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quarta-feira, 3 de maio de 2023

contemporaneidade do materialismo histórico dialético

O materialismo histórico dialético é uma teoria desenvolvida por Karl Marx que busca entender a dinâmica da história e da sociedade. Segundo essa teoria, a história é movida por contradições internas e o desenvolvimento das sociedades é resultado das lutas de classes. Na sociedade atual, essa teoria continua sendo relevante e pode ser usada para entender a realidade social e econômica que vivemos.

Em primeira análise, Marx argumenta que a sociedade capitalista é dividida em duas classes sociais fundamentais: a burguesia, que detém os meios de produção e exerce o controle sobre a produção e a distribuição de bens e serviços; e o proletariado, que é obrigado a vender sua força de trabalho para sobreviver. Essa relação de exploração e dominação é a fonte das contradições que movem a história e que geram as mudanças sociais. Na sociedade atual, a teoria do materialismo histórico dialético pode ser aplicada para entender a persistência das desigualdades sociais, que continuam a ser um dos principais desafios enfrentados pelas sociedades contemporâneas. A desigualdade econômica, por exemplo, é evidenciada pela concentração de riqueza nas mãos de uma minoria e pela falta de acesso a recursos básicos por grande parte da população. A teoria marxista ajuda a entender como essa desigualdade é mantida e como a luta de classes pode ser uma forma de superar essa situação.

Além disso, a teoria marxista também pode ser aplicada para entender as crises econômicas e políticas que afetam a sociedade contemporânea. Para Marx, a instabilidade econômica é uma característica inerente ao capitalismo, que é marcado pela busca constante de lucro e pela concorrência acirrada entre as empresas. Essa instabilidade pode levar a crises cíclicas que afetam a economia global e têm impactos negativos sobre a vida das pessoas. Por fim, a teoria do materialismo histórico dialético pode ser usada para entender as mudanças sociais e culturais que ocorrem na sociedade contemporânea. A globalização, por exemplo, é um fenômeno que tem impactos significativos sobre a economia, a cultura e a política em todo o mundo. Ao analisar essas mudanças sob a perspectiva marxista, é possível entender como elas estão relacionadas com as contradições e lutas de classe que movem a história que muitas vezes reforçam a ideologia dominante e contribuem para a manutenção das desigualdades sociais. A teoria também pode ser aplicada para entender a degradação ambiental, uma vez que a exploração desenfreada dos recursos naturais é resultado de um sistema econômico que privilegia o lucro em detrimento da sustentabilidade ambiental.

Em conclusão, o materialismo histórico dialético continua sendo uma teoria relevante na análise da sociedade atual, permitindo-nos compreender as complexas dinâmicas sociais, econômicas e culturais que moldam nosso mundo. A teoria marxista nos ajuda a entender as desigualdades sociais, as crises econômicas e políticas e as mudanças culturais que afetam a sociedade contemporânea.


Giulia Lotti Pupin

RA: 231224761

noturno-direito

primeiro semestre 




A consciência do homem: entre a Reificação e a distinção dos animais.

"A produção das ideias, das representações e da consciência está intimamente ligada à atividade material". Tal ponderação citada por Karl Marx, é congruente ao diferenciar os humanos dos animais, posto que  ao começarem a produzir seus meios de existência, produziram indiretamente  seus meios materiais e suas próprias consciências. No entanto, a partir do momento que surge o Capitalismo com as Revoluções Industriais, por conseguinte, aparece uma classe trabalhadora  que passa a ser subordinada, alienada, precificada e, principalmente, tratada como objeto- o que Marx conceituou como "Reificação do Homem". Por isso, questiona-se: o homem realmente adquiriu consciência a partir da atividade material ou isso é apenas uma utopia?

       Em "A Corrosão do Caráter" de Richard Sennett, Rico, um homem que vive num mundo-altamente caracterizado pela flexibilidade, relações de "curto prazo", instabilidade e desconfiança- é uma prova da quão inconsciente o ser humano pode ser (ou pode parecer), especialmente, quando não fala que foi demitido, mas que enfrentou uma crise e teve que tomar uma decisão. Ele, na verdade, assumiu uma responsabilidade como se fosse culpa dele, o que não é, já que isso faz parte da sociedade e do sistema econômico do qual ele vive-a objetificação e fácil eliminação daquele que não é mais útil. E, também, a culpabilização daquele que é a verdadeira vítima da história.

