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domingo, 17 de abril de 2016

Os Três Estados

O filósofo Auguste Comte, fortemente ligado ao positivismo, formula a Lei dos Três Estados, na qual o terceiro é o último para a construção do conhecimento. Esses Estados caracterizam períodos da história da humanidade em seu esforço para explicar o universo. São eles: o Estado Teológico, o Estado Metafísico e o Estado Positivo.
O primeiro seria o estado em que Deus está presente em todas as situações, tudo o que ocorre, ocorre porque ele o quis, além disso, esse estado é subdividido em animismo, politeísmo e monoteísmo, mas sempre a explicação para eventos vem de algo místico. Por exemplo a tempestade é atribuída ao humor de um deus. O segundo estado substitui os deuses por princípios abstratos, Comte o conceituou como sendo aquele em que a ignorância social e a total descrença em um Deus criaria explicações misteriosas para os fatos, a explicação metafísica tem para Comte uma importância sobretudo histórica como crítica e negação da explicação teológica precedente. O terceiro e último estado seria o estado cientificista, seria definido como a busca pela explicação de tudo que ocorre na natureza, o uso da razão, no qual o homem observa os fenômenos para saber quais as leis que os regem e a partir disso, prever sua ocorrência e organizar a humanidade.
Os Três Estados não são fixos, ou seja, não se pode prever que até determinado momento a sociedade pensava de forma teológica e após isso passou a pensar de forma metafisica. Ao contrário disso, os Três Estados são formas de raciocinar das sociedades e dos indivíduos até que cheguem ao raciocínio científico, sendo possível a mútua convivência dos estados em âmbitos distintos.

Isadora Morini Paggioro

1º ano Direito - diurno

Positivismo

August Comte foi um filósofo francês criador do positivismo, que é a ideia da construção do conhecimento pela apreensão empírica do mundo, buscando descobrir as leis gerais que regem os fenômenos observáveis. A ciência e o método científico são a síntese do positivismo.
Para Comte a humanidade passa por três estágios: teológico, metafísico e por fim o positivo no qual é exaltado o caráter empírico e racional elaborado pelo autor. Comte muitas vezes generalizava algumas situações, como por exemplo, dizia que as relações sociais eram regidas por leis invariáveis.
Observa-se que o caráter racional, empírico, cientificista, metodológico e concreto elaborado por Auguste Comte, alcançou diversas sociedades e ainda permanece ativo na sociedade atual, como por exemplo a bandeira do brasil que carrega o lema positivista “ordem e progresso”.


