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sexta-feira, 17 de julho de 2015

Choque de realidade

    Estavam pai e filho conversando em uma praça, o garoto tinha oito anos aproximadamente. O pai, embora fosse relativamente jovem, aparentava ser muito mais velho do que realmente era, estava com um ar de cansaço e não muito contente com sua vida.
    Sentei próximo ao banco em que os dois estavam e continuei a ler o livro “contos” de Machado de Assis que me acompanha em todos os lugares que eu vou. No entanto, apesar de estar lendo o livro não pude deixar de escutar a conversa dos dois. O filho se queixava que o pai estava muito ausente, que não o levava no treino de futebol, e nunca ia assistir aos campeonatos. O pai tentava se defender, dizia que trabalhava muito para poder dar boas condições de vida para ele e para os seus irmãos e que ele era obrigado a se sujeitar a vontade de seu chefe, porque afinal dependia dele para assegurar a renda da família.
    Aquelas palavras me inquietaram, comecei a ler o “Um Apólogo”, um dos meus contos favoritos, em voz alta.


Um Apólogo
Machado de Assis

Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha:
— Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrolada, para fingir que vale alguma cousa neste mundo?
— Deixe-me, senhora.
— Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que está com um ar insuportável? Repito que sim, e falarei sempre que me der na cabeça.
— Que cabeça, senhora?  A senhora não é alfinete, é agulha.  Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar? Cada qual tem o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos outros.
— Mas você é orgulhosa.
— Decerto que sou.
— Mas por quê?
— É boa!  Porque coso.  Então os vestidos e enfeites de nossa ama, quem é que os cose, senão eu?
— Você?  Esta agora é melhor. Você é que os cose? Você ignora que quem os cose sou eu e muito eu?
— Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pedaço ao outro, dou feição aos babados...
— Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante, puxando por você, que vem atrás obedecendo ao que eu faço e mando...
— Também os batedores vão adiante do imperador.
— Você é imperador?
— Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel subalterno, indo adiante; vai só mostrando o caminho, vai fazendo o trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que prendo, ligo, ajunto...
Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baronesa. Não sei se disse que isto se passava em casa de uma baronesa, que tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela. Chegou a costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou da linha, enfiou a linha na agulha, e entrou a coser.  Uma e outra iam andando orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre os dedos da costureira, ágeis como os galgos de Diana — para dar a isto uma cor poética. E dizia a agulha:
— Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco?  Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo; eu é que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo e acima...
A linha não respondia; ia andando. Buraco aberto pela agulha era logo enchido por ela, silenciosa e ativa, como quem sabe o que faz, e não está para ouvir palavras loucas. A agulha, vendo que ela não lhe dava resposta, calou-se também, e foi andando. E era tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-plic-plic-plic da agulha no pano. Caindo o sol, a costureira dobrou a costura, para o dia seguinte. Continuou ainda nessa e no outro, até que no quarto acabou a obra, e ficou esperando o baile.
Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira, que a ajudou a vestir-se, levava a agulha espetada no corpinho, para dar algum ponto necessário. E enquanto compunha o vestido da bela dama, e puxava de um lado ou outro, arregaçava daqui ou dali, alisando, abotoando, acolchetando, a linha para mofar da agulha, perguntou-lhe:
— Ora, agora, diga-me, quem é que vai ao baile, no corpo da baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é que vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta para a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio das mucamas?  Vamos, diga lá.
Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de cabeça grande e não menor experiência, murmurou à pobre agulha: 
— Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam, fico. 
Contei esta história a um professor de melancolia, que me disse, abanando a cabeça:
— Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária!


    Ambos calaram-se, acharam estranha minha atitude, mas ficaram escutando com muita atenção cada palavra que eu pronunciava, com o intuito de ao menos compreender o que eu estava fazendo.           Quando terminei a leitura, virei para o pai e disse:
- Machado de Assis fez uso da agulha e da linha para metaforizar certas relações interpessoais. Sem querer, acabei escutando a conversa de vocês dois e vou te dar um conselho, pare de ser a agulha para o seu patrão, pois enquanto você perde momentos importantes da vida de seu filho, o burguês, aquele que detém os meios de produção, “vai gozar da vida” que você possibilitou a ele.

    Saí de perto e ele ficou com um olhar reflexivo enquanto seu filho o olhava sem compreender muito bem tudo aquilo. 
1º Ano- Direito Noturno
Introdução à Sociologia
Ariane do Nascimento Sousa


A modernidade a favor do operariado?

