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sexta-feira, 6 de abril de 2018

Indivíduos autônomos?


Produzido por Guilherme del Toro, o filme “Mama” recebeu várias críticas positivas em 2013. Resumidamente, a história mostra duas meninas que são deixadas pelo pai em uma cabana abandonada e, cinco anos depois, são encontradas com hábitos selvagens, semelhantes aos de um animal irracional. Fruto da convivência com um ser sobrenatural, tais práticas foram sendo absorvidas pelas jovens e se tornaram comuns após um tempo. Embora faça parte de um filme fictício, o longa-metragem ilustra muito bem o objeto de estudo de Émile Durkheim, que é o fato social, e o papel da educação como modeladora do ser social. Para o sociólogo, fato social são tipos de comportamento ou de pensamento que não são apenas exteriores, mas que são dotados de uma força imperativa e coercitiva sobre o indivíduo, seja contra a sua vontade seja de acordo com ela. Apesar de apresentado pelo sociólogo no século XIX, esse fenômeno atinge negativamente a igualdade de gêneros na atualidade. Desse modo, cabe ressaltar os principais fatores que potencializam esse problema e suas devidas consequências para a figura feminina no Brasil.
 Nesse contexto, é interessante destacar que a mídia e a família são fundamentais para o enraizamento da mentalidade machista no meio social. Desde a infância, a mulher é apresentada, coercitivamente, como sexo frágil e incapaz de ascender socialmente. Enquanto vários canais midiáticos as apresentam como objeto sexual, o núcleo familiar conservador institui uma regra básica para seu funcionamento: “Os meninos devem ter um trabalho remunerado e as meninas precisam cuidar das tarefas rotineiras da casa”.
Por conseguinte, há a ascensão de assédios morais e sexuais e a desvalorização da mulher no mercado de trabalho. É notório que a figura feminina adquiriu menor índice de privilégios em relação aos homens na área profissional. Segundo uma matéria do jornal “O Globo”, as brasileiras, por exemplo, ganham até 38% menos que homens na mesma função. Tal fato somado a cultura patriarcal historicamente construída dificulta avanços nessa questão.
            Fica evidente, portanto, a falsa noção de autonomia que os indivíduos têm e a necessidade de combater as disparidades impostas na contemporaneidade. Para isso, o Ministério do Trabalho juntamente com as empresas devem destinar uma porcentagem de cargos apenas às mulheres. Também, cabe aos canais midiáticos criar novelas e reportagens acerca da importância desse gênero, e às famílias promoverem uma educação baseada na igualdade. É importante, apenas, lutar contra o fato social instituído e transformar a maneira de se educar as crianças. Talvez, dessa maneira, os futuros adultos tornar-se-ão justos e o mundo repleto de cidadãos mentalmente mudados.

Leonardo de Oliveira Baroni - Direito (Noturno).