Talita Santos Lira – Direito diurno

Análise da conjuntura política atual de perspectiva positivista

Neste belo domingo atípico, de participação social política extraordinária, tanto por parte dos brasileiros civis, quanto dos residentes da bancada do plenário, feliz ou infelizmente eleitos para assim o serem, divago sobre a perspectiva de rumo que o país seguirá a partir dessa votação por ora decisória, tomada de maneira alienada e irresponsável, a respeito da legitimidade do cargo da líder presidencial. 
Tirando a preliminar vergonha que senti ao assistir a cômica transmissão televisa de meus representantes (mesmo que indiretos, por não terem sido eleitos por mim) proferindo desculpas alheias a real causa de discussão, a legitimidade do mandato da presidenta democraticamente eleita, esses que mantinham o padrão de discurso demagogo, sensacionalista, acrítico e passional - perfil de resumo do brasileiro da mídia comum - afim de cativar o alienado por assim estar em frente à TV sem conhecimento a não ser aquele lhe vendido, me questionei, tendo em vista toda situação política nacional e mundial de decadência do modelo, para alguns populista, em que se encaixa o PT e outros partidos da América Latina: "A que pontos chegamos?"
Resolvi, por então achar esse via a mais interessante e abrangente, começar pela análise do modelo de política aplicado pelo primeiro civil eleito pelo partido dos trabalhadores, em 2002, o Lula. A partir dos estudos proferidos por mim e minha turma de direito na matéria de sociologia, pude conhecer um pouco, o que já me bastou para dissertar o que irá se seguir, a respeito das afirmativas de Comte, o teorizador do positivismo, quanto às "adequadas" políticas sociais a serem aplicadas no dever de se manter a ordem social, assim como se diz em: “Se o povo está agora e deve permanecer a partir desse momento indiferente à posse direta do poder político, nunca pode renunciar à sua indispensável participação contínua no poder moral. Este é o único verdadeiramente acessível a todos, sem perigo algum para a ordem universal, (...)". E assim, estabeleci juntamente ao professor, a conclusão de que a política social aplicada por ele, foi por assim dizer, positivista.
Ou seja, tendo como princípio a já antiga posição ignorante do brasileiro frente aos conhecimentos políticos que lhe são essenciais para o pleno exercício do voto em um Estado democrático de direito, além da aplicação de fato de medidas públicas que mascaravam a ideia de ascensão social e política aos trabalhadores, por manter o subjugo do capital, a figura do representante Lula se tornou um disseminador da moral aos seus eleitores (e esses exerciam de seu poder moral para com os outros que lhe são próximos), o que lhe manteve no auge de poder, entretanto este lhe era instável. E assim afirmo, pois de acordo com a mudança do apoio das massas, acertada graças à reação da oposição política ao produzir denúncias, algumas infundadas, de corrupção por parte de pessoas partidárias próximas daquele que aqui se fala, a sorte pode mudar de lado, porque esta frente de opinião mobilizadora ainda está embasada intelectualmente na moral positivista de se atrelar a honra ao trabalho (a corrupção é imoral): aquele líder (que podem ser mais de um, ou um grupo deles) que discorre sobre a moral muda de nome e identidade. E agora, deseja tirar o poder daqueles que até então detinham do consentimento político para governar.
Sem fazer juízo de valor acerca do modelo político, e das frentes divergentes e comuns que esses diferentes lados (a situação e a oposição) têm e pretendem dar continuidade ou início agora a partir dessa decisão que ainda será somada a do Senado, este excerto teve como intuito se utilizar do questionamento dos preceitos positivistas para análise do governo até então seguido, que começou por Lula, mas que foi continuado pelo mandato de Dilma Rousseff. Não obtive qualquer conclusão a partir do meu desenvolvimento crítico, ou até o momento em que se escreve a efetiva confirmação histórica do decorrer dos acontecimentos sobre "quem sai ou fica", mas o que se pode afirmar, é que independente disso, ao se seguir o modelo de política social positivista sem participação popular no poder político, não podendo ser substituída apenas pelo poder moral como afirmou Comte, a situação dos trabalhadores tende a permanecer de submissão total ao Estado e o desenvolvimento social é adiado ao futuro julgado erroneamente próximo.

Luana A. Marachini - Aluna do curso de direito da UNESP (período noturno)

Mar Social

É nesse mar social no qual se está inserido
Que o trabalhador digno se sente detido
Preso ao sistema, o sistema do capital
Que nas entranhas se esconde com um escudo carnal

Dizem que o trabalho enaltece
Pobre é aquele que se debruça e obedece
Levante e vá a luta !
Pra quê se abdicar de uma vida mais justa ?

E a Física Social da qual Comte fala ?
Esta se torna meramente uma bala
A bala que mata, que separa, que mente...
e a moral humana se torna dormente

E ainda exaltam essa “Ordem e Progresso”
Mais me parece um mero regresso...
A liberdade e a igualdade que já não são vistas ?
Existem ! Nesse mar abissal que tu não habitas

Prefiro entregar-me a uma melodia cantante
“Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante...”
E “Que país é esse..” onde as bandeiras se estendem na multidão ?

Um país onde “todos acreditam no futuro da nação”

Caio Henrique Turco
Direito - Matutino 

Padronização

Um dos mais poderosos instrumentos do positivismo é a moral. Ela é responsável por manter a ordem vigente, principalmente segundo a ótica burguesa. Assim através da propagação da cultura pela família, mídia e religião cria-se um padrão de pessoas e formas de se viver, que quando são quebrados sofrem sanções.

Para o positivismo de Comte a harmonia social é sinônimo de perfeição e felicidade, desta forma quando o equilíbrio é quebrado, fugindo às normas da moral tem-se comoção.  Assim pode- se explicar a xenofobia , a não aceitação de imigrantes, eles possuem culturas e morais diferentes, rompendo com os valores vigentes.

