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domingo, 31 de março de 2019

O mundo como uma teia


O mundo, na visão cartesiana, é entendido como uma máquina, na qual há inúmeras engrenagens. Entretanto, para compreender esse cosmo é vital analisar cada peça individualmente, caracterizando, dessa maneira, Descartes como o primeiro teórico com uma perspectiva mecanicista da humanidade. Esse raciocínio ainda é muito empregado, principalmente no âmbito político, o que proporciona diversas falhas, já que, como afirma a ciência pura, tudo faz parte de uma teia inseparável de relações. Não é possível estudar um elemento específico sem relaciona-lo com o meio em que ele está inserido.
            Sabe-se que o fascismo é um dos ramos de um sistema político, ou seja, ele pode ser percebido como um fragmento da máquina política. Com isso, para que a sociedade se liberte de fato dos juízos desse regime opressor e autoritário, não é ideal empregar o método mecanicista cartesiano, uma vez que como é afirmado no filme “O ponto de mutação” do diretor Bernt Capra, é possível consertar uma peça, todavia, ela irá quebrar de novo rapidamente, pois, foi ignorado o que se conecta a ela. Assim, constata-se, que para emancipar o corpo social do fascismo, tudo deve ser alterado ao mesmo tempo, desde as instituições até os valores arreigados na sociedade, já que conforme o palestrante Hélio Alexandre, o fascismo apenas perdeu militarmente com o fim da Segunda Guerra Mundial e não ideologicamente, desse modo, ele por emergir a qualquer momento se providencias efetivas não forem tomadas.
            A ciência, ademais, possui um papel imprescindível nessa busca por autonomia, visto que ela é uma rede interligada e abrangente. Segundo a Teoria dos Sistemas Vivos, que também é abordada na obra de Capra, a ciência não picota as coisas, ela olha para os seres vivos como um todo. No entanto, ela deve ser pura, a ciência deve cumprir o seu ofício de compreender o mundo como ele realmente é, isto é, ela não deve ser cara, utilizada para gerar lucro, mas sim fascinante.
            O fascismo, por conseguinte, é um fenômeno que deve ser estudado cientificamente, uma vez que ele está em oposição com os preceitos liberais, como a individualidade e a competitividade. Segundo o palestrante, nesse regime as pessoas dissolvem as suas individualidades para cultuar um líder. Desse modo, para compreender esse sistema e consequentemente escapar dele, é necessário analisar todo um contexto histórico e econômico que levaram a sua ascensão.  Percebe-se, portanto, que o mundo é uma teia conjugada e não peças isoladas.


Laura Santos Pereira de Castro
Primeiro Ano Direito Matutino

Uma sociedade interligada pela ciência


Durante a Idade Média, a Igreja Católica concentrava o poder ideológico e, portanto, era ela quem permitia quais os conhecimentos sobre o mundo as pessoas poderiam adquirir, tanto que as primeiras universidades eram ministradas por pessoas pertencentes à Igreja.  Depois desse monopólio cultural religioso, a ciência (conhecimento científico atingido através da razão) começou a ser pensada, escrita e divulgada por esses cientistas, sendo que eles enfrentavam o poder do Clero somado aos julgamentos conservadores da sociedade, com o propósito de questionar paradigmas que sempre foram dados como corretos, mas sem nenhuma base científica que comprovasse sua validez.
Desde então, é preciso explicitar que as pessoas passaram a acreditar, majoritariamente, no conhecimento derivado da razão com respaldo científico, e com isso, corpos políticos utilizaram esse fato para desenvolver teorias que manipulassem a opinião pública objetivando ascender no poder político de uma região.  E dessa forma emergiu o fascismo, um governo autoritário de extrema direita opressor das liberdades individuais, como as perseguições aos opositores ideológicos, sendo que tais ideais contêm cunho científico e racional.
Relacionado a essa administração antiliberal, é visível no filme O Ponto de Mutação, baseado na obra de Fritjof Capra, o conceito mecanicista elaborado por René Descartes. Tal discurso afirma que as ideias devem ser divididas em setores para análises separadas e assim será possível a conclusão do conhecimento verdadeiro. Esse conceito pode ser aplicado ao fascismo, pois além de haver a individualização dos problemas de uma sociedade, faz-se o apontamento de soluções definitivas para eles. Exemplificando, os problemas da população alemã, sob influência do nazifascismo, eram setorizados para grupos específicos, como os judeus, e por isso, a exterminação desses sujeitos do país significariam o fim das dificuldades nacionais. Para afrontar esse mau uso da concepção racional, muitas vezes baseadas em preconceitos e dizeres falaciosos, a ciência propôs uma nova maneira de analisar o mundo, e isso seria através da visão sistêmica. A hipótese sugere que nenhuma situação é separada e independente, e com isso, as circunstâncias, para buscar um equilíbrio, devem ser analisadas e solucionadas como um conjunto.
Dessa forma, para que escapemos do fascismo, é preciso valorizar uma ciência capaz de revelar que todas as ações estão interligadas, e ao mesmo tempo, preparar os indivíduos para a impossibilidade de viver em uma sociedade ministrada por uma perfeição prometida.
Sarah Fernandes de Castro     Direito/noturno


A crise de percepção: sua relação com o fascismo e as ciências


O fascismo surgiu na Itália no século XX, encontrando espaço naquela sociedade inserida em um contexto de crises e tensões, o regime autoritário, cultuava a violência e guerra , o constante crescimento do Estado e de seu poder  por meio de um ideário nacionalista e desenvolvimentista.O Estado implantado era denominado Estado de exceção; no qual as leis eram postas de lado e não existia a separação dos poderes.Diversas atrocidades foram cometidas por regimes fascistas e nazistas nesse período.
Com o fim da Segunda Guerra foram instaurados tribunais militares denominados Julgamentos de Nuremberg, onde o crimes de guerra foram julgados.O objetivo era responsabilizar os culpados e revelar os horríveis acontecimento para que a humanidade nunca esquecesse a destruição que tinha sido submetida e não permitisse no futuro, que tais monstruosidades viessem ocorrer novamente.
O resultado no entanto parece não ter sido atingido, desde a década de 1990 vem ressurgindo movimentos com ideologias fascistas, a extrema direita tem conquistado cada vez mais adeptos no mundo por meio da propagação de discursos exclusivos, violentos, desumanos, que pressupõe uma superioridade de uma parcela de indivíduos em relação a “outros” que não partilham dos mesmos ridículos princípios.Assim como no passado a humanidade se encontra em uma crise,crise que pode ser entendida como uma crise de percepção e de identidade, que constitui um terreno fértil para demagogos e falsos lideres.
A ciência tem sido desacreditada por indivíduos que simpatizam com as ideias fascistas,são os chamados negacionistas, que negam os efeitos e as ações cometidas por regimes fascistas,distorcendo constatações históricas e criando pós-verdades no imaginário dos ignorantes,como a de que o fascismo era uma ideologia de esquerda.Esse processo é responsável por disfarçar  comportamentos desprezíveis desses grupos que são em geral compostos pela extrema direita.Uma vez que o fascismo,segundo os mesmos ,seria de esquerda portanto a dita direita não pode ser considerada neofascista mesmo que propague as mesmas ideias da época de Mussolini.
Quando a ciência não é desacredita é utilizada como instrumento militar ou de poder, pois como a máxima Baconiana dizia“saber é poder”.Os conhecimentos ou melhor dizendo os falsos conhecimentos acabam se tornando métodos de dominação das massas.As palavras incisivas com propostas de um novo horizonte são a muito tempo usadas com o intuito de articular interesses muitas vezes ocultos, omitidos na vaga demagogia.Muitas dos indivíduos acabam por seguir movimentos desconhecendo suas origens ou simplesmente negando a história.
Perante tais acontecimentos,é preciso que se insira consciente coletivo, um novo olhar de mundo, uma  percepção da realidade e da importância do “outro”, que não se trata de um ser isolado, mas que deve ser visto como uma conexão de nós mesmos.A ciência deve começar a questionar o pensamento vigente desde Descartes que indicava que o mundo,o ser humano funciona como uma maquina que possa ser analisada peça por peça e consertada isoladamente.Viver em sociedade não é regular isoladamente os problemas,mas sim enxergar que todas as relações são de fato interdependentes,por meio dessa transformação nas ciências, assim como ocorreu no século de Descartes e Bacon, toda uma sociedade poderá se modificar e mitigar tais ideologias destrutivas. 

