Total de visualizações de página (desde out/2009)

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Ordem e Progresso

No contexto da Revolução Industrial, Auguste Comte defende a união entre a ciência e a técnica e funda a sociologia sobre as bases do positivismo. Em Curso de Filosofia Positiva, são apresentados os três estágios do pensamento humano: o teológico, no qual os homens atribuíam todas as causas a um ser divino ou sobrenatural, como nos mitos e nas religiões; o metafísico, em que estas são atribuídas a forças abstratas, como a mão invisível de Adam Smith; e o positivo, considerado pelo filósofo a fase madura do pensamento, na qual se deixaria de buscar as causas originais e se investigaria as leis que regem os fenômenos - assim agiria a “física social” (mais tarde, sociologia).

A ciência teria não apenas um papel de análise dos fenômenos, mas também o de combate às misérias humanas e o de mantenedora de dois estados opostos: ordem (estática) e progresso (dinâmica). Para isso, o corpo social deveria estar saudável, com cada célula em seu devido lugar, desempenhando sua função. Tal discurso foi utilizado por diversos Estados e em diversas ocasiões. A bandeira brasileira, por exemplo, apresenta uma concepção claramente positivista com a frase “Ordem e progresso” e durante a ditadura militar o positivismo foi retomado com um Estado forte e a idéia de que manifestações como greves ou qualquer outra de oposição seriam agitações prejudiciais ao bom desempenho da sociedade.

Comte acredita que o conhecimento positivista deveria ser difundido, especialmente dentre o proletariado, ainda não influenciado pelo pensamento metafísico. Além disso, um trabalhador que conhecesse todo o processo de produção teria maior consciência de seu papel social: produzir.

Novos paradigmas no ocidente

O filme Ponto de Mutação de Fritjof Capra apresenta uma crítica a pontos da filosofia cartesiana a partir de uma conversa entre uma cientista, que vive isolada em um mosteiro mergulhada em reflexões acerca do saber e do universo, um poeta sempre aberto a novas formas de pensamento e um político, que, ao contrário daquele, deve estar sempre preso às suas convicções. É percorrida a evolução do pensamento humano desde o momento em que o homem se liberta do modo mítico de ver o mundo, passando por Descartes, até os dias atuais, fortemente influenciados pela visão mecanicista e isolacionista do filósofo moderno.

Capra critica paradigmas da ciência moderna por meio da cientista, que apresenta a insuficiência e ineficácia na compreensão e intervenção sobre campos do conhecimento como a medicina, a biologia e a física, e propõe uma visão holística do universo: o sistema não é apenas a soma de suas partes, mas um conjunto de interações e probabilidades. Por exemplo, uma árvore não seria uma composição de raízes, caule, galhos e folhas, mas um conjunto de interdependências entre formas de vida, nutrientes e abrigo.

Esse modelo ofereceria uma visão integrada dos processos de transformação do universo dando prioridade à prevenção antes da reparação. Ele, aplicado às ciências sociais, nos mostraria uma sociedade não como uma máquina da qual basta retirar a peça defeituosa para se obter um conjunto saudável, mas como uma totalidade composta por indivíduos com pensamentos e ações dependentes de suas relações com o mundo à sua volta.

O positivismo de Comte.

Augusto Comte em sua obra propõe e defende o positivismo, fundamentando-se na “Lei dos Três Estados”, que separava a historia da humanidade em três fases evolutivas, onde a primeira seria a teológica, a segunda a metafísica e a terceira a positivista.
Acreditando na necessidade da universalização da educação e da inteligência defende que todos os membros da sociedade devem receber uma educação básica a fim de terem a clareza sobre o funcionamento do mundo. Introduz a percepção da sociedade como um corpo e de cada um de seus membros como uma célula desse corpo, sendo que o funcionamento do corpo está diretamente ligado ao bom funcionamento de cada uma de suas células. Assim cada indivíduo da sociedade perceberia a importância de sua função, desempenhando-a melhor e vivendo mais feliz e satisfeito.
Comte considera ainda que apesar da ciência existir para os sábios, não pertence exclusivamente a eles. Defende rompimento com o isolamento das ciências, uma vez que o conhecimento é uno e vê a ciência como meio de reflexão e de interpretar o mundo, que aliada a arte auxilia o homem  a superar sua fragilidade filosófica.
Defende a necessidade de dois estados antagônicos cuja coexistência é fundamental para a sociedade: a estática, que seria a proibição de desvios que poderiam colocar a ordem social em riso, e a dinâmica, que seria o aprimoramento cientifico e social. Esse ideal positivista está expresso, por exemplo, na bandeira de nossa nação, cujos escritos são: “Ordem e Progresso”.

A teoria para reorganizar o mundo

Em seu “Curso de Filosofia Positiva”, Auguste Comte propõe-se a explicar a natureza e a importância da filosofia positiva, como modo de dar uma visão geral sobre o progresso do espírito humano. Para ele, o funcionamento da sociedade obedece a caminhos predeterminados a fim de promover o bem-estar de um maior número de pessoas possível. Para isso, o pensamento humano passaria sucessivamente por três estágios. O primeiro seria o estado teológico, que explica os fatos como consequencia de intervenções de agentes sobrenaturais. Em seguida, como filosofia transitória, seria necessário adotar os métodos metafísicos, em que os agentes sobrenaturais são substituídos por forças abstratas, ou seja, entidades essenciais aos seres do mundo. E por último, chega-se à plenitude intelectual com o estado positivo, já que a única preocupação do espírito humano é descobrir as leis efetivas do universo, sem expor as causas geradoras dos fenômenos. Comte toma os três estados como verdadeiros não só para a história da espécie, mas também para o desenvolvimento individual, sendo o homem “teólogo em sua infância, metafísico em sua juventude e físico em sua virilidade”.

Para o pensador, o estudo da filosofia positiva é o único meio racional de pôr em evidencia as leis lógicas, sendo a única base sólida para reorganizar a sociedade. Para isso, ele dividiu a ciência sob dois pontos de vistas, o estático e o dinâmico. O primeiro estuda as forças que mantêm a sociedade unida, fundamentado na ordem. Enquanto o segundo se volta para as mudanças sociais em exercício, ou seja, o progresso. Daí o lema “ordem e progresso” contido na bandeira brasileira por inspiração positiva, pois conhecendo os processos de transformação da sociedade, seria possível aperfeiçoar as instituições.

Outro aspecto fundamental da proposta positiva seria romper com o isolamento das ciências, colocando a responsabilidade na educação, como um modo de desenvolver nos jovens o altruísmo e formar seu caráter, proporcionando a eles uma nova interpretação do mundo.

Comte também deixa explicito a idéia de que, no decorrer da História, as ciências não se tornaram “positivas” na mesma data, mas numa certa ordem de sucessão que corresponde à classificação: matemática, astronomia, física, química, biologia, sociologia. Tal ordem é feita do mais simples ao mais complexo, em uma proximidade crescente em relação ao homem.

Analisamos que o pensamento de Comte foi alvo de desconfiança em seu tempo, no entanto, o positivismo teve peso decisivo no surgimento de correntes de pensamento futuras, assim como continua influenciando a conduta de muitos pensadores e da sociedade como um todo.

