Ao serem estudadas, as propostas do Positivismo, de Comte, podem dizer muito a respeito da nossa sociedade. Posto que é defendido o desenvolvimento da mesma por meio da ordem, nos cabe questionar se hoje é possível dizer que essa dinâmica vem do estático, do organizado. Mas, pelo visto, não.
O que seria o empoderamento das mulheres sem a queima do primeiro sutiã? O que seria a institucionalização do casamento homoafetivo sem o primeiro? O que seria o progresso sem a ruptura?
O que temos aqui são desconstruções que alimentaram e alimentam a liberdade individual, o respeito mútuo e, por consequência, o desenvolvimento das nações, pois o padrão esvaiu-se a ponto de permitir essas mudanças - ou seja, o dinâmico.
Claramente, esse padrão é institucionalizado pela ordem e pela necessidade de manter o estático, sendo essa última geradora de muitos questionamentos.
Mas, que ordem é essa? De onde veio? Em que ela se inspirou? No mínimo, podemos dizer que a ordem veio para limitar e padronizar o comportamento humano, a fim de estabelecer o normal, o esperado e o moralmente colocado e, assim, evitar as possíveis anomalias - se esquecendo, então, da essência de cada indivíduo e de sua particularidade.
Por isso, no que se diz respeito ao analisado por Comte, não há como defender que o comportamento do indivíduo seja guiado por leis invariáveis e, por assim ser, seguir a ordem pré-estabelecida pela própria sociedade. Nós não somos padrão e não devemos segui-lo, pois somos individuais.
Felizmente, essas atitudes estáticas vêm se dinamizando e, como muito defendido, proporcionando o desenvolvimento da humanidade, quanto estrutura complexa e repleta de particularidades de seus componentes.
Mas, aliás, o que é desenvolver-se?
Vivian Facioli H. Mello - 1ª ano noturno
Este é um espaço para as discussões da disciplina de Sociologia Geral e Jurídica do curso de Direito da UNESP/Franca. É um espaço dedicado à iniciação à "ciência da sociedade". Os textos e visões de mundo aqui presentes não representam a opinião do professor da disciplina e coordenador do blog. Refletem, com efeito, a diversidade de opiniões que devem caracterizar o "fazer científico" e a Universidade. (Coordenação: Prof. Dr. Agnaldo de Sousa Barbosa)
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sábado, 12 de agosto de 2017
O Existir e o Progresso
Nós
vemos, através de lentes da ciência, uma enorme evolução da vida.
Melhorias
que pensávamos ser inalcançáveis.
Temos
uma esperança coletiva: a Terra.
Entretanto,
incontáveis pessoas permanecem sem esperança, famintas e cercadas de calamidades.
Sofredores
enrolados em meio à tanta instabilidade.
Pessoas
matam e são mortas em nome de um conceito alheio sobre Deus.
Nós
admitimos que os nossos preceitos, pensamentos e comportamentos são formados mediante
uma visão de que o mundo gira em torno de nós? Uma crença na qual estamos
sempre no centro?
Cada
conflito fabricado, guerra, bombardeio, atentado terrorista, ditador ficcional,
tendência ou partido fazem parte das cortinas de conflitos raciais, étnicos,
religiosos, nacionais e culturais da sociedade.
O
universo está em constante expansão.
É
possível que nunca pare.
Não
importa a grandeza de nosso mundo e suas riquezas, nossos corações, nossas
mentes e pensamentos.
O
universo é maior.
De
uma forma que é indispensável a constante busca de progresso.
Há
mais estrelas no universo do que grãos de areia nas praias do mundo.
Há
mais estrelas no universo do que segundos de tempo que passaram desde que a Terra
se formou.
Há
mais estrelas do que palavras e sons que já foram pronunciados e escritos por
toda espécie humana.
Imagine
a pluralidade de planetas e suas formas de vida.
O
dia em que encerrarmos a exploração, seja de nossa própria Terra ou do espaço
ao redor e além dos nossos sonhos, será o dia em que estaremos pondo em xeque a
continuação do viver de nossa espécie.
Estaríamos
propensos a agir sobre os nossos preconceitos?
Grandes
chances.
