Friedrich Engels, no seu texto "Do
socialismo utópico ao socialismo científico", defende o Materialismo
Dialético (concepção criada por ele e Karl Marx no século XIX) como método
científico.
O Materialismo Dialético entende que a
existência humana em sociedade é condicionada pela sua base material: o
capital, as matérias-primas (os recursos naturais) e os meios de produção
(fábricas, máquinas). Os que detêm a propriedade destas riquezas formam a
classe dominante (burguesia), uma minoria que para produzir explora a
mão-de-obra da classe proletária (maioria) que, não sendo proprietários, têm
que vender sua força de trabalho. Mas a sociedade é dinâmica, a História está
sempre em movimento, e este movimento é Dialético: esta oposição entre Capital
e Trabalho, a luta entre estas duas classes antagônicas resultaria na superação
para uma nova sociedade, onde não haveria mais propriedade privada destes meios
de produção, que seria coletiva, e, portanto, estariam extintas também as
classes sociais.
Para entender a Dialética: dada uma tese, esta produzirá
o seu contrário, uma antítese, e o confronto entre tese e antítese vai
resultar, num estágio mais avançado, uma síntese. Esta Síntese se constitui
numa nova Tese, e assim dando continuidade ao movimento. Também para ilustrar
esse pensamento de Engels, deixo esse poema do poeta brasileiro João Batista do
Lago:
"ANOMIA
Perambula pela tonta
cidade
O exército dos deserdados
Há muito condenado
Perdido e desgraçado da sorte
O exército dos deserdados
Há muito condenado
Perdido e desgraçado da sorte
Anômico mendiga uma
naca de felicidade
Esses soldados da infeliz cidade
Não conseguem essa guerra vencer
E assim desesperam dia-a-dia no viver
Esses soldados da infeliz cidade
Não conseguem essa guerra vencer
E assim desesperam dia-a-dia no viver
Vêem dia-a-dia a
esperança morrer (mas)
Sem trabalho si morrem em cada alvorecer
E a cidade… Ó, infeliz cidade!
Anônima de toda felicidade
Sem trabalho si morrem em cada alvorecer
E a cidade… Ó, infeliz cidade!
Anônima de toda felicidade
Enfileira sua
miséria encantada
E transforma a vida dos deserdados
Em campo de concentração de miseráveis
Ah, povo dos trabalhadores!
E transforma a vida dos deserdados
Em campo de concentração de miseráveis
Ah, povo dos trabalhadores!
Povo deserdado.
Povo condenado.
Povo vexado.
Povo marcado.
Povo condenado.
Povo vexado.
Povo marcado.
Não esperem que o
céu resolva suas dores
Essa divinal esperança só aumenta seus horrores
Isso não é destino de Deus: é do homem a miserável economia!
Que encerra todas as gentes no inferno da anomia"
Essa divinal esperança só aumenta seus horrores
Isso não é destino de Deus: é do homem a miserável economia!
Que encerra todas as gentes no inferno da anomia"