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sexta-feira, 6 de abril de 2012

Sobre Descartes, o mecanicismo, o dualismo e o mundo real


Em 1637, a comunidade científica se deparava com um marco de grande mudança em seu pensamento devido à publicação da principal obra filosófica de René Descartes: O Discurso do Método.
Neste período, o universo era interpretado como uma máquina, dotada de autonomia  e cujo funcionamento era estritamente mecânico, passível de análise matemática e objetiva. Com Descartes instituiu-se o pensamento dualista, pelo qual há a compreensão de que a natureza e o homem, especificamente, são compostos por uma porção física (material) e outra espiritual (a alma), ambas interligadas e interdependentes. No caso dos seres humanos a função de conexão entre tais partes era realizada pela glândula pineal, hoje chamada Hipófise pelas neurociências.
Até hoje, a visão dualista de Descartes se manifesta primariamente na Religião, na “parapsicologia” e nas demais “paraciências” que têm como objetivo explicar o mundo sem levar em consideração teorias cientificas mais modernas, complexas e embasadas, exprimindo uma visão de mundo um tanto simplória. Por exemplo, hoje é sabido que o funcionamento físico de dado organismo é resultado de uma interação química, tanto no âmbito mental quanto no muscular, tal como afirmado na posição monista de certas correntes cientificas.
Não obstante, a visão mecanicista de Descartes foi igualmente superada pela interpretação Dialética dos fenômenos – inclusive socioeconômicos e psicológicos – de forma que todo objeto de estudo é passível de analise como contradição de um mesmo fato, partindo de distintos pontos de vistas.
Assim, embora revolucionário em seu tempo e de inegável significância na composição histórico, social e cientifica de nosso universo de conhecimento, Descartes não pode ser lido sem que se leve em consideração seu contexto: um mundo recém-saído das trevas culturais e extremamente influenciado pela crença religiosa.

Exatidão baconiana

Diferentemente do Racionalismo de Descartes que defendia a capacidade humana de se conhecer pela razão, o Empirismo de Bacon aposta na experiência científica  e na verificação das teorias.
Essa corrente afirma que dados fornecidos pelo próprio sentido humano são importantes, principalmente, se o homem utilizar um método adequado e submetê-los a experiências para obter o conhecimento.
Fazer uso da mente sem mecanismos que a regulem é um erro, isso pois, a mente  quando guiada  por si mesma não é exata, desencadeando o chamado senso comum.
Bacon, fundador do Empirismo, também critica Aristóteles e sua Lógica Formal. O método do filósofo grego assenta-se no caráter dedutivo, ou seja, conclui-se algo a partir de uma ideia universal. Para Bacon, a lógica aristotélica nada acrescenta ao indivíduo, logo a ciência não pode guiar-se por esse caminho.
Bacon, defende, portanto, a utilização da mente junto com experiências. Conhecido como "Método Indutivo de Bacon" , consiste em submeter os fenômenos a testes para conferir exatidão a eles. Tal método mantém-se vivo até hoje, pois os experimentos científicos são testados inúmeras vezes antes de tornarem-se leis.