Lívia Alves Aguiar 1º ano  Direito matutino

Ciência prevalece sobre o mal


Ciência prevalece sobre o mal

O fascismo além de movimento, tornou-se poder na Itália e na Alemanha no período entre guerras, sendo assim uma forma específica de regime político do Estado capitalista. Não qualquer regime, mas uma ditadura contrarrevolucionária com características específicas, como por exemplo: totalitarismo, nacionalismo, militarismo, culto a força física ,censura e antissocialismo.  Embora tenha entrado em crise após a II Guerra Mundial, alguns aspectos da ideologia fascista ainda estão presentes em alguns grupos e partidos políticos. Não é um fato exclusivamente brasileiro, pois se observa esse crescimento na Europa e em outras regiões. Sendo assim, pode se verificar no filme ''O ponto de mutação'' uma reflexão através de três personagens que embora tenham estilos de vida e pensamentos diferentes, são abertas a novas idéias e refletem sobre a visão mecanicista de Descartes de que pode ter funcionado por um tempo, mas esta percepção, hoje, além de errada, é na verdade nociva. Precisamos de uma nova visão, a percepção sistêmica, que é escapar do conforto dos processos, onde temos o controle, mas muitas vezes não a compreensão. Não se pode olhar separado para os problemas globais tentando entendê-los e resolve-los separadamente. Deve-se entender as interconexões para depois resolver os problemas. Com isso é possível pensar em um mundo com crescimento sustentável, com melhores condições para todos e maior segurança democrática. Ademais, a ciência é de extrema relevância para a garantia do desenvolvimento não só tecnológico, mas também o social.  A presença da leitura que ajuda na formação do pensamento critico e ao conhecimento dos episódios passados; a matemática que ajudou o homem a criar máquinas que facilitaram suas tarefas no dia a dia; a preservação dos costumes que contém muitos ensinamentos; a medicina que contribuiu para curar e prolongar a vida e as outras ciências que possibilitaram honras e riquezas. Assim, as ciências são essenciais para serem utilizadas como uma arma para afastar os fantasmas do fascismo e de outros maus a sociedade democrática.


André Luís Antunes da Silva. 1ºano Direito - Noturno

O ego humano e a busca pelo poder

   A todo momento uma gama de eventos ocorre ao redor do globo, e é perceptível que suas respectivas consequências afetam toda uma sociedade e os indivíduos e elementos inseridos nela. Esta visão mais sistêmica do mundo é abordada ao longo da discussão entre os personagens do filme "Ponto de Mutação", baseado no livro homônimo, os quais debatem acerca dos mais variados problemas que envolvem a humanidade e a natureza, buscando diferentes soluções que pudessem surtir efeitos duradouros e abrangentes.
   O método científico de René Descartes é alvo de críticas na conversa, uma vez que a separação de algo para analisá-lo e compreendê-lo parte por parte não permite que haja o entendimento pleno do seu funcionamento; é possível, por exemplo, saber as mecânicas e os componentes de cada órgão do corpo humano de maneira a combater doenças e desgastes que venham a acometê-lo, porém não se é valorizada a possibilidade de evitar, adiar ou minimizar tais problemas, não havendo a necessidade imediata de fazer algum tipo de intervenção direta. A visão também mecanicista de Francis Bacon é abordada negativamente, pois o filósofo inglês afirmava que a natureza deveria ser domada pelo ser humano e que "saber é poder", dando margem ao ideal de exploração incansável de recursos naturais e de busca constante de uma resposta definitiva para tudo, podendo ignorar as consequências de seus atos por causa de um bem considerado "maior" (o que não aconteceu com Sônia, personagem protagonista, que afirma ter abandonada a carreira de física por ter percebido que seu projeto foi utilizado para os fins errados).
   Pode-se estabelecer também uma relação do filme com a ocorrência do fascismo no período entreguerras, uma vez que o surgimento de grandes líderes, destacados pelo seu nacionalismo extremo, carisma e autoritarismo, aliado a momentos conturbados vivenciados no momento (relação direta com eventos como Primeira Guerra Mundial e a devastação, a Crise de 1929 e a instabilidade do sistema capitalista, e a Revolução Russa e o temor do socialismo), fez com que a população no geral aceitasse ser guiada para um caminho supostamente de glória jamais alcançado, não importando o preço que se pudesse pagar (muitas vezes acobertados pelos regimes autocráticos) para eliminar os inimigos da nação e atingir os objetivos. Atualmente, é necessário que o olhar mais sistemático do mundo seja mais prevalente, pois além de ter maiores possibilidades de buscar respostas genuínas para os problemas já existentes, "cortando-os pela raiz" e sem afetar os outros, também evita-se ser ludibriado por promessas realizadas por indivíduos egoístas, autoritários e corruptos, adeptos de um modelo fascista ou de qualquer linha de pensamento que dê suporte somente para as ambições suas e dos pertencentes ao seu grupo.

Eduardo Cortinove Simoes Pinto
Direito Matutino - 1°ano

O tempo e a física


Eram sete horas da manhã quando o celular despertou e João acordou. Mais dez minutos na cama não o atrasariam para a aula. Apertou, então, o botão da soneca e deitou a cabeça no travesseiro. Porém não conseguiu dormir. Como poderia a tecnologia ter avançado tanto em tão pouco tempo? Há vinte anos atrás nem computador existia direito, hoje temos um pequeno aparelho que controla todos os aspectos de nossa vida, inclusive o tempo.
Lembrou-se então dos textos de Descartes e Bacon que foram a base do método científico. Que revolução! Ver a natureza como uma máquina, dominá-la para trazer inúmeros benefícios ao homem, saber realmente é poder!
Pensamentos a mil, resolveu levantar. Todas aquelas tecnologias a sua volta, quantos benefícios. Ligou aquela que fez uma grande transformação na vida do homem: a TV. O jornal continuava a falar sobre os massacres que haviam acontecido naquela semana. Que tragédia! Quantas pessoas mortas! Quantas crianças mortas! Todas tinham um futuro pela frente.
Logo veio em sua mente o pensamento de que as ideias de Descartes e Bacon haviam levado à tortura do mundo. Onde ouvira isso? Possivelmente em algum filme. Era vaga a ideia de uma mulher, física talvez, falando sobre o assunto. Mas provavelmente ela estava certa.
Não que Descartes e Bacon tenham provocado isso, mas a visão deturpada das suas ciências sim. Aquelas armas utilizadas pelos garotos em Suzano haviam sido desenvolvida por essa ciência. A propagação de ideias neofascistas que teriam influenciado os meninos a agirem daquela forma tinha sido fruto do avanço da ciência moderna. A destruição causada pelo próprio Fascismo no século XX era responsabilidade da ciência. Foi o avanço dessa ciência que desenvolveu a indústria bélica. Foi o avanço dessa ciência que criou as câmaras de gás utilizadas no holocausto. Foi utilizando o avanço da ciência como fim que muitos nazistas fizeram experiências cruéis com judeus nos campos de concentração. Foi o avanço dessa ciência que criou as bombas atômicas e colocou o mundo em constante medo de uma guerra nuclear. O conceito dessa ciência deveria, na verdade, ser chamado de ciência de dominação, dominação tanto da natureza pelo homem quanto do próprio homem pelo homem.
Mas na verdade o que seria o Fascismo? João não lembrava muito sobre o significado do conceito propriamente dito. Não havia prestado muita atenção nas aulas de História do ensino médio, mas lembrava dos filmes sobre a Segunda Guerra Mundial e da destruição que o Fascismo tinha causado. E, além disso, havia percebido que o conceito, hoje em dia, havia voltado à boca do povo.
Resolveu, então, buscar sobre o assunto no Google. Descobriu que haviam duas modalidades de fascismo: uma que caracterizava apenas o indivíduo e outra que caracterizava um governo; mas que ambas tinha inúmeros aspectos em comum. Ambas eram marcadas por ideais preconceituosos e por características autoritárias.
E o que seria ideais preconceituosos e autoritarismo, se não uma forma de dominação? Talvez o próprio fascismo tenha sido fruto desse conceito de ciência, dessa dominação do homem pelo própria homem.
Eis que veio a seguinte dúvida na mente de João: seria possível haver uma ciência que nos ajudaria a escapar do Fascismo? Dessa dominação do homem pelo homem?
A imagem da física do filme foi se tornando cada vez mais clara. Ela sabia a resposta. Para ela, o mundo não seria uma máquina composta de partes que devem ser analisadas separadamente para podermos analisar o todo, nem o homem. Somos um todo composto por partes interligadas e interdependentes, que devem ser analisadas conjuntamente. A Terra não é simplesmente um planeta composto por matéria e seres vivos, ela é um grande organismo vivo, como aponta a Hipótese de Gaia.
Realmente, a física estava certa. Esse pensamento de que o todo é composto por partes que devem ser analisadas separadamente gera individualismo. E enquanto pensarmos em uma ciência que beneficia o indivíduo, ou até mesmo um grupo, e não o coletivo, não seremos capaz de nos livrarmos dessa dominação. É necessário começar pela transformação do conceito de ciência e do próprio método científico, é necessário olhar o todo, as partes e as suas relações ao mesmo tempo.
Tempo! Já eram 8h15. A ciência moderna falhara mais uma vez. João estava atrasado.

