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segunda-feira, 18 de março de 2013

A originalidade e o racionalismo de Descartes


O século XVII foi marcado por uma explicação do mundo pautada na religião e em mecanismos não racionais- tradição transcendental. Em contrapartida, surge o filósofo racionalista Rene Descartes, o qual acredita que a base do conhecimento está na consciência e, portanto, que a razão é quem explica o mundo.
Diante dessa problemática, o filósofo defende em sua obra “Discurso do Método” que tudo que se conhece pelos sentidos é passível de dúvida, devido à variabilidade de opiniões. Logo, é necessário dar clareza as ideias e comprová-las racionalmente. Para isso, Descartes apresenta seu método, o qual consiste, primeiramente, na dúvida e então na fragmentação de um problema, buscando sua essência e, consequentemente, o conhecimento.
Em suma, os estudos de Descartes foram fundamentais para o aprimoramento do método científico, uma vez que, hordiernamente, a busca da verdade tem como alicerces a observação rigorosa da natureza e a dúvida. Além disso, foi este filósofo quem ressaltou a importância de usar o conhecimento para transformar e dominar o mundo.

Marina Cavalli- Direito diurno
Texto referente a aula 2- aula ingressante na terceira semana

O pai da ciência moderna


Francis Bacon é considerado “pai da ciência moderna”, pois, com seu Novum Organum, propõe uma nova – e revolucionaria – maneira de fazer ciência. A obra trás inúmeros aforismos que procuram substituir o método científico vigente na época, o racionalismo aristotélico, na busca por um conhecimento mais preciso da realidade.
Em Novum Organum Bacon nega, sem menosprezar, o racionalismo puro como forma mais eficaz de entender, explorar e dominar a natureza – ou fazer ciência - por estar à mente sujeita a muitas falhas quando deixada livre. Na ciência moderna troca-se a observação pela experimentação e a dedução pela constatação, ou seja, trata-se da “interpretação do mundo pela experiência”.
A metodologia científica proposta por Bacon, que se encontra longe tanto do “racionalismo exagerado” quanto do “empirismo radical”, obteve tamanho sucesso e aceitação que terminou por suplantar as antigas maneiras de ser fazer ciência. Hoje a pesquisa laboratorial domina a produção científica, sendo a constatação material fundamental para, por exemplo, a publicação de um artigo científico.
Aos poucos a ciência moderna, que já domina o campo profissional, vai adentrando o campo educacional. Cada vez mais escolas de todo o mundo trocam o ensino tradicional, onde o aluno aprende apenas raciocinando, por métodos de aprendizagem por experimentação, que vêm obtendo grande êxito na eficácia do ensino.
Ou seja, mais do que uma novidade passageira, as proposições de Bacon em Novum Organum promoveram uma verdadeira revolução que se estende até os dias atuais, com possibilidades ainda passíveis de exploração no futuro.


A dúvida metódica e o cogito


Inserido em um contexto histórico de tradição transcedental, com ausência de razão na explicação do mundo, em “Discurso do Método” Descartes demonstra a intenção de produzir um novo conhecimento tendo por base a razão, sendo ela o “poder de julgar de forma correta e discernir entre o verdadeiro e o falso” , aquilo que nos diferencia dos animas. Segundo ele, esta é distribuída igualmente entre todos, sendo que o que difere os que a possuem o modo como a usam.
Descartes fala então sobre o método que criou para utilizar a razão na formação do conhecimento, que consiste na dúvida metódica, ou seja, na “desconfiança mais que a presunção”, no qual todos os conhecimentos devem ser questionados. Porém, evidencia que sua intenção é dar exemplo e não determinar normas a serem seguidas para conduzir a razão. 
O filósofo analisa as ciências como caminhos ao conhecimento, dentre elas a filosofia, que critica alegando ter base incerta, não transformando o mundo, apenas o contemplando. Critica também o conhecimento sobrenatural, e a teologia. Afirma que apenas os matemáticos puderam encontrar algumas razões certas e evidentes dentre todos os homens que buscaram a verdade nas ciências.
Conclui que apenas o estudo formal não é suficiente na formação da verdade e questiona todas as verdades até então aceitas, chegando a sua máxima: “Penso, logo existo”( conhecida como cogito).Assim, o ser humano era, para ele, uma substância essencialmente pensante.
Seu método científico baseado na dúvida das percepções sensoriais, responsáveis pelos erros dos conhecimentos humanos, e questionamento, que levariam à verdade,à clareza do conhecimento,  torna-se base da ciência moderna racional.
Mayara Paschoal Michéias - 1º ano DIREITO UNESP (Turma XXX-diurno)

A ciência é a única fronteira da ciência

Assim como Descartes, o filósofo Francis Bacon, é considerado um dos fundadores do método indutivo de investigação científica, tendo por base o pensamento racional como meio para complementar a ciência, entendida como toda percepção sensível de um instrumento.  Para Bacon, a mente deve ser guiada pela razão, pois está condicionada a um modo de pensar falho.

