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segunda-feira, 4 de maio de 2015

Nenhum homem é uma ilha

     O filme "Ponto de Mutação", baseado na obra de mesmo nome de Fritjof Capra, aborda uma crise de percepção do mundo, a qual a personagem principal, Sonia Hoffman, se encontra e explica ao longo das discussões. Ao fazer uma crítica ao método cartesiano e à escravização da natureza proposta por Bacon, ela propõe que as tendências de forças políticas, sociais e econômicas devem convergir em um só ponto.
     Essa mutação do velho para o novo se dá através da mudança do nosso modo de ver o mundo. Como há conexão entre tudo na natureza, a cientista afirma que deve-se abrir horizontes para os modelos sistêmicos em oposição ao pensamento reducionista e mecanicista. Este é ultrapassado para as necessidades da sociedade atual e para um maior desenvolvimento científico e tecnológico. Aquele abre margem ao desenvolvimento sustentável.
     Assim, uma das maiores preocupações presentes no filme é a questão ambiental e o desenvolvimento econômico. No filme é citado o desmatamento da floresta amazônica como parte de um ciclo que promove a destruição da natureza pelo homem, e que mesmo que fosse resolvida essa parte do problema, o resto ficaria em pendência. Através desse mesmo exemplo, podemos verificar a reação em cadeia de uma ação, mostrando que tudo está interligado.
     Enfim a visão holística, vendo o todo como indissociável, não vê a natureza como instrumento a nosso favor, mas como nós somos parte integrante dela. A relação entre os seres vivos e o meio como um todo. Essa a mutação necessária apresentada por Capra.

Marina P. Diniz
1º ano Direito - diuno

O poeta, o político e a cientista

“Quero te contar que o oceano sabe isto: que a vida, em seus estojos de jóias, é infinita como a areia incontável...” – Pablo Neruda

Um fluxo de indagações. Assim se passa o filme Ponto de Mutação de 1990, dirigido por Bernt CapraPersonagens que se encontram em um momento de escolhas e indecisões, partilham do conhecimento, fraquezas e dúvidas sobre mundo.
Jack Edwards, um político candidato a presidência dos Estados Unidos, vai com seu antigo redator de discursos, o poeta Thomas Harriman à Mont Saint-Michel, na França. Durante a estadia, encontram a cientista Sonia Hoffman, esta que, surpreendentemente, conhece o poeta, mas não é tão ciente da influência que Jack tem. Com uma série de perguntas sobre a vida, a história, o passado, os três personagens passam o filme sob a luz da busca de conceber respostas sobre diversos assuntos e obter a verdade em seus argumentos sobre discursos atuais, como uma visão mecanicista sobre o tempo e o homem, utilizando metáforas e argumentos embasados em grandes filósofos e escritores como Descartes, Bacon, William Blake e Pablo Neruda, por exemplo.
A complexidade desses argumentos mascara a simplicidade das questões abordadas, pois estas se voltam contra nós mesmos todos os dias, e há essa incessante batalha em se decifrar e determinar tudo o que ocorreu e ocorre ao nosso redor. Assim como Kit, a filha da cientista, revolta-se com o alheamento da mãe, esta que apenas fala dos problemas do mundo com base nos próprios problemas, nós temos essa tendência em observar a sociedade com o olhar que a vida nos molda. Seria o ceticismo do político a forma certa de ver o mundo? Seria a visão analítica da cientista a correta? Ou seria a visão poética do escritor? É impossível afirmar uma verdade sobre qual é a melhor visão, pois todas elas se entrelaçam e fazem com que haja uma disputa devido à disparidade dessas visões. Assim como “nenhum santo sustenta-se só”, essas visões não existem separadamente, coexistem, necessitam uma da outra para existir, pois a vida é maior que tudo isso, “a vida sente a si mesma”. Desse modo, os personagens ajudam-se mutuamente ao expor seus pontos de vista, fazendo o outro sair da zona de conforto e buscar a confrontação, algo que na atualidade as pessoas não almejam, pois preferem se restringir na comodidade do bem comum a defender seu argumento fervorosamente.
O Ponto de Mutação, além de filme é a experiência se expressando na arte, é a dúvida que persiste na consciência dia após dia, é a metáfora da epifania do poeta, do político e da cientista, é a epifania de todos nós. É a vida.