Os três estágios do conhecimento humano

Augusto Comte discorreu em seu texto “Curso de Filosofia Positiva” sobre aquilo que para ele era a única maneira do homem chegar ao ápice de seu desenvolvimento intelectual, a filosofia positivista. Nela, quebra-se a ideia de ciência generalizada e passa-se a observar os diversos fenômenos de forma particularizada, mas sempre com o cuidado de analisar esses fatos individuais como parte de um único fato geral.
Para Comte, durante todo o processo histórico da evolução da inteligência humana, uma “lei fundamental” se fez presente. Essa lei determina três estágios do conhecimento: O teológico, o metafísico e o positivo.
No estágio teológico todos os fatos se explicam pela intervenção contínua de agentes sobrenaturais. No estágio metafísico esses agentes naturais são substituídos por forças abstratas atribuídas à natureza. Já no estágio positivo o homem deixa de procurar entender as causas dos fenômenos e passa a tentar compreender as leis que os ligam, nesse estágio é importante conciliar a teoria e a técnica, o raciocínio e a observação.
Dentro do ideário positivista a ciência deve ser usada para combater as misérias humanas, por isso a importância de um Estado forte, para que se evitem anarquias e tais condições sejam garantidas. É importante que cada indivíduo cumpra sua função (independente de qual seja) como parte essencial de um todo, esse deve se orgulhar e contentar com seu trabalho. O positivismo para Comte cumprirá então o papel de uma ciência social, que deve alcançar o mesmo grau de perfeição das ciências naturais. Comte desejava a formação de um “homem positivo”, treinado e dedicado ao trabalho, por isso, propunha uma reforma na educação baseada na filosofia positivista.
Essa visão racionalista pode ser contestada quando a filosofia positivista é aplicada na sociedade como um todo, já que a construção de “leis lógicas” aplicáveis ao corpo social é muito mais complexa do que a compreensão das ciências naturais.
Sobre isso, no texto “Discurso sobre o espírito positivo”, Augusto Comte procura estabelecer sua filosofia positiva na prática, renunciando a fragmentação do conhecimento e valorizando uma educação universal.
Comte pretendia estender a educação positivista ao proletariado, já que, para ele, esse grupo ainda não foi “contaminado” pelos preceitos metafísicos. Para ele, só seria possível obter uma política social se essa se adequasse ao positivismo, já que só ele gera a assistência necessária.
A filosofia positivista, portanto, busca o bem estar geral através de um conformismo social, o que gera uma indagação acerca de sua real aplicação sobre a coletividade, mesmo consciente de sua constante influência nos dias de hoje.

As penetrações do Positivismo

Segundo Comte, o estabelecimento do espírito positivo se dá mais facilmente na classe proletária uma vez que ela se caracteriza pela expressão “tábula rasa”, ou seja, é totalmente destituída de um conhecimento anterior, permitindo-se, assim, maior capacidade de absorção dos ideais positivistas.

A intenção, portanto, era convencê-la a cumprir seu papel social e moral ao dar noções de que suas atividades braçais e práticas eram de extrema importância, além da exigência contumaz de fidelidade ao governo. Como moeda de troca, havia a garantia de condições mínimas de sobrevivência e lazer, atitude semelhante ao panem et circenses romano.

Nessa época, o zeitgeist era imbuído ora do pensamento teológico, ora do metafísico. Dessa forma, a “ciência” cercava-se de misticismo e fragilidade teórica.

Assim, os estudos sociais do positivismo permitiram que ele se tornasse imperativo e preponderante em todo o mundo, sendo até hoje aplicado com êxito e veemência em alguns países.

Limitação do Positivismo

Através do Positivismo, Auguste Comte inaugura as bases metodológicas da ciência atual por estabelecer união entre os conceitos cartesianos e baconianos. Ao substituir os pensamentos teológico e metafísico por uma “física social”, as crendices e as meras conjeturas são abjuradas e um sistema teórico-empírico eficiente e racional entra em vigência, permitindo, assim, a expansão do conhecimento para uma realidade sem precedentes.

Do ponto de vista sociológico, esses ideais preconizam a ordem e o progresso, os quais são necessários à organização adequada da massa, porquanto este não subsiste sem aquele e, consequentemente, torna-se impraticável a evolução do ser humano.

Em tese, trata-se de algo indispensável ao cotidiano, mas sua práxis vai além de um simples arcabouço reflexivo, pois as variáveis envolvidas são complexas e incomensuráveis. Como exemplo, basta analisar a necessidade do espírito crítico e questionador, muitas vezes até revolucionário, dentro da sociedade. Tal fato não é admissível pelo positivismo, já que poderia haver desordem a partir dos inquirimentos.

Nesse sentido, pode ocorrer o surgimento de regimes autoritários levantados sob a égide do desenvolvimentismo, como demonstra a história.

Sendo assim, é notória a importância dos preceitos de Comte para o conhecimento. Entretanto, a moderação nas conclusões é digna de louvor, principalmente em um mundo cada vez mais multicultural e dinâmico.

A Sociedade Mecânica de Comte

- Escrito no contexto das revoluções liberais e industrial, "Curso de Filosofia Positiva", de August Comte, defente a ciência, a técnica e a ordem. Influenciado por Descartes e Bacon, o autor valoriza o conhecimento "positivo", o empiricamente fudamentado, o "real" frente ao "quimérico", a este correspondem o teológico e o metafísico, tidos por ele como formas imaturas de entender e explicar o mundo, representando diferentes etapas evolutivas do conhecimento, cuja coexistência é prejudicial à sociedade por gerar uma "anarquia intelectual".

- Baseado no paradigma newtoniano, Comte refuta a busca pelas causas essenciais do fenômeno, característica da teologia e da metafísica, preferindo entender as leis que o regem. Aplicando seu método de observação no campo das ciências socias ele busca vislumbrar as leis gerais que regem o fenômeno sociedade, como a "força de mercado".

- O filósofo identifica a felicidade com o bem comum, o qual depende primeiramente da manutensão da ordem social, pondo-se tanto contra ao socialismo quanto ao liberalismo, pois este gera anarquia pela competição entre a burguesia por lucro, gerando exploração do proletariado, e o outro gera anarquia pela competição por poder entre o proletariado revolucionário. Seu empenho em defender a ordem fez de sua obra excelente base ideológica para ditaduras fascistas.

- Estabelecida a ordem, converge ao bem comum o progresso técnico, a superação da fragilidade fisiológica do homem, por isso Comte prevê a valorização da engenharia, representando a ligação entre a ciência e a técnica, mas não valoriza apenas o fim prático da ciência, mas também sua pretensão de "interpretar o mundo".

Comte e a Sociologia

Augusto Comte, pensador francês do séc. XIX, considerado o pai do Positivismo, idealizou uma sociedade cujo ápice seria o governo dos sábios. Numa referência a Platão e sua sociedade utópica, Comte visualizou a Sociologia, ainda em formação na sua época, como a ciência que ocuparia o lugar mais importante na hierarquia do conhecimento porque tratava do que era humano. Para ele a Sociologia seria tão precisa quanto a Astronomia ou a Química, permitindo aos governantes um alto grau de previsão nas decisões a serem tomadas ou consideradas.
Dentro dessa mentalidade, Comte propôs a mudança na sociedade devida a elementos estáticos e dinâmicos, em que associou a Ordem (elemento estático) e o Progresso (dinâmico). Inclusive, o lema Ordem e Progresso foi incorporado à bandeira do brasil numa clara mostra da influência de Comte no pensamento dos republicanos brasileiros no fim do séc. XIX.
Por fim, Comte, no intuito de atingir a transformação social que preconizara, transformou seus seguidores em apóstolos, divulgando suas idéias, "dedicados ao sacerdócio da humanidade". E o movimento positivista teve como tarefa esclarecer as mentes pensantes de sua obrigação de se atingir o mais rápido a Era Científica ou Positivista.

Comte e a bandeira positivista

Ao defender a ideia de que o verdadeiro conhecimento é o cientifíco e refutar a metafisica, Comte proporcionou às ciências um nível de exatidão muito maior. Segundo sua tese, o progresso e a ordem estão intimamente relacionados com o avanço das ciências de forma qualitativa. Logo, é correto afirmar que o Positivismo é uma corrente de pensamento que visa o progresso e a ordem social.
É importante lembrarmos de que um aspecto fundamental do pensamento apresentado pelo autor: a não exclusão da importância da teoria nas ciências. Ele reconhece que a prática é antecedida pela teoria.
A proposta de integração entre as diversas áreas científicas mostra-se por demais interessante(embora contestável ao considerarmos a ordem social contemporânea e a limitação que unificar as ciências pode gerar), já que , segundo Comte, o conhecimento é algo único. Tratam-se, a meu ver, de premissas verdadeiramente revolucionárias pois podem, de fato, atuar na sociedade. Isso fica claro pelo seguinte trecho: "Que uma nova classe de cientistas, preparados por uma educação conveniente(...) se ocupe unicamente, considerando as diversas ciências positivas em seu estado atual(...)em descobrir suas relações e seus encadeamentos, em resumir, se for possível, todos os seus princípios num número menor de princípios comuns".
Como observado, as ideias positivistas são muito fortes, e influenciaram diversos outros pensadores e líderes políticos em suas obras e governos, respectivamente. No âmbito da política o Brasil foi muito tocado pelos ideais positivistas: Benjamin Constant, por exemplo, um dos idealizadores da proclamação da república, era um ferrenho positivista. A bandeira adotada desde então contém os dizeres ''Ordem e Progresso" (duas ideias fundamentais da teoria de Comte). Essas são somente algumas, das muitas provas que evidenciam a força do positivismo e o poder de seus princípios perante a sociedade.

