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sábado, 30 de março de 2024

O papel social da mulher e o fato social

 

Muitos avanços sociais ocorreram no contexto feminino desde a primeira onda feminista do século XIX, como a conquista de direitos políticos e a inserção da mulher no mercado de trabalho. Porém, ainda se discute o papel da mulher na sociedade, que permanece na luta pela superação de preconceitos e padrões sociais impostos pela coletividade.

A filósofa Simone de Beauvoir, afirma que não se nasce mulher, mas se torna mulher. Sob essa ótica, desde a infância, as mulheres são ensinas a serem mulheres e a maneira a qual devem agir, seja por brinquedos, brincadeiras, acessórios ou roupas, que apesar de parecerem coisas simples, naturalizam o “papel” da mulher na sociedade como cuidadora do lar e dos filhos e estimulam a feminilidade. Isso se relaciona com os estudos de Émile Durkheim sobre fato social, que segundo ele é toda maneira de agir fixa ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior. Assim, a questão da mulher, encaixa-se perfeitamente na concepção do sociólogo citado, uma vez que a sociedade busca moldar a mulher, desde criança, a seguir o padrão vigente.

Dessa forma, as mulheres que não se encaixam nesse padrão e buscam, ou priorizam, uma carreira profissional em detrimento a vida doméstica, são muitas vezes alvo de críticas e comentários negativos por não cumprirem seu papel social de servir ao marido e gerar filhos, o que seria visto por Durkheim como uma maneira de “restabelecer” a norma.

Portanto, apesar do desenvolvimento social associado às mulheres, ainda há um longo caminho a ser percorrido para alcançar a igualdade de gênero e o reconhecimento e a liberdade plenos das mulheres na sociedade e no mercado de trabalho.

Laura Prado de Souza - Direito matutino


Funcionalismo em colapso

O assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista no Rio de Janeiro chegou mais perto de seu desfecho, recentemente, com a prisão dos suspeitos de serem os mandantes do crime. Segundo as investigações, a morte teria sido motivada pela interferência política por parte da vereadora nas atividades ilícitas dos supostos mandantes. Tal fato é mais um exemplo da desordem e violência que marcam a sociedade do Rio de janeiro. 

Em primeira análise, a cidade do Rio de Janeiro se transformou em um território de disputa por poder e influência entre o Estado, o tráfico de drogas e a milícia. Tal situação surge da inação da primeira instituição frente as demandas sociais, principalmente nas áreas mais vulneráveis- e onde Marielle focava sua atuação política, que passam a ser ocupados por essas organizações paralelas ao Estado. A partir disso, esses grupos utilizam da violência para impor suas normas e práticas ilícitas. 

Nesse contexto, perdem-se os parâmetros legais e sociais que garantem os mínimos direitos e a estabilidade dentro da sociedade. No mesmo sentido, o sociólogo Émile Durkheim aponta, dentro de sua teoria funcionalista, que as falhas das instituições sociais resultam em uma situação de anomia na sociedade, em que não há normas e, consequentemente, coesão social. Dessa forma, nota-se que as diferentes formas de coerção, resultado de uma falha institucional, geram na sociedade do Rio de Janeiro uma corrosão da estrutura social, colocando em risco o funcionalismo social. 

Portanto, a morte de Marielle- vereadora que lutava pela reparação das falhas institucionais- revela a corrosão da estrutura social carioca. Uma vez que, as diferentes formas de coerção distorcem, pouco a pouco, as normas e parâmetros sociaiso que coloca a sociedade à beira da anomia. 

Luccas Pinheiro Nascimento Direito-noturno