Comte e as consequências de uma formação positivista

Augusto Comte, ao elaborar a filosofia positivista juntamente a John Stuart Mill – inspirado por outros renomados pensadores como Descartes e Bacon – torna-se não somente um de seus fundadores, mas também como uma das principais expressões do movimento.
Influenciado pelo iluminismo e pela ascensão de uma sociedade industrial, Comte defende o conhecimento científico como o único realmente verídico, afastando o pensamento humano da teologia e metafisica.
O positivismo, em sua época de ascensão, infiltrou-se principalmente em sociedades que ainda não possuíam uma forte ideologia filosófico, o que ocorreu principalmente na América Latina e especificamente, o Brasil – influência esta vista até hoje no lema positivista da bandeira brasileira “Ordem e Progresso”.
No campo da educação, espaço claramente social, não é surpresa que esta doutrina também ganhou força. Influenciou fortemente na implantação de uma grade multidisciplinar, lutando contra a educação religiosa instaurada. Favorecendo as ciências exatas – principalmente as que possuíam embasamento científico –, o positivismo sustentou sua superioridade diante as ciências humanas, afastando o direcionamento da educação brasileira de um ensino mais acadêmico.
As contribuições de Comte são inegáveis no âmbito sociológico, ao defender a corrente positivista e o pensamento científico, onde os desdobramentos desta sua filosofia são vistos até hoje. Contudo, também é importante notar as consequências deste direcionamento na educação, que busca um ensino totalmente científico e profissionalizante, resultando na desvalorização das ciências humanas e, portanto, carecendo os alunos contemplados por tal educação de uma formação mais crítica e humanística.

Bárbara Jácome Vila Real; 1º Ano do Direito (Matutino)

Positivismo que rege a sociedade contemporânea

O pensamento positivista de Comte explica, e é uma das diretrizes da sociedade em que vivemos atualmente. Essa linha de pensamento nos faz pensar na sociedade como um todo e não em cada indivíduo que dela fazem parte. Ou seja, relaciona-se a idéia de felicidade como o bem público, que seria a ordem. Logo, este repudia rebeliões em geral já que foge dessa ordem.
A sustentação dessa linha de pensamento de Comte é a moral, que está diretamente ligada ao trabalho, o qual atribui honra e reconhecimento. Porém, não é todo tipo de trabalho reconhecido, pois trabalhos não legais fogem à moral positivista. E ainda, com papéis determinados para cada um, encaminhando então a sociedade para uma idéia de harmonia social, onde uma exploração “saudável” faria a grande massa trabalhar em seus devidos papéis e os pensadores governarem conforme sua mete lhe diz.

Infelizmente, podem-se notar muitas dessas características na sociedade atual... Essa crença em papéis pré definidos impede muitas crianças e jovens de acreditar em si e perseguir um sonho por uma vida melhor, levando muitos ao conformismo. Além disso, é nítida a exploração de trabalhadores para o bom funcionamento do sistema, enriquecendo grandes empresários e agindo conforme o Estado os quer. Sendo cada vez mais resistente a manifestações e rebeliões, ou seja, cada vez mais submetida à lógica positivista Comteana.

Isabella Martins Montoia - 1ºano Direito/Noturno

O Positivismo e o trabalho



  O Positivismo, na época, não era só uma filosofia ou uma ciência nova, já que também se relacionava com a política e a realidade social. Assim, não visava entender a sociedade apenas na perspectiva e na imaginação, mas entender exatamente como era ela de fato.  Além disso, o Positivismo se constituía  como o amadurecimento do espírito humano, superadas as fases teológica e metafísica.
  Para o Positivismo Comteano, o trabalho é a única maneira de ganhar a vida e é uma característica ontológica, isto é, inerente à condição humana. Por isso a miséria operária, a confusão e as greves são anormalidades para o Positivismo, o qual surge numa tentativa de resposta a esses "conflitos e problemas".
  Por defender tanto o trabalho, como modo de adquirir a dignidade e a honra pessoais, bem como para se conquistar o progresso coletivo, Comte também defende que se tenha condições dignas para que se possa exercê-lo. São estas a educação e a saúde, que devem ser oferecidas pelo Estado. Daí a frase do ex-presidente Lula ter sido claramente positivista ao afirmar ter feito uma profunda "resolução social sem dar um único tiro, só dando o tratamento adequado ao andar de baixo".
  No entanto, não são considerados dignos os trabalhos ligados ao tráfico e à prostituição, por exemplo, pois vão de encontro à moral. Isso porque esta não visa a expansão de núcleos familiares e aquele lida com drogas, as quais tornam inábil o trabalho.
 