         No mesmo livro, é possível analisar Enrico, pai de Rico, que viveu em um mundo completamente contrário, pós Guerras Mundiais, pós Grande Depressão, com um Estado forte e centralizado, sindicatos bem organizados. Esse meio material influenciou a sua condição de existência, uma vida linear, engessada, fordista, rígida, disciplinada e, sobretudo, um pouco mais consciente sobre sua classe social, seu aspecto de oprimido. Isso o induziu a criar seu filho de forma sistemática, prezando para que ele pudesse ascender socialmente e um dia ser parte da classe dominante. O que o pai não imaginava era que ao seu filho ser parte dessa "nova classe", iria ter vergonha de suas origens e que, também sofreria, de outras formas (com demissões) em relação aos opressores.

          Destarte, a consciência ainda é limitada, mesmo que Marx justifique que seja o fator que nos diferencie em relação aos animais. Isso porque há uma alienação na própria criação dos meios de existência e nos meios materiais, como acontece com Rico, quando se vê culpabilizando a si mesmo por ter sido demitido. E isso é muito relacionado com o próprio sistema financeiro, a curto-prazo, instável, reificado.

            Isabela Junqueira, 1° ano Direito (Matutino)

            RA: 231223315

Alienação social

 

A principio é fundamental entender a relação entre Richard Sennett e Karl Marx. O primeiro, é um sociólogo e historiador norte-americano que defende a tese de que o imperativo da flexibilidade é imposto por uma nova configuração econômica - o “novo capitalismo”, ou seja, uma sociedade em que as novas tecnologias escravizam mais pessoas do que nunca.  No entanto, para o segundo autor, existem fatores estruturais que se repetem em todas as sociedades: modo de produção material e a Luta de classes. Em todas as sociedades, também, o trabalho é visto como a base da vida social, capaz de moldar as relações humanas, trabalho como plataforma da história. Então, há uma relação entre o modo como as pessoas produzem sua substância – modo de produção material. E o modo como elas compreendem o sentido de suas vidas e constroem suas relações socias. Dessa forma, os dois autores dialogam ao argumentarem sobre o capitalismo e sua relação com o homem em sociedade.

Sob efeito do capitalismo tem-se a alienação causada pelo consumo em um sistema social e politico destrutivo a quem vive nele. Assim sendo, vale conceituar esse problema, alienação do trabalho: objeto do trabalho não pertence mais ao trabalhado, processo de trabalho perde o sentido e a vida social, aos poucos, torna-se também desprovida de sentido (fetiche da mercadoria ou consciência retificada). Logo, esse sistema produtivo é capaz de gerar alienação individual. Consequentemente, fenômenos como os fetichismos passam a ser comum. Diante disso, Sennett quem nos dá uma bela descrição desse tempo, centrando parte de sua análise justamente no significado do “fetichismo da mercadoria” para entender as bases culturais que originaram a sociedade do consumo, que uma perspectiva exclusiva da produção não permitiria apreender. Baseado em histórias da época, o autor vai revelar como, já nas últimas décadas, era possível ver como os donos das lojas de departamento “começaram a trabalhar mais o caráter de espetáculo de suas empresas, de maneira quase deliberada”. Esses proprietários descobriram que associar um vestido feito à máquina à foto de uma duquesa X lhe conferia um status que não tinha relação nenhuma com o próprio vestido, e do mesmo modo, ao pôr uma simples caçarola em uma réplica de um harém mourisco na vitrine de uma loja, dava a esse objeto um “inexplicável” poder de atração. Ante os expostos, é comum observar marcas como Nike e Adidas garantirem espaço do público, pelo fato de ser das marcas, não muito pelo produto em si. Posto isso, é fundamental frisar que o consumo leva á alienação e uma falsa sensação de existência.