Bianca Garbeloto Tafarelo (1º ano de Direito - matutino)

O Fascismo e a Razão Instrumental

O fenômeno do fascismo alastrou a Europa durante as décadas de 1930 e 1940, com ascensão de Benito Mussolini e Adolf Hitler no poder da Itália e Alemanha, respectivamente. Característico por ser um movimento de massa, ultranacionalista e de governo autocrático, o fascismo vem se manifestando em alguns Estados nos dias atuais e nos lembrando do papel da ciência nesse processo.
Conceito criado por pensadores da Escola de Frankfurt, a Razão Instrumental define a operacionalização do conhecimento científico a fim de utilizá-lo como instrumento de dominação. Incorporado nessa definição, está o movimento fascista, que utiliza da racionalidade para dominar grupos, manipular massas e conquistar poder político. A exemplo disso há o pensamento nazista, segundo o qual existiria uma raça pura, ariana, e que todas as outras seriam inferiores a ela. A justificativa científica é equivocada mas foi eficiente para incitar a população alemã a apoiar o Holocausto judeu.
Além disso, o conhecimento científico e tecnológico pode ser direcionado para o desastre e a tragédia de maneira direta, como as bombas atômicas lançadas sobre as cidades japonesas Hiroshima e Nagasaki durante a Segunda Guerra Mundial. Nesses trágicos eventos, todo o saber dos cientistas e a tecnologia envolvida foram utilizados para dizimar milhares de pessoas inocentes.
Como abordado no filme de Fritjof Capra, "O Ponto de Mutação", a ciência dentro da articulação política serve como dispositivo de obtenção de poder, elemento essencial na guerra entre Estados e entre indivíduos. A máxima de que o desenvolvimento científico é a comprovação da evolução humana ainda pode ser considerada verdadeira? É possível pensar em evolução quando a humanidade usa de seu próprio conhecimento para destruir humanos?
É vital refletir sobre essas questões e pensar sobre o rumo que estamos tomando diante de tão veloz desenvolvimento da ciência e o que estaremos deixando para as próximas gerações, caso contrário destruição é o que restará. 



Mariana Paz Formigoni Puentedura - 1º ano - Matutino

A involução tecnológica

  Se programadores afirmam que o avanço da tecnologia é dependente da criação de uma IA para as máquinas, e que ao mesmo tempo afirmam que não existe IA tão avançada para a criação do livre arbítrio, podemos ver que esse livre arbítrio que falta nas maquinas deveria ter em excesso nos humanos , já que disso todos podem ter em excesso e em uma quantia que todos se satisfazem como já mencionava Descartes, mas hoje em dia , como na época nazista alemã e na italiana de Mussolini , podemos ver o renascimento do fascismo na  humanidade, tal movimento que apoia a falta de livre arbítrio e o apego ao que Francis Bacon chamaria de ídolo do foro que é impossível dizer que o ser humano seja melhor do que a maquina, e talvez por isso que nas relações humanas atuais predomine o maquinismo social.
  Como mencionado no filme "Ponto de mutação" em menção ao pensamento de Descartes, o mundo em que vivemos se baseia em um pensamento ultrapassado e apoiado em uma identidade de máquina que caracteriza tudo, onde há problemas pontuais invés de sistemáticos, e por isso que nossa sociedade é incapaz de lidar com seus problemas, e indo até além, estamos incapazes de lidar com os velhos problemas também, com uma exemplificação perfeita que é a volta do Fascismo para essa época, ao sermos tratados como maquinas estamos começando a agir como uma sem ter a capacidade de pensar racionalmente através de nós mesmos.
  Se por um lado a tecnologia evolui se tornando cada vez mais independente, os seres humanos involuem se tornando cada vez mais dependentes de uma personalidade forte para decidir por eles, se continuar assim chegaremos a um ponto onde as maquinas estarão protestando na rua para não serem tratados como humanos: uma simples ferramenta sem pensamento critico algum.

Carlos Eduardo Trigo Nasser Felix 1º ano de direito matutino. 

                           Crise de Percepção


Segundo Hannah Arendt, evitar responsabilidades e não julgar leva os indivíduos a cometerem aberrações, que a ordem fascista prega. A ascensão do fascismo é um exemplo da falta de questionamento por parte de seus adeptos, no qual eles creem que é através de um regime totalitário, e é pela eliminação do outro que a paz e ordem serão garantidas. Existe uma crise de percepção, sobre o outro e sobre o que é paz.
O fascismo é um aglomerado hegemônico, em que o indivíduo se dilui para seguir um líder, desta forma o “outro” é qualquer indivíduo que não pertença ao regime, portanto uma ameaça ao comportamento de bando dos fascistas. A partir disto surgiram aberrações como a Solução Final do Estado Nazista, no qual o “outro” – judeus, ciganos, homossexuais, doentes físicos e mentais – era responsabilizado por todos os dissabores da vida humana, assim somente com a eliminação do “outro” haveria a realização do grupo. No entanto, o silêncio devido as mortes de inúmeras pessoas não foi paz, e sim um genocídio.
Segundo a teoria dos sistemas a existência é uma teia da vida, ou seja, todos estão conectados, são interdependentes do “outro” para existirem. A crise de percepção provém da ideia de que o outro é alguém além de mim, separado, quando na verdade estamos intrinsecamente ligados. Os juros pagos a esta falta de entendimento são corpos incinerados, torturados, perdidos. Os estrangeiros somos nós, que renunciamos nossa essência em nome do medo, para participar de grupos fascistas que dizem garantir a nossa segurança.
Diante deste cenário, entende-se que a desgraça não está na ação do diferente a mim, mas na própria ignorância, que entende a vida como retalhos. Sendo esta uma vida mutilada por autoflagelos, infligidos na própria alma humana.