     “Mas a burguesia não só forjou as armas que trazem a morte para si própria, como também criou os homens que irão empunhar estas armas: a classe trabalhadora moderna, o proletariado”
     “Mas com o desenvolvimento da indústria, o proletariado não só aumenta em número, como torna-se concentrado em massas maiores; sua força cresce e ele sente mais essa força”
     “De tempos em tempos, os trabalhadores vencem, mas só provisoriamente. O verdadeiro fruto de suas batalhas repousa, não no resultado imediato, mas na união cada vez mais abrangente dos trabalhadores. Esta união é favorecida pelos meios de comunicação mais desenvolvidos, criados pela indústria moderna e que colocam os trabalhadores de localidades diferentes em contato uns com os outros”
     “Era somente este contato o necessário para centralizar as numerosas lutas locais, todas do mesmo caráter, em uma luta nacional entre classes. Mas cada luta de classe é uma luta política. E com essa união, para alcançar o que os burgueses da idade média, com suas estradas vicinais, precisaram de séculos, os proletários modernos, graças às estradas de ferro, alcançaram em poucos anos”
     Esses trechos de Marx e Engels, presentes na obra O Manifesto Comunista, expressam bem e ajudam a entender o motivo de tamanha convulsão social e confiança na revolução proletária, ainda no século XIX. Quando falam em união favorecida pelos meios de comunicação, a discussão se torna ainda mais contemporânea, uma vez que as tecnologias de troca de informações à distância estão desenvolvidas de uma forma nunca antes vista.
     Porém, pode-se afirmar que, à medida que essas tecnologias se desenvolvem, a própria classe burguesa ganha cada vez mais capital e, consequentemente, mais poder. Assim, sendo os burgueses os legítimos detentores dos meios de produção, questiona-se a validade e a efetividade da união dos proletários através desses meios comunicativos, considerando-se que esses mesmos meios são controlados, inevitavelmente, pelos burgueses.
     Dessa forma, percebe-se o imenso poder de controle da classe dominante sobre a classe dominada, talvez o maior desde o início da luta de classes, ainda mais quando se considera que a acessibilidade aos meios de comunicação se dá pelo salário, talvez o maior instrumento de controle da burguesia. Enfim, é preciso maior organização das forças de resistência aliada a fortes instituições democráticas, com a finalidade de amenizar essas disparidades diametrais entre os dominantes e os dominados.


Renan Djanikian Cordeiro
1º ano do Direito Noturno

A “Revolução” no século XXII

Analisando a famosa  e  incansavelmente citada obra de Marx e Engels,  “O Manifesto Comunista”, destaca-se que os autores expõem que a luta de classes representa a história da sociedade: homem livre X escravo; o patrício X plebeu, senhor X servo. Por sua vez, a sociedade burguesa traz intrínseca a si a luta entre burguesia e proletariado. A partir da hegemonia da sociedade burguesa; a qual nasceu das ruínas feudais, percebe-se  uma alteração profunda no seio da sociedade: a burguesia destruiu as relações fraternais, findou o fervor religioso; escancarando o individualismo, o consumismo, o egoísmo. Isso é muito nítido nos dias atuais: as pessoas, apesar de viverem em grupo, agem como se estivessem presas à um universo paralelo. Assustadoramente, essa situação está presente no próprio convívio familiar, por exemplo, quando os membros de uma família preferem isolar-se cada um em seu quarto, ouvir sua música em seus fones de ouvidos particulares, mexerem cada qual no seu próprio celular. Nesse ínterim, concluímos que, na sociedade burguesa, o individualismo, a competitividade se elevam, em detrimento do altruísmo, da solidariedade.

Conforme Engels e Marx destacam, na sociedade burguesa dá-se uma importância muito elevada ao dinheiro, às relações monetárias. Elas parecem substituir as demais relações sociais. Isso é, no mínimo, triste, já que gera o constante descontentamento e ,posterior, frustação do homem, pois ele nunca se satisfaz ao suprir determinadas necessidades materiais,  uma vez que sempre surgirão outras e outras, num ciclo eterno e angustiante. Muitos estudiosos afirmam que essa é uma das origens da depressão (“o mal do século”). O que sabemos indubitavelmente é que essa liquidez das relações afetivas, cujo princípio remete-se à nascente sociedade burguesa amplamente criticada por Marx e Engels, ou seja, essa superficialidade no contato com o outro apenas colabora para reiterar a hegemonia do capital; o que nos leva à seguinte reflexão: será que o estabelecimento pela burguesia da liberdade de comércio em prejuízo das demais liberdades é favorável aos cidadãos?