  Na minha opinião, deve-se destacar a busca pelo pragmatismo dessa filosofia na análise da sociedade, tal como citado acima, o que ainda não havia sido visado tão expressamente por outras teorias.


Nathalia Neves Escher - Direito Noturno



Lacunas Mascaradas

Entediado e saturado já pelas longas quatro horas de palestra corridas, estava a ponto de deixar minha cadeira vaga para uma daquelas tantas pessoas em pé ao meu redor. O palestrante tocava fundo em assuntos cotidianos que aparentemente eram inofensivos porém após certo tempo de reflexão, se tornavam importantes. Percebi uma certa tendência comtiana em seu discurso, mas ainda não estava convicto disso. Palestra dinâmica que era, a qualquer momento poderia ser chamado para contribuir com a discussão. Parte de mim pensava nos afazeres do trabalho pendentes que teriam de ser resolvidos quando eu chegasse em casa, e outra parte se relutava em pensar na possibilidade de ser convocado para participar do debate. Porém, como bem sabemos, quando menos se quer algo, maior a chance disso acontecer. E eu não fui exceção.  
- Você, de camisa escura. Me diga: qual sua contribuição para a sociedade no que diz respeito ao seu ofício?
Eu não acreditava. 200 cabeças me encarando, esperando uma resposta satisfatória. Pense! E pense rápido! 
- Eu me considero importante pelo fato de ser útil para algo na sociedade.  
- E você sente-se honrado pelo seu trabalho? 
- De certa forma, sim - eu não sabia onde ele queria chegar. A resposta não era óbvia? 
- Isso! Muito bem. Esse é o pensamento que ideal para que a humanidade caminhe para frente. O trabalho enaltece o homem. É necessário para o desenvolvimento da sociedade e consequentemente para o bem estar desta.
Nesse momento, tive um insight certeiro. Como pode o trabalho ser um benefício para a sociedade sendo que este estimula cada vez mais o individualismo? O discurso dele se tornava contraditório a cada palavra emitida. Por impulso, levantei meu braço e esperei ele me atender. Falei, e falei sem impedimentos. 

- Mas senhor palestrante, como pode o senhor defender tal ponto de vista em pleno século XXI? O trabalho foi indubitavelmente o motor para a sociedade burguesa que se formava na época que essa corrente positivista foi desenvolvida, servia para justificar as novas atitudes da burguesia em sua fé no progresso retilíneo da humanidade. Porém, com o passar do tempo, é nítido que o trabalho estimula cada vez mais a competitividade, o individualismo, transformando os indivíduos cada vez mais em pessoas egoístas. Será mesmo que a sociedade é beneficiada por esse comportamento? O positivismo de Comte tão presente em seu discurso é contraditório nesse aspecto. Prega uma harmonia social porém super valorizando o trabalho. E, nesse paradoxo, é difícil vangloriar o trabalho, uma vez que ele acaba não levando em conta o bem estar coletivo. Qual é o bem estar que o senhor preza? O trabalho enaltece o homem em qual aspecto? Qual é o real significado pra você, senhor palestrante, de caminhar para frente?
Fez-se silêncio no anfiteatro. 


 


