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sexta-feira, 13 de abril de 2012

Fiat lux

Ver o todo. Essa é apenas uma pequena parte das ideias que Capra expõe em "Ponto de Mutação", livro e adaptação para o cinema. Focando na ideia acima exposta, chamada de "Teoria dos conjuntos", é possível aplica-la a qualquer área da ciência, seja exata ou social.

Socialmente, a teoria dos conjuntos representa a sociedade e a formação social dos indivíduos imersos nessa realidade. Não é possível a realização de um julgamento, seja no tribunal ou não, sem compreender o todo. Tal ação é algo que coloca em xeque o título de "humanas" a ciência do Direito e a Social, pois formula padrões e os aplica aos entes jurídico-sociais, padrões tais que são fundamentos das ciências exatas. Com isso, julga-se um cidadão por ser usuário de drogas sem constatar os motivos que o levou ao uso.

 Através desse julgamento seco, tornamo-nos máquinas que tentam adaptar tudo o que veem ao modelo instaurado em sua "memória". Dessa forma, perdemos o mais importante: a sensibilidade. Não digo para que sejamos pais dos infratores, mas sim que levemos em conta toda a bagagem carregada por ele.

Quem sabe, dessa forma, consigamos levar até aos códigos a luz da humanização. Como o poeta exilado na França diz: Fiat Lux, "faça-se a luz". Que seja possível essa iluminação não apenas aos códigos, mas a todos os elementos de ordem social existentes para, talvez, diminuirmos o problema que tanto afeta a civilização atual: a indiferença.

Cultura do Egoísmo

 O egoísmo do ser humano é a sua ruína. Na busca pelo lucro e pela satisfação de seus desejos a qualquer custo, o homem passou a agir sem pensar no futuro e se esqueceu da própria essência humana.
 Com o fortalecimento do imediatismo, as pessoas começaram a pensar no efeito de suas ações apenas a curto prazo, sem se preocuparem com as próximas gerações. Muitos dos problemas ambientais e sociais que as sociedades contemporâneas vivem são frutos de ações passadas que visavam somente seu momento histórico, o que prova que o ser humano tem exemplos suficientes de atitudes a serem, ou não, seguidas e conhecimento para construir um futuro melhor.
 Quanto ao conhecimento, é importante que seja usado de forma correta, e não como ferramenta do homem prático para a manutenção do mundo enquanto máquina. Assim, como pode-se constatar a partir do filme "Ponto de Mutação", de Bernt Capra, nem sempre a expressão "saber é poder" representa algo positivo.
 Também é de responsabilidade do egoísmo a restrição da capacidade de análise por parte das pessoas, pois estas ficam restritas a um único objeto, ignorando suas relações. A contaminação da sociedade ocasionada pelo individualismo é tamanha que até mesmo o mundo deixou de ser visto como um organismo vivo  para tornar-se algo mecânico.
 Por mais que pareçam originários da natureza humana, esses defeitos são fatores culturais. Como é observado pela personagem Sonia, do filme anteriormente citado, existem tribos indígenas estadunidenses que tomam todas as decisões baseadas no impacto que causarão a sua sétima geração, mostrando que planejamento e pensamento a longo prazo são benéficos a todos. Também é apresentada a Teoria dos Sistemas Vivos, onde os assuntos são analisados dentro de suas conexões, de forma mais abrangente e efetiva.
 O homem tem a capacidade e os meios de solucionar seus problemas, só falta a iniciativa para fazê-lo.

A busca pela harmonia

O filme “Ponto de Mutação” baseia-se no livro de Fritjof Capra e é um documentário que se passa na França, onde se encontram um poeta angustiado com o sentido da vida humana, um político em crise por ter perdido as eleições e uma física frustrada por ver suas experiências serem utilizadas por militares para fins destrutivos. Eles discutem, então, o conhecimento humano, cada um com seu ponto de vista. O filme nos leva a enxergar a realidade com outros olhos, com uma visão sistemática, observando um objeto com seu conjunto de conexões e como estas refletem no mundo.

A ciência moderna avança a cada dia e a sempre atual discussão é se ela não rompe com os valores éticos. Vivemos num mundo capitalista saturado de tanta produção, com inúmeras inovações tecnológicas e as vezes nos tornamos mecânicos. Precisamos nos desligar da definição cartesiana de que o ser humano é como uma maquina, o homem é um ser autodeterminante com sentimentos e sensações que o fazem mudar de comportamento e também o fazem ter a vontade de controlar natureza. É próprio do ser humano a ação transformadora da natureza. Mas, como o sistema em que vivemos prega o progresso infinito, essa característica humana é aflorada e um grupo cada vez menor de pessoas, na busca pelo enriquecimento, domina a natureza e as outras pessoas. É nesse ponto que precisamos nos perguntar se a humanidade usa de ética nas descobertas e pesquisas cientificas ou se ela somente busca um progresso financeiro. Outro ponto é o da sustentabilidade. Depois de tantos anos explorando a natureza, hoje somos obrigados a cuidar dela e, por mais que essa mudança nos costumes sociais seja difícil, é preciso aliar tecnologia e sustentabilidade.

