Produzido por Guilherme del Toro, o filme “Mama” recebeu
várias críticas positivas em 2013. Resumidamente, a história mostra duas meninas que são deixadas pelo pai em uma cabana abandonada e,
cinco anos depois, são encontradas com hábitos selvagens, semelhantes aos de um
animal irracional. Fruto da convivência com um ser sobrenatural, tais práticas
foram sendo absorvidas pelas jovens e se tornaram comuns após um tempo. Embora faça parte de um filme
fictício, o longa-metragem ilustra muito bem o objeto de estudo de Émile
Durkheim, que é o fato social, e o papel da educação como modeladora do ser
social. Para o sociólogo, fato social são tipos de comportamento ou de
pensamento que não são apenas exteriores, mas que são dotados de uma força
imperativa e coercitiva sobre o indivíduo, seja contra a sua vontade seja de
acordo com ela. Apesar de apresentado pelo sociólogo no século XIX, esse fenômeno
atinge negativamente a igualdade de gêneros na atualidade. Desse modo, cabe
ressaltar os principais fatores que potencializam esse problema e suas devidas
consequências para a figura feminina no Brasil.
Nesse contexto, é
interessante destacar que a mídia e a família são fundamentais para o
enraizamento da mentalidade machista no meio social. Desde a
infância, a mulher é apresentada, coercitivamente, como sexo frágil e incapaz
de ascender socialmente. Enquanto vários canais midiáticos as apresentam como
objeto sexual, o núcleo familiar conservador institui uma regra básica para seu
funcionamento: “Os meninos devem ter um trabalho remunerado e as meninas precisam
cuidar das tarefas rotineiras da casa”.
Por conseguinte, há a ascensão de
assédios morais e sexuais e a desvalorização da mulher no mercado de trabalho. É
notório que a figura feminina adquiriu menor índice de privilégios em relação
aos homens na área profissional. Segundo uma matéria do jornal “O Globo”, as
brasileiras, por exemplo, ganham até 38%
menos que homens na mesma função. Tal fato
somado a cultura patriarcal historicamente construída dificulta avanços nessa
questão.
Fica evidente,
portanto, a falsa noção de autonomia que os indivíduos têm e a necessidade de
combater as disparidades impostas na contemporaneidade. Para isso, o Ministério
do Trabalho juntamente com as empresas devem destinar uma porcentagem de cargos
apenas às mulheres. Também, cabe aos canais midiáticos criar novelas e reportagens
acerca da importância desse gênero, e às famílias promoverem uma educação
baseada na igualdade. É importante, apenas, lutar contra o fato social
instituído e transformar a maneira de se educar as crianças. Talvez, dessa
maneira, os futuros adultos tornar-se-ão justos e o mundo repleto de cidadãos mentalmente
mudados.
Leonardo de Oliveira Baroni - Direito (Noturno).
Leonardo de Oliveira Baroni - Direito (Noturno).