 

Bianca Regina Pinheiro

1° ano Direito - Noturno

RA: 231220138

A consciência social

A principal diferença entre os animais e os seres humanos está na ausência e na presença de consciência, respectivamente. Mas de onde vem essa consciência? O que a define? 
Segundo Marx e Engels, ela depende das condições materiais de produção e coincide com o que e como a sociedade produz os bens materiais, ou seja, ela é um produto social, é definida pela vida. 
Quer dizer, diferentes nações, diferentes sociedades, diferentes consciências têm estágios de desenvolvimento das forças produtivas e das divisões de trabalho. 
Então, uma vez que a consciência que rege a sociedade é determinada pelos meios de produção, a classe que os domina também domina o "poder espiritual" através das ideias de dominação. Elas não são tão aparentes assim, muito pelo contrário, elas se apresentam de forma sutil como se fossem ideias naturais e universais que vão sendo naturalizadas e incorporadas pela classe dominada, até que se tornem as únicas ideias válidas na sociedade. 
Além de dominar os meios de produção, o mercado e as ideias, a classe dominante também detém o poder político, tendo assim, todos os setores da sociedade nas mãos. 
Com o passar do tempo, a classe dominante vai mudando conforme o mercado e os meios de produção também forem mudando. Para uma nova classe se estabelecer no poder, ela tem que conseguir uma base mais ampla do que a classe que dominava anteriormente tinha, negar as ideias que já existiam e ser mais radical e decisiva do que as de antes já foram. 
 Assim podemos concluir que a criação material é a base de todo o mundo sensível. 

Giovanna de Moraes Pereira- 1º ano noturno
RA: 231223706

Tempo: Um deus? Um fenômeno? Uma forma de controle?

     Tempo, substantivo comum que à priori se refere à mudança de números, seja em um relógio, em um celular, em um computador, que nos mostra uma mudança, mas o que significa exatamente? Há somente um significado? O que seria e o que representa essa mudança que pode ser vista em segundos, minutos, horas, etc? O que é o tempo realmente?

    Esse substantivo, por mais simples que pareça, é o tema de muitos pensamentos e ideias, afinal o que seria esse substantivo? Na música de Caetano Veloso, “Oração ao Tempo” percebe-se o tempo visto não somente como um fenômeno natural, mas um deus: “Por seres tão inventivo/ E pareceres contínuo/ Tempo, tempo, tempo, tempo/ És um dos deuses mais lindos/ Tempo, tempo, tempo, tempo”. O tempo também já foi e continua sendo uma grande reflexão filosófica quando nos lembramos, por exemplo, da obra de Santo Agostinho, Confissões, livro 11, que aborda sobre o quão difícil se torna a busca por um conceito, por uma definição de tempo. Também temos de um lado, Platão defendendo o passado como forma ilimitada do tempo, enquanto de outro lado vemos filósofos medievais defendendo a ideia de que é finito e portanto todas as coisas possuem início e fim. No entanto, essa questão não fica somente no ramo da filosofia, passando também à física, afinal como estudar o tempo? É possível voltar no tempo? O tempo é uma unidade de medida criada e usada somente por humanos? Temos um exemplo disso na série alemã, Dark, que trata do assunto de viagem no tempo, tratando-o não como um mero fenômeno, um mero acaso, mas um deus que traça e muda a vida das pessoas, sendo essa, uma produção que nos traz muitos questionamentos sobre esse tema tão complicado com frases do célebre físico Albert Einstein como “ A diferença entre passado, presente e futuro é somente uma persistente ilusão”, além de conceitos físicos como o Paradoxo de Bootstrap, a Teoria da Relatividade Geral, a Ponte de Einstein-Rosen (e como isso se liga com possíveis buracos de minhoca provenientes de buracos negros). Entretanto, afinal, se existem tantas discussões sobre o tempo em tantas áreas, seria possível o tempo ser enxergado de maneira social? Poderia ser o tempo uma ferramenta de controle social?