Observar-se-ia
o último suspiro da engenhosa iluminação humana.
Isso
até o surgimento de uma nova cultura.
Que
retomaria tal a perspectiva cósmica.
Perspectiva
na qual somos um só.
Não
estando nem acima nem abaixo, mas sim juntos.
Progredindo
e existindo.
Devaneios
de um patriota: como organizar a nação brasileira?
Auguste Comte, nasceu na França em 1798,
logo após a ocorrência da Revolução Francesa. Essa revolução promoveu a
dissolução do antigo regime, marcado pelo despotismo dos monarcas, culminando
em uma crise de valores que somente fora restabelecida com a ruptura. Portanto,
Ele desenvolve sua teoria em meio a um ambiente de euforia e esperança, tendo como
principal objetivo reorganizar a sociedade e melhorar as condições de vida dos
cidadãos.
Após essa breve introdução histórica
abordarei, sob perspectiva comtiana com algumas alterações, como podemos
organizar a nação brasileira em três etapas: Amor, Ordem e Progresso. Perceba
caro leitor que meu esquema seguirá o seguinte lema positivista: "O Amor por princípio e a Ordem por base; o
Progresso por fim" – no entanto, não sou adepto dessa ideologia e de
nenhuma outra, apenas estou demonstrando algo que acredito que daria resultado. O objetivo seria evitar as pragas
sociais enraizadas por conta do descaso dos representantes e dos representados,
além da restauração de valores como honra, justiça e, principalmente, respeito.
De início: “O Amor por princípio”. Para se
organizar um país como o Brasil, devemos investir a maior porcentagem dos
recursos na educação de base e, infelizmente, esquecer aqueles que já estão
mais avançados, promovendo uma completa reforma intelectual e cultural. Assim,
com o passar do tempo, poderíamos focar os investimentos em níveis mais
elevados da educação e mantendo os anteriores. O fator cultural é o mais
importante pois ele provém dos costumes, sendo muito difícil modifica-lo em
curto prazo. Com escola pública de qualidade, não haveria diferenças
discrepantes entre as particulares, além de aquele cidadão possuir maior
instrução, acarretando em melhora de sua condição social, bem como de escolha
de melhores representantes para governar o país. Assim que a estrutura
educacional estiver bem desenvolvida e sólida, o que pode demorar alguns anos,
talvez décadas, deve-se prosseguir para a etapa seguinte.
Prosseguindo: “a Ordem por base”.
Nessa etapa o mais importante a ser feito seria o corte de gastos públicos com
demasiados programas sociais e assim, o reinvestimento no combate à atos
ilegais, melhorando o efetivo militar, salários, combate ao tráfico e suas
vertentes, entre outros. Note que não estou dizendo que programas sociais não
são importantes para a nação, muito menos querendo impor uma ditadura - apesar
de concordar que a mudança social de curto prazo se faz por meio de rupturas
que tenham como espelho a democracia - mas sim mencionando que os programas
sociais não seriam de grande relevância nessa fase, visto que a primeira se
concretizou. Porém, confesso que futuramente alguns programas essenciais
deverão ser reintegrados nos investimentos governamentais.
“o Progresso por fim”. Com uma sociedade
mais instruída, com amplo combate à pobreza e criminalidade, os cidadãos
poderiam agregar no desenvolvimento da nação como um todo. O governo somente
teria o papel de manter a qualidade dos serviços públicos, que, em alguns
casos, para melhor gestão devem ser parcerias público-privadas.
Gabriel
Marcolongo Paulino – 1°Ano Direito/Noturno
Positivadamente Entorpecido
Tive um sonho estranho. Um emaranhado de
imagens distorcidas manifestava-se perante meus olhos fechados. Não sabia o que
sonhava, não tinha ideia do que via, mas sentia medo por sentir que caia em
meio a ideias que não eram minhas. Acordei assustado, embriagado por um
entorpecente que não tinha usado.
O sofá machucava minhas costas e a
televisão ligada emitia um barulho ensurdecedor. Engraçado como mesmo depois de
desligada, continuava a incomodar. Me senti estranho, como se algo estivesse
fora do lugar. Meus olhos percorriam a sala em busca do objeto
“disfuncionalizado” sem sucesso, até que percebi o erro. Não enxergava.