Concluo, então, que a principal utopia contemporânea é exatamente a existência de uma sociedade em que haja harmonia entre o avanço científico e tecnológico e o meio ambiente por inteiro. E entendo, então, que para alcançar tal “felicidade” é preciso dar mais espaço aos nossos sentimentos, como dizia Charles Chaplin: “Pensamos demasiadamente e sentimos muito pouco. Necessitamos mais de humildade que de máquinas. Mais de bondade e ternura, que de inteligência. Sem isso, a vida se tornará violenta e tudo se perderá.

Pensando Globalmente


            O Filme “O Ponto de Mutação” foi baseado no livre de mesmo nome escrito por Fritjof Capra, físico austríaco e teórico de sistemas complexos. Neste livro destacam-se duas grandes teorias a primeira é reducionista e modelo para o método científico dos últimos tempos, a segunda, holística ou sistêmica. Este artigo tratará apenas da segunda.
            A biologia, desde seus primórdios, quando começou a ser estudada, compara os organismos às máquinas, assim como Descartes e Newton compararam os corpos dos animais e o mundo a um relógio. Mas essa analogia nem sempre é viável, pois, apesar de terem comportamentos semelhantes, as diferenças estruturais e, principalmente, de interação entre suas partes é significativa. Embora seja imprescindível que se conheça as “peças” é preciso observar mais atentamente os processos e não as estruturas, pois estes são indissociáveis.
            Essa é a essência da Teoria dos Sistemas Vivos, estudar os sistemas globalmente, envolvendo todas as interdependências de suas partes. Buscando entender, também, sua natureza. Na ecologia, por exemplo, todos os membros de uma comunidade estão interligados numa grande rede de relações. Logo, a interdependência é a natureza de todas as relações.
            Assim, é válida a nossa mutação perceptiva das partes para o todo, de objetos para relações, ou seja, pensar de forma sistêmica. Um sistema sustentável talvez não esteja ciente das múltiplas relações entre seus membros, mas nutrir o sistema significa nutrir estas relações. Então, o sucesso de um sistema está sujeito ao sucesso de cada um de seus integrantes e o sucesso de cada integrante está sujeito ao sucesso do sistema como um todo.

Essencial humano

           O Ponto de Mutação é um filme diferente da maioria publicado pelo mercado cinematográfico, haja vista pelo seu aspecto cultural, informacional, intelectual. O filme é um convite ao pensamento crítico e leva o telespectador a refletir melhor sobre alguns quesitos, a exemplo da super valorização do método,  a questão ambiental, o pedantismo intelectual.
          Descartes e Bacon, apesar de serem de corrente opostas, racionalismo e empirismo respectivamente, têm opinião comum em um ponto crucial: a super valorização do método. Sim, o método é essencial, mas não há ciência que não se relaciona com o povo, a sociedade. Se só pensarmos no método e esquecermos que vivemos em um contexto muito maior que os nossos laboratórios, as nossas salas de aula, perderemos algo imprescindível do seres humanos: o olhar filosófico e a visão solícita. Essa questão é de suma importância para o estudioso de Direito. Conter o domínio sobre as técnicas, as normas, os dogmas, as leis é essencial. No entanto, a técnica qualquer um é capaz de obter ao fazer um estágio ou ao ler um livro, ou seja, não é um diferencial na formação de filhos, pais de família, estudantes, profissionais. Consiste no pensamento crítico, além da metodologia, a verdadeira  composição na formação de bons cidadãos.
        Outra questão emergida sobre o filme é sobre o tratamento que o homem dá a natureza. "Saber é poder" foi a frase proferida por Bacon e que muitos a consideraram verídica. Essa idéia pode ser mal interpretada, levando, assim, ao desmatamento, queimadas, extinção da flora e da fauna, poluição da água, do ar, da terra entre outros problemos ecológicos de causas antrópicas. Há de se lembrar, porém, que o homem simplesmente faz parte do conjunto da natureza e por isso, tudo que fizer a ela, recairá sobre ele mesmo.
        Não se pode deixar de citar, enfim, uma das personagens de O Ponto de Mutação. Sonia vive fora do tumultuado mundo de empresas, carros, pessoas, indústrias. Tal personagem se isolou em um lugar a beira-mar, longe das pessoas que ama, a exemplo de família e amigos. Ela acredita que longe do conturbado mundo urbano e da mediocridade humana, encontra-se o verdadeiro conhecimento. Esquece-se, no entanto, que a prática é muito diferente da teoria, e em um lugar isolado, Sonia não tem como testar o seu "verdadeiro" conhecimento. Além do que, não há pessoas ruins ou boas. Os seres humanos são todos iguais na essência: repletos de medo, anseios, alegrias, dores, fraquezas, crenças. O triste do pedantismo intelectual é que algumas pessoas acreditam que em decorrência da Faculdade que faz, do conhecimento que possui, dos livros que leu é melhor que os outros. 
       O Ponto de Mutação é um filme sem ação, a estória não relata um grande amor ou uma radical aventura. Consiste no debate, na troca de idéias e por isso mesmo causa tantas reflexões como as levantadas acima. Afinal, o que nos caracteriza como seres humanos é essa capacidade extraordinárias de pensarmos, questionarmos, reivindicarmos.