Saber e Prever - O Positivismo de Comte

Augusto Comte, francês que teve seu ápice filosófico no século XIX, apresenta-nos em sua obra fundamental, intitulada Curso de Filosofia Positiva, a lei dos três estados que funda o positivismo, corrente filosófica influenciadora da política, da literatura e de diversos segmentos do mundo acadêmico.
Basicamente, os três estados da evolução humana são definidos como: teológica (a humanidade enxerga-se e organiza-se baseando em mitos e ensinamentos religiosos), metafísico (onde há a descrença de um Deus uno, porém ainda não reconhecendo fundamentos científicos, para Comte seria o meio termo entre os outros dois estados), e por fim o estado positivo (definido como o ápice da ciência que compreenderia todo movimento natural humano).
Na obra Discurso Sobre o Espírito Positivo, Comte define como seria o pensamento humano em um estado positivo. Afirma que o positivismo deveria se difundir no intuito de propiciar ao homem o avanço científico da época, não o restringindo somente a um pequeno grupo. A previsão científica assinalam o positivimo.
O positivismo figura-se no acompanhamento de sinais e baseia-se na consolidação do pensamento humano buscando um conhecimento puro, livre de dogmas religiosos e místicos. A república da espada no Brasil, no final do século XIX é exemplo de forte adoção ao positivismo. Seus ideais ganharam total força no século XX.

Discurso sobre o Espírito Positivo, Augusto Comte.

Nesse discurso, Comte explica que a instituição da sociedade positiva daria-se, a princípio, através do estabelecimento de um sistema universal de educação científica. Esse sistema deveria ser universal porque, ao educar positivamente também o proletariado, tornaria-o consciente da importância de seu papel social, e, por isso, resignado, por vontade própria, a exercê-lo - condição necessária para a consubstanciação da paz imposta pela ordem, objeto de desejo do autor. Continuando seu raciocínio, Comte diz acreditar também que o proletário estaria até mais preparado para absorver esse tipo de conhecimento do que os membros da classe dominante, tanto por não ter sido "contaminado" pela perspectiva metafísica, que moldava a educação daqueles, quanto por estar, pelo tipo de atividade que exercia, de natureza manual, mais conectado ao mundo "real".

* * *

Mas a maior resistência ao estabelecimento desse novo modelo filosófico, dizia ele, viria dos próprios cientistas. Muito influenciados pela fragmentação do conhecimento, somente com dificuldade eles aceitariam a visão unitária da investigação científica, idéia que também era parte da proposta de Comte.

* * *

Que termina o discurso analisando os tipos de conhecimento e de que forma cada um se conjugaria na composição do modelo da educação positivista.

* * *

Sobre o exposto, alguns comentários superficiais:

1 - É verdade que a sociedade precisa de indivíduos dispostos a exercer todos os tipos de trabalho, pois todos são necessários a sua dinâmica. E digo isso sem estabelecer nenhuma valoração entre esses tipos de trabalho, pois sei que uma sociedade sofre se lhe faltam engenheiros ou cientistas, e sofre também se o que lhe falta são operários. Basta ver, por exemplo, que muito se discute no Brasil a carência de engenheiros e, antagonicamente, a Europa, até pouco tempo atrás, importava operários...

2 - Por sorte, a natureza das pessoas é serem elas impadronizáveis, de modo que seria capaz de existir, para todos os níveis de trabalho, indivíduos dispostos conscientemente a preenchê-los (*). O que não ocorreria sem mancha, entretanto, em sociedades que não conseguissem estabelecer condições para o livre florescimento dos interesses de todos seus membros, independente, por exemplo, da classe de origem. Mas, tratando a questão de forma idealizada, pode haver e não deve ser vítima de julgamento a pessoa que deseje ser cientista ao invés de operário ou engenheiro ao invés de cientista, e, assim, uma sociedade pacificada não seria uma em que todos exercessem a atividade considerada a "melhor", e tivessem o espírito moldado pela cultura considerada a "melhor", mas a em que cada indivíduo, dentro da sua "função" e "personalidade", pudesse ser respeitado enquanto "funcionário" e "pessoa" (respeitado em todos os sentidos, do moral ao econômico). Isso parece ser, com um pouco de adaptação, o que comte propunha.

3 - Alguns, entretanto, podem confundir esse pensamento com a realidade e usa-lo demagogicamente para justificar cenários geradores de desigualdade.

4 - A idéia de que toda função é necessária à dinâmica eficaz da sociedade não pode ser reduzida a comparação indigna de pessoas à peças de relógio.

5 - Se não existe almoço grátis, não sei como seria possível garantir, economicamente, o respeito mínimo que os executores de trabalhos desvalorizados pelo livre mercado merecem.

6 - Talvez pela tutela do estado, o fortalecimento de sindicatos e a execução de projetos sociais.

7 - Dito tudo isso, acredito, de MODO SUPERFICIAL, que algumas das coisas que entendi que Comte observa não são falsas, mas a leitura delas deve vir sempre preenchida e nunca afastada de valores como o respeito à dignidade das pessoas, a valorização da justiça e da liberdade, o combate à exploração e ao preconceito, a luta pela eliminação das desigualdades, etc, pois a aceitação extremista, demagógica ou acrítica de tais idéias pode ser desastrosa.

(*) Quando falo de níveis de trabalho, me refiro, claro, a regimes de trabalho, como, por ex, regime de trabalho intelectual e operacional. Claro que existem formas trabalho as quais nenhuma pessoa vai de certo querer praticar se tiver outra opção. Algumas delas, entretanto, foram substituidas por máquinas e pode, quem sabe, chegar o dia em que o homem estará livre em todas da necessidade executá-las com as próprias mãos. Desse modo, existiria talvez um cenário onde os tipos de trabalhos que precisem ser feitos sejam aqueles com ao menos algum componente intelectual, como, por exemplo, o dos engenheiros, operadores, construtores, artistas e servidores. O que quis dizer, basicamente, é que acredito que existem pessoas que não desejariam atuar na sociedade com uma função intelectual de eminência, como a de um cientista, e que isso não deve ser um problema para a consolidação da igualdade social.

A Sociedade Mecânica de Comte

- Escrito no contexto das revoluções liberais e industrial, "Curso de Filosofia Positiva", de August Comte, defente a ciência, a técnica e a ordem. Influenciado por Descartes e Bacon, o autor valoriza o conhecimento "positivo", o empiricamente fudamentado, o "real" frente ao "quimérico", ao que correspondem o teológico e o metafísico, tidos por ele como formas imaturas de entender e explicar o mundo, representando diferentes etapas evolutivas do conhecimento, cuja coexistência é prejudicial à sociedade por gerar uma "anarquia intelectual".

- Baseado no paradigma newtoniano, Comte refuta a busca pelas causas essenciais do fenômeno, característica da teologia e da metafísica, preferindo entender as leis que o regem. Aplicando seu método de observação no campo das ciências socias ele busca vislumbrar as leis gerais que regem o fenômeno sociedade, como a "força de mercado".

- O filósofo identifica a felicidade com o bem comum, o qual depende primeiramente da manutensão da ordem social, pondo-se tanto contra ao socialismo quanto ao liberalismo, pois este gera anarquia pela competição entre a burguesia por lucro, gerando exploração do proletariado, e o outro gera anarquia pela competição por poder entre o proletariado revolucionário. Seu empenho em defender a ordem fez de sua obra excelente base ideológica para ditaduras fascistas.

- Estabelecida a ordem, converge ao bem comum o progresso técnico, a superação da fragilidade fisiológica do homem, por isso Comte prevê a valorização da engenharia, representando a ligação entre a ciência e a técnica, mas não valoriza apenas o fim prático da ciência, mas também sua pretensão de "interpretar o mundo".

Positivismo e sua influência nos Estados.

A obra de Augusto Comte “Curso de Filosofia Positiva” estabelece a divisão do conhecimento humano em três estados: o Teológico, o Metafísico e o Positivo. A partir daí percebe-se a introdução de suas ideias positivas e a defesa delas como o grau máximo de análise e de conhecimento humano.

Segundo o filósofo este estado Positivo é aquele em que o homem não busca somente a causa dos fenômenos, mas também a maneira que eles se manifestam. Para ele esta ideologia se apresentaria nas sociedades mais amadurecidas. Enquanto isto o estado Teológico é repleto de misticismo e se baseia na busca do homem por sua origem e por seu futuro e, onde há a crença em deuses. Já o estado Metafisico seria um estágio intermediário entre os estágios Teológico e Positivo.