“Com o rápido aprimoramento de todos os meios de produção, com as imensas facilidades dos meios de comunicação, a burguesia arrasta todas as nações, mesmo as mais bárbaras para a civilização”(p. 30) Com essa citação de O Manifesto Comunista, conseguimos fazer uma analogia com o objetivo das nações europeias na época das Grandes Navegações. Não podemos considerar um tanto pretensiosa e rodeada de preconceitos acerca de uma “superioridade” essa “missão” da burguesia em levar seu ethos, considerado superior ao demais, para todos os povos,? Não seria equivocado e até ilegítimo a tentativa burguesa de criar “um mundo à sua imagem”?


Marx e Engels destacam o intuito burguês em expandir seu modo de produção ao mundo todo, como já foi exposto. Trazendo esse raciocínio para o século XXII, podemos relaciona-lo à globalização; a qual colabora para alienar  e homogeneizar a tudo e a todos, transformando os indivíduos naqueles operários pré-programados pela indústria na época da Revolução Industrial. No contexto atual quem os domina e os padroniza é também uma indústria, mas não aquela de automóveis, de tecidos à época de Marx e Engels, é ,talvez, uma mais cruel; a “indústria cultural” .Resta-nos saber se esses “robôs” que os homens tornaram-se, serão capazes de se libertar das amarras do consumismo, da massificação cultural, do individualismo e  se conseguirão fazer a revolução; a qual nada tem a ver com modos de produção como outrora Marx e Engels defendiam, e sim, em tornar o mundo um lugar, ao menos, mais harmônico e fraternal.

 Victória Afonso Pastori
1 º Ano Direito- Noturno

Inevitável Fim

Em um momento de ascensão de uma classe operária na Europa, Karl Marx e Friedrich Engels abordam, em sua obra “O Manifesto Comunista”, os aspectos desta classe em oposição à burguesia dado que sobre aquela é depositada a confiança dos referidos intelectuais para a superação do capitalismo dado que o operariado eliminaria a luta de classes.
Defende-se que a classe operária estabelece uma nova relação social substituindo a dominação por uma forma de interdependência, ou seja, a perspectiva de transformar as relações de poder em relações de solidariedade de modo a interromper a burguesia na criação de um mundo à sua imagem, Isto pode ser verificado pela forma como o modelo de produção burguês influencia as nações a introduzirem o que define por civilização. Basicamente, induz aquelas a se tornarem burguesas.
Assim, a burguesia pode ser classificada como classe revolucionária uma vez que modifica, incessantemente, os instrumentos de produção e, com isso, as relações de produção ocasionando na revolução de todas as relações da sociedade. Entretanto, a burguesia necessita para existir e ter poder da formação e crescimento de capital e estes são sustentados pelo trabalho assalariado. 
Logo, a burguesia impulsiona-se ao seu fim visto que o trabalho assalariado fundamenta-se na competição entre os trabalhadores o que deveria causar isolamento entre eles, porém os associa pela combinação revolucionária. Desta forma, afirma-se que o cerne da união do operariado está na própria burguesia.
Em suma, Marx e Engels defendem que a classe operária decretará o fim das lutas de classe motivadas pela própria burguesia ao afirmarem que "a burguesia não só forjou as armas que trazem a morte para si própria , como também criou os homens que irão empunhar estas armas" (1998, p. 19)


Camila Migotto Dourado
1º ano Direito - Diurno

"Rico cada vez fica mais rico e o pobre cada vez fica mais pobre"


“(...) pois os que no regime burguês trabalham não lucram e os que lucram não trabalham”