Via, no entanto. Era capaz de ver os
objetos dispostos na sala, a mobília simetricamente organizada, a garrafa de
cerveja vazia ao lado dos restos do aperitivo que eu ingeria anteriormente
assistindo ao jogo. Via os livros na estante, organizados em ordem alfabética e
meu gato adormecido, suspirando regularmente enquanto abraçava o pé gelado da
mesa de centro. Via tudo, mas não enxergava nada. Era como se eu pudesse ver
apenas aquilo que estava ali, visível, concreto e real. Como se tudo fizesse
parte de uma realidade superficial da qual eu não era capaz de extrair uma
única verdade profunda, onde nada tinha um significado e tudo era regido por
leis imutáveis.
Sempre soube da existência de leis
positivadas regendo a ordem universal, mas me considerava um anormal. Julgava
ser diferente e alheio àquele sistema. Me negava a ser uma mera marionete moldada
e funcionalizada por um desconhecido. Mas agora não conseguia mais enxergar
aquele mundo transcendental que tanto amava, e tudo era demasiadamente normal.
Me levantei com dificuldade, jurei a mim
mesmo e às minhas costas que não mais dormiria naquele maldito sofá. Comecei a
andar pelos cômodos e a correr pelos corredores. Era estranho. Quanto mais
rápido eu me movia mais estático o mundo estava. Como se não importasse o que
eu fizesse, nada jamais fosse mudar. Estava tudo muito parado, como se a Terra
não girasse e o ponteiro do relógio estivesse sempre travado no mesmo lugar. O
mundo estava estático e imutável, e eu estava cego.
Olhei para meus livros e fui em direção a
eles. Uma dor indescritível me abraçou quando percebi que só conseguia ver suas
capas. Um livro fora do lugar me chamou a atenção. Era mais normal do que os
outros, continha um nome esquisito e versava alguma baboseira sobre uma
filosofia positiva. Abri-o e me surpreendi ao perceber que não era capaz de
ler. Via as letras formando palavras e as palavras formando frases, mas era
incapaz de extrair qualquer significado. O mundo era ordenadamente perfeito e
nada mais tinha a se aprender, a vida era demasiadamente simples e qualquer um
poderia entender. Nada transcendia a realidade e tudo não passava de mera
normalidade.
Decidi que precisava culpar alguém. Algo
não estava certo, eu estava quebrado, estragado... e tinham feito isso comigo.
Decidi culpar o livro. Aquele livro ordinariamente normal limitara minha visão
e simplificara tudo. De alguma forma, não era como se eu tivesse apenas o lido
na semana anterior e debatido minhas concepções com as do autor, mas como se eu
tivesse incorporado um posicionamento que não era meu.
Não sabia o que fazer e cheguei à que me
pareceu a única solução possível. Ateei fogo naquele ordinário. As labaredas
dançavam, cada vez mais belas e maiores. O estalar do fogo reproduzia a mais
bela sinfonia. Absorto pelas chamas, eu estava imóvel. Hipnotizado pela única
coisa naquela realidade que parecia se mover com sentido, que parecia ter vida.
Um gato miou estridentemente e uma garrafa
se estilhaçou após uma pancada surda. A televisão parara de fazer barulho e
apenas refletia as graciosas chamas. O maldito sofá já não mais machucaria
costa alguma. O teto desabava e alguém lá fora gritava por ajuda. Mas nada
importava. As chamas estavam vivas, não estavam estáticas e definitivamente não
eram ordinariamente normais. Entorpecido por elas, cometi mais um único erro
proveniente da visão superficial da realidade. Me esqueci de deixar a casa.
E por fim, aquele mundo tal qual eu
conhecera de fato acabara...
Abner Santana de Oliveira- 1º Ano. Direito. Noturno.
POSITIVISMO SOCIAL
2014. Rio de Janeiro. Zona Norte. Morro da
Congonha.
"Domingo
de manhã, saí cedo para comprar pão para minha família. Era um final de semana
como outro qualquer. Comumente, a PMRJ já estava subindo o morro, para mais uma
operação.