Usando como base o pensamento racional defendido por Descartes e Bacon, Comte acreditava poder estabelecer a ordem ao regular a sociedade e assim atingir o progresso. Ele acreditava que tudo aquilo abstrato deveria se submeter ao concreto, ao observável. É importante observar a união das várias ciências para a formação da filosofia positivista, já que diferentemente de Descartes, Comte acreditava na visão total dos fatos e do conhecimento e não na visão fragmentada.

Quando se tem em pauta o “Discurso sobre o Espirito Positivo”, percebe-se o intuito do filosofo de utilizar-se de sua ideologia como base para o poder e para a educação.

Para Comte, um governo eficiente não deveria discutir tanto os direitos de cada pessoa, por estas não compreenderem a verdadeira extensão desses direitos, mas deveria agir de forma a promover o bem publico. Já no que tange à educação, Comte defendia que as classes mais abastadas deveram se preparar para controlar o poder e para isto deveriam aprender coisas mais relevantes e reais. Para ele os menos favorecidos, se ensinados de forma positivista, deveriam aprender seu papel na sociedade e desempenhá-lo de forma a alcançar o melhor funcionamento possível do Estado.

Seu pensamento influenciou diversos Estados. A América Latina foi profundamente invadida pelo positivismo, principalmente no período correspondente à era Vargas. Parte dessa influência ainda pode ser observada, por exemplo, na bandeira brasileira que ostenta o célebre lema “Ordem e Progresso”.

Os Alfas serão Alfas

Comte preconiza a manutenção da ordem para que o progresso social seja atingido. Para ilustrar seu pensamento pode-se usar a metáfora do corpo, em que cada célula deve cumprir sua função sem buscar subvertê-la para que o organismo funcione perfeitamente, ou também uma metáfora da gravitação universal, na qual a Terra não busca ocupar do lugar do Sol, por exemplo.

A defesa de Comte é passível de muitas críticas, a começar pela imobilidade social que praticamente estabelece uma sociedade de castas; um determinismo social que não deve ser questionado, assemelhando-se às classes sociais de Huxley em “Admirável Mundo Novo”, os Alfas, Betas e inferiores. Para Comte, os que cumprem sua função social atingem a felicidade simplesmente por terem consciência de fazer parte de um todo maior, entretanto para Huxley essa “felicidade” não era espontânea, e sim induzida, por drogas e outros métodos.

Uma sociedade puramente positivista provavelmente atingiria sim um progresso ímpar, contudo muitas liberdades e direitos humanos seriam ignorados. A função do cientista social seria profilática, evitando possíveis problemas, por exemplo garantindo as necessidades básicas de toda a população para que não hajam revoluções, e identificando “enfermidades” para que possam ser solucionadas.

Um aspecto do positivismo, porém, poderia ser defendido. Com o progresso da ciência, principalmente na área da robótica e da mecanização, cada vez mais máquinas cumpririam a função das “mãos” no corpo social, assim, cada vez menos essa função seria exercida por humanos. Assim, os Alfas serão Alfas e os Ípsilons serão Ípsilons para que no futuro os Ípsilons não sejam mais necessários e todos possam ser Alfas.

Filosofia Positivista e O Alicerce para Seu Estabelecimento

A filosofia positiva desenvolvida por Augusto Comte baseia-se na busca, dentro do âmbito da ciência social, de regras e leis que expliquem o funcionamento de fenômenos sociais como se fossem esses fenômenos naturais que por observação, experimentação, comparação e classificação culmine com a compreensão da realidade,
a qual daria-se com a finalidade de prever futuros acontecimentos e para que assim seja possivel melhorar essa realidade, caracterizando assim o pensamento positivo.
A base fundamental para Comte em sua teoria é a "Lei dos Três Estados" em que ele separa a humanidade em estágios evolutivos pelos quais passaria essa humanidade, começando pela fase teológica, quando os homens utilizariam do misticismo e sobrenaturalismo para a explicação dos fenômenos naturais. Passando então pelo estágio metafísico considerado intermediário no qual a humanidade começa a buscar respostas mais complexas do que somente a ação divina para fatos que afete sua vida. Até então atingir a maturidade social que seria a ordem positiva e é quando o homem começa a buscar o funcionamento das coisas a fim de melhor entende-las.
O pensamento positivo aplicado à sociedade, segundo Comte, sanaria a anarquia intelectual gerada pela intensa especialização das ciências que impediam a observação do mundo como um todo complexo e interligado (como é apresentado o mundo na obra Capra, Ponto de Mutação) e causadora do retrocesso, superado esse problema seria possível ordenar a sociedade para essa então progredir.
Segundo o autor seria necessário também uma reforma na educação, uma vez que considerava a educação que a classe superior recebia como superficial e carente de substância positiva que acarretava em despreparo desses para a vida real. Acreditava também que essa educação regada de preceitos positivos deveria ser estendida às classes proletárias pois são esses ótimos receptáculos vazios prontos para a deposição de conhecimento e que uma educação desse tipo permitira a compreensão por parte desses trabalhadores de sua importância dentro da sociedade (uma espécie de conformismo a sua condição proletária).

Aos pobres a ordem, aos ricos o progresso



Uma das ideias fundamentais, do movimento positivista, seria a ideia do progresso, que pode ser considerada a intuição teórica mais significativa e abrangente do século XIX. A ideia do progresso nasceu no século XVIII com o iluminismo e significava que a humanidade, independentemente de sua vontade ou consciência, estaria sendo “encaminhada”, automaticamente e de forma linear, em direção a um futuro melhor, dirigido pela razão.

Comte sugeria que só seria possível progredir dentro da ordem. O próprio termo positivismo expressa uma percepção considerada conservadora. Enquanto muitos críticos da sociedade capitalista queriam superá-la. Comte acreditava que o certo seria se submeter à ordem existente. Se as teorias dos outros pensadores eram “negativas”, porque negavam ou combatiam o capitalismo, a teoria comteana procurava afirmar o existente, portanto, era positiva em relação à vida na forma em que estava organizada.

As ideias de Comte surgiram em um momento de sepultamento dos ultrapassados ideais absolutistas e aristocráticos impondo, afinal, a hegemonia burguesa pela Europa, que já enfrentava a rivalidade da força política do proletariado. Depois que a burguesia assumiu o poder, ficava cada vez mais evidente o distanciamento de seus interesses dos setores populares. É importante lembrar que essas duas camadas lutaram juntas pela superação do Antigo Regime, muito embora sempre prevalecessem os anseios da alta burguesia, que desde os primórdios, na Revolução Francesa, lutava por uma igualdade de nascimento, que acabaria com os privilégios da nobreza, mas defendia um critério censitário de participação popular, excluindo as classes sociais mais baixas.

A ideia de solidariedade ocupa uma posição central na organização social positivista. Segundo Comte, o proletariado deveria aceitar seu “lugar social” e seu papel definido, em prol do progresso da sociedade como um todo. O positivismo prevê a primazia da sociedade sobre o indivíduo. O conceito de felicidade também está associado ao bem público, sobrepondo-se ao parâmetro pessoal de felicidade.

Em uma época na qual havia exploração desenfreada dos operários, que recebiam baixíssimos salários, já que a oferta de mão-de-obra era muito maior que a demanda da produção industrial, era no mínimo contraditória a ideia de solidariedade de Comte, para não dizer absurda. Longas jornadas de trabalho, de 14 e até 16 horas diárias, seis dias por semana, habitação em cortiços sem as mínimas condições higiênicas e constante situação de desemprego, formavam o cotidiano de homens, mulheres (maioria esmagadora na indústria têxtil-recebiam salários mais baixos que os homens) e crianças (eram usadas na mineração de carvão, constituindo uma mão-de-obra ainda mais barata).

Diante deste contexto social, os membros da elite se sentiam amedrontados e inseguros por causa das transformações geradas pela sociedade industrializada, sobretudo, no que diz respeito ao surgimento e organização do proletariado. Comte, como representante teórico de uma elite capitalista, tentava convencer o elemento popular, que o melhor caminho a seguir seria mesmo o da paciência e o da aceitação subserviente das condições de exploração, presentes na sociedade.