Érika Nery Duarte, primeiro ano direito (matutino)

sábado, 30 de março de 2019


Experimentando, refletindo e criando para escapar do Fascismo

No nosso mundo contemporâneo estamos experimentando das mais diversas mazelas e catástrofes sociais, sendo uma delas o possível ressurgimento do autoritarismo no Brasil e no mundo, pois há um grande crescimento de movimentos de extrema direita que podem resultar novamente no fascismo. Desse modo, é preciso que a humanidade que já teve essa experiência e vivenciou essa época terrível, busque de forma racional meios de escapar desse autoritarismo que trouxe grandes atrocidades a humanidade.                                                                                                                                            No século XX, a Europa vivenciou uma das maiores calamidades da humanidade que foi o regime fascista, no qual perseguiu, humilhou e assassinou milhares de pessoas, portanto é dever das pessoas aprenderem a história desse trágico acontecimento, pois se as pessoas soubessem da experiência que o mundo passou quando vivenciou o Fascismo, elas deixariam de fantasiar em ter prosperidade vivendo em um regime autoritário, pois perceberiam através das experiências fascistas que os livros de história proporcionam que esse regime trouxe infortúnios como as guerras, humilhações, perseguições e assassinatos. Sendo assim, ensinando as pessoas o porquê devemos evitar esse regime que parece ser esperançoso, mas na verdade é repleto de desgraças, por isso o homem antes de fazer antecipações da mente sobre um governo e cair em devaneios de felicidade, o indivíduo precisa vivenciar esse regime (experimentar através de fontes históricas) o quão bárbaro e cruel é o fascismo, por isso o pai do empirismo moderno: Francis Bacon diz: “as antecipações são de muito mais valia para lograr o nosso assentimento, que as interpretações; pois, sendo coligidas a partir de poucas instâncias e destas as que mais familiarmente ocorrem, desde logo empolgam o intelecto e enfunam a fantasia”. Desta maneira, percebemos que as ideias fascistas tendem a fazer as pessoas fantasiarem e acreditarem que há soluções fáceis para problemas complexos, pois o indivíduo que apenas vê o sorriso de um líder carismático sem observar os fatos, não percebe o quão destrutivo e mal esse homem pode ser, assim acaba enganado pelas antecipações da mente, pois lhe faltou a experiência para mostrar a realidade, ou seja, faltou conhecimento histórico para apresentar a verdade sobre o Fascismo.                                                                                                                                                 O homem que sabe história, pode evitar que os erros do passado sejam repetidos no futuro, porém, para progredir a sociedade é preciso muito mais que evitar os erros, é preciso buscar uma nova maneira de pensar, novos valores, uma nova ideologia. No filme ponto de mutação, a personagem cientista cita os problemas na humanidade, mas apresenta soluções para esses problemas, ou seja, busca transformar o mundo com novas práticas, sendo essas práticas uma maneira de ensinar a sociedade sobre as características de um regime fascista. Essas características que foram descobertas por estudiosos que refletiram e pensaram sobre o fascismo e perceberam certas características peculiares nesse regime, características essas que foram abordadas na palestra inaugural pelo Doutor de filosofia Hélio Alexandre da Silva que mostrou as características de um indivíduo fascista segundo Theodor W. Adorno, mostrando que as pessoas que possuem o potencial fascista são seres que não tem autonomia, tem identificação cega com o coletivo, nacionalismo exacerbado e narcisismo coletivo e também foram comentados as caraterísticas de um Estado Fascista que é antidemocrático, totalitário e nacionalista.  Desse modo, uma sociedade que queira escapar do fascismo ao ter conhecimento sobre essas características pode antecipar e criar novas práticas, por exemplo,  mobilizações sociais contra os movimentos fascista antes que ele enraíze em toda sociedade, como foi o caso do movimento “EleNão” que foi contra o candidato a presidente Jair Messias Bolsonaro que é um político que tem muitas características fascistas, desse modo alertando a todos da sociedade o perigo que pode está por vir com essas manifestações de extrema direita e seu líder que possui muitos aspectos fascista, já que o movimento “EleNão” mostrou que a esquerda estava mobilizada e não aceitaria de forma passiva as retiradas dos Direitos sociais pela extrema direita, ou seja, o movimento “EleNão” foi uma prática nova que conseguiu ser realizada por causa da experiência passadas que o homem sofreu no fascismo e o homem ao sofrer essa experiência, racionalizou sobre ela e conseguiu através da reflexão, da razão, saber quais são os sinais que indicam os indícios de fascismo na sociedade. Assim uma ideia de ciência da forma como o pai do racionalismo René Descartes defende, uma ideia de ciência voltada para o bem do homem, uma ciência que traz fins práticos.                                                                                                                                          Destarte, o homem ao ter experiências históricas, pode refletir sobre os erros de sua história e refletindo sobre esses erros, ele pode criar uma ciência que visa escapar do Fascismo, pois uma vez experimentado pode ser racionalizado e uma vez racionalizado pode ser criado.

NADA MAIS FASCISTA QUE UM SOCIALISTA NO PODER

O Fascismo é uma doutrina política surgida na Itália no período entre-guerras, caracterizada por elementos como totalitarismo, nacionalismo, culto pessoal ao líder da nação, supressão das liberdades políticas e econômicas. Assemelha-se em muitos destes aspectos ao Nazismo alemão e aos regimes socialistas decorrentes da Revolução Russa e às atuais ditaduras Venezuelana e Norte-Coreana.

Na nossa realidade, vemos alguns dos elementos característicos ao Fascismo rondando nossas frágeis e jovens instituições democráticas. Decisões nacionalistas de cunho econômico como exigência de conteúdo nacional mínimo nas plataformas da Petrobrás, culto personalíssimo a ex-presidente mesmo que condenado criminalmente por corrupção através de processo legal com garantias constitucionais de ampla defesa (chegando ao absurdo de, nas últimas eleições, em que o criminoso fora apeado da disputa por ser "ficha suja, o candidato substituto de seu partido abrir mão de sua própria identidade em favor da identidade do criminoso), tentativa de centralização do poder através da compra de congressistas, desrespeito a plebiscitos e referendos populares, tentativa de suprimir a liberdade de imprensa com leis restritivas, supressão da liberdade política através de intimidações, agressões e tentativas de assassinatos de manifestantes... são alguns dos acontecimentos na nossa história recente que mostram o quanto valores fascistas nos assombram.

A este ponto muitos leitores estarão indignados. Uns por sentirem-se enganados pelo discurso propalado pelo status quo como verdade absoluta nos últimos 16 anos, enfim desmascarado. Outros por não admitir que podem estar errados, julgando então este texto como devaneio desprovido de fundamento acadêmico.

Não é esta a discussão aqui proposta.

O que aqui se aborda é a similitude entre as doutrinas políticas teóricas. Idealizam pessoas, situações, comportamentos. Desconsideram a individualidade, ao mesmo tempo em que nos dividem em raças, gêneros e classes. Ao serem confrontados com a realidade diversa daquela idealizada, usam da força física, da intimidação moral e da concentração do poder para tentar impor sua doutrina, seja ela "de esquerda" ou "de direita".  Nisso fascistas e socialistas concordam.

A visão segmentada da sociedade está ultrapassada. Entender que as relações entre grupos são fluidas e complexas é o primeiro passo para a evolução política do poder. Cada parcela da sociedade tem seu papel, o qual não é estanque, tampouco os grupos são homogêneos ou estáveis. Tudo está constantemente em um movimento variável, ainda que muitas vezes previsível.