Critica aqueles que, como os gregos,  vêem a ciência como mero exercício da mente, considerando que essa deve  ser utilitarista, tendo por objetivo melhorar a condição humana, transformando o mundo.Alega que para se obter um conhecimento, deve-se observar o mesmo fenômeno repetidas vezes, de forma a se chegar a uma lei(constância), ideia que nos permite classificá-lo como um filósofo empirista moderno.
Propõe dois métodos para a ciência, sendo um o cultivo das ciências, baseado no conhecimento a priori,através apenas da antecipação da mente, e o outro a descoberta científica, baseado no conhecimento a posteriori, através da experimentação. Concluindo que o primeiro desses métodos é a base para o senso comum. 
Para Bacon, existe uma lacuna entre a idealização da mente humana, e a intenção divina, lacuna tal que apenas pode ser preenchida com a verdadeira ciência.
Em sua obra “Novum Organum”, Francis Bacon identifica quatro tipos de ídolos que bloqueiam a mente humana e prejudicam a ciência na formação do conhecimento, sendo eles o da tribo, da caverna, do foro e do teatro, concluindo que a cura da mente humana vem pela destruição desses ídolos. 
Bacon vê a ciência como algo limitado apenas por si próprio, devendo portanto vislumbrar o devir, pensar o futuro através das situações presentes, “dotando a vida humana de novos inventos e recursos”, fazendo com que a verdade esteja em constante modificação.
Mayara Paschoal Michéias - 1º ano DIREITO UNESP DIURNO ( Turma XXX)

Bacon atemporal


“Jamais afirme que a água é insípida se você não pode prova-la”. O pensamento baconiano busca sobrepor a experiência à racionalidade, de modo que a mente seja impedida de guiar-se por si mesma, sem passar pelo crivo do raciocínio interpretativo. Dever-se-ia, pois, priorizar a elaboração de teorias a partir dos segmentos da observação. Logo, pode-se alegar que a filosofia de Francis Bacon aproxima-se demasiadamente de uma metodologia hodierna, uma vez que, no mundo contemporâneo, diversos fenômenos aplicam-se à mentalidade do autor, como, por exemplo, a dilação na aprovação de um determinado medicamento ao mercado, que se justifica pelos reiterados testes que são realizados – experiências.
Ao que tange à evolução da humanidade, a ciência vem como ferramenta de ação. Contudo, sempre enaltecendo o modo interpretativo em detrimento do especulativo, de modo que a mudança do paradigma do conhecimento é o que tornaria os indivíduos mais modernos, isto é, não contemplar a condição humana, mas sim modifica-la a fim de uma contribuição à sociedade, agindo, pois, de modo dinâmico, sob uma dialética de transformações, condição que se aplica evidentemente aos dias de hoje. Vale lembrar que a ciência não se prenderia ao presente, mas também lançar-se-ia ao futuro, de maneira antecipada.
Conclui-se que, falar de Bacon, ao contrário do que se imagine por ser um filósofo do século XVII, não se trata de algo obsoleto e distante da modernidade. Em sua obra, há uma citação sobre os “Ídolos”, que em suas mais diversas “categorias”, causam falsas percepções do mundo aos indivíduos sobmetidos à idolatria obstrutiva da visão crítica, fenômeno que se observa na sociedade hodierna, na qual se pode observar a influência sofrida pela população por pessoas, públicas ou não,  às quais se vinculem um certo nível de admiração, o que apenas incide no aumento da opinião comum e em uma falsa visão de mundo, as quais nosso corpo social precisaria erradicar, visando à garantia de um futuro mais próspero

Mentes Doentes


“Nem a mão nua, nem o intelecto deixados a si mesmos, logram muito.” Em meio aos preceitos de uma sociedade burguesa, Francis Bacon inova com sua teoria alicerçada na interpretação do mundo pela experiência. Opondo-se a escolástica e criticando a ciência, afirma que ambas constituem um mero exercício da mente, visto que são substancialmente contemplativas,ou seja, baseiam-se no labor da mente por si mesma. Dessa forma, distanciam-se da instrumentalização das descobertas.

Segundo Bacon, a experiência é a capacidade de observação e o contato com o empírico, assim é possível atingir a clareza científica, opondo-se à fantasia, que por sua vez, deturpa nossos sentidos. Os ídolos, elementos da condição humana, estão diretamente ligados a esta deturpação, uma vez que constituem a falsas percepções de mundo, como por exemplo a cartomancia ou a astrologia. Um indivíduo, ao procurar uma cartomante a fim de obter respostas sobre a problemática de sua via, estaria no campo da fantasia e consequentemente com a razão deturpada.

Para a depuração da razão em relação aos elementos que a turvam, Bacon propõem a “Cura da Mente” :o método eficaz de transformação da natureza, a busca pelo conhecimento novo, através da exploração e experimentação sem limites.

René Descartado


Em, O Discurso do Método, René Descartes, propõem a dúvida como elemento fundamental na formação de um pensamento crítico e mais amplo no que se refere ao que nos é passado cotidianamente, além da busca pela maior aproximação da verdade. Dessa forma, hábitos, senso comum e informações sem comprovada veracidade dos fatos são repudiados, devendo, assim, ser questionados.

Na sociedade atual, o fenômeno da globalização propiciou a disseminação de informações que nem sempre são de completo cunho verídico. Contudo, a maioria dos indivíduos toma como axioma o que ostenta a mídia, que por sua vez, geralmente monopoliza a informação.  A busca por outras fontes que contestem  ou concretizem de fato o que lhes é dito é descartada e vista como desnecessária. Esse “estilo de vida” culmina na destruição e até mesmo na não construção de um senso crítico, além de ocasionar a deturpação da verdade. A dúvida é descartada.