A própria ordem capitalista, que de tempo em tempo reivindica a guerra como fator decisivo, tanto para gerar riqueza, enquanto indústria bélica, quanto para conquistar novos mercados, na maior parte do tempo necessita de estabilidade. A ideia de Comte atenderá aos anseios de uma elite, que percebia como essencial impor uma certa ordem à sociedade, a sua ordem, aquela que lhes interessava. Comte reivindicava o fim dos conflitos e a aceitação da ordem existente, para que fosse possível garantir as condições necessárias ao progresso, mas um progresso apenas dessa burguesia em ascensão.

Ser pensante e Ser operador

O Positivismo de Comte é uma teoria que pressupõe a aceitação individual, independente do contexto social, sustentada por razões racionais e consistentes, a verdade é unitária, os fatos permanentes. As regras do conhecimento positivista se julgam de acordo com os princípios permanentes da ciência; a ciência, por sua vez, progride em caminho da verdade.

O Estado positivo, também descrito por Comte, tem como principal característica a comunhão de todos visando o bem geral, o aspecto desse Estado é a solidariedade. Além disso, Comte enfatiza a necessidade de separar o ser pensante do ser operador. Nesse contexto, o proletariado, o ser operador, é o maior exemplo de tabula rasa.

O âmago para o desenvolvimento do Estado, de acordo com as diretrizes positivistas, é que se deve educar apenas o ofício, sem filosofia ou sociologia. A sociedade deve ser coesa entre si, onde cada indivíduo representa uma parte integrante do corpo da sociedade. Com isso em vista, pode-se dizer que a filosofia, a sociologia, e os estudos sociais representam o caos na ordem da sociedade.

Comte e a ascenção positivista

Na análise da obra de Augusto Comte " Curso de Filosofia Positiva ", percebe-se o cerne de suas idéias. Um dos pilares básicos de sua teoria é a divisão do conhecimento humano em três estados básicos. O primeiro é denominado de Teológico; o segundo conhecido como Metafísico e o terceiro é recordado como Positivo. Para Comte "as idéias conduzem e transformam o mundo" e é a evolução da inteligência humana que comanda o desenrolar da história.

O primeiro estágio, teológico ou fictício, está dividido em três períodos: fetichismo, politeísmo e o monoteísmo. No fetichismo uma vida espiritual, semelhante à do homem, é atribuída aos seres naturais. O politeísmo esvazia os seres naturais de suas vidas anímicas - tal como concebidos no estágio anterior - e atribui a animação desses seres não a si mesmos, mas a outros seres, invisíveis e habitantes de um mundo superior. No monoteísmo, a distância entre os seres e seus princípios explicativos aumenta ainda mais; o homem, nesse estágio, reúne todas as divindades em uma só. A fase teológica monoteísta representaria uma fase de transição para o estado metafísico.

O estágio metafísico possui alguns pontos em comum com o teológico: ambos procuram soluções reais para os problemas terrenos; buscam explicar a natureza íntima das coisas, sua origem e destino últimos. Mas a diferença é que na fase metafísica o abstrato substitui o concreto e a argumentação está no lugar da imaginação.

O estágio positivo renuncia a procurar os fins últimos e a responder os últimos "por quês". A noção de causa é substituída pela noção de lei. É aqui que surge a idéia: o conhecimento das leis positivas da natureza nos permite, com efeito, quando um fenômeno é dado, prever o fenômeno que se seguirá e, eventualmente agindo sobre o primeiro, transformar o segundo.

Segundo Comte, as ciências classificam-se de acordo com a maior ou menor simplicidade de seus objetos respectivos. A complexidade crescente permite estabelecer a seqüência: matemáticas, astronomia, física, química, biologia e sociologia. As matemáticas possuem o maior grau de generalidade e estudam a realidade mais simples e indeterminada. A sociologia é vista por Comte como “o fim essencial de toda a filosofia positiva”. Matemática, astronomia, física, química e biologia atingem o estado positivo antes da sociologia mas, permanecendo adstritas a parcelas do real, não conseguem instaurar a filosofia positiva em sua plenitude. A totalização do saber somente poderia ser alcançada através da sociologia, na qual culminaria a formulação de “um sistema verdadeiramente indivisível, onde toda decomposição é radicalmente artificial, tudo relacionando-se com a Humanidade, única concepção completamente universal”.
A sociologia é entendida por Comte no mais amplo sentido da palavra, incluindo uma parte essencial da psicologia, toda a economia política, a ética e a filosofia da história. Da mesma forma como protesta contra a abordagem dos fenômenos psicológicos individuais in­dependentemente do desenvolvimento mental da raça, Comte opõe-se também ao isolamento da política e da ética em relação à teoria geral da sociedade. Comte ressaltou ainda que os objetos das ciências sociais não devem ser trata­dos independentemente do curso de desenvolvimento revelado pela história.
Aspecto fundamental da sociologia comteana é a distinção entre a estática e a dinâmica sociais. A primeira estudaria as condições constantes da sociedade; a segunda investigaria as leis de seu progressivo desenvolvimento. A idéia fundamental da estática é a ordem; a da dinâmica, o progresso. Para Comte, a dinâmica social subordina-se à estática, pois o progresso provém da ordem e aperfeiçoa os elementos permanentes de qualquer sociedade : religião, família, propriedade, linguagem, acordo entre poder espiritual e temporal.

Positivismo: não sendo herói, nunca poderá ser chamado de vilão

Assim como evoluímos da infância para a juventude e desta para a maturidade, passando necessariamente por todas as fases, o pensamento humano se desenvolve do estado teológico para o metafísico e deste para o POSITIVO, passando necessariamente por todas as fases, mostrando uma clara evolução. Esse é um dos preceitos básicos da Filosofia Positiva de Augusto Comte.
A doutrina positivista, duramente criticatada no meio acadêmico, realmente tem seus (muitos) defeitos e erros. Eu, inclusive, discordo do Positivismo na maior parte do tempo. Entretanto, até que ponto há discordância?
Após ler dois dos capítulos da obra positivista de Comte e me inteirar mais do assunto, posso dizer que muito do que li não é exatamente "ruim" (se é que uma teoria do tipo possa ser assim taxada por qualquer um) e desejo compartilhar o filtro pessoal (ou seja, subjetivo e aberto a discussões, não querendo afirmar como verdade absoluta) que fiz da obra em questão, defendendo os pontos que me parecem interessantes.
Comte pensa o positivismo como conclusão da revolução iniciada por Bacon e Descartes. Ora, os pensamentos dos dois filósofos citados são constituídos por métodos espetaculares e utilizados até hoje na ciência moderna! A verdade é que o Positivismo constitui doutrina extremamente realista e racional, estimulante do progresso científico e da ordem social, buscando sempre a verdade científica, sem intromissão dos fatores metafísicos ou teológicos no raciocínio, e uma melhoria social, baseada na fundação da física social e na consequente observação e resolução prática dos problemas sociais em função dela, descartando revoluções e movimentos baseados somente no discurso. Atualmente tais pensamentos têm feito muito sentido se forem analisados por essa visão: é só observar o avanço da ciência no mundo todo e programas sociais práticos como o Bolsa Família no Brasil ou o subsídio às necessidades básicas (saúde, educação, etc.) nos países de maior IDH do mundo.
Também é possível observar a preocupação de Comte em instituir uma reforma da educação no intuito de romper com o isolamento das ciências. É claramente necessário que se saiba um mínimo básico de todas as ciências quando se é educado. Não só para descobrir a que se está mais apto ou o que é de preferência de cada um, mas também porque, dessa forma, há um desenvolvimento sincronizado e mais rápido de todas as ciências. Ainda no que se refere à educação, Comte não exclui a importância da teoria, demonstrando que tanto esta quanto a prática são importantes para a ciência e para a humanidade. E realmente são. Tal pensamento fica muito claro atualmente nas próprias universidades.
Por fim, desejo citar a ênfase no pensar coletivo e na prática da solidariedade. Um dos grandes males da sociedade atual tem sido o individualismo excessivo. Ele alastra a desigualdade, a intolerância e as faltas de humanidade e de consciência no que tange ao respeito às leis e principalmente ao papel social. Talvez pensar um pouco mais positivista não fizesse tão mal assim à sociedade...
Quero deixar claro que não sou defensor do positivismo, muito menos da instituição deste na sociedade, mas somente de alguns dos seus conceitos sobre certa visão bem definida (no caso, a minha) e concluir afirmando que se o leitor entende a importância do Positivismo para as gerações posteriores e não só os pontos ruins, mas também os bons de sua teoria, o leitor certamente já superou os estados teológico e metafísico.

