Total de visualizações de página (desde out/2009)

domingo, 20 de maio de 2012




                           Corpo macabro

             Não são raras as vezes em que, por coerção da sociedade, agimos como em um comercial de pizza: ainda que tristes ou cansados, esboçamos um enorme sorriso para a manutenção da ordem da coletividade. Nossos anseios e medos acabam por ser inibidos e, gradativamente, nossa essência se torna algo inacessível. Tornamos-nos modelos de algo que nem de longe somos.
            Além disso, somos constantemente atacados pelos padrões universais de comportamento. “Por que você faz (ou não faz) isso?”, “já passou da hora de fazer isso!”, “não sente vergonha disso?” e outras falas repressoras são intrínsecas ao cotidiano ao longo de toda a vida.
            Esse corpo macabro e seu organismo social estabelecem tudo vigente na sociedade e, em nome da ordem e da manutenção do todo, matam, devagar, a parte mais frágil e impotente desse conjunto: a pessoa como indivíduo.


Manda quem pode, obedece quem tem juízo!

Uma das coisas que mais me chama atenção em Durkheim é quando ele defende que a realidade social ultrapassa o individuo. A primeira vista é uma ideia muito interessante, no entanto percebemos que a realidade é assustadora.

O que consigo comprender disso é que há uma ditadura social que me impõe o que eu devo ou não falar , o que eu posso ou não fazer. Todavia, por mais que queira me libertar desse padrão eu não consigo, não posso, não devo ( mesmo que esse sentimento de liberdade não seja meu). Por exemplo, o que ocorre com o ensino público no país, onde desde o os primeiros anos até a formação superior, o seus pensamentos são moldados de acordo com a lógica do Estado e , não menos importante, da Economia. A história dos livros didádicos é a história que o governo quer contar. Nessas instituições, independentemente do grau, você encontra vários tipos de adversidades e injustiças, desde a falta de merenda e transporte adequados até problemas com a formação e o salário de professores. Contudo, não pode lutar contra elas pois já existiam antes de você( ja estão enraizadas) e se insistir em confrontá-las, as retaliações podem por em risco a sua formação. Os conselhos que mais recebe é "conforme-se", "acostume-se", seus pais te dizem: Faça o que eles mandam e sem reclamar.

Então você percebe que por mais que os modelos de ensino prezem pela criticidade, esta é apenas uma falácia e que aquele âmbito é apenas uma parte do todo.É o mesmo funcionamento.Durkheim ainda acerta ,mais uma vez, quando diz que o papel da educação é formar as peças da sociedade . Completo ,ainda, dizendo que formando os consumidores dessa economia capitalista. A corrupção se alastra por toda a sociedade dando suporte as mazelas socias, tais como a fome, a violência, a segurança e saúde pública entre muitas outras. E o que você pode fazer a respeito? Reclamar, criticar e revoltar-se?
Nada disso adianta, pois nesse momento você já é uma peça moldada,um alguem alienado que certamente não vai querer mover-se, sua vida está boa desse jeito, sente pelos mais oprimidos mas não há o que fazer. Você até identifica o problema, mas isso não te diz respeito. É mais fácil acostumar-se quando se tem o que comer, o que vestir e alguma perspectiva de futuro. Isso até parece individualismo, mas não é. Isso é a sociedade impedindo que você tome atitudes, deixando-a seguir seu rumo sem intervenções, para que possa continuar oprimindo, marginalizando, roubando e matando. Isso é a tal solidariedade: contentar-se com sua vidinha, desempenhar seu papel sem revoltas. Você é uma celulazinha, se começar a tornar-se cancerígena vai logo ser eliminada em benefício do todo.

(Cap V)