Vitória humana

          Francis Bacon, assim como Descartes, propõe uma mudança de paradigma na obtenção do conhecimento. Contestando os antigos pensamentos, mas não descartando-os, Bacon aponta a necessidade de instrumentos e mecanismos que amparem o desenvolvimento intelectual. Seu propósito é realizar descobertas científicas que interpretem e vençam a natureza, antecipando o acaso, a partir da sistematização de experiências e observações, desenvolvendo assim teorias mais precisas.
          Ele rejeita as formas de conhecimento contemplativo, pois são dificilmente aplicáveis, e defende que essas são mais aceitas pois são mais simples e familiares, mesmo estando equivocadas. Bacon destaca, também, certas percepções do mundo que atrapalham a racionalização do conhecimento, como a interferência das emoções, da formação do indivíduo, dos sentidos falhos e limitados, e das distorções ideológicas e supersticiosas.
          Seu pensamento constrói os caminhos da ciência moderna, sempre tentada à inovação e à utilidade prática de suas descobertas para o avanço humano.

Isadora Thomaz Ribeiro - 1º ano diurno

O fogo e a existência





Acima encontra-se um clássico exemplo da falha dos sentidos humanos. A menor das mudanças na perspectiva resulta em uma conclusão infinitamente distinta. Tal observação é válida para toda e qualquer reflexão filosófica na medida em que os sentidos não são confiáveis para determinarem a veracidade de uma hipótese. Francis Bacon defende que as experiências – combinadas com o método indutivo – são a fonte mais clara de conhecimento. Contudo, a fragilidade das sensações humanas não permite que o filósofo realize tal afirmação sem ser contestado.

Primeiramente, em sua defesa, existem situações nas quais o empirismo defendido pelo inglês é mais válido do que o racionalismo defendido, por exemplo, por Descartes. O que é mais importante: a sensação de fogo ou a ideia de fogo? Aqueles que escolhem a segunda opção se arrependem no momento em que são atingidos por uma chama de fogo e podem sentir sua pele queimando. A ideia de fogo, neste caso, é demasiadamente vaga para fazer justiça à sua sensação.

Em contrapartida, no campo das discussões existenciais e filosóficas, uma simples experiência utilizando um método tão subjetivo quantos os sentidos não é suficientemente provida de profundidade se comparada às interpretações racionais.

Assim, chega-se a outro questionamento – mais denso e mais duvidoso –: o que é mais importante: a sensação de existir ou a ideia de existir? 


                                                             
                    Ana Clara Tristão - 1º ano Direito diurno

A Experiência como Cura da Mente

    Ao elaborar sua obra "Novo Organum", o filósofo Francis Bacon vivia em uma época cujas ideias e interesses da nova classe social dominante burguesa prevaleciam sobre os demais. Sua teoria de que a experiência era o novo instrumento fundamental para a ciência na transformação da sociedade e do mundo vai de encontro com as formas de conhecimento místico, opondo, desse modo, a clareza científica à fantasia. Sendo assim, o filósofo acredita que a pesquisa e a experiência são guias para a razão na busca pelo conhecimento da verdade, e que tem como base a ciência moderna e o mundo real, ao invés de considerar apenas o mundo das ideias. Entretanto, Bacon critica a ciência especulativa, defendendo a busca pelo conhecimento mais próximo da verdade. Para obter tal resultado ele explora os problemas os problemas e as dúvidas da humanidade surgidas por não conhecer o método como as coisas surgiram. De acordo com a filosofia baconiana, é necessário conhecer os detalhes e as "engrenagens" do mundo antes de procurar entendê-lo como um todo. Por isso, o filósofo estuda a epistemologia do conhecimento com a intenção de compreendê-lo profundamente, ou seja, ele procura descrever a maneira como obtê-lo.
    Em sua obra, Francis Bacon defende a ideia de que fazer ciência é problematizar o conhecimento já existente e ir além dele, por meio de dúvidas e questionamentos, pois a ciência moderna é a base para a evolução social quando dedicada a uma propriedade coletiva e não apenas privada. Portanto, a ciência e seu conhecimento devem ser adquiridos por meio da experiência e, utilizados em prol da sociedade, ao invés de fica apenas estéril.

Bianca da Silva Fernandes Bastos
1º ano - direito noturno

Turnê mental

Francis Bacon e René Descartes convergem na busca de um método capaz de anteparar a razão. Divergem na conclusão. O instrumento cartesiano é a dúvida e, o baconiano - em sua obra Novum Organum – a experiência. Bacon é enfático ao criticar a Escolástica. Para ele, a filosofia não tem como função a contemplação, e sim a prática, a utilização tangível. O simples “labor da mente”, sem resultados imediatistas favoráveis ao bem estar do homem é estéril.
Demócrito, filósofo pré-socrático, chegou a afirmar: “Tudo que existe no universo é fruto do acaso e da necessidade”. Já Bacon considera que a ciência, alicerçada no método empírico, tem a possibilidade de antecipar o acaso. Contudo, tal antecipação está embasada na experiência, pois, quando deixa-se a mente guiar-se por si própria, são obtidas conclusões premeditadas. Antecipação sem método é o sustentáculo do senso comum.  O senso comum é cômodo. O conhecimento verdadeiro, árduo.
Descartes, a fim de elaborar o “Discurso do Método”, dispôs-se a conhecer culturas diversas, através de leituras e viagens, “tentando ser mais espectador do que ator em todas as comédias”. Francis Bacon considera o simples espectar, perigoso. Afinal, quando a mente não é atuante e apenas contemplativa, fica vulnerável aos ídolos: ídolo da tribo, da caverna, do foro e do teatro.  Essas idealizações cerceiam a potencialidade mental. A mente humana não deve objetivar meras turnês com direito a esses ídolos falseados. Caso contrário, essa mente será subjugada por dogmas. As ciências modernas, inovadoras, clamam por mentes pensantes, atuantes.