Positivismo social

Augusto Comte, com seu "Curso de Filosofia Positiva" e "Condições de Estabelecimento do Espírito Positivo", dá continuidade aos trabalhos pré-positivistas de Descartes e Bacon, porém de maneira mais direta em relação ao seu objetivo (transformar o modo de se ver a ciência e a metodologia) e como queria que seus ensinamentos fossem utilizados.

Antes de prosseguir, cabe uma breve explicação do significado de "positivo" nesse contexto. Aqui, é discernimento entre o real e o falso, útil e inútil, certo e errado, e o método a ser usado para se enxergar isso com lucidez.

Deixado isso claro, podemos partir para a análise do abordado pelo autor em seu "Curso de Filosofia Positiva". Um dos pontos importantes é a vontade expressa pelo autor de unir os conhecimentos da humanidade, formar uma ciência única e deixar de lado a especialização, tão em voga atualmente.

Outro tópico que merece destaque é o seu conceito inovador de física social, que considera parte da física orgânica, atualmente chamada de "ciências humanas". Comte dá extrema importância ao seu estudo para compreendimento da sociedade.

Já aproveitando a deixa, pulo para a segunda parte a ser analisada, as "Condições de Estabelecimento do Espírito Positivo", obra de cunho mais social.

Social porque, além de Comte ressaltar a "primazia da sociedade sobre o indivíduo", incita a introdução do pensamento positivista ao proletariado, já que estes estão mais próximos da natureza e por isso entenderão melhor a obra, abraçando sua filosofia mais facilmente.

Para concluir, seguindo o pensamento de Comte de que a felicidade está intimamente ligada ao bem público, afirmo tranquilamente que o brasileiro é mais infeliz do que imagina...

Filosofia positiva, Auguste Comte



A filosofia positiva de Auguste Comte marca um amadurecimento do pensamento humano, deixando em segundo plano a fundamentação teológica e metafísica, atingindo assim o verdadeiro conhecimento do mundo e suas relações, sem se deixar influenciar pela religião e pelo misticismo, entretanto essa fundamentação tem também sua importância que é dar base e progressivamente levar a mente humana ao último e mais essencial deles, o estado positivo.

O estado positivo é definido por Comte como algo real, certo e útil, capaz de corrigir o caos social e restabelecer a ordem.

Também discorre ele sobre a necessidade de haver uma distinção entre a ciência (reflexão) e técnica (ação), por não existir a possibilidade de progresso da sociedade sem haver a valorização e esta distinção. Segundo ele, a sociedade prende-se demasiadamente a conceitos teóricos, que deveriam ser substituídos por “generalidades científicas” e comenta sobre uma formação mais profunda nas ciências para que os que configuram a “reflexão”.

Para o filósofo o desenvolvimento individual não é progresso e o indivíduo deveria estar apto a manter-se em sua função que é o trabalho. A sociedade deveria agir como um corpo humano, no qual cada órgão representaria um indivíduo que conseguiria executar sua tarefa com excelência. Tendo em vista essa analogia, a revolução social seria como um câncer que promoveria a ruptura da ordem por motivação pessoal.


Guilherme Campos de Moraes

Comte e o progresso

Comte, com a teoria positivista, consolida de vez o pensamento de Descartes e Bacon. Para ele é necessário deixar para trás estágios anteriores de conhecimento: o teológico e o metafísico, para que a filosofia positiva se torne hegemônica.

É marcante em sua obra o ideal de organização, sendo esse um pré-requisito para o bom funcionamento da mente e da ciência a fim de atingir a verdade. Essa organização se estende até à classificação das ciências em uma ordem, da mais geral e simples (astronomia) à mais específica e complexa(física social).

Comte destaca a importância de um ensino nos moldes positivista, no qual noções de leis gerais como as da astronomia e física são úteis ao entendimento da ciência como um todo. Ciência para Comte é buscar exatamente essas leis naturais que regem as coisas e propõe a criação da física social, a ciência que buscaria conhecer as leis que regem as interações sociais, principalmente as relações políticas.

Segundo essa ciência social, o progresso material é o que importa e ele só é obtido com a organização do corpo social. Cada célula desse corpo desempenha uma função, e o objetivo final é o progresso. O indivíduo, portanto, precisa ter noção da importância de seu ofício para o funcionamento da máquina social. Sentindo-se parte integrante da máquina, e para isso utiliza-se da educação positiva, o indivíduo não questiona sua posição social.

Grandes progressos científicos e materiais foram possíveis graças à concepção positivista, ela chega em um momento no qual a efervescência da ciência e da produção necessitam de ordem. Hoje, no entanto, o positivismo é bastante criticado por diversos motivos, entre eles a importância excessiva dada ao progresso material e ao condicionamento de desigualdades. É inegável, porém, a importância histórica dessa filosofia que influencia a organização do pensamento até hoje.

O progresso coletivo e a ascenção social

No decorrer de um século de inúmeros conflitos e enorme desordem social, Auguste Comte propõe a aplicação de um novo método para o estudo da sociedade, que pudesse auxiliar, de forma realista e com postura científica, na compreensão dos fenômenos sociais, bem como na sanação do caos então vigente.

Para isso, um dos preceitos mais interessantes e, ao mesmo tempo, controversos propostos por Comte encontra-se na metáfora do Corpo Social, segundo a qual a sociedade, comparada a um organismo humano, seria composta por diferentes células e diferentes órgãos, cada qual incumbido de divergentes funções, as quais realizariam única e ininterruptamente, proporcionando, assim, o funcionamento ordenado da sociedade, distanciando-a do caos, da anarquia, e promovendo o seu progresso. Da mesma forma, o ensino da filosofia positiva à classe proletária, mais apta a tal aprendizado por jamais ter sido introduzida ao conhecimento metafísico, se proporcionado de forma correta, levaria-a a reconhecer sua função social, considerada por Comte tão importante quanto qualquer outra, e aceitar plenamente sua posição na sociedade, sedando possíveis instintos subversivos proporcionados pelo conhecimento metafísico.

Analisando o caráter estratificado da sociedade proposta por Comte, é possível relacioná-la em alguns aspectos, e, evidentemente, com ressalvas, àquela descrita um século após na obra de Aldous Huxley, “Brave New World”. No “Admirável Mundo Novo”, uma sociedade de excessiva ordem era controlada pelo sistema em prol de aparente harmonia e felicidade coletiva, sem que houvesse espaço para questionamentos e liberdades individuais. O paralelo mais visível de tal sociedade com a sociedade proposta por Comte encontra-se no fato de que, na obra de Huxley, uma das condições para a ordem e a aparente harmonia social (instituída, no livro de ficção científica, por controle genético e condicionamento mental) era a obrigatória realização pelo indivíduo dos ofícios destinados à sua casta, únicos que permitiriam a felicidade tanto individual quanto coletiva.

Impossível é negar, no entanto, as condições de fato desprivilegiadas de certos grupos sociais, que apesar de também fornecerem sua contribuição ao organismo social, constantemente são submetidos a tratamento desigual em relação aqueles cuja função é considerada, de certa forma, superior. A tentativa de encaixar permanentemente cada indivíduo em uma função social, de forma que proporcionasse a ordem e o progresso ao coletivo, em detrimento de sua ascenção pessoal, poderia gerar, assim como já gerou em inúmeras nações, o cerceamento das liberdades individuais e o desrespeito aos Direitos Humanos, aspectos hoje devidamente consolidados, ao menos na maioria dos países, como primordiais na constituição de qualquer comunidade. Ao meu ver, portanto, não é possível que se defenda, em dias atuais, uma filosofia corporativista tal como a proposta pelos positivistas, que priorizaria o progresso do coletivo em detrimento da mobilidade social.

Unindo o passo firme a trilha do dever

Augusto Comte acreditava que o Positivismo era a sucessão lógica ao tom metafísico da construção de conhecimento (ulterior a fase teológica), pois o Homem já teria adquirido capacidade suficiente para explicar o mundo sem necessitar recorrer a deuses. Apesar de obsoletas frente ao progresso, frente ao Positivismo, elas eram necessárias a fim de permitir chegar no discernimento requerido pelo Positivismo. Uma proposta positiva nas ciências é uma 'interdisciplinariedade', uma maior integração entre as ciências, pois algo muito especializado seria vago, sem aplicação prática, enquanto um panorama geral das ciências poderia elucidar e revelar mais coisas.