Consciência coletiva


Durkheim, em “As Regras do Método Sociológico”, apresenta-nos o seu funcionalismo social, o qual é baseado na negação dos instintos individuais para contribuir com o organismo social. Essa negação continua sendo ministrada pelas instituições; estas devem moldar o indivíduo para agir conforme a sociedade necessita.
Para o autor, as práticas sociais surgem dessas necessidades e estão vinculadas com o ordenamento social. Para manter essa ordem é preciso que haja sanções, pois aqueles que não cumprem o seu papel, que não agem da maneira correta devem sofrer penalidades a fim de manter a sociedade coesa.
Coesão, este é um ponto importante para Durkheim, pois a necessidade de se manter coesa é que produz o fato social e, para que ocorra essa condição, faz-se mister a inibição dos instintos. A sociedade é, portanto, baseada nestes dois aspectos que a condicionam. Por exemplo, a divisão do trabalho ocorre para que todas as necessidades da sociedade sejam supridas. Não é uma questão capitalista, é a solidariedade, segundo Durkheim. Essa solidariedade seria o “abrir mão” das suas vontades pessoais para atender às necessidades do coletivo, um encaixe perfeito do indivíduo conforme o papel que lhe é designado a fim de manter a harmonia, seguindo a sua função. As instituições podem sofrer modificações de suas funções conforme o passar do tempo sem que se modifique sua aparência.  A Igreja, por exemplo, mantém seus dogmas há séculos, entretanto, não exerce a mesma influência social desde a Idade Média.
Distanciando- se de Comte, mais uma vez, Durkheim coloca que a explicação dos fatos sociais não está na natureza humana conforme dizia aquele, mas sim na natureza da própria sociedade. As transformações sofridas são explicadas por outro fato social, anterior a esta mudança. Portanto, a sociedade representa uma consciência coletiva, não a soma de consciências individuais; somos um todo que age segundo os mesmos princípios, moldados pelas instituições, incapazes de romper o laço que nos une aos fatos sociais.

A Favor do Todo


Segundo Durkheim, os fatos sociais não podem ser explicados apenas pelas vontades pessoais dos indivíduos, pois eles contribuem para manter o organismo social contendo seus instintos e se disponibilizando a contribuir com o todo.
Esse modo de agir dos indivíduos justifica a funcionalidade social, ou seja, as instituições representando seus determinados papéis na sociedade para nao prejudicarem o sistema, pois qualquer falha dessas instituições e dos individuos que as compõem danificaria a funcionalidade social.
Por conta disso os indivíduos, na maioria das vezes, sao coagidos pela sociedade a cumprirem papéis que nao condizem com suas opiniões particulares. Os indivíduos, mesmo sem notar, são vítimas das pressões socias e agem pela necessidade de cumprir sua função social. Qualquer iniciativa que gere desequilíbrio gera punição em forma de exclusão social.
A sociedade é como um organismo vivo, uma corrente social levada pela vontade do povo mas mantendo-se coesa. Para esse organismo social nao basta a vontade das pessoas para a realização de um fenômeno, é necessário que hajam aplicações internas para tal.
Para Durkheim, há uma força maior imposta pela sociedade que move os indivíduos. Como, por exemplo, quando incomodados com um beijo gay, a grande maioria contem-se e utiliza da tolerância, fator imposto pela própria sociedade. Esse tipo de atitude mostra uma falsa aceitação da sociedade perante determinados temas.
Durkheim afirma ainda que a solidariedade do povo em agir de tal modo a favorecer a sociedade contendo seus instintos pessoais, torna-os indivíduos à disposição para atender vontades da sociedade dando origem a uma funcionalidade muito  maior.

Giovanna Cardassi S. Yarid

O corpo social

Na perspectiva de Durkheim, devemos analisar a sociedade como um corpo, como um todo, já que nossas ações não passam de reproduções que vão além do indivíduo, o meio que nós vivemos explica o nosso funcionamento; dentro dessa perspectiva encontramos o objetivo do corpo, que é o equilíbrio, conseguido através do cumprimento de determinadas funções pelos seus componentes, assim como o pulmão tem como função principal a hematose dentro do funcionamento do corpo humano e não terá a mesma eficiência caso o pulmão seja de um fumante, revelando Durkheim como um funcionalista.
Pensando a sociedade como um corpo podemos compreender quando Durkheim afirma que nossos comportamentos são motivados por comportamentos coletivos, o indivíduo pode até querer algo, mas a funcionalidade interna do corpo não permite, por isso a sociedade se sobrepõe ao homem; assim como não podemos analisar comportamentos individuais pensando que estamos analisando o comportamento coletivo, pois existe a necessidade de coesão. Do corpo doente entende-se que internamente algo não está exercendo sua função corretamente, no caso da sociedade Durkheim afirma que as instituições estão falhas, faltam regras, os órgãos paralisaram ou mudaram suas funções, dando o nome para esse estado de anomia.
O funcionalismo seria uma filosofia que tenta explicar as instituições como meios coletivos de resolver as necessidades individuais, tornando-se também uma maneira das instituições resolverem os problemas sociais. Buscando as causas profundas entendemos a função que determinada parte exerce no todo, sendo essa a perspectiva do funcionalismo, que propõe o entendimento dos acontecimentos não pelo valor moral, e sim pelo valor social que esse fato vai acarretar. 
A solidariedade aparece nesse contexto como um lubrificante para as engrenagens do todo, pois faz os homens negarem o que realmente querem em nome de um funcionalismo, sendo orgânica pois os homens se encaixam dentro do corpo. Sem a solidariedade a sociedade entraria em colapso, pois os homens deixariam suas funções, havendo nesse momento uma crítica a sociedade cada vez mais consumista e competitiva que a coloca em risco. As sociedades modificam-se ao longo do tempo, as visões mudam, os papeis também, o que não muda é a explicação de um fenômeno social sempre em outro.