Daniele Zilioti de Sousa - 1º ano Direito Noturno

Vasos, mente pela mente e ideologias


Vaso Chinês 
Estranho mimo aquele vaso! Vi-o,
Casualmente, uma vez, de um perfumado
Contador sobre o mármor luzidio,
Entre um leque e o começo de um bordado.
Fino artista chinês, enamorado,
Nele pusera o coração doentio
Em rubras flores de um sutil lavrado,
Na tinta ardente, de um calor sombrio.
Mas, talvez por contraste à desventura,
Quem o sabe?... de um velho mandarim
Também lá estava a singular figura.
Que arte em pintá-la! A gente acaso vendo-a,
Sentia um não sei quê com aquele chim
De olhos cortados à feição de amêndoa.
                            (Alberto de Oliveira)

 Para retomar Francis Bacon, de maneira pragmática e muito sucinta, uso dois termos bastante recorrentes na contemporaneidade, sobretudo aos alunos que recentemente deixaram os cursinhos pré-vestibulares, são eles: masturbação mental e ideologia.
 Começo pelo estranho e constrangedor masturbação mental. Bacon, no limiar do século XVII, muito antes de meus professores de química, mostrou total aversão ao trabalho inútil, estéril, da mente. Como vemos em suas ríspidas críticas à filosofia grega, que, segundo o pensador moderno, não auxiliou o homem no cotidiano, embora dispusesse de um discurso belíssimo. Isso mostra como, no intento baconiano , a experiência subrepuja a razão solitária, como a prática supera a teoria pura. Além do que, também me faz lembrar de um grande professor dizendo que eu não precisava decorar quantos hidrogênios se ionizam nos ácidos de fósforo, que “era só eu entender o esquema da molécula”. Claro que demorei um tempo para concordar, o que, talvez, tenha me custado mais um ano fora da universidade.
 Agora, de maneira infantil, admito, imaginemos os comentários de Bacon sobre esse soneto de um dos sapos da literatura brasileira, Alberto de Oliveira. Se foi capaz de mal dizer pensadores como Aristóteles e Platão, o que não falaria para um escritor que usa 14 versos de, exatamente, 10 sílabas para descrever um vaso? Seria o esforço para evitar o trabalho da mente pela mente contra a arte pela arte do parnasianismo.
 Bom...Passado o desconforto e a vergonha de repetir masturbação mental, passemos ao outro termo, ideologia. Bacon, em sua obra, evidencia que os ídolos impedem o homem de enxergar a verdade. Fico impressionado como essa ideia adianta em séculos o pensamento de Zygmunt Bauman, que, em “Isto não é um diário”, diz: “ideologias, essas densas cortinas que impedem o olhar de ver”. Por mais que essa ideologia citada por Bauman seja de caráter político-econômico, conduzem ao erro, assim como os ídolos de Bacon, que apresentam caráter social.

A VERDADE PELA EXPERIÊNCIA


              Quando a ciência, o estudo e o conhecimento deixou de ser algo ausente de fins ativos, e passou a influenciar as transformações ocorridas na época, um grande filósofo se destaca: Francis Bacon. Em sua obra “Novum Organum”, Bacon procurou uma nova maneira de estudar os fenômenos naturais, para que, através da ciência, pudesse alcançar um maior utilitarismo da natureza.
              Bacon se opunha ao racionalismo de Descartes, pois era contra que a mente humana se guiasse por ela mesma, e, para que isso não ocorresse, Bacon utilizou um novo método que explorava a experimentação e a observação para chegar a um conhecimento verdadeiro. Para Bacon, a mente humana é fértil em palavras porém estéril em conhecimento verdadeiro. Por se tratar de experimentação, o empirismo ganha destaque e nele se encontra o “esboço” do senso comum.
               Na nossa realidade, vivemos cercados de falsas percepções as quais se tornaram objeto de estudo para Bacon. Essas falsas percepções receberam o nome de Ídolos e influenciam de maneira negativa a busca pelo conhecimento verdadeiro.
                Um maior utilitarismo da natureza por meio da ciência, pode gerar resultado positivo e negativo. O positivo é que o homem passa a conhecer mais o mundo em que vive, e começa viver de maneira melhor, pois ele usufrui dos benefícios que a exploração da natureza oferece. O resultado negativo é que já que esse conhecimento científico da natureza busca dar ao homem total domínio sobre ela, o avanço da ciência pode ter influenciado em escala global a grande devastação da natureza, e, por consequência, vários problemas ambientais que prejudicam os ecossistemas da biosfera.