Positivismo apenas na bandeira

  Augusto Comte foi um filósofo francês considerado pioneiro no estabelecimento do Positivismo, corrente de pensamento a qual é considerada como o amadurecimento máximo do espírito humano. Esta perspectiva de evolução está relacionada, segundo o estudioso, às etapas pelas quais a humanidade passou durante sua história. Tais etapas são divididas em três, originado as fases: Teológica, Metafísica e Positiva.
   O primeiro período é considerado o mais arcaico por Comte, sendo caracterizado pelo uso da religião a fim de explicar os fenômenos que envolviam a sociedade. Já o segundo, é aquele em que a filosofia passa a ocupar o lugar antes pertencente à religião, sendo considerado um estado intermediário entre os dois extremos. Por fim, o terceiro e mais desenvolvido período é o positivista, em que a população passaria a fazer uso apenas da ciência visando explicar os impasses presentes no cotidiano.
  De fato, tal perspectiva evolutiva que culminaria neste estágio de ampla utilização da ciência foi responsável por propiciar um enfrentamento da sociedade pelo o que ela é, e não pelo que deveria ser. O pragmatismo positivista encontrou na ordem da nação um caminho adequado para alcançar o progresso, tanto científico como social.
A fim de atingir esse progresso e o manter-lo constante, Comte ressaltou demasiadamente a necessidade de cada membro da sociedade cumprir seu determinado ofício, encaixando-se nos moldes que levariam  à evolução. O desempenho dessas atividades pelos indivíduos aconteceria através do trabalho, surgindo nesse ponto a valorização e importância, na ciência de Comte, de todos os variados tipos de trabalho no conjunto da sociedade.  Vale ressaltar também, a luta do filósofo pela reforma da educação, considerada inadequada nos moldes positivistas. Para o estudioso, deveria haver a quebra do isolamento das ciências, uma vez que o conhecimento é uno.
   Deveras, com tal visão progressista, o Positivismo ganhou inúmeros adeptos ao longo do tempo, destacando-se o Brasil, cuja própria bandeira estampa o lema principal da corrente: "Ordem e progresso".  Todavia, é com pesar que se observa que o movimento filosófico limitou-se muito apenas à bandeira nacional, visto que em vários outros aspectos o país vai de encontro aos princípios de Comte.
   No cenário atual brasileiro, estima-se que a taxa de desemprego está em torno de 10% da população, ou seja, parcela significativa dos trabalhadores ativos se encontram fora do conceito da essencialidade do trabalho. Contudo, esta situação não é devido a falta de vontade pelos trabalhadores, mas pela falta de oportunidade em meio à crise econômica que o país enfrenta. Em verdade, não é objetivo principal do vigente governo do Brasil solucionar tal problema, mas focar na sua perpetuação no poder devido a crise política. Além disso, destaca-se a precariedade da educação brasileira, distanciada demasiadamente do padrão considerado aceitável no Positivismo.
   Em suma, o Brasil apenas estampa na bandeira o lema de Comte, uma vez que se afasta cada vez mais da ordem que levaria ao seu progresso.


Ester Segalla dos Passos - Direito (noturno)

O positivismo na educação



Precursor do pensamento positivista, sendo seu principal expoente, Auguste Comte sistematizou os princípios da corrente filosófica, enxergando as relações sociais em suas vinculações. Preconizando uma corrente de pensamento que visava promover uma radiografia sistêmica da sociedade, ante mesmo aos indivíduos, Comte tornou inteligíveis as variações às quais esta sociedade está suscetível.
Em determinada passagem de sua obra, Auguste Comte ressalta como um dos pontos para se atingir o Estado Positivo a necessidade de se implementar uma reforma na educação, com o intuito de romper com o isolamento das ciências. Apesar de breve, tal observação serve com substrato para algumas avaliações acerca do arranjo educacional brasileiro atual.
Inicialmente, pode-se destacar o fato de a educação brasileira, sobretudo o ensino de base, ser extremamente engessada, ocorrendo um estudo das ciências que pouco se relacionam entre si. A demasiada tecnicidade da educação torna obscura a aplicação das ciências, arregimentando uma estrutura viciosa de ensino.
 Essa perspectiva é potencializada ainda pelo sistema do vestibular, que atua como um filtro social, e vale-se de uma forma de avaliação pouco efetiva, priorizando conhecimentos incipientes, em detrimento de uma formação crítica do educando.
Dessa forma, percebe-se que, embora o pensamento positivista tenha contribuído para o fortalecimento das ciências, ao considerar sua influência na educação nacional, um fenômeno inverso emerge, na medida em que o conhecimento encontra-se encaixotado e inibe a possibilidade de os indivíduos promoverem uma análise rigorosa da sociedade em que estão inseridos. 
Paulo Henrique Soares de Lacerda - 1 Ano Direito - Diurno.

Hipnose




Na praça ele espera, desocupado com o mundo,
Enquanto na rua todos comentam: olha lá o vagabundo.
Espera pacientemente,  aproveitando o seu ócio
Mas ninguém o vê bem, pois não contribui para o negócio.
                                       
Dizem que ele deve almejar algo mais na vida,
Mas se esquecem que sua integridade já foi retida.
Retida desde o momento em que teve seu destino limitado
Por um sistema que há muito se tornou quadrado.

Hoje em dia, o importante é ter trabalho
Até se esse te fizer acordar antes mesmo do orvalho.
O positivismo nos fez isso e distorceu a dignidade
Que deixou de ser valor e se tornou mera vaidade.

