Não pesquisamos mais. Não questionamos mais. Não refletimos
mais. A era das fake news é imparável, virulenta e arrebatadora- ou não?
A fugacidade das informações, a capacidade de destruição que
as redes possuem e a quantidade de informações falsas são elementos que compões
a sociedade contemporânea. O caráter manipulador da web torna-nos fatalistas
acerca do futuro, dizendo a nós mesmos que a tendência é apenas a piora. No
entanto, esse questionamento não é novo- René Descartes consternou-se
profundamente sobre a verdadeira realidade e sobre o que é o factual.
A aceitação na sociedade não depende apenas de seu caráter,
e isso Descartes disserta: ´´Havia bastante tempo
observara que, no que concerne aos costumes, é às vezes preciso seguir
opiniões, que sabemos serem muito duvidosas, como se não admitissem
dúvidas´´; DESCARTES, René. O discurso
do método (1637). São Paulo: Nova Cultural, 2000 (Coleção Os Pensadores) então, obcecado
pela verdade toma uma atitude radical até para os dias de hoje, questionando tudo
aquilo que deixasse o mínimo de dúvida ou inveracidade- tão questionador que o
fez questionar a sua própria existência, visto que, após tantas dúvidas sobre
tudo, René elaborou a seguinte proposta: como ele estava duvidando de sua
própria existência, e para haver algum questionamento/pensamento era necessário
algo que gerasse tal, uma força-motriz para tal questionamento, culminando na emblemática
frase:´´ penso logo existo´´, no mesmo livro supracitado.
Apesar do interim de quase 400
anos, muitos não adotaram a postura questionadora do pensador, conferindo aos parlamentares
do congresso brasileiro a decisão de minimizar a corrente não questionadora dos
grupos de WhatsApp com o Projeto de Lei n° 2630, de 2020, conhecido como PL das Fake News, que está
em tramitação no congresso.
Mesmo que não pareça, a desinformação se escala de forma exponencial,
de forma que o Brasil padeça com casos indiretamente ou diretamente ligados a
tais informações, como por exemplo o surto de Sarampo que desde 2018 o vírus
voltou a circular por grupos antivacinas que integraram mais pessoas a
comunidade que não imuniza suas crianças, de modo que nos anos de 2018 a 2022 foram
confirmados 9.325, 20.901, 8.100, 676 e 44 casos de sarampo, respectivamente.
Não só isso, mas casos políticos que criticam de forma exacerbada
o Supremo Tribunal Federal fortalecendo atos antidemocráticos, não só os casos
do ataque do 8 de janeiro de 2023 na praça dos três poderes, mas também casos
como o ex-deputado Daniel Silveira, que foi preso em 2022 por ameaçar o Estado
Democrático de Direito.
Portanto questiono: pensamos e existimos ou dormimos e
esmaecemos?
Thiago Dacyszyn Macedo, 1° ano do curso de Direito, Matutino - RA: 241222184