O reconhecimento dos ''ídolos'' e a busca incessante pela verdade

Francis Bacon, juntamente com Renè Descartes, exerce importante influência filosófica desde o advento da Ciência Moderna. Em sua obra "Novum Organum", Bacon propõe um novo método de conhecimento,  abrangendo uma compreensão mais profunda do saber científico e procurando evitar o senso comum. Ademais, Bacon discorre sobre o estudo da "interpretação da natureza", no qual são analisados diligentemente fatos distintos e complexos por meio do método de uma experimentação ampla e irrestrita.

Esse tipo de conhecimento proposto pela "interpretação da natureza" requer o desenraizamento de antigos hábitos e juízos errôneos dentro da nossa própria mente, a fim de que possamos nos desvencilhar de tudo que seja nocivo ao intelecto humano e assim buscarmos a verdade. Em contrapartida, Bacon distingue outro método de conhecimento, chamado de "antecipação da mente". Este defende o uso de conhecimentos já adquiridos como a retórica, a dialética, o silogismo, além de basear-se em fundamentos mais familiares aos homens, por estarem dentro do campo das Ciências. A aceitação desse método é do consenso da maioria dos homens, pois para estes é muito difícil admitir que seus próprios valores são manipulados, ou seja, que esses indivíduos são "alienados'', fazendo-se necessária uma reestruturação de suas opiniões e ideias obtidas até então.

Para exemplificar essa "alienação", Bacon nomeia de ''ídolos'' as falsas percepções que temos sobre o mundo.  Além disso, ele classifica quatro tipos de "ídolos": os ídolos da tribo, os ídolos da caverna, os ídolos do foro e os ídolos do teatro. Os ídolos da tribo referem-se as nossas percepções através dos sentidos e da mente, provocando distorções em nosso intelecto. Já os ídolos da caverna referem-se aos homens quanto seres individuais, com formações de caráter e educações diferentes, portanto esses indivíduos não se consideram inseridos em um único aspecto universal, e sim cada um no seu mundo. Há também os ídolos do foro que são aqueles associados às relações entre os homens e seus discursos, cujas palavras podem ser usadas de maneira indevida fazendo com que manipulem  a mente das outras pessoas. E finalmente, os ídolos do teatro são aqueles relacionados às doutrinas filosóficas e às superstições que aproveitam da nossa credulidade para bloquear o nosso intelecto de modo que não alcancemos a verdade.   

Por fim, no intuito de evitarmos as ideias viciosas e  ruins, temos que estar atentos a esses ídolos perniciosos. Um exemplo de ''ídolo'' da atualidade é o papel que a mídia exerce no nosso cotidiano, muitas vezes nos induzindo a pensar sob certo ponto de vista, não agindo com imparcialidade. Assim, demonstra-se que o pensamento de Bacon ainda é bem atual em nossa sociedade e que sempre devemos renovar e transformar nossas ideias, porque como ele mesmo dizia "Saber é poder".

Elisa Kimie Miyashiro - Direito Noturno
Ser e Parecer

    Compreender a psique Humana é parte da teoria fundamentada de Novo Organum do filósofo Francis Bacon. A razão pela qual nos deparamos todos os dias com enigmas e doutrinas distorcidas por visões superficiais é plenamente resquício da condição falha do pensamento Humano. Nesse contexto, somos muitas vezes compelidos à tomar uma postura generalizante e errônea da realidade, pois é mais cômodo pensar em argumentos simplistas do que se fazer uma análise mais profunda e complexa. Assim, Bacon incita as pessoas a questionarem sua postura diante das doutrinas pré-existentes e além do mais, que elas se posicionem, também, no sentido de buscar uma análise mais imparcial para se obter um racionalismo menos equivocado da realidade.
    Nesse ínterim, pode-se dizer que o racionalismo de Bacon calcado no experimentalismo, influiu de modo significante para o dimensionamento da teoria científica e cultural da Humanidade. Numa linha mais questionadora e menos passiva dos grandes dogmas existentes, seu método visa a suprimir a ciência pré-dita e consensual em favor da analise e da busca do conhecimento real. Esta perspectiva é muito difícil de se combater, pois a mentalidade superficial é arraigada no inconsciente Humano. Os grandes Ídolos definem claramente a forma como são expressas as linhas simplistas do conhecimento, de forma que a credulidade individual ou coletiva é limitante do conhecimento.
    Estende-se aos tempos hodiernos os influxos da dialética consensual. Não obstante, a busca, nessa época, por profissionais que visem ao desenvolvimento da ciência é, assim como descreveu Bacon acerca das metodologias científicas antagônicas, de pouco interesse por parte dos intelectuais modernos, haja vista que não há interesse na descoberta da ciência, enquanto que o cultivo da ciência meramente contemplativa é muito mais demandada na sociedade liberal burguesa. A exemplo, pode-se citar a classe dos advogados em que há os que utilizam o direito positivado como principal método de entendimento e, por outro lado, os que cultuam o direito jusnaturalista, muito mais abrangente e analítico do pensamento, como meio de se acrescentar as normas jurídicas.
    Certamente, entende-se que as visões de mundo do Ser-Humano é muito plurívoca e a grande maioria das pessoas se encontram no meio da massa de manobra que não distingue o ser e parecer da realidade.

