Em meio a um
fervilhamento social na Europa, com as Revoluções Liberais e a Revolução
Industrial, surge a necessidade de algo que compreendesse tais acontecimentos
de forma científica e prática. Augusto Comte propõe a ciência da sociedade, a
filosofia positiva, que visa aprender os movimentos e fenômenos sociais, com a
interpretação e o conhecimento de uma sociedade real, rompendo com a filosofia
que foca na ideia de como a sociedade deveria ser.
Movidas pelo mercado, as relações sociais estavam
alienadas ao trabalho, como algo ontológico, os homens não compreendiam mais o
mundo, criando a insatisfação, por exemplo o ludismo. Assim, a física social
surge para analisar e agir sobre tais desajustes da sociedade, pois a
irracionalidade das pessoas se dava em razão da incapacidade de observar a
realidade. O positivismo seria um amadurecimento do espírito humano, no qual
somente são reais os fatos que repousam sobre a observação.
De acordo com o método de que o espírito humano,
reconhecendo a impossibilidade de obter noções absolutas, renuncia a procurar a
origem e o destino do universo, a conhecer a causa mais íntima dos fenômenos,
para preocupar-se unicamente em descobrir, graças ao uso bem combinado entre o
raciocínio e a observação, suas leis efetivas, a saber, suas relações invariáveis
de sucessão e similitude; analogamente às Leis de Newton na física. Desta
forma, a ciência passaria a conduzir as relações humanas, capaz de dizer o que
as coisas são.
O lema positivista “Ordem e Progresso” presente na
bandeira brasileira é explicado pelas leis estática e dinâmica da física social
comtiana. A estática diz respeito a condições orgânicas de que dependem
determinadas funções: leis, normas e morais que são transmitidas e não mudam.
Já a dinâmica é a marcha efetiva do desenvolvimento humano: a manutenção das
relações sociais. Ou seja, a ordem pregada pela lei estática é elemento
fundamental para o progresso pregado pela lei dinâmica, um retroalimentando o
outro.
Sendo
assim, a dinamicidade da sociedade que está baseada nesta binaridade tem o
trabalho como elemento fundamental, extremamente valorizado na atualidade,
tornando-se um trinômio de sinônimos. No entanto, questiona-se até que ponto o labor,
na atualidade, é saudável para a mente humana, uma vez que este é empregado de
forma corrompida pela mentalidade capitalista da busca incessante do lucro, utilizando
da disposição alheia para alcançar seus interesses, sob a égide da mais-valia.
O positivismo de ideias progressistas que visava o desenvolvimento perdeu-se em
meio à ganância e à ambição humana de dominação.
Henrique Mazzon - Direito Noturno