Nesse espelho de Narciso, o outro perde valor
Vale até chamar a babá para carregar o meu sucessor
Afinal  “qual é o problema se sou eu quem está pagando?”
Nenhum, meu caro, mas a pergunta é: até quando?

Até quando respeitaremos tanto a estática
A ponto de resumir o homem a mera matemática.
Espero ainda ver um trabalhador que nos Comte:
“Ignorei a ordem a fim de ver o seu desmonte”.

E me valho agora de um poema de Drummond
Para lhes dizer que não há Inocentes do Leblon.
Executores de uma mera dominação animal
Que é feita dia a dia pelos “defensores da moral”.

Vítor Hugo Cordeiro Silva- aluno do 1º ano de Direito (diurno)


O Positivismo ainda resiste

Apesar de Alfredo Bosi, no texto O Positivismo no Brasil: Uma ideologia de longa duração (disponível em http://www.machadodeassis.org.br/abl/media/prosa43c.pdf), afirmar que, há várias gerações, a cotação do Positivismo tem sido baixa entre os estudiosos das Ciências Humanas, pode-se constatar que o discurso positivista ainda subsiste na sociedade brasileira, em especial no senso comum, radicalizado nas redes sociais; na política, imprensa, educação e também no Judiciário.
O ideal positivista de manutenção da ordem e vinculação da dignidade ao trabalho permanece arraigado nas famílias brasileiras e exacerba-se em manifestações nas redes virtuais contra movimentos sociais e grevistas, os quais ameaçariam a estabilidade do país, bem como contra os programas sociais, que seriam destinados a indivíduos supostamente incompetentes e acomodados.
Na política, o Positivismo prevalece em práticas meramente assistencialistas, que não fomentam a emancipação do cidadão, tampouco mudanças estruturais efetivas. O governo Lula, marcado, sim, por políticas públicas emancipatórias, principalmente aquelas vinculadas à ampliação do acesso à educação superior, também se valeu de programas assistencialistas como o Bolsa Família, que apenas oferece um paliativo financeiro a famílias consideradas de baixa renda. Ademais, o próprio ex-presidente Lula admitiu ter feito “revolução social sem dar um único tiro, só dando o tratamento adequado ao andar de baixo” (disponível em http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2016/04/08/so-o-pt-vai-no-cofre-podre-ironiza-lula-em-ato-em-sp.htm), ou seja, assim como ditava o pensamento positivista, não se fez, durante o governo Lula, uma revolução, com assunção direta do poder político pelo povo, mas se contiveram os ânimos dos desfavorecidos e manteve-se a ordem, a partir do desenvolvimento de programas sociais.
A imprensa brasileira, especialmente durante o período atual de crise econômica, política e social, tem se notabilizado por análises conservadoras, reducionistas e cientificistas, calcadas no Positivismo. Para exemplificar tal situação, apresenta-se excerto do texto A festa acabou, Dilma!, do jornalista Reinaldo Azevedo: “Aquele país que prendeu uma militante de uma organização terrorista e a submeteu a sevícias não existe mais. Os procuradores daquele estado de coisas estão todos mortos. Mas, infelizmente, ainda resiste, como uma doença da alma, os que rejeitam os fundamentos da democracia e os tomam como um golpe” (disponível em http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/a-festa-acabou-dilma/). No trecho em comento, ao considerar, como doentes, aqueles que são contrários ao processo de impedimento presidencial e ao qualificar, como terrorista, o movimento de resistência à ditadura militar do qual participava a presidente Dilma, o autor assume um discurso positivista, tentando reduzir a uma perspectiva científica a discussão acerca de uma questão deveras complexa como a do impeachment e adotando uma postura conservadora, de manutenção da ordem na descrição do movimento de enfrentamento da ditadura no Brasil.
Para enriquecer a reflexão sobre a influência positivista na educação, recomenda-se a leitura do artigo Sobre Positivismo e Educação, de Jamil Ibrahim Iskandar e Maria Rute Leal, o qual se encontra disponível no seguinte endereço eletrônico: http://www2.pucpr.br/reol/index.php/DIALOGO?dd1=654&dd99=pdf. Em tal texto, os autores comentam a influência do Positivismo na fragmentação do currículo; na atribuição de superioridade às Ciências Exatas sobre as Ciências Humanas; na valorização das tecnologias educacionais, relegando alunos e professores a plano secundário.
Por fim, não menos importante, há que se salientar a influência do Positivismo no Poder Judiciário, o qual ainda pode ser considerado extremamente conservador, em virtude de não serem incomuns decisões judiciais cientificistas, principalmente aquelas que denegam direitos aos homoafetivos, considerando a orientação deles como não natural, anormal. 