Outro aspecto importante desta interdisciplinariedade proposta na área das ciências, é sua aplicação no estabelecimento dum papel social. Vendo a importância de sua participação na imagem geral, um simples trabalhador industrial aceitaria sua posição, a compreenderia. O exemplo de um trabalhador industrial não foi aleatório, Comte diz que o proletariado deve ser o foco das ideias positivas, pois teriam mais afinidade com elas quando comparados as elites, que estariam com a cabeça cheia de ideias sem aplicação, metafísicas.

O título é uma verso do hino dos escoteiros do Brasil, “Rataplan”. Logicamente é uma canção patriótica, mas este verso em especial mostra um conteúdo positivo. “Seguir a passo firme a trilha do dever” ilustra a ideia de Comte. Para ter o progresso deve-se ter a ordem, com cada um fazendo sua parte visando o bem coletivo, o dever. Na anarquia não haveria avanço pois não teria-se ordem. Não é coincidência que os militares brasileiros foram influenciados por ideias positivas. A ordem e progresso forma uma simbiose com a disciplina exigida na vida militar.

Do real, útil, certo, preciso, relativo, orgânico e simpático.



Comte desenvolve em suas obras, a visão da ciência positivista como sendo o amadurecimento do espírito humano, valorizando o não envolvimento do espectador nas causas observadas, a busca pelo conhecimento das "leis lógicas" que regem a sociedade e seus fenômenos, a aplicação dessa ciência na sociedade no sentido de reformar a educação e reorganizar a mesma.
Ao se aproximar do âmbito cotidiano da percepção das idéias por comte defendidas, é possível uma observação de valores e máximas por ele estabelecidas tanto na sociedade brasileira, como na internacional. A frase "ordem e progresso" presente na bandeira nacional se adequá perfeitamente ao pensamento positivo da harmonia natural dos indivíduos e a busca de um bem-estar do todo social, em que, uma vez que é necessária a ordem para que haja progresso, deve-se reprimir todas as formas de movimentos que promovem desordem, como os revolucionários.
Nesse sentido de ordem social, comte defende a percepção que o indivíduo deve ter de sua posição e função na sociedade como fundamental para a manutenção da mesma, em sentido prático, alguns homens deveriam pensar e outros trabalhar, nesse sentido a crítica as ciências demasiadamente filosóficas ou metafísicas no ensino dos que dela nada farão proveito é declarado. Ainda nesse tópico, comte "valoriza" a classe dos engenheiros, por terem a capacidade de unir ciência e técnica em seus feitos.
Quando se trata da aplicação do positivismo na forma de governo brasileira e internacional, merece destaque a organização militar do estado, com ênfase no exército; Históricamente falando, a declaração da independência e o regime militar de 1964. Merece atenção também, a forte influência da ciência positiva nos regimes caracterizados por um Estado forte e centralizado, como no caso do Fascismo, Nazismo, e até mesmo o comunismo chinês que apresentou fortes repressões a manifestações que perturbavam a ordem.
Mais atualmente, os preceitos positivistas podem ser observados no jurispositivismo, que acaba por aplicar os métodos de elaboração e uso da ciência positivista às causas jurídicas e a legislação em sí, evitando as abrangências filosóficas e metafísicas do jurisnaturalismo.
É inquestionável a importância de comte, concordando-se ou não com suas idéias.

Idiossincrasia


As ideias proposta no texto "Curso de Filosofia Positiva", de Auguste Comte, são na maioria das vezes má interpretadas por outros pensadores, que acreditam que os ideais do autor e da filosofia que ele defende transformam os seres biológicos em sistemas físicos. As críticas se estendem também quando Comte afirma que o espírito positivista deveria ser melhor compreendido pelos operários, que tinham suas funções ligadas e em contato direto com a natureza, o que nem sempre é verdade.
Para que as ideias de Comte sejam melhores assimiladas é necessário fazer a divisão de estágios de conhecimento que ele próprio fez. Primeiramente, é importante ressaltar que cada um dos estágios "infra" citados ocorre pela racionalidade presente no ser humano. E, para Comte esses estágios estão em ordem crescente de evolução epistemológica.
O Estágio inicial, conhecido como Teológico é marcado pela tentativa de buscar a arché, apesar dessa palavra ter sido criada apenas posteriormente. Nesse estágio o censo crítico é menor, caracterizando uma infância do conhecimento humano, por isso o apego ao sobrenatural. Exemplos clássicos desse estágio é o politeísmo ou mesmo o animismo.
O Estágio secundário, conhecido como Metafísico é caracterizado por amadurecimento do conhecimento, a arché ainda é objeto de cogitação, maso grau crítico para as respostas dadas pelo homem se eleva. O homem busca analisar os motivos de forma racional e abstrata. E, são exemplos dessa evolução os chamados alquimistas e os astrólogos, que tentam fazer investigações científicas, mas são atrapalhados pelas quimeras do estágio inicial. O que pode marcar mudança entre esses estágios é a crença em um único DEUS.
O Estágio final é o mais completo e reflete o amadurecimento sofrido nos outros estágios. A arché deixa espaço para procura de outros conhecimentos, como por exemplo os meios que levaram ao surgimento de todas as coisas, que de uma forma mais abrangente é a própria ciência. Nesse estágio surge as ideias conhecidas como positivistas, que são justificadas pelo método científico.
O positivismo e a solidariedade abordada por ele, no meu ponto de vista, mostra que as inter relações do ser humano são necessária para a manutenção da sociedade e cabe a própria Sociologia o estudo dessas relações. Afinal, o mundo só evoluiria plenamente se o ser humano respeitasse e entendesse a função individual exercida e que essa função é indispensável para a manutenção da sociedade, nesse ponto concordo com Comte, seja a pessoa um advogado ou um pedreiro, cada um exerce uma função e isso faz com que a sociedade evolua. O conhecimento, tanto técnico como científico, auxiliam na superação da fragilidade filosófica do ser humano, segundo Comte.
Por fim, se o positivismo de Comte tivesse sido realizado em toda sua plenitude estaríamos vivendo não em casas, mas em colméias.

A política de Vargas e o Positivismo

É inevitável estudar o positivismo e não lembrar-se de Vargas. Enquanto os teóricos e revolucionários enchiam o peito e bradavam emocionados em palanques os ideais da Terceira Internacional, Vargas buscava agradar suavemente o operariado para calar o espírito revolucionário enquanto mantinha os lucros dos donos das empresas.
A retórica revolucionária até pode ser brilhante e aos ouvidos daqueles que buscam uma vida melhor é como a realização do paraíso terrestre. No entanto, para o operário que vê dia-a-dia sua vida cada vez pior, com preços e juros subindo e o salário cada dia mais minguado, torna-se algo inviável acreditar que o mundo vai mudar. É muito melhor receber o "pouco garantido do governo" do que o "muito onírico da revolução".
Por mais que se critique o positivismo, sua teoria que garante educação e trabalho de qualidade ao operário é válida. É muito melhor buscar esse pouco do que tentar ignorá-lo por algo melhor e não conseguir nem um e nem outro.
A parte que discordo da opinião de Comte é quanto à educação e pensamento: a não especialização do conhecimento, o ensino direcionado ao proletariado por ele ser melhor receptor e por ser uma fonte de regozijo ele saber que seu local na sociedade é pré-estipulado e mudar seria prejudicar a sociedade. Pensar assim é pensar muito distante e friamente na realidade das ambições humanas de obtenção de conforto mínimo. Nem é preciso pensar no mundo do consumismo exacerbado para reconhecer que qualquer um quer ganhar mais que um salário mínimo, nem que isso o faça mais infeliz pessoalmente. Se essa não fosse uma realidade aplicável, haveriam mais músicos, artistas plásticos, esportistas amadores... E não importa o quão aplicada seja a educação nesse sentido, de desenvolvimento do sentimento de grupo e solidariedade, é do sub-consciente humano e de seu instinto de sobrevivência buscar mais, querer mais e a inveja é algo latente.
Portanto, acreditar que cada um ficaria em seu lugar estático é ilusão; no mínimo, aqueles que obtivessem cargos médios, um dia iriam querer os mais altos e isto é algo que filosofia nenhuma vai mudar.

Difusão universal do Positivismo

Em sua obra “discurso sobre o espírito positivo” (páginas de 79 a 94), Comte sustenta que a filosofia positiva deve ser universalmente difundida, na medida em que o conhecimento cientifico não se destina apenas aos cientistas, sendo necessários ao publico. Essa necessidade decorre das limitações humanas, que podem ser supridas por meio do desenvolvimento tecnológico, o qual é impulsionado pelo conhecimento cientifico.