O pensamento científico cartesiano seria suficiente para refutar categoricamente certas doutrinas ideológicas que teimam em sobreviver dentro de mentes teóricas. Bastaria a simples observação atenta da história recente, a comparação entre povos que sofreram com as limitações do socialismo e aqueles que desfrutam da liberdade proporcionada pelo capitalismo. Não é científico achar que a eliminação do direito à propriedade privada pode solucionar os conflitos de uma sociedade - a experiência já nos mostrou que isso leva a baixa produtividade e consequente carestia numa população. No entanto, justamente tal pensamento cartesiano leva políticos da atualidade a teorizar sobre como devem lidar com o poder.

A ciência moderna pode ajudar a compreender a sociedade como modelos sistêmicos, em que cada componente é interdependente e não pode ser considerado isoladamente. Essa visão sistêmica pode ser usada como contraponto à visão segmentada característica de doutrinas autoritárias como o socialismo e o fascismo.


sexta-feira, 29 de março de 2019

  As charges ilustram exemplos concretos do racismo cotidiano, aplicado pelo Estado sobre a população negra no Brasil.
  Nas ilustrações é evidenciado como a violência é um fenômeno normativizado e portanto influencia sobre as ações de um povo humilhado cotidianamente, que necessita, a todo momento, atentar-se à tratamentos e situações que podem vir a por em risco a integridade física do individuo afrodescendente, privando-se de atividades comuns à ótica de uma parcela da sociedade que o Estado não marginaliza e reprime incisivamente. Nas figuras, a personagem de pele negra tem a consciência de que os simples atos de correr em direção a seu colega de pele branca, ou não carregar consigo o documento que indique a posse da bicicleta, incidirão em suspeita ou acusação sobre si, por parte da autoridade, representada pelo policial, a principal ferramenta de repressão física do Estado.

quinta-feira, 28 de março de 2019

O Fundamentalinfundado




A Constituição Federal de 1988 traz em sua obra os direitos fundamentais, que são Direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, no entanto a aplicabilidade real dos paradigmas constitucionais, se distorcem até mesmo se opondo em algumas vezes, e assim contrariando a norma.
          Fazem um comparativo entre os pensamentos de Descartes, Bacon, a sátira das tirinhas de Armandinho e a realidade social, vamos colocar contrapontos críticos sobre cada princípio fundamental.
          Direito á vida: o direito à vida não se pode interpretar apenas literalmente, mas sim como condições dignas para que essa pessoa viva; um exemplo clássico de contrariedade à tal direito, seria a manipulação da ciência em favor aos seus interesses financeiros, por exemplo: a descoberta de curas de doenças que afligem nossa sociedade, são muitas vezes compradas por grandes laboratórios, na intenção de arquivar tal descoberta, pois a mesma faria com que determinados medicamentos deixassem de serem vendidos. Onde fica o direito à vida numa sociedade que está prestes a se armar com armas de fogo, isso soa um pouco contraditório, e a fome, a miséria, não fragmenta tal princípio?
          Direito à liberdade: vamos refletir da liberdade lato sensu, pois sempre existe uma pedra no meio do caminho, e tal pedra sempre foi colocada por uma minoria beneficiária, podemos chamar essa pedra de direito positivado; para ilustrar esse pensamento, podemos exemplificar com a representatividade política no sentido estrito, no governo, pois uma pessoa para eleger por exemplo deputado federal, quanto de dinheiro não é necessário investir? Ou seja,  todos têm a liberdade para alcança tal feito, mas como conseguir?
Direito à igualdade: se todos somos iguais perante a lei, ou ao Estado, de onde saem as diferenças salariais entre homens e mulheres, a discriminação racial que chega a ser explícita, por parte de muitos servidores, a discriminação de gênero vista diariamente nos noticiários. À sociedade é condicionada por uma minoria que está no poder, a não ter senso crítico, ao qual Francis Bacon denomina antecipação da mente (senso comum), e quando muitas pessoas se deparam com tais preconceitos, ou até mesmo o pratica, ela faz acreditando estar tudo dentro da normalidade.
          Direito à segurança: a controvérsia da segurança em nosso país pode ser observada por um simples passeio em qualquer cidade do mesmo, condomínios com guaritas, guardas, ofendículas em muros, cercas elétricas, grades, câmeras, alarmes, etc; ou seja, verdadeiros presídios, e quem não tem um poder aquisitivo para se proteger, fica desassistido de segurança.
Direito à propriedade: o cidadão tem apenas o direito apenas no aspecto subjetivo, pois quando se analisa cantos isolados do país, observa-se grandes latifúndios improdutivos, grandes construções inabitadas, e do outro lado famílias inteiras vivendo em baixo de pontes, em barracos insalubres, em meio ao esgoto, em completo desacordo com o princípio da dignidade da pessoa humana; daí deixo a pergunta, onde está a função social da propriedade? Porque ela não se aplica?
          Como disse Descartes: “Penso, logo existo “, só mudaremos o rumo da sociedade com mais senso crítico, nunca acreditar no que é dito, pois a curiosidade no destrinçar o que nos é imposto, é o que nos faz crescer e progredir mentalmente.
Weberson A. Dias Silva turma XXXV noturno

     Preconceito um fato social



       Uma criança já ter a percepção, de que é tratada de modo diverso de seus colegas já expõe uma triste realidade de nosso país;o preconceito tanto racial quanto de escolha de sua opção sexual.O tratamento preconceituoso é um fato em nossa sociedade independente da idade , desde de cedo já são massacrados por ideologias e comportamentos que já as condenam antes mesmos delas nascerem,sendo doutrinadas no sentimento de culpa, de terem nascido com aquela cor ou  opção sexual, ou até mesmo em sua atual classe social , que já dividida em camadas para poder fortalecer estes pensamentos separatistas.
       Ser abordado em pleno exercício de seu direito , o de ir e vir livremente já aponta uma conduta preconceituosa , pois isto nos levar a pensar qual o motivo de exatamente aquela pessoa ter sido abordada,não outra.Pelas suas vestimentas talvez,já sabemos que a roupa de uma pessoa não revela seu pensamento,pois com um cotidiano diversificado temos abertura para diversos estilos de vestimenta.Modelo de carro, jeito de andar,até a expressão facial ou corporal desde que não esteja afetando o ambiente com condutas direcionadas para o atentar contar um bem jurídico não são motivações validadas para justificar uma interrupção de seu direito.
        O que nos leva a acreditar que haja uma motivação a qual quase nunca é revelada por quem aborda , o fato de estar julgando a conduta do individuo pela cor de  pele,onde tudo se tornaria um perigoso.O abordado muitas vezes sem entender o porque de tanto questionamento sobre sua conduta se sente oprimido, na maioria das vezes de até brincar, se divertir e até de ter que pensar em qual caminho pegar chegar a seu destino, pois no seu intimo já lhe foi colocado que ele é um culpado em potencial apenas pela sua cor de pele.