Pedi
10 pãezinhos para o Seu Zé, que separou prontamente, perguntou-me:
-
Cacau, como estão as crianças, os sobrinhos e o Alexandre?
-
Estão todos bem – respondi com simpatia.
Saí
prontamente para casa. No caminho ouvi um estrondo, e senti uma leve falta de
ar. Olhei no meu peito e vi sangue. Naquele momento senti um misto de terror, agonia
e preocupação. Pensei, o que aconteceria comigo e com a minha família? Seria mais
um número nas estatísticas das vítimas de bala perdida no confronto de
policiais com traficantes? Caí ali mesmo, ao lado de um matagal. Desfaleci. Escutei
vozes, me esforcei para enxergar com a visão turva três policiais vindo em minha direção. Senti
um alívio, pois eles iriam me proteger e zelar pela minha vida.
Carregaram-me
até a viatura e por um momento indaguei o motivo de estar no camburão. Saíram em disparada, em
altíssima velocidade, passavam em lombadas e buracos como se não estivessem
ali. Contorcia-me de dor. De repente a porta do porta-malas abriu e fiquei estirada
na via sendo arrastada pela viatura. Essa tortura durou cerca de 300 metros,
quando os policiais perceberam, me colocaram de volta no porta-malas. Cheguei
ao hospital sem vida. Meu nome: Cláudia Silva Ferreira.
Agora,
olho e reflito o que aconteceu comigo. Percebi que a minha vida não tinha valor,
era mais uma mulher negra, trabalhadora, mãe, esposa e moradora de comunidade,
vítima do preconceito e da violência no país. Os princípios reguladores da
sociedade são repugnantes. Lembro-me do Negro
Drama: cabelo crespo, pele escura,
ferida, a chaga, à procura da cura. Senti o drama."
Os pilares da racionalidade na sociedade
me ajuda a entender esses aspectos preconceituosos. Não importam as causas, mas
sim aquilo que é observável, através de relações e generalizações rasas, de
estatísticas e correlações. Não se questionam esses resultados, o porquê esses
atores sociais são formados, as consequências da desigualdade social. A lei estática
na perspectiva Comtiana, traz um alicerce baseado na religião, família,
hierarquia, Estado, leis e moral para dogmas enraizados recorrentes em qualquer
corpo social. A força vital desse corpo é a meritocracia sendo difundida de
acordo com seu agir social, dependente da sua realidade. O Estado dá uma
educação tecnicista para os jovens egressos do Ensino Médio já começarem a
trabalhar, entretanto as escolas particulares divulgam que as melhores cabeças
vão para as melhores universidades. Esses são os elementos que me indago com
perplexidade sobre as propriedades fundamentais da proposta positivista fundada
século XIX ainda seja utilizada em pleno século XXI.
Sendo assim as mazelas sociais são
vistas com espanto, porém são toleradas em todas as esferas. A história da
Cláudia foi um exemplo dentre muitos outros. Tudo que não se encaixa para a
normalidade, o equilíbrio e coesão do sistema são anormalidades que devem ser
exterminadas. Desse modo, ver o pobre preso ou morto já é cultural.
Brunna Aguiar da
Silva 1º ano Direito diurno
O Limite do Positivismo
Augusto Comte foi o fundador de uma das correntes mais importantes e influentes da história da humanidade, o positivismo. Seguindo a ideia de rigor metodológico e a visão de tratamento que a ciência merecia de acordo com Bacon e Descartes, Comte estabelece o estado positivista como o alcance máximo do conhecimento humano, onde estabelecer relações e compreender como tal fato científico se dá, por meio de experimentação basta para garantir o progresso da sociedade.
A ampliação do pensamento positivista por outras áreas da ciência como as humanas e sociais, conferiu formas de interpretações diversas e o estabelecimento da ideia de que a relação da sociedade pode ser delimitada por máximas cientificas, sendo completamente previsíveis ao olhar positivista, não admitindo outra forma de interpretação em prol da estabilidade. Sendo inclusive fator de importância na proclamação de nossa primeira república aqui no Brasil, o positivismo simbolizou de fato algo com a pretensão de mudar o mundo e colocar o ser humano no centro de sua existência e funcionalidade de uma vez por todas, não perdendo tempo com abstrações metafísicas ou teológicas que imperaram no passado e hoje, nada mais são do que degraus que o homem sobe em busca da estabilidade concreta de instituições baseadas na corrente positiva.
