Total de visualizações de página (desde out/2009)

domingo, 3 de julho de 2011

Durkheim e o Fato Social

Durkheim estabelece o conceito de Fato Social como principal foco nos estudos sociológicos, diferenciando-os de outros fenômenos sociais que não são objetos de estudo estritos da Sociologia. Ele faz esta discrição baseando-se nos diferentes objetos de escopo da psicologia e das ciências biológicas. Para o autor há muitas diferenças entre os objetos de estudo da Sociologia e das outras ciências (apesar, de que para ele, o Fato Social não difere – em sua essência como “coisa” a ser estudada pelos métodos da razão e observação -). Essas diferenças baseiam-se na visão do autor por um estudo mais profundo dos acontecimentos inerentes à sociedade, ele faz uma crítica ao generalismo com o que certos acontecimentos são chamados de fatos sociais, por exemplo, ele faz uma critica a esse movimento quando diz que alguns estudiosos chamam qualquer fato acontecido no seio da sociedade de fato social, para ele isso é uma iverdade na medida em que vários fatos se sucedem na sociedade, sem de fato serem fatos sociais, pois na medida em que isso é verdadeiro ( qualquer fato ocorrido na sociedade = fato social) a Sociologia fica sem um objeto de estudo definido e delimitado.

Durkheim também critica o método de como alguns autores estudam os objetos de sua análise, pois este método, baseando-se não na análise racional e observatória, mas sim em uma análise ideológica, subjetiva de cada estudioso, desconfiguram o objeto de estudo ao fazer uma analise que vai das idéias às coisas e não das coisas às idéias, atentando e relembrando dos “ídolos da mente” um grande obstáculo da análise cientifica e racional teorizada por Francis Bacon. Há mais, para Durkheim é em sociologia, onde os fenômenos só ocorrem por força humana, que as prenoções e os preconceitos estão em condições mais aptas de “turvar” a visão do estudioso.

Durkheim diverge de Comte no sentido de este último se distanciar das verdades sociológicas, se distanciando dos estudos dos fatos e convergindo sua teorização para uma idéia subjetiva de História e não a História em si. O autor ainda critica Spancer que dizia que a sociedade era erigida na cooperação espontânea dos indivíduos, sem no entanto fazer um estudo objetivo da sociedade. Em verdade, Durkheim crítica os métodos inadequados e/ou ausentes que tais autores se utilizaram para a análise da sociedade.

Para o autor, o conceito de fato social é todo aquele que não depende da vontade do individuo, esta externo a ele, o induzindo a determinadas ações, e tem como substrato o agir do homem em sociedade, de acordo com as regras sociais. Quando o individuo se nega a proceder segundo à vontade social externa e pré-estabelecida ele sofre uma sanção, que visa restabelecer a ordem social vigente. Neste caso, a educação tem um papel fundamental no processo de criar o ser social, interiorizando nele as premissas que a sociedade deseja, dando ao indivíduos visões e idéias que ele não chegaria espontaneamente. Neste processo, o individuo pode até acreditar que algumas idéias são propriamente dele, uma mentira, visto que ele já esta tão acostumado em agir de forma pré-estabelecida que nem se da conta que essas idéias o foram impostas, ele se acostuma e se adapta a elas: “Assim,

também o ar não deixa de ser pesado, embora não sintamos mais seu peso.”.

Para o autor, mesmo que as formas de comportamento que se manifestam no indivíduo traduzem os hábitos forjados em sociedade, daí as ferramentas estatísticas são o melhor meio de se saber como essas predisposições se manifestam em um “estado da alma coletivo”.

Postado por: Rahman Navarro de Freitas Kassim

data: 3 de julho de 2011, às 21:15

A função da divisão do trabalho segundo Durkheim

Para Durkheim existem dois tipos de funções: uma que designa um sistema de movimentos vitais e suas conseqüências e outras vezes aponta a relação de correspondência desses movimentos às necessidades do organismo. É na segunda idéia que reside o termo divisão social do trabalho. Uma função necessária à manutenção da sociedade.

A divisão do trabalho social, para Durkheim, extrapola o limite mais óbvio que é a produção e a reprodução material mais eficiente, para ele, além da divisão prover os meios necessários para a subsistência material (além da acumulação e excedentes produtivos). Essa divisão produz (não tendo em vista fins, pois isso suporia que a divisão do trabalho existe tendo em vista resultados que vamos determinar) esses meios materiais, que somente são alcançadas a partir da concepção da divisão do trabalho como algo solidário e recíproco. Para ele a solidariedade é o elemento chave da existência da vida em sociedade, sem a solidariedade é impossível viver em sociedade, pois é nela que se baseia o convívio social.

A solidariedade acontece na medida em que as necessidades se complementam “Busca-se no diferente aquilo que não se

tem, mas deseja-se”. Isso é fato para causar a amizade e em maior escala é o elemento chave da existência da vida em sociedade “ Somos assim levados a considerar a divisão do trabalho sob um novo aspecto. Neste caso, com efeito, os serviços econômicos que ela pode prestar são pouca coisa ao lado do efeito moral que ela produz, e a sua verdadeira função é criar, entre duas ou várias pessoas um sentimento de solidariedade... “.