Lara Costa Andrade
1º ano de Direito(Diurno) – Filme: Ponto de Mutação

Mindwalk - Ponto de Mudança

As reflexões após assistir o filme Mindwalk (Ponto de Mutação, em português), revelam o quanto duas concepções diferentes de filosofia, política e ciência, podem se entrelaçar e ser desvendadas pelos mesmos meios. A teoria dos sistemas exposto pela física Sonja realça toda uma nuance de assuntos que se encaixam e se interpolam em diálogos extensos, porém geniais. Indo de ecologia a guerra,é possível perceber, pela argumentação engendrada das personagens, o quanto tudo o quê está na realidade em si está conectado, fazendo-nos questionar uma vasta gama de preconceitos já formados. São justamente esses preconceitos, o chamado senso comum, que aproxima o filme e o livro dos textos de Descartes e Bacon, uma vez que estes argumentaram incessantemente para quê a realidade fosse enxergada integralmente, sem conceitos pré-concebidos. Portanto, pode-se dizer que, entre todos os outros assuntos discutidos, esse filme aborda a construção da noção contemporânea de realidade, usando pontos de vista tanto metafísicos quanto científicos.

Canto do Sentido

Busca a razão a natureza
Dominar. Vencer. Moldar.
Crê de um deus ter o tocar
Mas corrói da vida a Beleza

Sempre acha a boa Natureza
De vencer as vãs ciências
Elementares maneiras
Na calma, alegre, incerteza

A ciência no incerto
Perde a busca e a clareza
Já a Poesia vê beleza
No confuso a brandir vento

O cientista tem o fim
O poeta tem o início
O Sentimento tem comício
E tem a morte a razão

Octavio Coloza Berganholo
1º Ano, Direito Matutino
Introdução à Sociologia

O mecanicismo e a perda do dionisíaco

     O método proposto por Descartes em seu Discurso do Método trouxe uma visão de mundo completamente nova, dando início ao que hoje é chamado de "mecanicismo cartesiano". Esse mecanicismo consiste numa percepção puramente racional do universo, considerando o mesmo como uma máquina, um relógio. Ainda hoje, tal visão é muito adotada por cientistas.
     No filme Mindwalk, é feita uma abordagem acerca do tema, quando uma cientista pontua que, apesar da importância de Descartes em seu tempo, o mundo precisa de uma nova percepção. Segundo ela, o mecanicismo cartesiano tem transformado as relações humanas e, principalmente, a relação do homem com a natureza. Enfim, a ciência hoje menos tem trabalhado a favor da natureza do que prejudicado-a.
     Nesse sentido, o tema do mecanicismo cartesiano e a racionalização do mundo dialoga com Nietzsche, quando o alemão fala em apolíneo e dionisíaco. O apolíneo representa principalmente o racionalismo e o individualismo, enquanto que o ímpeto dionisíaco nasce da violação deste princípio de individualização. Ocorre que, hoje, há uma perda da proximidade com a natureza, decorrente dessa ciência que trabalha com fins econômicos.
     Dessa forma, percebe-se que o homem perdeu a habilidade de ver a vida como parte de uma realidade mais ampla. A natureza, nesse contexto, é vista como mera fonte infinitamente produtiva de uso, perdendo seu valor intrínseco. Enfim, é preciso substituir esse modelo mecânico de mundo por uma nova percepção que compreenda o universo não só como mera máquina, mas como um universo de conexões e interdependências. Um sistema vivo. Um organismo vivo.


Renan Djanikian Cordeiro
1º ano do Direito Noturno