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segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Desumanização


É muito comum que ouçamos a associação entre Marx e o Socialismo chamado Socialismo Real. Tal “análise”, ou talvez, seja melhor dizer, tal discurso tenta conectar a queda dos países do Leste Europeu com as ideias supostamente retrógradas de Karl Marx. Sob essa linha de pensamento, a inutilidade, ineficiência, a irrelevância ou ainda a não aplicabilidade das ideias de Marx ficam garantidas ante a queda de sistemas de Governo que não resistiram à utilidade, eficiência, relevância e pragmatismo do Capitalismo.
Uma leitura sem preconceitos de Marx pode nos levar a questionar tal percepção de coisas. Aquele pensador lança um olhar analítico, detalhista para a experiência real dos homens, e em especial da massa de homens que geram riqueza no dia a dia das fábricas. Ao relatar fatos visíveis como o trabalho – e dissemos aqui “trabalho” e não “trabalho excessivo” - de crianças, por exemplo, consegue relacioná-los inteligentemente com a demanda da máquina, com a demanda da técnica, com a demanda criada pelo uso impensado daquele que detém o poder econômico. É possível ver através de Marx a exploração que o ser humano pode provocar em seu par, quando norteado apenas pelo desejo de produzir mais, de competir, de ganhar mais. Diante disso, fazer uma conexão entre a queda de regimes que se firmaram colocando o Estado como senhor de uma massa de trabalhadores - que o serviam como súditos- e os textos que denunciam a exploração dos homens fica, de início comprometida. Uma coisa é um Estado proclamar que se apoia no Marxismo ao tentar justificar suas políticas de governo... Outra coisa é, de fato, tais políticas serem justificadas pelo Marxismo. Qual a diferença entre um trabalhador que tem sua criatividade roubada pela meios de produção pós revolução industrial do trabalhador que exerce seu papel numa sociedade controlada por um Estado onipotente e ditador? Tanto num como no outro, a natureza humana é sufocada.
Marx precisa ser lido, primeiramente como alguém que nos desafia a reconhecer o valor do Homem em TODOS os Homens, e a partir disto como uma mola que nos provoca a pensar meios de fazer valer a Dignidade do ser Humano para TODAS as pessoas. Marx precisa ser lido como um autor que nos impele a agir contra a desumanização, inclusive aquela proporcionada por Estados que, no senso comum, foram construídos baseados no seu pensamento.

                  Tema:“A indústria e o modo de vida: entre o rural e o urbano."


Grupo: Fabio Bozolan, Gustavo Lelles de Menezes, Mauricio Lopes, Yasmim Fortes, Cesar Ribeiro, Andre Cesar S.A Costa, Fernando Rezende e Caroline Castilho. 


Direito noturno.


Diário de um Wretch*

Venho manifestar aqui, neste diário, meu horror e minha repulsa à atual situação em que me encontro. Escrevo aqui para que gerações futuras possam ler isso e garantir melhores condições de vida e para que não parem nunca de lutar pelos seus direitos. Sou um operário na indústria de tecelagem e vivi todo esse tempo de transição entre o rural e o urbano.

No começo, eu e minha família trabalhávamos no campo com boas condições de vida. Vivíamos bem com máquinas para nos auxiliar, que, naquela época, eram movidas à força motriz animal, humana ou natural, como o vento e a água. Mas, com a vinda de máquinas a vapor, tivemos que largar o nosso trabalho no campo e migrar para a zona urbana para conseguir dinheiro para viver. Essa foi a nossa pior escolha e vou-lhes dizer o porquê.

Com essa vinda das máquinas a vapor, não era mais necessária a força muscular humana, surgindo a procura de crianças e mulheres para empregos nas fábricas. Só eu e minha esposa trabalhando não conseguíamos dinheiro o suficiente para nos mantermos e foi assim que tive que vender a mão-de-obra do meu filho para complementar a renda e mesmo assim vivíamos quase na miséria. Sentia-me muito mal por isso, por estar colocando meu filho inocente nessa realidade tão cedo, me sentia um verdadeiro traficante de escravos. Por causa disso, procurei o ópio e outras drogas para tentar, numa tentativa estúpida, esquecer os meus problemas. Vi colegas meus perderem seus filhos, porque não tinham tempo para cuidar deles, para alimentá-los, para dar carinho e afeto. Alguns me diziam que davam drogas aos filhos para acalmá-los para que ficassem “bem” sozinhos em casa.

O governo, numa tentativa ridícula de melhorar as condições de vida das crianças, introduziu a escola nas fábricas, porém ou os professores não tinham qualificação nenhuma para ministrar aulas ou os alunos ficavam tanto tempo sem ter aulas que, quando voltavam, já não se lembravam de nada que tinham aprendido antes de voltar a trabalhar. Tudo isso que conto é a verdade, não invento nada, apesar de assim o parecer. Entretanto, o que mais me incomodava e me despertava o ódio era a existência de abastados ociosos. Enquanto estávamos, literalmente, nos matando de tanto trabalhar, havia outros que ficavam o dia inteiro sem fazer nada e ainda lucravam muito com a exploração de operários.

Enfim, espero que isso não se prolongue por muito tempo, porque não quero que minha família continue enfrentando esse tipo de situação. Vejo meu filho enfrentar situações dificílimas de trabalho e ainda passar fome às vezes. Peço aos céus para que meus netos e bisnetos não sofram dessa forma, porque me arrependo muito de ter largado minha vida no campo para vir morar aqui na cidade.

*Wretch: miserável, termo que fazia referência ao trabalhador agrícola.

Grupo:
Dayana Dezena
Dianety Silva
Flávia de Paula
Isadora Ribeiro
Juliane Siscari
Micaela Amorim
Paola Yumi
Suzana Satomi

Tema: O homem e o modo de vida: entre o rural e o urbano.



O homem obsoleto: um infortúnio estrutural

Com os escritos de Marx podemos observar o desmedido desvencilhar entre o homem e a máquina que veio sendo intensificado de acordo com o passar do tempo, principalmente após o advento da Revolução Industrial, inicialmente na Inglaterra e depois no resto da Europa.

O filósofo econômico deixa claro que, no introito, o homem era responsável pela produção de forma integral, ou seja, não efetuava apenas uma atividade repetitiva ou construía apenas uma peça que comporia o resto do produto, mas compunha todo o produto sabendo, no final das contas, o que havia produzido. Entretanto, com o advento das máquinas, o homem foi substituído deixando de ocupar o papel central na produção e passando a ser uma ferramenta da própria máquina, já que esta tinha uma capacidade produtiva muito superior a do homem.

Nota-se que, a partir do momento em que o homem torna-se uma ferramenta da máquina este deixa de conhecer o fruto de seu trabalho, pois ele se torna apenas uma pequena parte de um sistema da linha de produção. Desta forma, o homem perde sua identidade com o produto final, já que não se encontra o reflexo de  suas características e expressões no produto.

Há também uma crítica de Marx aos economistas burgueses que tentam demonstrar que esta análise é uma crítica as máquinas, para tanto, este explica que as máquinas não são o problema, mas o uso capitalista destas que subjugam os processos de produção à impessoalidade e mecanicidade das máquinas e retiram de seus postos diversos trabalhadores.





Tema: Divórcio entre o homem e seu instrumento de trabalho

Grupo: Lucas Oliveira Faria
Luis Eduardo Simplicio de Lima
Giuseppe Falco
Tiago Trindade
Marcus Vinicius de Faria
Tiago Fernando Carvalho 
Renan Rosolem Machado
Fabio Augusto Ribeiro Abyazar