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terça-feira, 7 de junho de 2022

 

O Materialismo Histórico

 

A teoria marxista defende a ideia de que a evolução e organização da sociedade ocorrem com base na capacidade de produção e de relações socias de produtividade. Marx e Engels desenvolvem sua teoria materialista, opondo-se ao idealismo de Hegel, na qual as alterações sociais não estão baseadas nas ideias, mas sim em valores materiais e em condições econômicas.

Esta teoria teve origem no século XIX, durante a grande expansão industrial europeia, caracterizada principalmente pela discrepante desigualdade entre as classes sociais existentes. O materialismo foi a primeira teoria a analisar a história de modo a afirmar que as alterações sociais decorriam do modo de produção, e não do cérebro humano.

Tal teoria é aplicável até nos dias atuais, afinal ainda há diversos lugares no mundo nos quais povos inteiros morrem de fome, mesmo com estudos da ONU (Organização das Nações Unidas) comprovando que a comida produzida no mundo é suficiente para alimentar todas as 7 bilhões de pessoas. Apesar de estarmos em melhores condições comparado à época de Marx e Engels, é possível perceber que a desigualdade social ainda está entranhada em nosso cotidiano.

Por fim percebe-se que a mesma contradição encontrada por Marx em seus estudos, no qual os trabalhadores que produziam tudo com sua força de trabalho eram excluídos do sistema de saúde, escolar e de segurança, enquanto os burgueses apenas administravam os trabalhadores e aproveitavam os frutos deles. Assim como nos dias atuais, em que grandes empresários exploram a mão de obra assalariada, enquanto seus funcionários nem sequer têm acesso à um plano de saúde decente, ou escolas particulares para seus filhos.


Bruno Issamu Ishioka

1° Semestre Direito - Matutino

Um grande espetáculo

    O materialismo histórico defende a tese que a história da sociedade é uma consequência direta da história da luta de classes. Sob essa ótica, os confrontos sociais surgem em um contexto de aparecimento da propriedade privada, confrontos esses que se acirraram com o surgimento de duas classes distintas: a burguesa e a do proletariado. Nesse cenário de instabilidades, que hão de perdurar enquanto a burguesia não for somente dominante no aspecto econômico, mas também no político, nota-se um “roubo” da individualidade de cada ser pertencente a classes mais baixas, dado o poder de influência dos mais abastados socialmente.

    Primeiramente, vale ressaltar como se forma a consciência de cada ser inserido em uma sociedade de moldes capitalistas de acordo com uma análise marxista. Para o filósofo, a consciência está diretamente ligada a atividade material de cada um, tese ilustrada pela frase “não é a consciência que determina a vida, mas sim a vida que determina a consciência”, presente na obra "A Ideologia Alemã". Portanto, o modo de se enxergar o mundo e de viver não está aberto a individualidade de cada um. Não há o que ser agregado além do que o meio exerce em você. E esse meio, nas sociedades contemporâneas, é o de opressão, cotidiano da classe trabalhadora, ou o de privilégios exacerbados, no qual a burguesia está inserida.

    Passemos então para o tópico principal da análise. De que forma a classe dominante, para além do mais-valia, “rouba” também a individualidade de cada um dos representantes da classe oprimida? Como citado anteriormente, é a relação do humano com a atividade material que o torna sujeito a uma padronização de costumes. Assim sendo, considerando a burguesia como a classe detentora dos meios de produção, é ela a responsável por adulterar a essência individual de cada ser. Ora, se a consciência vem da vida e a vida está sujeita aos valores capitalistas, é indubitável afirmar que aqueles no topo da “pirâmide social” existente nesse meio são os que ditam como deve ser a existência de cada um. Fenômenos como a indústria de massa exemplificam magistralmente tal argumento.

    Com base no exposto, vemos que a relação de dominação é de tal forma violenta que é capaz de ditar como cada ser deve ser. A classe dominada nada mais é – ou, pelo menos, tem potencial para ser – um mero entretenimento para a dominante. A classe dominada não é uma entidade coletiva, é um fantoche da dominante. A classe dominada é, assim como foi representada no seriado sul-coreano, Round 6, um grande espetáculo para a dominante.

