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quinta-feira, 28 de abril de 2016

Cópia da cópia da cópia


Na literatura existe uma figura de linguagem, comum em outros meios, que designa características de determinados objetos e, assim, aproxima aquilo que se le,ve ou ouve de quem le, ve ou ouve. Esse mecanismo é conhecido como trope ou, em português, tropo. Mas o que isso tem haver com Durkheim e o fato social ? Bem, primeiramente, um trope, em enredos, é responsável por criar clichês e mesmo esteriótipos que facilita a compreensão da função de determinado sujeito dentro da trama. Como quando, por exemplo, vemos em algum filme teen americano um garoto “bonitão” e com jaqueta de atleta já tiramos diversas conclusões baseadas em preconceitos, o que poupa esforços no desenvolvimento da personagem. Isso é possível somente porque o ser humano possui uma peculiar característica em assimilar determinadas informações e incorporá-las ao cotidiano, sem a necessidade de refletir acerca da própria ação. Fernando Pessoa diz em algum lugar que ao se falar num “dia ensolarado” ninguém pensará que trata-se de uma ideia negativa a ser passada. Assim como “um dia frio e chuvoso” não é capaz de trazer ao assunto um aspecto mais alegre. Esse artifício aplica-se muito bem na vida cotidiana de cada um. Quem ao sentar na mesa para comer pensa “usar ou não usar talheres?”; ou, ao sair de casa, “usar ou não usar roupas?”. Esses questionamentos, em geral, não existem e, se existem, é certamente um número insignificante que os fazem. A sociedade moldaria o inivíduo e este seria praticamente incapaz de conseguir expor uma ação que seja verdadeiramente, originalmente, sua. Tudo seria cópia da cópia da cópia, não sabendo quem ou de onde vem o ato original. As ideias se engessam de modo que os próprios movimentos anti-alguma-coisa são frutos de alguma coersão e assimilação do indivíduo de seu meio, ou seja, mais uma cópia.

Pedro Guilherme Tolvo, noturno

(in)dependências

A partir da leitura da obra de Émile Durkheim, podemos fazer a análise sobre os fatos sociais. Desde o momento em que se nasce até à morte, o ser humano passa por infinitas coerções externas que delimitam seu modo de agir, viver em sociedade e até mesmo, seus sentimentos. Nesta análise, pode-se perceber que em nenhum momento essas forças dependem da vontade do indivíduo, sendo impostas por pensamentos tradicionais e que, caso se deseje enfrentá-las, a luta é um elemento essencial.
Nas escolas, como exemplo, molda-se o ser social desde sua iniciação no ambiente, refletindo nada mais que pensamentos constituídos na história e passados por gerações. Para além deste meio, tem-se o Direito como um fato social, a partir do momento em que este é usado para conduzir a sociedade em regras positivadas que, caso sejam rompidas, são pautadas de sanções. Tem-se também a influência da moda e vestimentas atuais, que formam diretrizes de grande influência. O livre arbítrio de ser e pensar individualmente se extinguem quando instituídos no coletivo. como dito por Durkheim: "um foto social se reconhece pelo poder de coerção externa que exerce ou é capaz de exercer sobre os indivíduos".
Em meio a este cenário de forças imperativas e coercitivas, há quem se rebele. Como retratado num fato recente na mídia brasileira, um homem acusado de bater em sua esposa foi julgado e, para fugir ou tentar romper com sua pena, agrediu e ameaçou de morte a juíza que realizou o caso. Numa tentativa de se explicar sobre o que teria motivado tal ato, ele apresentou: "fiz um bem para todos, o problema é o sistema". Frase de que se extrai muitas reflexões: o homem faz referência a um sistema imposto pela sociedade? ou talvez pelas leis? ou até mesmo pelas barreiras de liberdade entre os seres humanos? até que ponto o fato social pode influenciar nas ações (voluntárias ou não) do homem?
A partir desses pressupostos, Émile Durkheim analisa a sociedade como um organismo vivo, pautado de vontades, correntes sociais (que não possui lugar de origem em nenhuma consciência particular - assembleia), tradições, etc. que necessita ser estudada por um método mais definido, demonstrado por ele em sua obra.
"Cada um é arrastado por todos."

Aline Bárbara de Paula Coleto - 1º Ano de Direito, diurno.