O fim das divergências intelectuais


A mente humana é bombardeada constantemente por fanatismos, ideologias e teorias muitas vezes sustentadas por silogismos incertos e falácias. No século XVII, observando a tendência do pensamento humano de se sustentar em ideias de fácil adesão, Francis Bacon criou um método para que o homem protegesse e fortalecesse seu intelecto e alcançasse, assim, um raciocínio lógico e verdadeiro, livre de falsas impressões.

No entanto, as distorções da mente humana, as quais Bacon chamou de Ídolos, permanecem após quatro séculos. Grande parte dos homens ainda é influenciada cegamente por concepções que obstruem nitidamente seu intelecto, baseando suas decisões em seus sentidos ou em conceitos vagos e carentes de provas metodológicas. Tais homens não conseguem produzir seu próprio conhecimento, cultivando o antigo e axiomático. Eles usam, portanto, a “antecipação da mente”, ou seja, são guiadas por uma mente desprotegida, sucumbindo a opiniões incertas e especulações. Pode-se citar, por exemplo, um físico que defende assiduamente a Teoria das Cordas. Não importa se essa não foi provada, para tal homem ela torna-se uma verdade absoluta e ele refuta qualquer outra teoria.

Infelizmente as distorções não atingem somente questões científicas, mas a própria sociedade, gerando conflitos entre grupos sociais, religiosos, políticos. A defesa de pontos de vista sem fundamento lógico e empírico,costumes ultrapassados e a não aceitação do novo, gera dificuldades no convívio social, quando muito melhor seria que cada ser aplicasse o método promovido por Bacon,abstendo-se dos sentidos em suas decisões, aceitando somente aquilo que fosse o mais próximo possível da verdade. Assim, a sociedade evoluiria de maneira mais justa e correta, reduzindo o número de homens que acreditam no saber “maleável”, fácil. A evolução, seja científica ou social, não é um processo simples. A mente precisa estar pronta para as mudanças.

Lucas Ferreira Sousa Degrande. Direito-noturno

Ciência ou morte?

"[...]Não me venham com conclusões!
A única conclusão é morrer.

Não me tragam estéticas!
Não me falem em moral!
Tirem-me daqui a metafísica!
Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem conquistas
Das ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!) -
Das ciências, das artes, da civilização moderna![...]"
 
("Lisbon revisited [1923]" de Álvaro de Campos, in "Mensagem" de Fernando Pessoa)


       Seguindo o movimento cientificista que chegara na Europa com o Renascimento do século XVI, Francis Bacon pauta sua obra na obtenção e manutenção do conhecimento. Em sua obra máxima “Novum organum”, ou “Um Novo instrumento da ciência”, o britânico, com filosofia utilitarista marcada por verdadeiro culto ao empirismo duradouro, critica duramente filósofos puramente teóricos, coloca em xeque a dialética clássica e, até mesmo, enumera o que considera a “cura da mente humana”.
       Partindo de tais pressupostos, elucidados há não menos que quatro séculos, reflitamos: seríamos, homens, meros conjuntos que podem ser retificados com um “passo a passo”? Criatividade, Espontaneidade, Aforismos simples, estão, portanto, excluídos das ciências humanas?
       Definitivamente, vive-se contexto diferente. Na ebulição das ciências, Bacon busca, no popular, “separar o joio do trigo”; o que pode ser considerado conhecimento cientifico e o que não transcende o senso-comum. Foi um passo importante. Contudo, faz-se difícil a transposição literal de tais ideais no atual âmbito de globalização e verdadeiro sincretismo cultural. Ditos populares, cultura inútil, poetas clássicos e música ocupam o mesmo espaço, até mesmo de forma harmônica.
       Sabemos, hoje, ser pretensão tratarmos sociedade e conhecimento como meros organismos exatos. A loucura da “mente humana” continua sem cura...

Eduardo Matheus Ferreira Lopes, Direito diurno.

Perspectivas Contrárias

                                                                                                   

        A relação do homem com a natureza sempre esteve presente na pauta de estudos de célebres filósofos. Francis Bacon na obra NOVUM ORGANUM não poderia deixar de avaliá-la, sobretudo ao seu modo crítico e inovador para os moldes de sua época. A inovação do seu texto advém da crítica direcionada à prática de uma filosofia universal, sistemática e doutrinária, a qual proclama " a natureza como assunto exaurido para o conhecimento ".
      A busca da verdade para Bacon deve passar indubitávelmente pelo processo de investigação da natureza, antes mesmo de serem considerados a ciência e o intelecto. Portanto, sob a perspectiva dele, a natureza se constitui em aliada do ser humano, uma vez que ela não se apresenta como um conjunto de " descobertas anteriores " ( ciência ), tampouco como um universo impedido pelas " doutrinas recebidas " ( intelecto ).
     O principal equívoco do homem moderno, contudo, é considerar essa aliança apontada por Bacon com uma relação ultrapassada e sem fundamento algum, já que a natureza ao longo dos tempos se tornou um elemento de exploração. A partir disso, explica-se a exacerbada deterioração do meio ambiente por meio da identificação da inversão da relação homem/natureza, passando de aliada para inimiga de acordo com os interesses humanos.
    O homem, dessa maneira, deixou de ser um intérprete da natureza sob os desígnios da observação para se transformar no sujeito dominador, e , indiferente à posse do conhecimento verdadeiro, que segundo Bacon só é possível de obté-lo em sua totalidade através dela.
A ciência segundo Francis Bacon