O poder da ciência


A ciência busca respostas. Hoje, principalmente, o preço das respostas e das soluções está alto, a especialização é comprada pelos interesses capitalistas, e a ciência está cada vez mais comercial.

Praticamente tudo o que se descobre através da ciência tem um fim prático, mas será que o paradigma científico consegue solucionar os problemas modernos? Diria que não, afinal, os conflitos, a fome, as desigualdades existem em larga escala. Há investimentos milionários em pesquisas, mas na maioria das vezes estas não estão direcionadas a uma causa social, e sim a um retorno financeiro maior que o investimento inicial. Além disso, há a questão da dimensão mais ampla que deveria ser abordada nos problemas modernos, uma análise mais complexa.

A abordagem científica assegura as decisões mundiais em muitos aspectos, gera lucros, promove conhecimento e invenções, acelera processos. Dentre as vantagens da ciência, há aquela capaz de melhorar a condição social e a condição do planeta Terra. Como exemplos, a fome mundial, as desigualdades, um modo de vida sustentável, seriam assuntos importantes a serem investidos. A ciência, como quase tudo que existe, pode ser usada para fins benéficos ou maléficos, seu ponto ético é a responsabilidade e os fins de suas descobertas.
Tudo no mundo está interligado; por isso, o estudo das partes não permite conhecer o funcionamento dos organismos. Esse assunto é tratado durante todo o filme "Ponto de Mutação", escrito por Fritjot Capra. O autor procura explicar essa interdependência através de uma reflexão feita por 3 personagens: umas cientista, um político e um poeta, cada qual com suas próprias dúvidas e crises.
Um dos temas discutidos é a ideia de que o pensamento científico é feito com a finalidade de ter uma utilidade, ou seja, aquilo sem um fim prático não tem sentido para existir. Um dos personagens culpa a ciência por ter tornado a vida tão descartável, com a criação da bomba, que destrói tudo o que está ao seu redor em questão de segundos.
Qual será então o valor da vida humana no contexto descartável em que estamos vivendo? Os homens têm essa terrível mania de tratar as pessoas de acordo com suas utilidades, o que nada mais é do que "coisificá-las". Não só descartamos roupas, sacolas plásticas, alimentos, móveis mas também amigos, vizinhos e parentes. Se alguma pessoa não é útil para alguém, não faz sentido serem amigos ou terem qualquer outra relação. Pessoas não são coisas, por isso não devem ser tratadas como tal.

Maria Cláudia Cardin

Um veículo diferente

    No filme Ponto de Mutação há um debate a respeito dos métodos científicos empregados em determinados intervalos de tempos distintos, fazendo sempre uma comparação entre eles e apresentando as consequencias dos métodos que nos trouxeram até esse momento histórico científico. Diferente seria esse momento se anteriormente houvessem empregado um método distinto do que foi adotado. O filme mostra a diferença clara entre os pensamentos de René Descartes e Francis Bacon.
   Esclarecido isso, é possível refletir a cerca daquilo que nos trouxe até aqui. É algo que em geral não é questionado pelo senso comum. Podemos pensar sobre nosso momento histórico e nosso ambiente. Podemos pensar sobre onde estamos e qual é o contexto. Mas muitos se esquecem de analisar COMO chegamos até aqui e qual foi o veículo utilizado. Graças a quais forças o pensamento hoje se apresente dessa maneira ? Esse tipo de questionamento é apresentado no filme, e diferentes debates nos levam a variadas respostas.
   Se nosso pensamento hoje é dividido em diferentes áreas (exatas, humanas e biológicas) isso se deve a uma maneira de buscar conhecimento que nos fez separar o conhecimento dentro dessas grandes áreas. E mais, se dentro dessas grandes áreas existem áreas menores, como matemática, engenharia, direito, história, medicina, bioquímica, isso também se deve àquela maneira que foi empregada. Se, ao invés disso, tivesse sido empregado um método de abordagem científica diferente, as áreas seriam diferentes, as divisões de pensamento seriam outras. Os agrupamentos de conhecimento seriam outros e consequentemente os agentes empregadores desse conhecimento seriam outros. Em outras palavras, as profissões seriam diferentes. Os profissionais não seriam os mesmo de hoje.
    A cerca desse assunto, pode-se perceber que o método que nos trouxe até aqui é de certa forma afunilador. Estuda-se um grande organismo separando-o em diferentes sistemas, que são separados em diferentes órgãos, que são separados em tecidos e células diferentes. Pode-se ainda estudar cada elemento que compõe esse organismo separadamente, e a partir daí entender como ele funciona no geral. É diferente de analisar esse mesmo organismo numa visão mais contextualista, em que ele faz parte do ambiente e com ele interage, e partir dessas relações estudar o seu funcionamento. Pode parecer estranho, mas hoje o método de abordagem científica poderia ser assim. Não sei se seria melhor ou pior, mas com certeza teria sido necessário um veículo diferente daquele que nos trouxe até aqui.