Segundo Com e, a filosofia positiva deve ser difundida sobretudo entre as camadas populares, devido aos seguintes fatores: a não exposição dessas camadas a educação metafísica, tornando-as mais dispostas ao positivismo; a numero saudade dos membros pertencentes a essa classe, o que propiciaria uma maior aplicação do método positivo na sociedade, possibilitando ao extinção das falsas opiniões cientificas; a função de operadores direitos, desempenhada pelos membros das camadas populares no processo produtivo, o que permite que essas pessoas percebe melhor do que os empreendedores a eficácia especulativa, uma vez que o trabalho dos operadores apresenta caráter relativamente simples, fim nitidamente determinado e resultados próximos; a renovação moral e política preconizada pela doutrina positivista, que visa a melhores condições as camadas menos privilegiadas

A importância desse último fator decorre do papel secundário desempenhado pelo povo nas discussões sobre política em o exercício desta.


Gustavo Batista - 1o ano - Direito Noturno

A educação positiva promotora de alterações

Comte, autor que escreveu o Curso de Filosofia Positiva, considera haver crise na sociedade de seu tempo; na educação; na convergência de idéias teológicas, metafísicas e positivas que nela existem; bem como nas instituições que ela possui. Este estágio de crise somente poderia ser modificado na concepção do autor através da pragmatização da filosofia positiva que certamente encontraria resistências, as quais se eliminariam com o ensino das doutrinas e dos princípios positivos considerados na universalidade social, ou seja, com a educação que não fosse limitada a específicas classes mas que considerasse todas elas.
No contexto da formulação das idéias de Comte reinava a efetivação do capitalismo e, por conseguinte, a eminência de duas classes sociais antípodas, como o curso de filosofia positiva cita, a dos empreendedores e a dos operadores diretos,a primeira equivalente aos burgueses e a segunda aos proletários. Diante disso e partindo do princípio da educação universal, o autor afirma sobrepujar a validade da educação que se aplica aos proletários pois nestes a idéia da Tabúla Rasa de Bacon e Descartes seria realizada com propriedade; ela seria ainda tida como uma forma de lazer, respeitaria o programa social dos proletários e seria um mecanismo de eles adquirirem algum poder moral em detrimento do político que não os alcança.
No tocante a tal ensino, Comte reitera a temática já tratada na primeira e segunda lição que aborda a ordem do ensino da filosofia positiva, a qual deve realizar-se por uma classificação dogmática e histórica, bem como seguir uma ordem da abstração à concretude. Assim, tal enciclopédia seria composta pelos ensinamentos matemático-astronômico, físico-químico e biológico-sociológico, estes ainda pouco positivados.

Palavra de ordem: progresso!

Muitos conhecem os dizeres que estampam a bandeira brasileira: “Ordem e Progresso”. Mas poucos sabem que a origem destes está na escola precursora das ciências sociais: o positivismo, corrente inaugurada por August Comte.
A filosofia positiva se fixa sobre os ideais cartesianos e baconianos, sustentando, desse modo, a defesa de aspectos como observação do meio, fundamentação concreta e alcance da certeza. Mas nesse caso, os olhares estão voltados especialmente para a sociedade, que possui, simultaneamente, uma natureza estática e outra dinâmica. A primeira está vinculada ao que mantém a harmonia e o bom funcionamento da sociedade, por meio da preservação de seus pilares, isto é, das condições naturais que a sustentam. A segunda está ligada ao melhoramento das condições sociais, à evolução humana, ao movimento da sociedade ao longo do tempo. Dessa maneira, a ordem se mantém a partir do estaticismo e o progresso pelo dinamismo social. Na verdade, ordem e progresso, ainda que pautados em naturezas contrastantes, são princípios interdependentes, de modo que o primeiro é pressuposto do outro, que, por sua vez, fornece condições para o sustento daquele, estreitando a margem que os separa.
Em meio a essas esferas que compõem o corpo social, surge a função do sociólogo: diagnosticar os desvios da ordem com a prospectiva de garantir o progresso da sociedade, realizando uma verdadeira limpeza social, que consiste em eliminar as diversas patologias presentes nesse corpo, que muitas vezes se camuflam sob diferentes perspectivas. O fato é que a identificação de aspectos patológicos é variante, mudando de figura a cada diferente olhar, de modo que dificilmente as concepções do que é saudável e o que é patológico são hegemônicas. O positivismo considera, por exemplo, a moral religiosa como uma estéril agitação política, isto é, propagadora de ideais antifuncionais para o corpo social.
De forma sucinta, tendo como base a perspectiva positivista, a bandeira brasileira e a realidade do país só estarão em concordância quando se buscar efetivamente eliminar as patologias presentes na sociedade, do contrário, a ordem ficará comprometida e o progresso, barrado.

Filosofia positiva: considerações a cerca do desenvolvimento das ciências e classificação destas.

A leitura proposta no currículo de sociologia das últimas semanas foi o Curso de Filosofia Positiva de Augusto Comte, escrito em 1830, contexto em que se expressavam todas as transformações oriundas da introdução do sistema capitalista e suas características, das quais certamente sobrepuja a força do mercado.
O objetivo do autor foi delinear o Positivismo capaz de reformular a sociedade, reformar a educação e formar um conhecimento uno, generalizado. Para tal, o curso esboça os estágios do conhecimento humano, os quais foram o teológico, o metafísico e finalmente o positivo. O primeiro estruturado em investigações sobrenaturais, o segundo em abstratas e o terceiro no empirismo, na fundamentação de leis naturais invariáveis e métodos previamente determinados. Este partiu das observações de autores como Bacon, Descartes, Galileu e no momento em que escreveu Comte não possuía caráter universal pois não compreendia a física social a qual deveria aplicar os mesmo métodos de fenômenos astronômicos, físicos, químicos e fisiológicos.
Cabe à filosofia positiva, segundo a ótica de Comte, a análise das lógicas dinâmicas da sociedade que possibilitam a marcha efetiva do espírito humano e os principais resultados obtidos delas são: o estabelecimento de métodos próprios; a possibilidade de reformar a educação que era ainda demasiadamente influenciada pelos estágios teológico e metafísicos, gerar às outras ciências o mesmo progresso que angariou a ciência positiva e encerrar a circunstância de crise típica de vários Estados exatamente por haver a considerada por Comte ‘anarquia intelectual’ já que se fundiam os estágios teológicos, metafísicos e positivos.
Além disso, Comte considerou na Segunda Lição de seu texto a classificação das ciências, esta conseqüência da especulação, fato de destacada importância já que permite a modificação de fenômenos ulteriores em proveito do homem a partir dos já identificados. A classificação das matérias deve ser pragmatizada através primeiro de fenômenos abstratos, gerais,ou seja, os mais simples e posteriormente por aqueles concretos que são mais específicos; não obstante, comenta também o caminho que ela deve utilizar chamado dogmático que considera a história científica de cada matéria tratada; a partir dessas considerações é que o autor concluiu ser a ordem classificatória aquela que segue a matemática, a astronomia, a física, a química, a fisiologia e a física social. Tomando como base esses escritos, é de preciosa validade analisar a contemporaneidade dos empreendimentos de Comte bem como a consubstancialização destes na luta contras as desgraças, misérias e patologias da sociedade.

Le positivisme d'Auguste Comte

Augusto Comte foi um filósofo francês, um dos maiores pensadores de sua época. É o criador do posivitismo e da sociologia.
Existiram dois tipos de visões anteriores à sua : o teológico e o metafísico. O primeiro pensamento pode ser considerado o mais rudimentar, no qual Deus é a explicação dos fatos. No segundo, são usados forças abstratas ao invés da divindade( ambos são importantes para o surgimento das ideias dos francês).
Depois delas, veio o método positivista de Comte, que é um aperfeiçoamento dos anteriores. Neste, o principal objeto é "ver para prever, afim de prover", ou seja, conhecer a realidade para que haja uma previsão bastante precisa do futuro , através de nossos atos.
Como já dito anteriormente, Auguste criou a sociologia, não com esse nome. Para ele, é necessário uma ciência que estudasse o homem, em sociedade. Em sua visão, o positivismo ajudaria a melhorar o mundo, e conseqüentemente, o homem. É importante ressaltar a importância da solidariedade em organizações; atualmente, esta esta escassa e não é muito fácil de ser vista.