Harmonia Artificial


Durkheim defende a teoria de que o homem, como individuo, é produto da sociedade, sendo coagido, desde o seu nascimento, a cumprir seu papel na sociedade, e assim, acaba por tornar-se um ser social. A sociedade cumpre seu papel sendo a ferramenta de padronização dos indivíduos e dessa forma, faz com que o homem saia de seu estado natural e passe a se comportar como ser social.    
  
  Nesse ponto, a sociedade acaba por inibir as diferenças, o que atenta contra a individualidade das pessoas, facilitando o controle social. Essa ferramenta social acaba, em nome da coesão, segregando os diferentes, marginalizando as pessoas que não se adequam ao padrão imposto pela sociedade. E mesmo as pessoas que atingem os parâmetros impostos pela sociedade acabam transformando-se em seres artificiais, moldados para manter a “harmonia” do sistema.
  
  No entanto, é necessária que se faça uma análise ponderada do fator social, ao mesmo tempo em que a sociedade coíbe as diferenças, ela exerce um importante papel garantindo a convivência entre as pessoas. Sendo assim, são as concessões feitas pelas pessoas, abrindo mão de algumas de suas particularidades, que mantem a o funcionamento da convivência em sociedade.






    Dando continuidade a sua obra, Durkheim expõe suas "Regras Relativas à Explicação dos Fatos Sociais" distinguindo, nesse ponto, sua concepção social da contribuição de Comte.
    Durkheim afasta-se das concepções psicológicas e individuais da sociedade procurando explicar seus fenômenos dentro da própria natureza da vida social, ou seja, por meio de outro fato social. Há, nesse contexto, a percepção da "consciência coletiva".
    Percebe-se que a sociedade não é o espelho da soma das vontades individuais como afirmam alguns contratualistas, mas vítima de uma consciência coletiva diferente, na maioria dos casos, daquela particular.
    Se pararmos para observar, é exatamente a isso, ou a algo semelhante, que estamos submetidos. Cada vez mais nos notamos padronizados. Convencidos a seguir ou buscar caminhos predeterminados calando aquela opinião possivelmente diferente.
    Tendo as diferenças como o motor para a busca de uma sociedade melhor, estamos cravados no abismo das tendências e cada vez mais facilmente governáveis, ou manipuláveis. E isso é um tanto perigoso.


                                                                                                                                           Renan Silveira

Durkheim e as formigas

     Na continuação de sua obra "As Regras do método sociológico", Émile Durkheim afirma no Capítulo V, que práticas sociais não surgem do nada, mas sim da necessidade gerada. Que não basta a necessidade dos indivíduos para uma prática ocorrer, mas que existam implicações internas que gerem tais fenômenos.     Contudo, essa visão não é muito coerente, pois ignora o poder do indivíduo e de toda mudança que apenas ele pode causar em uma sociedade. Falando assim, realmente Durkheim parece mais sensato, entretanto, não vivemos mais a mercê de uma sociedade que leva os rumos que bem entende. Existem líderes, obviamente nem sempre bem capacitados e preparados, mas eles existem, e nas mãos desses líderes existe um grande poder de mudança social, econômica, cultural e etc.
     Dependendo da vontade de um indivíduo, a mudança proporcionada por ele pode ser incontável. Não foi uma implicação interna que condicionou a mudança na sociedade hindu ao fim do século XIX, mas sim a atitude de Mahatma Gandhi que inspirou e proporcionou a mudança. Esse é apenas um exemplo, mas a História mostra como indivíduos, com seus ideais e concepções, proporcionaram grandes feitos por todo o mundo. Exemplos como Martin Luther King, Nelson Mandela, Joana D'arc, exemplificam essa ideia, ideias de um indivíduo proporcionou uma mudança que pode alcançar grandes proporções e alterar o rumo da história.
     Do mesmo modo que essa mudança pode ser grande, pode ser pequena e insignificante, uma celebridade lança um novo tipo de saia,e logo grande parte das adolescentes norte-americanas estará usando. Não há importância real nisso, mas serve para exemplificar como, novamente uma atitude isolada transforma determinada parte da sociedade.
      Durkheim trata a sociedade, portanto, como se fosse um formigueiro, nada que seja individual é relevante. Movida pelo coletivo, apenas forças maiores são passíveis de causar mudanças. A sociedade, não só a contemporânea, mas a moderna, a feudal, a antiga, e todas elas, não são, nem de longe, semelhantes a formigueiros. O coletivo é importante sim, ele permite mudanças, mas a ação individual tem sua devida importância. 
                                 