A nossa história sempre foi marcada pela luta de classes, contudo, o capitalismo contribuiu para um aprofundamento desta, separando a sociedade entre burguesia e proletariado. A burguesia sempre visando o lucro, principalmente através da mais valia e da expansão dos mercados, e o proletariado sempre sendo explorado. 
Dessa forma, a existência da burguesia só é possível graças ao trabalho do operário, que permite o que a ela é essencial: o acúmulo de capital. A exploração dos donos dos meios de produção daqueles que dependem dos salários para viver no mundo capitalista é impiedosa. A solução proposta por Karl Marx no Manifesto Comunista (1848) para esse problema é simples: os trabalhadores devem se unir para acabar com a propriedade burguesa, ou seja, a propriedade privada. 
Nos dias de hoje, essa dominação burguesa sobre os trabalhadores, e sobre toda a população mundial é possibilitada pela globalização. De forma que ficamos subordinados ao sistema econômico capitalista, que está presente na vida de todos, alguns para o bem, outros para o mal. Os frutos do capitalismo são refletidos na desigualdade social e econômica mundial, enquando 99% da população possui apenas 52% dos recursos mundiais, o outro 1% concentra os outros 48%. Como diria uma música popular "o rico cada vez fica mais rico e o pobre cada vez fica mais pobre". 
Apesar do capitalismo atual ser diferente daquele da época de Marx  ao fazer concessões como a existência de Estados sociais e de se existir certa preocupação com o o meio ambiente, ele é ainda extremamente prejudicial para aquela população que trabalha muito todos os dias e continua recebendo um salário desproporcional em relação aos chefes. Dessas forma, hoje em dia existem algumas concessões sim, mas não a ponto de abalar ou mudar o sistema capitalista.

Mariana Miler Carneiro
1º ano- Direito- Noturno

O comunismo para Marx e Engels

A obra “Manifesto do Partido Comunista” reflete a visão crítica de Marx e Engels sobre o capitalismo, a luta e a necessidade da união dos proletários contra a burguesia. Publicada em 1847. Constituindo-se num importante documento que delineava em seus pontos essenciais as bases econômicas e a luta de classe como o motor da história. Segundo seus autores, para surgir uma sociedade sem classe e sem exploração, esta só seria possível através da união dos proletários.
Desde os primeiros tempos da História a sociedade existiu através da luta de classes sociais, ou seja, entre burgueses e proletários, verificamos assim, quase por toda parte, uma completa divisão da sociedade em classes distintas, uma escala graduada de condições sociais que reina até os dias de hoje. Com o desenvolvimento da burguesia (capital), desenvolve-se também o proletariado, a classe dos operários modernos, que só podem viver se encontrarem trabalho e que só o encontram na medida em que este aumenta o capital. Esses operários, constrangidos a vender-se diariamente, são mercadoria, artigo de comércio como qualquer outro. De todas as classes que ora enfrentam a burguesia, só o proletariado é uma classe verdadeiramente revolucionária. As outras classes degeneram e perecem com o desenvolvimento da grande indústria; o proletariado, pelo contrário, é seu produto mais autêntico. O movimento proletário é o movimento espontâneo da imensa maioria em proveito da imensa maioria. O proletário, a camada inferior da sociedade atual, não pode erguer-se, pôr-se de pé, sem fazer saltar todos os estratos superpostos que constituem a sociedade oficial.
A condição essencial da existência e da supremacia da classe burguesa é a acumulação da riqueza nas mãos dos particulares, a formação e o crescimento do capital; a condição de existência do capital é o trabalho assalariado. Este baseia-se exclusivamente na concorrência dos operários entre si. Os comunistas apoiam os proletários como um todo, pois objetivo imediato dos comunistas é o mesmo que o de todos os demais partidos proletários: constituição dos proletários em classe, derrubada da supremacia burguesa, conquista do poder político pelo proletariado. A característica distinta do comunismo não é a abolição da propriedade em geral, mas a abolição da propriedade burguesa. O capital é um produto coletivo: só pode ser posto em movimento pelos esforços combinados de muitos membros da sociedade, O capital não é uma força pessoal; é uma força social. Assim, quando o capital é transformado em propriedade comum, pertencente a todos os membros da sociedade, não é uma propriedade pessoal que se transforma em propriedade social. A teoria dos comunistas pode ser resumida na sentença: abolição da propriedade privada, o fim da exploração dos muitos pelos poucos.
Na sociedade burguesa existente, a propriedade privada já acabou para nove-décimos da população. A sua existência para os poucos deve-se simplesmente à sua não existência nas mãos desses nove-décimos. O comunismo não retira a ninguém o poder de apropriar-se de sua parte dos produtos sociais, apenas suprime o poder de escravizar o trabalho de outros por meio dessa apropriação. Na proporção em que a exploração de um indivíduo por outro termina, a exploração de uma nação por outra também terminará. Na proporção em que o antagonismo entre classes dentro de nações desaparece, a hospitalidade de uma nação para outra terminará. Em suma, o comunismo é a ruptura mais radical com as relações de propriedade tradicionais existentes no capitalismo, em que o desenvolvimento livre de cada um é a condição para o desenvolvimento livre de todos.
Pode-se finalizar dizendo que essa obra em questão constitui um magnífico instrumento para a humanidade, pois nos pensamentos transcritos nesse documento representa um agudo grito contra o processo mecânico e a alienação do homem, contra sua perda da cidadania, de humanidade e sua transformação em objeto explorado.