 André Gomes Quintino - Direito noturno      

Faroeste Cabloco com Descartes e Armandinho

Não tinha medo o tal menino Armandinho Com a chegada da polícia
 Foi ele quem não temeu
Deixou de notar a injustiça tremenda
Só vivida pelo amigo
 Que,tantas vezes,sofreu
Quando crianças são paradas sem motivo Ainda mais,são agredidas por soldado de fuzil
 É um terror para as jovens mentes que sonhavam
 Com um pouco de igualdade num país como o Brasil
 Lá na Igeja só se fala de respeito
 Aos costumes dos fiéis que se juntam para rezar
 Sentem mesmo que existe um Deus perfeito Sentem a presença dele em todo lugar
Os filósofos começaram a estudar
 O Deus tão adorado por cristãos
Dentre eles, o francês Rene Descartes
 Partiu da ideia da divina perfeição
Então estudou a racionalidade
 De tanto usar o método que ele mesmo criou
Teve um desejo quase compulsório
 De descobrir a verdade a qulquer custo
 Não entendia como a vida funcionava Descobriu que se enganava sobre tudo ao redor
Mas não cansava de tentar achar respostas Sabia que duvidar era o certo Antigamente,eles tinham uma mania
Os doutores exibidos, eu vou te falar
Por teimosia e por vaidade
 Não tinham humildade
 Queriam sempre acertar
Diziam eles: "A natureza é linda,
 Algo que devemos contemplar
 Precisamos admirar a vista
 Para termos sobre o que filosofar"
E Descartes negou essa proposta
E voltou sua atenção pro cenário global
 Ele ficou bestificado com as cidades
 Que saiu para visitar
 Elas eram sem igual
Meu Deus,mas que cidadezinhas
Que têm tanto a nos ensinar
Holandeses têm comércio forte e ganham cém mil por mês ao negociar"
 Na Inglaterra era éopca agitada
 Gastavam todo seu tempo com muita revolução
 E conheciam ideais da burguesia
 Fazer o seu comércio eles queriam
 Um paiszinho da América latina
 Ainda era uma colônia
 Seu nome era Brasil, e uma família Portuguesa sempre ia explorar
E independência ou morte não gritaram
 Mas a pressão da elite não dava para suportar
 E ouviam pelas ruas a novidade
Que dizia que Império o Brasil ia virar
 E os políticos tiveram uma conversa Decidiram no privado que rumo iam tomar Os brasileiros, grande parte nem sabia
Que seu destino foi decidido na hora
 Logo logo, D Pedro faz viagem
Golpe da maioridade
 Vem o filho dele aí!
 E o segundo teve apoio rapidinho
 E ficou meio século no poder do Brasil
 Fez amigos dos extremos políticos
Mantinha o equilíbrio para governar
Mas,de repente, com a alta do café
 E a chegada do imigrante
Veio república
 Já com muitas revoltas terminou
O regime de escravidão pela primeira vez Violentados e humilhados, os negros
Viram a lei Áurea aparecer
Agora parecia decidido
 Negros livres e acolhidos
 No território nacional
 Não teriam que ter medo de polícia, capitão, traficante, playboy nem general
Foi quando perceberam que não tinha nada disso que o país foi prometer
 Isabel assinou uma cartinha que libertava mas não conseguia atender
Necessidades da população negra
Que excluída voltou a ser
 Foram marginalizados no final
 E o racismo não parava de crescer
 O tempo passa e no século XXI
Ainda é atual essa questão
 O racismo está na conjuntura histórica
 E é herança de anos de escravidão
 "Não boto negro na minha empresa
Não vou contratar Isso eu não faço não
E ainda chamo general de dez estrelas
 Para invadir a casa dele sem permissão
 E é melhor não me chamar de racista
 Que eu não sou obrigado a mudar de opinião"
É uma injustiça que na época do Descartes era normal
Hoje em dia não pode ter mais não
Hoje em dia não pode ter mais não
Hoje em dia não pode ter mais não
Os negros sofrem tanta discriminação
 E são tratados como bandidos
Não é que o Armandinho estava certo
 De brincar com o colega
Sem, pela pele, julgar
Essa sociedade está toda errada
 De querer,tanta gente, inferiorizar
 Falam que nada disso acontece
 Que racismo não existe
Que é tudo mentira
 E só sabe quem sentiu na própria pele
 O tratamento que negro recebe
Laura Filipini Noveli
1o ano- Matutino

Racismo e as Ciências

         Racismo, um dos temas mais polêmicos da modernidade, concentram-se opiniões contraditórias, que debatem alguns níveis as consequências de sua prática e seus obstáculos metodológicos e teóricos. O sufixo “ismo” já transmite a ideia de uma ideologia, pois este sufixo é normalmente utilizado para indicar crenças e doutrinas. As discussões sobre diversas formas de sua prática e consequências vem sempre assistida de uma carga emocional, o que comprova que sua discussão vai muito além das questões das ciências sociais e da academia. É assumindo o papel social, ideológico e político do racismo que poderemos atingir e entender o seu significado multicolorido e ambíguo. Apenas desta maneira poderemos entender por que se trata de um conceito tão polêmico e, também, por que em determinados momentos históricos o racismo ganha força e se desenvolve com tanta hostilidade. 
        Na obra Novum Organum, Bacon descreve diversos ídolos pelos quais a sociedade estaria sujeito a sucumbir à ignorância e sendo assim, a humanidade deve buscar na ciência uma emancipação dos enganos inseridos socialmente.  Apesar das bases do cientificismo ter sido laçado há séculos, o nosso cenário atual continua aterrorizado por ídolos e, sobretudo, por preconceitos infundados. Cenas como as relatadas na tirinha de Alexandre Beck, infelizmente, são comuns ainda nos dias de hoje, e não são veladas! O que não falta, atualmente, são declarações preconceituosas do Presidente da República Federativa do Brasil, por exemplo. Durante a corrida presidencial de 2018, ele (o nome que aqui, me recuso e mencionar) foi ganhando votos e subindo nas pesquisas como resultado das declarações machistas, homofóbicas e racistas que ao decorrer da campanha, só crescia.  E tais atitudes, vindo do Chefe do Executivo, só faz legitimar discursos iguais aos dele, ferindo a Constituição e, consequentemente, os direitos das minorias (digo aqui minorias pensando numa logica de poder, pois, é sabido que mulheres, pretos e pardos, e a comunidade LGBTQ+ não são minorias neste país) e a dignidade humana, tão defendida pelo ramo do direito. 
        Ver o racismo como um tópico cientifico é simplicidade, pois a ciência condena o racismo e nem por isso ele deixa de exercer um papel agressivo na conjuntura atual das relações locais, nacionais e internacionais. Ressalvo aqui, por fim, que o racismo tem um conteúdo de dominação, não apenas ético, mas também ideológico e político, então, é necessário pensar nessa problemática não apenas em sua natureza acadêmica e científica, mas sim pensando que ele excede as conclusões da ciência e funciona como engrenagem de submissão e não de explicações antropológicas. 

Akysa Santana - RA 181222019.

Os impactos sociais do racismo.


Com as tirinhas de Alexandre Beck, é possível levantar reflexões sobre a realidade em que vive a população negra brasileira, percebe-se que os afrodescendentes são alvo da sociedade até mesmo quando crianças, sendo vítimas da desigualdade e preconceito racial, e assim gerando nelas diferença nos pensamentos e modo de agir, apenas pelo fato de possuírem a pele negra, e, e essas características são levadas até suas fases adultas.
Com o vínculo retratado entre Armandinho e Camilo, crianças que possuem etnias diferentes, é possível contrastar as realidades, as ações e pensamentos pelo simples fato delas possuírem tons de pele diferente. através do quadrinho torna-se ainda mais indubitável que o preconceito carrega consigo uma forte ignorância e irracionalidade, a partir do momento em que uma criança inofensiva é tratada de maneira diferente que seu amigo branco Armandinho,  e assim obrigando Camilo a ter um comportamento mais regrado e mais cuidadoso, já que o policial (que pode ser visto como um representante de uma sociedade racista) o vê com uma visão negativa, carregada de preconceitos, sendo assim necessário que ele precise de mais artimanhas para conseguir comprovar que é um pequeno cidadão de bem. Ademais, as ações tomadas por Camilo perante o guarda retrata o desamparo dessa criança, visto que esse policial, que tem função de proteger todos os cidadãos, proporciona medo em Camilo e também perpetua o racismo social.
A reflexão que pode ser levantada perante esses quadrinhos, é que há uma inversão de medidas sociais, pois a população replica cotidianamente seu preconceito racial, sendo ele de maneira implícita ou explicita, e cabe a população negra a aprender a lidar, combater e viver socialmente com tal situação, enquanto o erro está na própria dinâmica da sociedade que não muda seus ideais e condutas preconceituosas. Além disso, tendo em vista que ninguém nasce com noção do que é preconceito e como lidar com ele, por meio de Camilo, é perceptível que deve-se explicar para crianças negras de como lidar com tal preconceito, apresentando assim um problema, já que as crianças não sabem interpretar assuntos tão complexos como esse, e assim gerando o risco de que as características, cultura e história negra seja repassada de modo comprometedor e errôneo, e assim marginalizando mais uma vez a população negra.
Desse modo, o método para obter mais conhecimento dos filósofos Francis Bacon e Renê Descartes, pode servir como modelo para combater de maneira mais eficiente a estrutura racista da sociedade brasileira, extinguindo gradualmente o preconceito racial. Portanto, as medidas necessárias nesse método, que vai contra a desigualdade racial é: ensinar a criança sobre as belezas da cultura negra, e mostrar-lhes que não há coerência alguma nas ideias de preconceito racial, e assim as emponderando  e gerando maior conscientização,  fazendo que elas levem essa postura de respeitar diferentes etnias até a vida adulta; ensinar nas escolas a história da África e dos afro brasileiros, mas não só pelo prisma da escravidão, mas também da grandeza e riqueza da histórica e cultural desses povos; e por fim, punir mais severamente aqueles que cometeram o preconceito racial. Contudo, é importante que o conhecimento obtido através da convivência com diferentes humanos elaborado por Renê descartes, e o empirismo de Francis Bacon, sirvam como modelo para tal método anti rascismo, para que o lado humano seja alavanca para compaixão e racionalidade, e que tal método seja realmente colocado em pratica.