A interconexão dos fatos sociais, essencial para sua explicação, tem por objetivo a coesão do organismo coletivo. O coletivo, tem assim uma necessidade inconsciente  de manter essa coesão, e exterminar as patologias sociais .A coesão , baseia-se na mentalidade coletiva, que difere da individual; já que a coletividade não é composta da soma de indivíduos , mas sim, dotada de uma força de coerção externa a eles.

Quando novas células surgem, e são, muitas vezes, opostas a consciência do coletivo; para que o corpo não fique enfermo, ele próprio as  incorpora;  seja de forma parcial ou completa . O Estado, portanto, sendo a representação do coletivo, constitucionaliza essas novas células. Então, esse organismo encontra-se em permanente mudança, se adaptando as novas situações.

Um exemplo disso é o surgimento de novas composições no núcleo familiar protegidas pelo Estado; como a união estável heterossexual ou homoafetiva; união homem- mulher pelo casamento; família monoparental ou, ate mesmo, composta pelos avos, tios  e o filho, ou outros parentes.Tal composição se dá pelo surgimentos de novos fatos sociais; como a opressão de gênero (patologia ) e, o seu combate,através da  emancipação feminina( não que seja totalmente efetiva, pois ainda existe essa opressão e violência  de gênero); a violência contra os  homossexuais e, a consequente busca pela tolerância das pluralidades sexuais.Assim todos esses artifícios são necessários para manutenção  da coesão, mesmo que na realidade, as patologias sociais ainda ocorrem e ameaçam o equilíbrio social.

Jessica Duquini  

Todos iguais


 Na sociedade atual há mais que uma força coercitiva do coletivo sobre o individuo, como propôs o filósofo Émile Durkheim. Há na verdade, uma verdadeira padronização dos indivíduos. 

          Todos devem assistir ao mesmo programa de televisão, votar no mesmo candidato, beber o mesmo refrigerante, vestir as roupas da moda e até mesmo a aparência física deve ser igual, cirurgias plásticas, lipoaspiração, aplicações de botox, etc.
          Há uma verdadeira robotização da sociedade, em que todos tem a ilusão de serem livres, quando na verdade estão sendo coagidos a viver seguindo padrões e proibidos de pensar, tornando-se como sempre, facilmente manipuláveis. 