Considerado o fundador da ciência moderna,Francis Bacon tem como principal obra o Novum Organum.Para Bacon,a ciência era a interpretação da natureza e do mundo e a transformadora da condição humana.Contrário à ciência puramente especulativa,para Bacon a ciência devia explorar cada perspectiva de dúvida.Além disso,segundo o pensamento baconiano,a ciência era instrumento que convergia para a mudança social.
Contra o uso da mente de forma contemplativa,segundo Francis Bacon a mente não poderia se deixar guiar por ela mesma,pois poderia se desviar.Desse modo,a razão deveria ter como condutor a experiência,instrumento de transformação que estabeleceria o contato com o empírico e o real não só no mundo das ideias.
Descrente do racionalismo puro,para Bacon o homem deveria eliminar os ídolos da mente.Falsas percepções do mundo,distorções da mente,os ídolos eram classificados em ídolos da tribo,fundados na própria natureza humana,ídolos da caverna,que estavam relacionados ao homem como indivíduo,ídolos do foro,vinculados às associações humanas e ídolos do teatro,originados nas doutrinas filosóficas.

Thaís Ferrari Bastos -Direito diurno

O que ainda nos torna modernos?


Refletir acerca do que de fato ainda caracteriza nós, indivíduos críticos, racionais e detentores das mais avançadas tecnologias, como seres modernos, é refletir sobre algo que permaneceu intocado por 3 séculos na essência humana. Como explicar, afinal, que após tanto avanços científicos, os dogmas e o senso comum sejam ainda fatores relevantes na consciência social?
O filósofo inglês Francis Bacon, expoente máximo do estudo acerca do intelecto humano e de suas inúmeras fraquezas, deixa claro em sua obra: “Novum Organum” que para fazer ciência de modo adequado, deve-se isolar todos os ídolos da mente humana. A problemática desse pensamento é que afastar esses ídolos que basicamente são: paixões, sentidos, relações dos homens com o mundo em que vivem, contato interpessoal e superstições, exige afastar os elementos mais característicos da própria condição humana.
Uma ciência que se propõe a entender a história e os desdobramentos das relações sociais - deixando de lado todas as características e vícios intrínsecos da própria humanidade - dificilmente será reconhecida pelos indivíduos constituintes dessa sociedade, posto que esses não se reconhecem como partes de todo o conhecimento gerado, são apenas alvos de estudo.
É inegável que viver num mundo de dogmas e conceitos inquestionáveis é também reduzir o intelecto humano. Entretanto, de que adianta tantos avanços tecnológicos e produção em massa de artigos científicos mundialmente reconhecidos, se as pessoas, de modo geral, se identificam muito mais com os “mistérios da fé” porque veem neles mais fatores humanos do que na ciência utilitarista de F. Bacon?!
É necessário romper com essa barreira que acredita que a ciência não precisa atender às coisas úteis e que não precisa ser acessível a todos os homens. A ciência existe por conta das pessoas, para entender as pessoas e deve, sobretudo, ser feita para as pessoas.

Amanda D. Verrone - 1º Ano/Noturno

A influência baconiana na ciência moderna





         Entre os séculos XVI e XVII, o mundo sofria uma das maiores transformações de sua história, dado que a epistemologia do conhecimento, o estudo de sua essência, deixava de ser estático e contemplativo e  passava a ter uma verdadeira influência nas transformações do mundo à sua volta. Um dos principais colaboradores responsáveis por essa mudança de pensamento foi Francis Bacon, uma vez que o autor de “Novum Organum” passou a reinvindicar um maior utilitarismo da ciência, através da experiência e exploração do conhecimento.
          Para tal estudo, Bacon utilizou-se de um novo método, agora baseado no raciocínio indutivo através da observação e experimentação, e não mais  do silogismo aristotélico. Segundo o filósofo, esse contato com o empírico impediria que a mente humana se guiasse por ela mesma, garantindo a clareza científica em oposição às “fantasias” comuns à época. Além disso, afirmava que a ideia de infinito seria perfeitamente aplicável na busca por outros avanços na ciência, ideia que até hoje tem muita força, em um mundo cada vez mais globalizado e sem fronteiras. 
         Havia, porém, alguns empecilhos relacionados à essa interação com a experiência na busca pela verdade, que Bacon chamava de Ídolos, falsas percepções do mundo que passam desde distorções causadas pela própria mente humana até às superstições de cada indíviduo. Uma vez superados, o homem estaria pronto para utilizar-se da ciência como instrumento na luta contra a natureza.
          Conclui-se que esse novo método científico proposto por Bacon garantiu mudanças radicais não só na sua época, como tem influência até hoje na sociedade moderna. Um bom exemplo disso é o estudo do próprio Direito, onde não há somente uma aplicação rigorosa dos códigos, mas tem a interpretação dos mesmos de acordo com as circunstâncias que estão envolvidos como principal caráter dessa ciência, cada vez mais versátil e aberta.

