos inclusive das crises atuais. Aliás, outra boa nota: seu receio apocalíptico
quanto ao desemprego estrutural decorrente das máquinas não tem se confirmado,
viu? Com todo avanço tecnológico assistido desde o século XIX, a população
mundial cresceu em 6x e a expectativa de vida mais do que duplicou.
Espero ansiosamente
as respostas,
De um partidário
das liberdades e do indivíduo livre de fato e de direito,
João Vitor Penteado
Meus heróis morreram de overdose, os meus inimigos estão no poder
A
classe burguesa toma papel principal, indispensável e muitas vezes heroico nas
relações históricas. A tomada do poder das mãos de nobres absolutistas, a
democratização social, a liberdade humana, exemplos de sua “superioridade
cultural”. A ascensão burguesa proporcionou incríveis cumes de tecnologia e
conhecimento, coisa que nenhuma outra classe em qualquer outra era foi capaz de
realizar. A sociedade, após o ápice do poder burguês, finalmente é livre para
se organizar como quiser, cada cidadão é livre para fazer o que quiser segundo
a lei universal. Livres? Seríamos realmente livres?
Assistindo
o meio social com lupas para a problematização carcerária e jurídica,
consegue-se ver que a prisão, método atual de reparação da criminalidade, se
deu somente pela ascensão dos burgueses. Reparação. Reabilitação. Falácia. O
autor Michel Foucault apresenta que a finalidade da prisão, na verdade, nunca
foi reabilitar e ressocializar o delinquente. E sim excluir, vigiar e punir. E
assim acontece ainda nos dias atuais. Mesmo com toda a forma de suplício
ocorrida nas cadeias brasileiras, como superlotação, violência nas celas,
estupros, fome, pessoas vivendo na sujeira, sendo tratadas como lixo, propícias
a todos os tipos de doença, mesmo com tudo isso, ainda legitima-se o método,
defendendo que é o necessário para o delinquente. Necessário para quem? Para a
reeducação social do ser humano ou para a exclusão deste do meio social do
burguês opressor que pensa nos seus bens materiais acima da racionalidade
humana?
Apenas
um fato social que apresenta a alienação nossa de cada dia. Aquele que é capaz
de torturar desumanamente o homem que invade sua propriedade, seria capaz de
deixar o restante da plebe livre? Seríamos realmente livres? Um obrigado pela liberdade concedida por nossos heróis.
O materialismo histórico e suas aplicações
Marx e Engels se destacaram, entre outros motivos, por
atribuírem um método inovador de interpretação da sociedade, estabelecendo uma
ciência baseada no socialismo e no que ficou conhecido como materialismo
dialético. Para tanto, propuseram a superação da filosofia de especulação sobre
o mundo, dando lugar à explicação deste estruturada pelo capital. Afinal, a
ciência só teria início com o fim da especulação. Nesse sentido, condenam uma
corrente de pensadores conhecidos como socialistas utópicos, segundo os quais o
socialismo é uma verdade absoluta a ser revelada, expressão da razão e justiça.
Esse voluntarismo para transformar a ordem seria uma utopia na medida em que
desconsidera a sistemática e a complexidade de uma sociedade capitalista na
qual os meios de produção determinam as relações sociais. Tais pensadores se
viam como homens iluminados e tomavam como base apenas a razão pensante, o que
impossibilita a noção do todo, das relações e da multiplicidade da dinâmica
social.
Contrapondo-se
a essa tendência, Marx e Engels desenvolveram o materialismo dialético, um
método científico que toma como base as condições históricas para explicar as
dinâmicas sociais e interpretar o mundo. Compreende-se, assim, o socialismo
como ciência ao situá-lo na realidade, o que explica a crítica marxista à
análise metafísica. Esse método procura decifrar as leis históricas e as
contradições inerentes do capitalismo, buscando a causa das coisas a partir da
experiência histórica. Dessa forma, entende-se que a evolução do conhecimento
fornece o embasamento para fundamentar as análises, as quais devem ser feitas sempre
através de uma visão do todo. Para compreender o desenvolvimento humano, sua
complexidade, seus avanços e retrocessos, é preciso adotar uma perspectiva que
analise as condições históricas e, com isso, interprete as transformações pelas
quais a sociedade passa constantemente.
O
método empregado por Marx e Engels pode ser aplicado em uma série de situações
da atualidade. Um discurso que ganha muita força é aquele que procura premiar
os indivíduos com base em seu mérito e competência própria. Sob uma perspectiva
meritocrata, é possível ilustrar o materialismo histórico através de um exemplo
prático: um jovem de 20 anos, branco, filho de um promotor de justiça e que
sempre teve tudo em abundância na vida e outro jovem de mesma idade, mas
nascido na periferia, que trabalha desde pequeno para ajudar a família. Se os
dois almejarem um cargo de juiz federal, é evidente que as chances de o
primeiro ser bem-sucedido é infinitamente maior que o segundo. Nesse sentido, a
meritocracia não pode atribuir ao que tiver maior “dedicação” e “empenho” o
merecimento. O materialismo histórico de Marx, nesse contexto, analisaria as
condições a que os dois foram submetidos ao longo de suas vidas, assim como as
oportunidades a que tiveram acesso. Afinal, situações como essa estão inseridas
em condições materiais que determinam a estrutura social e o futuro dos
indivíduos, sendo tais condições favoráveis aos detentores dos meios de
produção em uma sociedade capitalista.