No livro, “A corrosão do caráter”, capítulo “a deriva”, o sociólogo estadunidense Richard Sennett traz ao leitor a história de Enrico, um imigrante italiano em busca de condições sociais melhores, e seu filho Rico quando já adulto. O capítulo começa contando um pouco sobre a vida do italiano em terras estadunidenses, sobre seu trabalho (de faxineiro) que não lhe permite uma ascensão grande ao ponto de sair de uma posição de emprego que se encontra numa categoria de prestígio baixa. Podemos entender a luta de Enrico para melhorar de vida, e que embora passe a maior parte de seu tempo trabalhando, logra algumas conquistas como comprar uma casa para mudar para um bairro considerado melhor, juntar economias, seu filho consegue ir à universidade e se formar. Passando um pouco o capítulo, Sennett nos descreve o encontro que teve com o filho de Enrico, Rico, anos depois e que no primeiro olhar, já conseguiu notar uma postura proveniente de Rico que tenta passar uma ideia de ter vindo de uma classe social mais alta desde seu nascimento, o que Sennett sabe que não é verdade. Mais para frente, entramos no diálogo entre o sociólogo e o filho de Enrico, mas uma coisa que chama muita atenção é a forma com que o tempo é tratado nesse diálogo e na vida atual de Rico. Se antes, seu pai, por mais que tivesse de trabalhar incessantemente para alcançar o famoso termo American Dream, mantinha laços com seus colegas de trabalho, passava tempo ensinando e passando coisas para seu filho, além de usar uma parte de seu tempo para ser presente para a família, nos remetendo à uma frase utilizada no começo do livro que diz que o tempo é o único recurso grátis para o que se encontram no fundo da sociedade. Quando olhamos para Rico, vemos que o tempo, o mesmo fenômeno presente na vida de seu pai, possui agora, outro significado, afinal Rico não possui tempo suficiente para passar com seus filhos, sua vida é um emaranhado de inseguranças sobre como será o trabalho no dia de amanhã, se ele e sua família terão de mudar de cidade, de estado, resultando em: tempo para compartilhar com amigos? Não há. Tempo para criar laços com pessoas, com lembranças? A vida está corrida demais para isso. Tempo para simplesmente fazer nada? Não existe, afinal o tempo representa o que mais vale numa sociedade movida pelo capitalismo, o dinheiro.

    Analisando brevemente essa relação de Enrico e Rico com o tempo, surge a questão… Seria o tempo uma forma de se controlar as pessoas? Afinal, como não posso decidir, nem que por um dia, o que fazer com os números de segundos, minutos, horas que representam minha vida? A jaula de ferro, conceito criado por Max Weber, traz à tona a estrutura burocrática que torna possível a racionalização do acúmulo de tempo, como se o tempo fosse algo palpável que podemos guardar na gaveta de casa. Enquanto pessoas acordam uma semana em cada lugar, sem a preocupação de manter sua subsistência básica, podendo usar seu tempo da maneira que sua racionalidade, seus pensamentos decidam, vemos a maior parte das pessoas utilizando seu tempo em um emprego por muitas vezes repetitivo, que não há ganho intelectual, além de horas no transporte público, para conseguir o mínimo para a existência, a sobrevivência no lugar da vivência, a falta de tempo para os filhos, para os amigos, para aquele livro que tem páginas demais, para que ao final sequer possam comprar um molho de tomate mais saudável no supermercado e acabem optando de maneira não livre a levar um molho industrializado, prejudicial a saúde, porém mais barato. Como pode o tempo ser ao mesmo tempo uma coisa que não para, uma coisa que nos deixa presos? Como pode o tempo, um deus, um fenômeno natural, uma abstração, ser utilizado para um aprisionamento normalizado? Para que eu passe mais tempo dentro de um ônibus que ensinando meu filho a ler, que cultivando memórias pelas pessoas e situações pelas quais tenho afeto? Como pode o ser humano buscar relações duradouras,  buscar narrativas de identidade se tudo parece uma série composta de episódios curtos para se ver no intervalo de almoço, de stories do tiktok que duram trinta segundos, de fragmentos? Quando o tempo vai ser utilizado para que sejamos livres e esse sentimento finalmente nos pertença? Nem toda prisão precisa ter grade.


Maria Eduarda S. Lago - Noturno
231221037