Mateus G. F. de Souza
Direito - Turma XXXIX Matutino 

 O materialismo histórico e a sociedade capitalista 


Em busca de uma análise histórica da sociedade, Marx e Engels partem da interpretação de Hegel, em que as coisas fazem sentido apenas no mundo das ideias, ou seja, o mundo real como resultado do pensamento. Contradizendo essa teoria, Marx e Engels buscam expor, por meio da concepção materialista da história, um rompimento com a filosofia clássica, e o estabelecimento de uma ideia de um cenário em constante movimento, ou seja, depende de seu momento histórico e social, das contradições, mentiras e verdades de determinado período, resultando, assim, na captação da realidade da forma a qual ela se expressa.

Diante disso, para uma importante análise da realidade, é preciso perpassar o imaginário e ideias pré-concebidas na consciência, e buscar mecanismos que ultrapasse o individual para o conhecimento do coletivo, isto é, suas estruturas sociais, economia, população e política. Partindo desse pressuposto, é que Marx e Engels buscam interpretar a realidade pela percepção do materialismo histórico, conseguindo entender as relações de dominação entre as classes e consequentemente as relações de trabalho por uma perspectiva material. 

É importante observar de imediato que as relações de produção, maneira que os indivíduos atuam cotidianamente para produzir bens e serviços; as condições materiais como meios necessários para a vida em sociedade e as forças produtivas, representadas por máquinas, são os principais mecanismos de alienação e modelamento do indivíduo na sociedade a qual está inserido, atualmente, na capitalista. Nesse sentido, há uma falsa ideia de livre arbítrio, em que os seres humanos acreditam estar fazendo escolhas condizentes com sua vontade, entretanto, o que representa é apenas uma manifestação do seu modo alienado perante a sociedade. As condições materiais de existência para Marx, estão engendradas na própria ação do indivíduo, em que buscam refletir por meio do lugar em que estão inseridos o que representam. Dentro dessa perspectiva, é importante salientar que qualquer maneira de observar e considerar as coisas não exime de pressupostos, uma vez que partem de premissas reais, intrinsecamente inseridas ao indivíduo.  

Na concepção do materialismo histórico, para Marx, os homens não fazem sua própria história livremente, uma vez que as circunstâncias  não são escolhidas, mas sim transmitidas conforme o momento histórico que se encontra. Nesse cenário, cabe ressaltar a importância da interpretação de todas as manifestações sociais por uma ideia de transformação na perspectiva do mundo de produção e de troca, ou seja, buscar uma base explicativa na economia real e não no mundo das ideias, ressaltando que as condições econômicas são a base de análise, estando elas, intrinsecamente ligadas às formas políticas da luta de classe, formas jurídicas, teorias políticas e filosóficas. Com isso, cabe fazer um paralelo com o atual sistema econômico vigente: o capitalismo. 

Tal sistema, busca por meio da política do mérito fazer com que o indivíduo não questione seu lugar na sociedade, em que a busca apenas do “desenvolvimento” individual seja o caminho para se livrar da condição a qual está inserido. Como resultado, há uma perpetuação da classe dominante sobre o proletariado, uma vez que busca negligenciar as reais condições advindas do capitalismo como a alienação, a modificação indiretamente do indivíduo para pertencer e perpetuar tal sistema e, principalmente, a ausência de senso crítico, transformando o indivíduo em um se condizente com as mazelas sociais e com a normalização das máquinas engolindo os homens. Assim, parodiando Thomas Moore, os gados estão comendo os homens - e matando os índios - tendo em vista que mais da metade da população não come um bife, sendo elas, em sua maioria, pertencentes da escala de produção das commodities no Brasil.

 Diante do exposto, fica evidente, que o materialismo histórico é um modo eficiente de analisar e entender a sociedade, desde a relação dos servos e seus senhores na Idade Média e da burguesia e o proletariado na era Industrial. Essa afirmação advém do esclarecimento sobre as sociedades e suas relações e dominações indiretamente imposta, em que sempre existiu um sistema dicotômico entre os que dominam e os que são dominados. Assim, cabe analisar, por meio do materialismo histórico, a sociedade como um todo e não o que se forma na ideia. 


Natália Lima da Silva  

1º semestre Direito matutino 

Turma XXXIX