O lado sombrio da consciência coletiva

Existe uma enorme discrepância no que diz respeito a nossa individualidade e ao coletivo. Ao mesmo tempo em que cada indivíduo possui suas peculiaridades e difere de todos os outros seres humanos, a sociedade não deixa de ser uma massa, que opera de forma conjunta e é imputável pelas transformações que ocorrem no seu meio.
Ao longo da história da humanidade, esse sentimento de coletividade, ou a visão do homem como um ser coletivo foi responsável pelos principais acontecimentos históricos, tanto para bem quanto para mal.
Talvez a pessoa que decidiu jogar a bomba nuclear em Hiroshima e Nagasaki, matando assim a milhares de pessoas, não tivesse coragem de matar um indivíduo. Percebe-se assim como a concepção do coletivo pode ser perversa e sombria, ela facilita a quem tem o poder manipular o coletivo e decidir sobre ele com frieza, pois o coletivo exclui a ideia de intimidade e faz com que o conjunto se converta apenas em uma marionete, a qual pode ser movida ao bel-prazer de quem estiver no comando. Tomar decisões no âmbito coletivo é sem dúvidas uma empreitada muito mais fácil do que decidir sobre um único indivíduo.
E essa tendência é ainda facilitada pelo fato de que em qualquer grupo ou sociedade, notam-se formas padronizadas de conduta e pensamento. Padrões éticos, morais, de urbanidade e etiqueta, de concepções políticas e intelectuais caminham de mãos dadas na sociedade. Seguimos um mesmo rumo e qualquer elemento que destoe do todo orgânico é rejeitado e visto como um corpo estranho e prejudicial para manter a ordem do conjunto.
Nesse ponto, podemos então nos perguntar quão livre somos realmente para fazer nossas próprias escolhas. A sociedade já possui seus moldes de comportamento e muito dificilmente um indivíduo conseguirá ir contra esse sistema. O capitalismo, por exemplo, faz com que todos nós sejamos escravos do dinheiro, do trabalho para poder ter um lugar ao Sol e uma vida digna (se bem que essa vida digna é  padronizada na sociedade pelo próprio capitalismo, o famoso “american way of life”). Sendo assim, a sociedade não representa a soma das consciências individuais, mas sim uma única consciência orgânica que se estabelece nas consciências e modo de vida de cada indivíduo, moldando até quando esse indivíduo pode ir com sua liberdade de escolha e seus próprios desejos pessoais. 

                Liberdade. Como você define essa palavra? Terá a mesma definição para todos os indivíduos constituintes de uma sociedade? Não é preciso ir muito longe para se conseguir a resposta. Nada, nem mesmo o mais ínfimo acontecimento, possuirá uma só explicação. Como então definir o que é melhor para a sociedade visando à melhoria da mesma? Para tanto a vontade geral acaba como o caminho a ser seguido, mesmo que esta não represente a vontade individual dos integrantes daquele grupo.
               Sabendo que a vontade individual de cada integrante não será ouvida, resta o questionamento: O que é a vontade geral? A vontade geral não beneficiará um só grupo em demasiado, e da mesma forma não prejudicará um só grupo em exagero. Ela busca uma solução neutra, visando o bem comum em detrimento do bem individual. Resta ainda, no entanto, um obstáculo a ser combatido, convencer o indivíduo a colocar a sociedade em primeiro plano.
   Para tanto, a própria sociedade desenvolveu um mecanismo de uniformização de seus integrantes. Desde o começo de sua vida, o indivíduo é bombardeado com informações e valores prontos, aos quais deve se adequar e aceitar como seu. Muitos ainda conseguem, de algum modo, “escapar” disso, mas se vêem de tal modo coagidos pela sociedade a aceitar o que lhes foi imposto que se sujeitam a “vontade geral”.
   Mantêm-se a ordem sob o cuidadoso olhar da “vontade geral” que, apesar de geral, deve ser imposta e que, apesar de geral, não reflete integralmente a opinião de nenhum individuo. A sociedade deveria valorizar as diferenças e promover a união de seus indivíduos e não a robotização e sistematização de seus componentes.

Solidariedade orgânica na legitimação do pensamento capitalista.


  Diante da objetivação e esclarecimento do funcionamento do fato social e suas derivações dever-nos-íamos enxergar como impotentes sociais, como elementos transitórios de uma forma maior, de um fatalismo coletivista.       

 Falar de fatalismo no caso de Durkheim é analisar a sociedade moderna pautada na solidariedade orgânica (entenda-se solidariedade desvinculada da concepção cristã, e pautada nos laços que mantém os homens unidos).   

 Esta visão de sociedade racional e contemporânea recebe tal denominação por clara relação biológica de elementos divergentes nas funções sociais (órgão) na construção concisa por laços de interdependência de cada um dos organismos que a compõe (sistemática corpórea como um todo).  

 Tal concepção poderia claramente servir de apoio e justificativa na firmação do pensamento capitalista de sustentação das divergências nas classes sociais. Estar determinado a cumprir certo papel na sociedade, e pelo cumprimento do mesmo mantêm-se a ordem social, legítima as desigualdades com a máscara dos individualismos.  

 Acreditar que qualquer ameaça à essa ordem "organicista" deve ser amputada, evitando-se as possíveis anomias como esfacelamento social é negar a raça humana como elemento comum e compactuar com o antagonismo do miserável ao gozador monetário.