Lívia Ribeiro Cunha                     
direito noturno

Enraizamento do Racismo


Enraizamento do Racismo
O surgimento de pessoas negras no Brasil se iniciou na época colonial, onde pessoas eram transportadas, na grande maioria das vezes contra a sua vontade, para trabalhar nos engenhos de cana de açúcar. Trabalho é de certa forma uma expressão errônea de se colocar, pois os negros trazidos serviam na verdade de escravos, representando a classe social mais baixa do país, isto quando eram considerados como ser humano.
A abolição chegou apenas no final do século XIX, e o que deveria ser uma conquista em busca da equidade apenas desencadeou um fenômeno social o qual já se perpetuava a muito tempo, o racismo. Segregação que na sociedade brasileira sempre foi tratado de forma pragmática, a qual nunca aceitou que pessoas negras que compõem a maioria da nação saíssem da marginalização e banalização; um racismo estrutural completamente representado pela charge de Alexandre Becker.
Um racismo estrutural pois esta cristalizado na cultura, e de certa forma provado pela teoria do ídolo de Francis Bacon, mais especificamente pelo ídolo da caverna aonde o filósofo demonstra que pessoas são influenciadas a reproduzir preconceito devido as falsas percepções do mundo e influência dos indivíduos que respeitam e admiram. Diante disto é que possível almejar uma solução para a problemática através do pensamento de René Descartes o qual defende o conhecimento como uma atividade pública e cumulativa sendo assim quebrando o paradigma da sabedoria na mão de poucos e a ignorância na qual traduz em superioridade de raças.  

Leonardo Souza Da Silva
Direito Noturno – 1° Ano

Uma noite comum no Brasil

Em uma terça-feira, durante o período noturno os alunos da universidade começam a adentrar o campus para mais um dia normal de aula, entretanto nem todos esperavam que aquele dia fosse mais excepcional que o comum. Um jovem estudante, militante do movimento negro encontra-se indagado após uma pergunta de seu professor:

-- Meus caros alunos, para vocês, o racismo faz parte da estrutura social brasileira?

Mais que rapidamente, o jovem interessado pelo debate é o primeiro a levantar sua mão para responder:

-- Professor, preconceito racial com certeza faz parte da estrutura social brasileira, esse que persiste enraizado à escravidão. Diante desse fato, aproximar as realidades de negros e brancos continua sendo um enorme desafio

-- Mas como você chegou a essas conclusões?

-- De experiências já relatadas. Pode-se encontrar na sociedade uma grande influencia do que é denominado por Bacon de ‘’ídolos’’, na qual se podem ressaltar pessoas que agem a partir do que é denominado por ‘’ídolos da caverna’’, esses que distorcem as relações pessoais por crenças de seus pensamentos serem únicos e absolutos.
O debate prosseguiu e no decorrer da aula foram expostas tirinhas do Alexandre Beck que expunham como ocorrem as relações em uma sociedade escravocrata. Nesse mesmo momento esse aluno tão empenhado expõe mais algumas idéias relacionadas a isso:

-- Quando o racismo e marginalização da população negra atingem até mesmo a inocência infantil, vê-se a descriminação racial intrínseca no cotidiano brasileiro.

O professor para finalizar a aula, mostrou mais uma interpretação sobre isso, dizendo que a partir da Tirinha do Armandinho, podia ser observada nitidamente essa ideia, uma vez que uma mera corrida entre duas crianças torna-se em uma situação constrangedora e de aflição, criada a partir da visão escravocrata brasileira. E que Além disso, o cunho escravista persistente em nossa sociedade é visto no âmbito de posses, logo que até mesmo o simples ato de estar sob posse de uma bicicleta gera uma desconfiança, o que é erroneamente construído na sociedade brasileira pelo que é denominado por Bacon de ‘’Antecipação da mente’’, desse modo muitas vezes isso gera uma desconfiança simplesmente pela cor da pele da pessoa.

A aula terminou e esse aluno guardou seus materiais, colocou o notebook na mochila e foi embora com os seus amigos. Já era quase meia noite, quando estavam chegando perto de casa e foram enquadrados por uma viatura. Todos os seus amigos por serem brancos foram liberados de prontidão, enquanto ele permaneceu com os policias que questionavam incessantemente o fato dele estar até aquela hora na rua em com um notebook na mochila. Esse aluno extremamente constrangido foi liberado algum tempo, depois de ter comprovado que o aparelho era seu, após ouvir ofensas.
Ele chegou a sua casa, chorando e sua mãe perguntou qual era o motivo de estar assim, foi no momento que ele respondeu:

-- Mãe, eu sabia que o racismo existia, mas nunca tinha sofrido isso de uma forma tão violenta.

 E é isso que se pode enxergar como a formalização do preconceito no seio da sociedade brasileira, fica muito bem exposta, quando ocorre a necessidade da comprovação de pertencimentos até mesmo de objetos simples

João Henrique Parreira - 1° ano -Direito Noturno

A razão na promoção da igualdade



"Dinho, espera. Não posso correr agora, pra mim não é seguro". Quantos negros e outros atingidos pelo racismo e preconceito já proferiram frases parecidas com essa? Nas tirinhas de Alexandre Beck a dura realidade de uma criança negra é colocada ao lada da de uma criança branca. A negra dominando o conhecimento empírico, prático da vida social, já está habituada ao tratamento desigual que vai receber das autoridades e se sente ameaçada ao correr perto do policial e até mesmo carrega a nota fiscal de sua bicicleta, conhecimento que a criança branca não tem por nunca ter vivenciado uma experiência similar.
 Apesar de vivermos em uma sociedade que dispõe de inúmeros métodos de pesquisa e obtenção de conhecimento, as pessoas ainda são impregnadas por falsos ídolos, que de acordo com Francis Bacon, quem concebeu esses conceitos, atrapalham a percepção real e concreta do mundo, por serem responsáveis pela transmissão de pensamentos racistas, preconceituosos e errôneos sobre a natureza da convivência social.
Do ponto de vista jurídico,racional, as crianças são iguais. Porém, a realidade não funciona assim. Em uma sociedade repleta de estereótipos, onde a razão proposta por René Descartes muitas vezes é substituída pelo senso comum, a vontade social sobrepõe as vontades do mundo. Não há homens com mais ou menos razão, mas mesmo assim alguns cometem falhas ao julgar uma situação, levando muitas vezes à injustiças.
 A igualdade só será alcançada por meio da razão, do pensamento crítico e do abandono dos falsos ídolos.
Miguel Basílio Andrade - 1º ano direito matutino