Marcos Paulo Freire - 1º ano/noturno

Muito mais que o lema de uma bandeira

     Augusto Comte foi o criador da sociologia e do positivismo. Sua corrente filosófica surge com a necessidade de uma ciência que compreendesse a sociedade como ela é. No positivismo cada indivíduo tem sua função na sociedade, sendo necessário manter a ordem para atingir o progresso. Comte fala em moral, como uma vigilância dos homens e mulheres sobre a própria humanidade, sendo a ordem uma consequência dessa moral e o trabalho seu eixo principal.
     No Brasil, percebemos a influência positivista claramente, uma vez que nossa bandeira traz o seguinte lema: “ordem e progresso”. Comte fazia a analogia da sociedade com o corpo humano, onde cada órgão tem sua função, cada indivíduo também possui um papel definido. Para o filósofo aquilo que esta “doente” tem que ser retirado, na mesma forma aquilo que é diferente, que atrapalha a ordem social deve ser retirado, ou seja, marginalizado, por isso aqueles que não querem estar no que seria seu lugar previamente definido, tem dificuldades para ocuparem outro lugar, sofrendo com o preconceito por exemplo. Notamos essa visão no Brasil atualmente, quando nos deparamos com pessoas que ainda acreditam que “lugar de mulher é na cozinha”, onde o branco se incomoda com a presença do negro no mesmo espaço, onde criam- se “muros” para separar pobres e ricos, seja um condomínio fechado ou um shopping center, e entre outros exemplos.
     Outra influência do positivismo extremamente presente em nossa sociedade hodierna é a ideia proposta por Comte de que trabalho é o meio para o indivíduo atingir a honra e ser digno. Já no Estado Novo de Vargas sabemos que aquele que não tivesse um trabalho era preso por “vadiagem”, o que levou o nome de lei da vadiagem; em “Memórias de um Sargento de Milícias” de Manuel Antônio de Almeida, obra conhecida por retratar o Brasil como realmente é, conhecemos Leonardinho, que com seu “jeitinho brasileiro”, é considerado o primeiro malandro da literatura e um personagem que retrata o brasileiro, onde ao longo da trama Leonardinho é preso por não trabalhar. Além dos exemplos pretéritos, podemos exemplificar atualmente essa visão de trabalho como forma de atingir a honra com frases como “não trabalha porque não quer” e visões de que o desempregado é vagabundo, que ouvimos com frequência em nosso cotidiano.
     Em suma, o positivismo está intrínseco em nossa sociedade desde os anos passados até hoje e são vários os exemplos de sua influência.
Ana Paula Mittelmann Germer- 1º ano direito noturno

Positivismo no Brasil

August Comte e sua filosofia positivista foram, sem dúvida, grandes influenciadores na política brasileira. No processo da consolidação da República Brasileira, as Forças Armadas estamparam na bandeira brasileira (maior símbolo nacional) o lema positivista: “ordem e progresso”.
Getúlio Vargas, em seu governo, baseou-se na política positivista para implementar as mudanças no país. O investimento nas indústrias de base, obrigatoriedade do ensino básico, intervenção estatal e o nacionalismo patriótico seguiam a lógica positivista de “Amor por princípio, a Ordem por base e o Progresso por fim”.

Atualmente, podemos notar uma clara presença do pensamento positiva no sistema de ensino brasileiro. A organização das carteiras em fileiras, a valorização da área de exatas, o desprezo pelas artes cênicas e música etc. são indícios de um método pautado no desenvolvimento industrial.  Porém, esse conhecimento mecanicista pautado na ordem e progresso não desperta um pensamento crítico e racional. A filosofia, que Comte criticou em sua obra, possui uma importância muito grande para o desenvolvimento do pensamento racional que, de alguma forma, contribui também para o desenvolvimento da sociedade.

João Raul Penariol Fernandes Gomes - 1º ano Direito Noturno