De
maneira semelhante, o método do materialismo histórico pode ser aplicado em
julgamentos criminais. Um crime não pode, segundo a ideologia de Marx, ser
analisado isoladamente, visto que uma série de circunstâncias e aspectos devem
ser levados em conta para explicar o ato cometido. As condições históricas que
circundam um comportamento desse devem ser apreendidas para que a atitude seja
interpretada. Isso deve ser feito não com base na razão, mas no método do materialismo
dialético. O modo de produção na sociedade capitalista representa a base da
ordem social e se mostra responsável pelas transformações constantes às quais a
dinâmica social está submetida. Conclui-se, assim, a possibilidade de se
aplicar o método de Marx e Engels em problemáticas atuais, as quais demonstram
a presença de leis dinâmicas em constante transformação e a necessidade de
analisar os fenômenos a partir dos fatos existentes e das condições históricas.
Ecce Homo ou O desafio de escrever sobre Marx sem usar a palavra Capitalismo
Somos frutos do passado. Frutos de uma flor anterior, uma
árvore antecedente, uma germinação passada. Somos aquilo que foi possível ser.
A história como principal agente determinante da condição humana, também se
apresenta como ferramenta primeira para transformar a realidade. O conhecimento
do passado, dos erros e dos acertos, das teses, antíteses e sínteses,
possibilita projeções do futuro, corresponde no poder do homem sobre o real. O
desafio principal do empoderamento do homem sobre a história está nos
mecanismos reformadores da ordem social. A dificuldade em encontrar a
substância, e tomar consciência de todo a sua forma, está presente na luminescência
do falso Apolo, o falso guia da humanidade, aquele que admira as estrelas e
ignora as misérias do mundo material. A vida real está expressa na vida
material, no tangível, no existente. A fome e a pobreza, a abundância e a
fortuna, os excessos e as modéstias, o tudo e o nada, a dialética materialista
despe o homem da cegueira idílica e nos remonta à frase do grego Píndaro: genói hoios essí.
Quando saímos do idealismo e nos deparamos com a triste
realidade miserável, ou seja, quando nos tornamos aquilo que somos, apreciamos
mais uma armadilha: o trabalho. Benéfico para uns e massacrante para outros
tantos, vital para muitos e desprezível para alguns, o trabalho é ao mesmo
tempo a máxima e a mínima expressão do homem no universo materialista. Quanto
maior a produção e qualidade do trabalho do indivíduo, maior e melhor é a sua
reputação. Mesmo que sonegue impostos, cometa adultério, espanque seus filhos,
a sociedade há de dizer: Oh, como é honesto. O homem que não trabalha, cuida de
deus filhos, sua esposa e sua horta, a sociedade há de dizer: Vagabundo! O
trabalho, a priori, caracteriza e valoriza a espécie, o melhor dos homens é o
que mais trabalhou em sua vida, o que morreu do trabalho, no trabalho:
Santificai, oh senhor, tão bom homem, para que sirva de exemplo aos outros
tantos que estão perdidos. Por fim, o trabalho se transforma em ídolo, um
Hércules, protegido pela imaculada pele do Leão de Nemeia, um aspecto
idealista. Somos novamente atraídos a olhar para as estrelas e ignorar o chão.
A realidade materialista e a idealista se contrapõem de
maneira tão sublime que os frutos dessa colisão são elas mesmas, um eterno
ciclo substancial e imaginário, divino e carnal, apolíneo e dionisíaco. O manto
do irreal, ao mesmo tempo em que cega, protege o homem da frieza da existência.
A nudez da realidade refresca e revigora o homem, lembra de seu propósito e
daquilo que ele realmente é, um ser dialético, um eterno conflito entre duas
forças. Forças que se usadas com sabedoria, engendram transformações úteis, de
enriquecimento imaterial e de modificação estrutural da substância e da
história. É preciso que olhemos para o horizonte, que avistemos as estrelas e
as montanhas.
Rafel Pedro - 1º ano Direito - Matutino
Quem sou eu?
Sou
artificial
Vendo-me para
sobreviver
No mercado
sou mais um entre tantos
Graças ao
salário consigo ter relações sociais
Sinto-me
como um trem bala em uma ferrovia
No sentido
de circular para gerar
Consumir
para ser
Ser para
consumir
Desde
pequeno fui disciplinado pela
Repetição, mecanização,
competição
Rivalidade, meritocracia,
comparação
A educação ensina
a produção da vida social
O trabalho é
livre, eu não!
Trabalho é
mercadoria
Trabalho te
define como pessoa
A sua
posição na sociedade
Relações
sociais mercantilizadas
Geram mais
pobreza, desemprego e desigualdade social
Mais-valia a minha vida
Do que o
lucro.
Quem sou eu?
Eu sou
uma pessoa-mercadoria.
Brunna Aguiar da
Silva 1º ano Direito diurno
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