     Rodrigo Nadais Jurela - Direito Noturno

"Conhecer para dominar"

    A partir do século XVI, com o advento do Renascimento, a busca pelo conhecimento através da ciência passou a ser por meio de explorações e experimentos no lugar da ciência contemplativa, a qual tinha por base de suas explicações pressupostos teológicos e metafísicos. Estas duas últimas maneiras de se explicar os fenômenos da natureza foram confrontadas pelo filósofo Francis Bacon, na sua obra "Novum Organum", que ao analisá-las chegou à conclusão de que tais interpretavam os fenômenos naturais de maneira errônea, pois só se utilizavam da interpretação dos sentidos, a formação do indivíduo, das suas relações interpessoais e a influência de superstições, magia e astrologia. A maneira correta seria a de realizar experimentos e explorações, assim a mente humana poderia trabalhar apoiada em algo que não fosse ela mesma logrando novos resultados, o incremento das ciências e, assim conseguir compreender, interpretar e vencer a natureza. Essa necessidade de se vencer a natureza está até hoje incutida na sociedade, como pode-se observar nos tantos estudos sobre terremotos, tsunamis e dentre outras catástrofes naturais, com o intuito de entendê-las como funcionam e achar soluções. Ainda que haja um pouco das influências dos ídolos do teatro, como as superstições, Bacon influenciou e continua influenciando as pesquisas científicas com seu método de "conhecer para dominar".

Iris Acácia Crusca - Direito noturno

Scientia operativa


        Francis Bacon, em seu livro NOVUM ORGANUM, propõe o desenvolvimento do conhecimento científico através do experimentalismo. Para ele, a ciência deve contribuir para a transformação do mundo e do conhecimento; ou seja, defende a ideia de uma ciência utilitarista com a finalidade de transformação humana e da interpretação do mundo.

         Desse modo, critica o cultivo das ciências como algo meramente contemplativo servindo apenas como mero exercício da mente, fértil em palavras e estéril em conhecimento empírico, próprio do pensamento filosófico tradicional e dogmático (o que ele classifica como Antecipação da Mente). Segundo Bacon, esse pensamento é a base da formação do senso comum.

         Bacon propõe um novo método científico que busca a descoberta científica, não mais calcado nos pensamentos dogmático e Aristotélico - amplamente contemplados até então - mas alicerçado no empirismo e no experimentalismo, onde a clareza científica passa a se opor à fantasia. Um método de busca do conhecimento por meio da exploração e experimentação sem limites, o que ele chama de Interpretação da Natureza. Através de seu novo método, busca uma ciência de combate e de domínio sobre a natureza. O filósofo acredita ser essa ciência capaz de prever o acaso e dessa forma, contribuir para a modificação do futuro. Seu pensamento carrega uma forte ideia de inovação; ideia esta que estará presente no cerne de todo o pensamento filosófico e científico Moderno.

        Assim como Descartes, Bacon retoma a crítica ao senso comum e à ciência contemplativa produzidos até então, que se limitam a explicar e entender o mundo, e não a transformar a condição humana. Para Bacon, o conhecimento científico que não traz consigo o acesso à verdade e a dominação sobre a natureza serve apenas para "emitir opiniões elegantes e prováveis", no entanto, não contribui para que se conheça "a verdade de forma clara e manifesta".

        Por fim, citando o próprio filósofo: "A verdade não deve, porém, ser buscada na boa fortuna de uma época, que é inconstante, mas à luz da natureza e da experiência, que é eterna".





Ana Beatriz Cruz Nunes - 1º ano Direito Noturno

A experiência como reflexo da verdade


Amplo defensor da experiência como caminho para o verdadeiro, Francis Bacon inaugura não só a aplicabilidade da ciência moderna, como também inova ao propor os meios para a efetivação da mesma. Com o objetivo de suprir a ciência estacionária, sua obra “Novum Organum” atribui à compreensão da natureza o elo existente entre a mera aceitação de paradigmas pré-estabelecidos e a elaboração de uma ciência inovadora, baseada na experimentação e na inovação permanente.
A elaboração científica envolve muito mais do que o correto uso da razão para discernir o certo do errado. Sob a ótica baconiana, o uso da experiência se sobrepõe à racionalidade uma vez que o labor da mente sem uma eficaz análise acerca do estudado não possui valor. O intelecto humano desprovido dos conhecimentos já adquiridos poder tender-se ao erro, e a busca por fontes pré-existentes auxilia na obtenção dos resultados esperados. Dessa forma, o bom uso da razão possui função auxiliar da experiência que, vinculada à especulação e à observação, constitui o método elucidado na obra para compor uma produção científica eficaz e satisfatória.
Obter uma conclusão equivocada ao finalizar uma produção científica ainda possui frequência maior do que o alcance do sucesso esperado. O que para muitos representa motivo de frustração, para Bacon foi objeto de estudo. As falsas noções que norteiam nossa realidade não apenas nos impedem de alcançar a verdade, mas também influenciam negativamente as concepções particulares. Ainda no século XVII, classifica-las entre os “falsos ídolos” indicava a interferência da própria mente humana, do mundo ao redor do indivíduo e suas relações pessoais, além das superstições características da época, apontando o erro como resultado final. Atualmente, deparamo-nos com uma crescente dificuldade em selecionar as influencias favoráveis ao desenvolvimento de nosso intelecto, e setores como a mídia utilizam de seu forte poder coercitivo para nos inserir a um conhecimento pronto e favorável àqueles que exercem o poder no país. Assim, cabe ao espírito crítico munido das experiências e da razão afastar os falsos ídolos, encaminhando-nos ao conhecimento pleno e à efetivação de uma ciência pura e verídica. 

Luisa Loures Teixeira - 1º ano Direito Diurno