Total de visualizações de página (desde out/2009)

sábado, 25 de junho de 2011

Weber e o Materialismo Histórico

Max Weber, cientista sociólogo, em seu texto “Metodologia das Ciências Sociais” expõe vários pontos de vista seus de como deve ser e como construir uma ciência social válida. Ele crítica antigos métodos e aplaude alguns que considera ótimos.

Um dos pontos principais da sua análise trata-se no momento em que ele refere-se à interpretação tradicionalmente marxista – pelo menos dos seguidores fiéis de Marx. Esta imputa, dentro do pensamento materialista, causas primordialmente econômicas a tudo que acontece no meio social. Por essa linha, o motivo econômico seria a força motriz de toda e qualquer ação social que acontece na sociedade.

Então, Weber, não concordante muito com essa visão, faz uma ferrenha crítica a esta atitude. Não exatamente que esteja errada, a de se observar que realmente existem muitas ações sócias movidas pelo econômico, entretanto, o problema se encontra quando tudo é tentado a ser reduzido a isto.

Forçosamente, os cientistas que vêem o mundo desta maneira, empurram para a economia todos os motivos. As discrepâncias às vezes são tão grandes, que chegam a distorcer os próprios “motivos econômicos”. Assume-se como principal a economia, e como secundário qualquer outra coisa que possa influenciar também.

Por conta da vontade monstruosa de colocar tudo naquele ver, passa-se a contestar todo o qualquer motivo secundário, já que o principal motivo já foi identificado.

Weber percebe essa tentativa forçada de adequar os estudos à maneira materialista, e não o contrário, uma teoria se adequar aos estudos. É nisto que recaí sua crítica, ele discorda que se tenha que imputar a fatores econômicos todos os fatos sociais, acreditando que há outros e, em casos, mais importantes, além. Quando o cientista comete o erro de se guiar exclusivamente pelo Materialismo, ele esquece de uma das suas principais características, a de ser imparcial. Acaba por colocar motivos pessoais na suas pesquisas, já que realmente acredita que tudo se provenha da economia, e por fim distorce sua pesquisa e seu trabalho. Este é um erro, que em qualquer trabalho cientifico que se considere legítimo, na se pode cometer.

Revolução inevitável?

O “Manifesto Comunista” de Karl Marx e Friedrich Engels, de fato, foi uma obra que dividiu e cativou mentes pensantes na Europa e no mundo. Nela os autores tentam passar uma nova visão do mundo como era no século XIX, de que forma eram encaradas as instituições - família, propriedade, moral, religião, direito, política, etc.- e objetivava mostrar que todas essas instituições, bem como a própria sociedade são regidas a partir de uma ótica capitalista e burguesa. Defendiam, também, a ideologia comunista (muito temida à época), a qual disseminavam e que era utilizada como ferramenta política de difamação.

Para subsidiar sua idéia revolucionária, os autores afirmaram que o desenvolvimento histórico do homem sempre se deu por meio de luta de classes, seja no Império Romano, na Idade Média ou na sociedade burguesa, sempre houve uma classe oprimida e uma opressora. Os autores enfatizam a revolução burguesa como uma importante vitória da classe uma vez oprimida, que quebrou todos os paradigmas sociais da Idade Média e que estabeleceu uma nova forma de pensar, agir e viver. Porém, a partir do momento em que esta classe, uma vez revolucionária, passa a oprimir uma enorme parte da população, torna-se a classe contra quem se deve lutar.

Marx e Engels citam as transformações sócias que a burguesia causou na sociedade, dentre elas: o intercambio universal, a interdependência das nações, no que tange a ordem material ou intelectual; a aglomeração das populações, centralização dos meios de produção e concentração da propriedade em poucas mãos e decorrente de tudo isto, a centralização política.

Os autores, também, falam do papel do proletariado, dos operários, constrangidos a se vender diariamente, sendo por isso uma mercadoria, estando sujeitos às flutuações do mercado. Estes, para Marx e Engels, foram forjados pela burguesia, bem como as armas (educação política, principalmente) que serão utilizadas para retirar a classe burguesa do poder. Tal acontecimento aparece no “Manifesto Comunista” como algo desejável e inevitável. Os autores estavam certos de que em algum momento do futuro a classe operária, oprimida, compreenderia seu papel e seu poder, e se rebelaria tomando o poder político e instaurando um Estado coletivo.

Vale ressaltar, que os ideais destes dois filósofos e sociólogos, apesar de formulados no século XIX e das lutas sindicais que se seguiram ao longo dos anos desde então, ainda têm validade no contexto social atual. O homem no sistema capitalista vigente ainda não conseguiu, e talvez nem conseguirá, tornar as condições sociais mais justas para todo. Por isso mesmo depois de tanto tempo, Marx e Engels possuem inúmeros seguidores em todo o mundo e figuram entre os maiores pensadores de todas as épocas.


O compreensivismo de Max Weber

Apesar da forte influência que exerciam as ideias de Marx e Comte na sociologia, Max Weber escolheu seguir um caminho diferente. Ele foi um dos precursores de uma análise da realidade social cotidiana que não se dava por meio de leis permanentes explicando fenômenos sociais. Para Weber essa análise deveria se dar através da compreensão do sentido existente na ação social dos indivíduos movida por valores, e não por determinantes econômicos ou pela força da sociedade sobre o indivíduo.
Assim podemos entender qual a essência da função sociológica para Weber: entender a ação social. As determinações e condicionamentos do modo de produção da ordem social, das leis históricas permanentes, não serviriam para ele ao estudo da sociologia, apenas o que serviria é a ação, cada movimento isolado do indivíduo. Tanto era assim que a ação individual não tinha menos importância que o movimento de um grupo mais amplo, pois era justamente a ação social que lançava luz a um comportamento social mais amplo
Weber acreditava que a sociologia não deveria ensinar o homem a viver, mas compreender o sentido da ação humana, por quais valores ela se move, e por quais conexões é influenciada. Ao contrario da ciência determinista, que dizia que o cientista social deveria abrir mão de juízos de valor para a análise social, ele acreditava que o ponto de partida para a ação seria a escolha de valores.
A objetividade era importante no método weberiano, o cientista social não deveria se deixar mover pelas próprias paixões, mas pelas paixões do objeto a ser analisado, mas apesar de objetivo, seu método não era rígido, Weber acreditava que os valores se transformavam de acordo com o momento histórico e que podiam adquirir quarto formas diferentes: racional, valorativa, afetiva e tradicional
Para,enfim, organizar a complexidade do mundo real, Weber cria os chamados “tipos ideais”, essa idealização perfeita e utópica deveria ser comparada aos fatos para que se pudesse obter, por fim, a verdade científica
Assim, Weber cria uma sociologia sustentada em valores e contrária a muito do que havia sido dito antes dele, uma sociologia fundada na compreensão da verdade e em sua universalidade.