A Persistência de Ídolos X A Resistência da Ilustração

‘‘O intelecto humano é semelhante a um espelho que reflete desigualmente os raios das coisas e, dessa forma, as distorce e corrompe. ‘‘
Essa frase de Francis Bacon, um dos filósofos fundadores dos cânones da ciência moderna, sumariza o quanto a mente humana está imersa em falsas verdades e percepções. Em sua obra Novo Organum são descritos os diversos ídolos pelos quais a humanidade estaria suscetível a sucumbir à ignorância. Sendo assim, dever inerente a figura do homem buscar na ciência uma libertação das inverdades inseridas na sociedade.
Traçando um paralelo com o cenário atual, se percebe que apesar das bases do cientificismo terem sido lançadas séculos atrás nosso cotidiano continua assombrado por misticismos, ídolos e principalmente preconceitos infundados.
Prova desse anacronismo são as tirinhas de Alexandre Beck que demonstram como o preconceito causa a institucionalização de dois ambientes totalmente antagônicos. De um lado Armandinho, uma criança que aproveita a infância sem maiores preocupações. Do outro Camilo que desde cedo sente em sua pele a discriminação e o medo frutos do obscurantismo.
O desconhecimento não apresenta entraves apenas no meio cientifico, mas suscita uma série de problemáticas graves no panorama cotidiano. A exemplo da insurgência de pseudociências que tomam lugar da medicina formal sem qualquer veracidade em seus tratamentos, a ascensão de grupos extremistas, o avanço de seitas e grupos religiosos radicais, a legitimação de prenoções supracitadas.  
Por conseguinte, se observa uma horda de abusos, violências e no caso em destaque de exteriorizações cruéis do racismo.
A solução para a insipiência e suas tristes consequências continua sendo a mesma da época de lançamento do Novo Organum. Lançando mão de outro pensador cientificista, Descartes e sua obra Novo Método é preciso duvidar da veracidade de tudo que lhe é apresentado até que não se possa encontrar falhas ou inconstâncias. É necessário, buscar a verdade metodicamente e a alastrar combatendo tais injustiças.

Embora a luta contra os preconceitos pareça infindável, é com conhecimento que se finda a ignorância, com a luz que se acaba com o obscurantismo e com a resiliência que se vence a desesperança.
Jaqueline Sayuri Marcola Abe – Direito 1º Ano Matutino

O presente como reflexo do passado


Grandes Navegações. Colonialismo. Etnocentrismo. Escravidão. A História Contemporânea reflete a amargura do processo de institucionalização do racismo no Brasil, de modo que seja possível compreender que os preconceitos velados existentes atualmente na sociedade brasileira são apenas resquícios de um passado próximo, que persiste atormentando a vida digna de diversas minorias. Assim sendo, a população negra – principal grupo afetado pelo preconceito diluído atualmente – continua sofrendo com a banalização de direitos básicos, como o direito a infância digna e, ainda, repetidamente humilhada frente a crianças brancas. Infelizmente, através da observação, experiência e formulação de um método, tal grupo utiliza-se, quase naturalmente, das bases filosóficas formuladas por Francis Bacon e René Descartes.
Tomando como ponto de partida a primeira tirinha apresentada, as personagens encontram-se diante de um policial, o qual pergunta às crianças se as bicicletas seriam delas. Instintivamente, o jovem de pele clara responde que são, conquanto, o policial sugere que seria necessária a apresentação de notais fiscais diante de um jovem negro. Frente à surpresa e falta de entendimento de seu colega, Camilo naturalmente saca uma nota fiscal, inferindo-se que aquela ação seria comum em sua vida e que o mesmo já estaria preparado para resolvê-la. Traçando paralelo à filosofia de Descartes – que lançou as bases do Racionalismo – para que seja possível chegar a uma verdade absoluta, seria necessário o exercício da Dúvida e da Experiência e, apenas assim, chegar a um Método. Por conseguinte, entende-se que Camilo, que certamente conhece o dilema histórico de seus antepassados frente ao racismo das autoridades brasileiras, já passou pela experiencia do racismo velado policial e, dessa forma, desenvolveu um método para lidar com a humilhação proposta pelo guarda.
Na segunda tira, Camilo passa pelo mesmo afronte, tendo em vista que a personagem recusa-se a correr com seu colega ao ver a figura do guarda à sua frente pois, baseado em sua experiência, ele poderia ser tomado como infrator pelo simples fato de ter a pele negra. Francis Bacon, filósofo inglês também baseado no empirismo epistemológico, confere a sua teoria seguindo os seguintes parâmetros: coleta de informações observando sua natureza, reunião racional dos dados, formulação de hipóteses e, finalmente, comprovação de tais hipóteses. À vista disso, a população negra – observando o passado escravista e a existência de preconceitos que persistem atualmente – cria formas de evitar algo que, de maneira alguma, deveria ser tomado como rotina por nenhum brasileiro.
Enfim, baseando-se no empirismo proposto pelos dois filósofos, a população negra brasileira é privada de atitudes consideradas “normais” por ter uma experiência histórica sombria. Como cita Bacon, “não se aprende bem a não ser pela experiência”, demonstrando que os jovens negros continuam tendo que aprender a lidar com algo que eles sequer deveriam experienciar.



Lucas Perseguino
Direito- Matutino

Desvencilhamento do senso comum


O racismo pode ser definido como uma construção histórica e política, há que considerá-lo também como um conglomerado de ideias e condutas, construídas e transpassadas geração após geração, solidificando uma ideologia Inter geracional” (OLIVEIRA, Adriel Seródio de; CARVALHO, Acelino Rodrigues de, 2017).
O sistema escravocrata perdurou durante três séculos no país, ao qual resultou em uma sociedade com uma herança racista que se perpetua até os dias atuais. Portanto vivemos em uma sociedade em que se acredita na falácia da democracia racial, entretanto persiste o racismo estrutural, ao qual podemos observar na tirinha de Alexandre Beck, que exemplifica a desigualdade entre o tratamento da menina negra e o menino branco em situações do dia a dia.
Descartes propunha o discernimento da razão e a experiência através de uma metodologia cientifica, dessa forma a reflexão seria uma ferramenta imprescindível para despir-se dos preconceitos concebidos pelo homem, e assim sair da noção do senso comum, tal método propõe a dúvida como princípio, ao ponto de questionar a sua existência e chegar em sua famosa sentença “penso, logo existo”.
Já Francis Bacon tenciona o método de indução como forma de alcançar a razão, a indução em que de acordo com o mesmo “consiste no estabelecer os graus de certeza, determinar o alcance exato dos sentidos e rejeitar, na maior parte dos casos, o labor da mente, calcado muito de perto sobre aqueles, abrindo e promovendo, assim, a nova e certa via da mente, que, de resto, provém das próprias percepções sensíveis”. Ao exemplo do mesmo é necessário o constante questionamento através da reflexão\indução desde do mais trivial até o mais complexo, ou seja, do empirismo até o encontro da razão. Ademais Bacon apresenta o conceito ídolos como falsas percepções do mundo, um exemplo são os ídolos da caverna que associam os vínculos estabelecidas pelo homem com a sociedade.
Paralelamente as tirinhas que exemplificam o racismo estrutural em nossa sociedade, os filósofos propõem que através dos métodos da dúvida como aponta Descartes e o método da indução atribuídos a Bacon seremos capazes de encontrar a razão, ou seja, ambos filósofos preconizam o leitor a desvencilhar-se do senso comum e das construções da sociais como o racismo estrutural.
Júlia Rocha Luciano
Direito Noturno