Observando atualmente, o positivismo nos legou diversas práticas e visões que se integraram culturalmente a forma ocidental de se pensar. Certas práticas outrora desenvolvidas e aceitas no passado, hoje tem seu valor como degrau para a evolução do pensamento mas são repudiadas, principalmente com a volta de pensamentos abstratos como fatores fundantes de movimentos. Sendo assim a criminologia por aspecto positivista por exemplo, que tentara criar uma ficha com as características físicas que o elemento criminoso nato deveria possuir, algo hoje ultrajante, visto que só serve para reforçar esteriótipos que se confirmam por pressão da própria sociedade. Depois de séculos Comte é visto como louco por alguns e exagerado por muitos, movimentos pró diversidade provam o enfraquecimento positivista mas a manutenção de esteriótipos históricos ou o contra-ataque conservador a esses movimentos comprovam o quão enraizada a prática se encontra em nós.
Na questão social, quando se estuda certa ocorrência e quando essa possui padrões, como o tipo físico, a cor e vestimentas da maioria dos ladrões, não seria comum a preocupação com as causas que levaram a essa ocorrência, no caso, a herança histórica de contante marginalização de pessoas por conta de cor, origem, posição social e aparência, fatos causais que sustentam a reincidência do processo transformando em uma máxima infalível que condena o destino de qualquer um que se encaixe nesses "padrões".
Por mais que tenha retornado e tentado se manter o pensamento reconhecido por Comte como metafísico, aquele que se baseia e se move pelas abstrações, que já fora e tenta voltar a ser um dos pilares da filosofia atual. Não recebendo o valor que o passado lhe reservou, a sociedade investe naquilo que convencionou para seu progresso linear, a tecnologia e o consumo que por si só não causam a injustiça do mundo, mas quando se tornam pilares do caminhar humano tendem a excluir aquilo que não se aplica de forma direta e rápida, que não visa o dinheiro ou a produção, que não revolucione a economia . Esse amigos é o limite do positivismo, onde seus princípios e práticas aplicados a certos contextos não parecem tão justos ou distantes de dogmas religiosos, como tudo possui seu lado positivo e negativo, quer progresso dentro da ordem, o que não se encaixa nisso é anomalia, aberração, deve ser abafado, e as vezes quando não causado pela própria sociedade, não necessariamente significa perigo a ordem, representação do caos, só demonstra que nós humanos não somos completamente previsíveis, não podemos manipular todos os nossos pensamentos, não estamos presos a máximas sejam cientificas ou religiosas, cada um de nós é um indivíduo e contém a infinidade dentro de si, certas coisas nem a sociedade consegue moldar.
Direito Noturno - 1º Ano
Lei e ordem
Lei
e ordem, palavras que exprimem os princípios básicos defendidos por aqueles que
buscam a estabilidade e o progresso das sociedades humanas. É inegável os
avanços tecnológicos e científicos que a sociedade adquiriu com essas palavras, porém, as sociedades humanas, como um todo, acabaram por ficarem estratificadas, onde seria possível, principalmente pela visão positivista, promover e continuar esses avanços.
Porém, por mais que essa estratificação produza diversos avanços científicos rápidos e contínuos, ela também produz uma rigidez social e a predominância de visões dogmáticas dentro da sociedade, o que resulta nos poucos e pequenos avanços nas liberdades sociais, em que, por mais que a ciência tenha capacidade de proporcionar alimentos a todos, ainda encontramos inúmeros casos alarmantes de populações desta mesma sociedade sofrendo com a fome e a miséria.
Além disso, certos indivíduos que possuem uma gama de talentos e habilidades que possam contribuir ainda mais para o avanço da sociedade, em geral, não conseguem almejar posições e cargos que permitam essa contribuição, pois, muitas vezes, esses indivíduos encontram-se em camadas sociais postuladas e consideradas como mais baixas ou até mesmo insignificantes, não sendo o papel social deste individuo assumir as posições sociais consideradas mais altas.