A verdadeira função do trabalho social é em suma moral, e não econômica, sua função é gerar solidariedade entre os indivíduos. A partir de definida qual é a função social do trabalho, Durkheim teoriza dois tipos de solidariedade que estão estritamente ligadas ao grau de desenvolvimento da sociedade, e em conseqüência, ao grau de divisão social do trabalho ( quanto mais desenvolvida for a sociedade, maior o grau de divisão social do trabalho, e essas características determinarão o tipo de solidariedade existente na sociedade). Os tipos são: solidariedade mecânica, neste tipo de solidariedade, a sociedade é tão mais coesa (baseadas predominantemente na divisão social familiar e em clãs) e a divisão do trabalho é pouco desenvolvida, sendo esta sociedade primitiva, a ruptura da solidariedade social constitui crime, este crime impõe uma sanção, muitas vezes severa, dado que o que impera neste tipo de sociedade é o direito penal, o crime é punido não de acordo com o seu peso social, mas pelo simples fato de constranger a ordem social. Outro tipo de solidariedade é a solidariedade orgânica, neste tipo de sociedade a divisão do trabalho social é bem desenvolvida, a organização social é mais complexa (mas não exclui os grupos familiares) e esta sociedade sociedade é regida não por um direito penal punitivo, mas outras formas de direito ( civil, administrativo, comercial ...) que são restitutivos. Um crime não abala a ordem social como um todo, tendo um efeito minoritário.

Postado por: Rahman Navarro de Freitas Kassim

data: 3 de julho de 2011, às 21:13

Os porquês dos comportamentos

A sociologia de Weber ao buscar a compreensão do sentido da ação social refuta o materialismo histórico, tido por ele como dogmático, e todo tipo de lei ou ideal obrigatório aplicado à sociologia, uma vez que seu estudo baseia-se, principalmente, na motivação dos indivíduos nas ações sociais.

São levados em consideração no estudo de Weber, enquanto influências na motivação do individuo, mesmo que implicitamente, os valores religiosos, políticos e culturais, além da economia.

Nesse sentido o autor critica Marx ao utilizar o fator econômico como o único e determinante nas ações dos indivíduos, como já dito, ele não o ignora, apenas o considera um dos fatores que, unido aos aspectos culturais, contribui na investigação da ação social. Weber ainda divide as ações sociais em quatro tipos para entender seus procedimentos.

Utilizando-se do método comparativo em suas análises o autor cria um objeto ideal e o coloca em paralelo com o objeto real, existente, conseguindo, assim, organizar a complexidade do real e chegar à verdade científica, fruto dessa comparação.

Observando os métodos de estudo e as idéias de Max Weber (relativização dos aspectos sociais em sua influencia na ação dos indivíduos) é possível perceber sua intenção de buscar uma so­ciologia capaz de revelar as intenções que estão por trás dos comportamentos dos indivíduos.

Proletários, uni-vos!


O Manifesto Comunista escrito por Karl Marx e Friedrich Engels como panfleto político (e não obra científica) para a Liga dos Comunistas trouxe uma visão da história como constante “luta de classes” e uma idéia do capitalismo como sistema econômico criador de uma rede mundial de comércio.

A obra mostrou que o capitalismo e a sociedade burguesa, apesar de terem sido os primeiros a dar provas de que a atividade humana pode empreender, aprofundaram a questão histórica da luta de classes.

A função primeira do Manifesto foi instigar o proletariado a se organizar e derrubar a ordem vigente (capitalista) através da ditadura do proletariado (expropriação do Estado burguês pela classe operária), sendo esse o primeiro passo para o estabelecimento do socialismo (ruptura com a forma de estado vigente através de uma revolução).

Inseridos nesse ideal da obra, os meios de comunicação mais desenvolvidos criados pela indústria moderna auxiliaram a transformação das lutas locais, todas do mesmo caráter, em uma luta nacional entre classes.

Como objetivo final de Marx e Engels ao escreverem a obra tem-se a criação da sociedade comunista a partir da ruína da opressão do poder público, que segundo os autores não passava de um comitê para gerenciar os assuntos comuns de toda a burguesia, e da separação social em classes.


Noções de um socialismo “palpável”

No estudo do socialismo, Friedrich Engels, co-autor do Manifesto Comunista de Karl Marx, notou que o Iluminismo, tido por ele como o momento em que a humanidade desperta para um olhar a si mesma sob a perspectiva da razão, trazendo a emancipação dessa, resultou em uma ordem de privilégios burgueses, focando-se na emancipação apenas da classe burguesa.

O ideal de solidariedade ampla e plena possuída pela sociedade, que geraria um modo de produção onde todos trabalhariam por todos, defendido pelos socialistas utópicos (Robert Owen, Saint-Simon e Charles Fourier) foi criticado por Engels, que sabia que a burguesia não abriria mão de seu "egoísmo", ainda mais tendo em mente a luta travada por essa para chegar ao poder.

Sua critica aos utópicos se apresentou em nome da criação de um socialismo forjado como ciência, tendo nas condições históricas, e não na razão pensante, o motivo para seu surgimento.

Ainda na busca por um socialismo cientifico, o autor defende o abandono da metafísica, assim como a necessidade de uma visão ampla (enfoque em dimensões múltiplas) dos objetos de estudo, eliminando a idéia cartesiana de fragmentação para obter mais clareza no estudo.

Tendo como base o que foi apresentado, percebe-se a importância de Engels quanto a noções introdutórias, posteriormente desenvolvidas no Manifesto comunista, de um socialismo cientifico e aplicável, surgido de um percurso incontornável da história e não como obra do gênio humano.