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segunda-feira, 28 de abril de 2025

O papel da fé na sociedade

Karl Marx, um dos pensadores mais influentes da filosofia e da sociologia, desenvolveu uma crítica contundente à religião, considerando-a um instrumento de alienação e dominação social. Para Marx, a religião não era uma manifestação divina, mas sim uma construção humana que servia para justificar e perpetuar as desigualdades sociais. Ele via a religião como um mecanismo que ajudava a manter as massas conformadas com sua condição de exploração, impedindo-as de perceber a realidade material e de lutar por mudanças estruturais.

A famosa frase de Marx, "a religião é o ópio do povo", sintetiza sua visão sobre o papel da fé na sociedade. Ele argumentava que a religião funcionava como um anestésico para o sofrimento das classes trabalhadoras, oferecendo uma promessa de recompensa em uma vida futura e desviando a atenção das injustiças presentes. Dessa forma, a religião contribuía para a manutenção do status quo, impedindo que os trabalhadores se rebelassem contra as condições opressivas impostas pelo sistema capitalista.

Essa crítica marxista à religião pode ser relacionada a diversas crises atuais. Em momentos de instabilidade econômica e social, a religião continua a desempenhar um papel importante na vida das pessoas, muitas vezes servindo como um refúgio diante das dificuldades. No entanto, Marx alertaria para o perigo de essa influência religiosa ser utilizada para desviar a atenção das causas estruturais dos problemas sociais, impedindo a mobilização popular em busca de mudanças reais.

Além disso, em tempos de crise política, a religião pode ser instrumentalizada por grupos que buscam consolidar seu poder e justificar políticas que perpetuam desigualdades. Em diversas partes do mundo, líderes políticos utilizam discursos religiosos para legitimar suas ações e conquistar apoio popular, muitas vezes promovendo valores que reforçam hierarquias sociais e econômicas. Essa relação entre religião e política é um tema recorrente na história e continua a ser um fator relevante na análise das crises contemporâneas.

Por outro lado, é importante reconhecer que a religião também pode ser um elemento de resistência e transformação social. Movimentos religiosos progressistas têm desempenhado um papel fundamental na luta por justiça social, direitos humanos e igualdade. Marx, apesar de sua crítica à religião institucionalizada, reconhecia que qualquer ideologia poderia ser utilizada tanto para a opressão quanto para a emancipação, dependendo do contexto e da forma como fosse mobilizada.

Conclui-se, portanto, que o pensamento de Karl Marx sobre a religião continua a ser uma ferramenta valiosa para compreender as dinâmicas sociais e políticas atuais. Sua análise nos convida a refletir sobre como as crenças religiosas podem influenciar a percepção da realidade e a ação coletiva, seja para manter estruturas de poder ou para impulsionar mudanças sociais. Em um mundo marcado por crises econômicas, desigualdades e conflitos políticos, essa reflexão se torna ainda mais relevante.

Lorraine de Oliveira Maciel – 1º ano – Direito – Matutino

A desigualdade educacional à luz do funcionalismo

 A desigualdade educacional persiste como um dos maiores impasses sociais contemporâneos. Para compreendê-la melhor, a teoria funcionalista do sociólogo Émile Durkheim, conforme apresentada em As regras do método sociológico, fornece uma visão crucial: a escolaridade é um fato social cuja função é integrar os indivíduos, disseminando valores comuns que garantem a harmonia da sociedade. No entanto, quando o sistema escolar não oferece oportunidades iguais e padrão de qualidade, ele falha na integração, criando tensões que ameaçam a sociedade.

Durkheim defendia que as instituições sociais, como a escola, moldam comportamentos individuais através da coerção social, promovendo a solidariedade necessária à vida coletiva. No entanto, a disparidade de condições entre escolas públicas e privadas no Brasil evidencia uma disfunção nesse mecanismo. Complementando essa análise, o sociólogo Pierre Bourdieu, em sua teoria da reprodução social, argumenta que o sistema educacional, em vez de apenas integrar, também perpetua desigualdades, já que transmite capitais culturais desiguais entre as classes sociais. Assim, as escolas não apenas refletem desigualdades preexistentes, mas também as reforçam, em contradição com a função ideal proposta pelo funcionalismo.

Essa realidade exige uma crítica consciente, como já indicava Durkheim ao afirmar que o estudo dos fatos sociais deveria incluir a identificação de suas funções e disfunções. A desigualdade educacional é, portanto, um desvio funcional que precisa ser corrigido para restaurar a capacidade da escola de promover a coesão social. Reconhecendo que os fatos sociais podem ser modificados, torna-se essencial repensar políticas públicas que garantam acesso equitativo e qualidade de ensino para todos os estratos da população.

Portanto, à luz da teoria funcionalista e das críticas contemporâneas como as de Bourdieu, é urgente enfrentar a desigualdade educacional. Apenas com a efetiva democratização do ensino, é possível assegurar que a educação cumpra sua função de integrar a sociedade, promovendo justiça social e fortalecendo os laços que sustentam a vida coletiva.


Jessyca Pacheco Almeida - primeiro semestre matutino