Lei e ordem são necessárias para uma boa convivência entre os seres humanos, porém, essa lei e essa ordem não devem se tornarem dogmáticas e rígidas, para que, assim como a ciência, o social também sofra modificações, afim de que esses avanços sejam distribuídos e aproveitados por todos os membros da sociedade.
Assim, com uma sociedade que permita que as suas populações sejam cada vez mais livres e tratadas de forma justa, os avanços científicos e tecnológicos se tornarão cada vez mais frequentes e eficientes, o que resulta no bem estar cientifico e social de todos na sociedade.
Augusto Fávero Merloti - Direito 1 Ano - Noturno
Martírio Tardio
Um pequeno quarto soturno
abrigava uma aranha, uma cama e um homem de espírito limitado.
– Argh! Quem diria... acho que
alucino.
A aranha deu início ao tecer de
sua teia. Logo, em cada fio daqueles, o sujeito via um momento de sua vida se encaixar diante
de seus olhos.
– Foi um longo caminho até aqui.
Necessário, claro. – Olhava fixamente o aracnídeo, dialogando – Não vim ao
mundo como você... sabendo como tecer minha teia. Vim sem nada, incapaz até mesmo de
adquirir qualquer conhecimento real. Fui preparado pela fé: Papai Noel
ilustrou-me a importância da educação e de ouvir meus pais, a Fada do Dente
demonstrou-me que a fortuna é recompensa a ser conquistada com paciência, Os
Super-heróis prepararam-me para ter coragem de enfrentar as anomalias da vida
em defesa dos “justos”, dos “bons”.... Mas é claro que não foi assim durante
toda a minha infância. Aos poucos, eu entendia a existência de nossas preciosas
instituições. Quando atingi o estado viril de minha inteligência, eu podia
identificar as leis sociais e sua explicação, a função da ordem para nosso
progresso. Arrgh!! Maldita dor no peito! – Rosnou, suando frio – Não, não se
preocupe, eu sou médico. Dos bons! O papel dos líderes é muito exaltado, porém o meu é tão importante quanto o deles, sabe? Eu mantenho em bom estado as nossas forças produtivas...
Fluoxetina, Rivotril... existem vários tipos de patologias, a ciência também é
o remédio para essa que chamam de angústia, bem como as demais emoções
profundas e incômodas. Nem todos amadurecem seu espírito de maneira tão rápida,
pensam em desistir, são uns frouxos! – Sentiu uma falta de ar que o fez
interromper o tom abruptamente, fechou os olhos por um tempo até melhorar – Sua
teia tem um alcance curto... olhe, um mosquito passando bem ali! – Já não sabia se
falava ou pensava – a minha é diferente... bem... a minha é normal. Só não há,
nela, espaço para vergonhas como aquele meu filho “viado”! Expulsei mesmo. “Diversidade”,
ele argumentou, besteira! Devemos ser, naturalmente, iguais, apenas com funções
diferentes de acordo com nossa posição social. Equilíbrio! Por isso existem
regras, para prosseguirmos em alta velocidade. – Vacilou – Certo? O que importa
se seus amigos se afastam aos poucos?! “Prepotente!”, me diziam... É, até que
sinto falta deles. Era o jeito... sou muito ocupado com minhas funções, sabe? Dia,
noite, final de semana... é fácil falar que somos escravos do tempo ou qualquer
besteira, quero ver é não passar fome. Fome... como será que está meu filho?! É
tanta velocidade, alta velocidade na mesma direção... as vezes me esqueço do
que fica para trás. Seria a pluralidade de direções tão impressionante, mesmo?
O quê?! Acha que estou perdendo algo, "moscando"?! – Fechou os olhos – Alucino ou alucinava?! Talvez eu devesse dar uma chance, ver o mundo por outras
perspectivas... nem que seja para reafirmar e comprovar meu ponto. Não estudo nenhuma
filosofia, sigo a ideologia que está diluída na sociedade... invisível porque
mesclada ao senso comum. É a mais eficiente... ou mais perigosa.... Acho que vou...
experimentar... o mundo... a novidade...
Um pequeno quarto soturno
abrigava uma aranha, uma cama e um cadáver.
Diogenes Spineli Soares Filho, 1º Ano, Direito Noturno.
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