Thais Amaral Fernandes - 1 ano Direito Diurno 

Pelo despertar dos sonhos de níquel

   A obra de Karl Marx e Friedrich Engels, de 1848, intitulada de Manifesto do Partido Comunista, trata sobre a análise do sistema capitalista na sociedade, de modo a superá-lo, alertando o operariado sobre o poder que dispõe, podendo revolucionar todo o sistema. Embora considerado como uma profecia, Marx nada mais fez do que analisar profundamente a história e a sociedade em si, evidenciando a forma supressora que o capitalismo trabalha, acentuando as desigualdades em um mundo que cada vez mais é individualista. A luta de classes que se apresentou em todas as sociedades existentes, como afirmado no Manifesto, na sociedade moderna se apresenta entre o operário e o burguês. Pode-se afirmar que em algumas sociedades o primeiro venceu; em outras, o segundo, mas na atualidade é o operário quem sai perdendo.
   O capitalismo aprofundou e acentuou a desigualdade socioeconômica, além disso, dispõe de instrumentos de extrema influência na população para fazê-la acreditar que esse sistema é o ideal para a sociedade: a mídia é um desses instrumentos principais. Um exemplo dessa alienação midiática ocorreu em momentos pré-ditadura militar no Brasil, em que supostamente havia uma “ameaça comunista” que rondava a América Latina; os Estados Unidos, como líderes do capitalismo na época, estavam prontos para intervir, mas o exército brasileiro o fez primeiramente, aplicando um golpe, assumindo o governo.
   Com isso, a ascensão social passou a ser o “sonho capitalista” de todos, e não mais a condição de igualdade geral. De algum modo, o trabalhador se perdeu dentro do movimento, passando não mais a querer dominar os meios de produção na classe em que pertence, mas sim a querer ser dono de toda a produção, elevando-o a condição de burguês. Talvez seja pela desilusão na forma como o socialismo foi empregado na União Soviética, por exemplo, mas na realidade, não se conhece devidamente o sistema socialista na prática. Todas as formas que foram concebidas foram, na verdade, uma deturpação desse sistema.
   A sociedade contemporânea é um reflexo de como o capitalismo tem se enraizado na natureza humana, tornando o homem cada vez mais materialista. O dualismo monetário presente na concepção de que dinheiro resulta em malefícios para a humanidade, mas que também provém uma felicidade material, faz com que o homem permaneça nesse sistema. Um exemplo dessa dualidade está presente na música Money da banda Pink Floyd. Apresentando sons que remetem à caixa registradora e moedas caindo, a música mostra como o homem vive uma relação de busca constante de dinheiro, tornando a vida cada vez mais difícil, como mostrado no trecho da canção:

“Money, it’s a crime
Share it fairly
But don’t take a slice of my pie
Money, so they say
Is the root of all evil today”

   A consciência de uma necessidade de transformação social que Marx aborda, parece ter desaparecido pouco a pouco, fazendo com que as pessoas não enxergassem mais o socialismo como uma real alternativa para todo o caos provindo do sistema econômico atual. Um antigo movimento coletivo é agora cada vez mais individual e egocêntrico. Citando uma célebre frase da escritora e filosofa Simone de Beauvoir, “É horrível assistir à agonia de uma esperança”, a esperança de uma sociedade mais justa e igualitária tem desaparecido na conjuntura atual e isso deveria se alterar de alguma forma. O conformismo e a alienação resultante da mídia capitalista deveriam ser as primeiras coisas que o operariado atual deveria se desvencilhar. Libertando-se desse ciclo de infinitudes de miséria e ambição, faria o trabalhador despertar desse sonho repleto de níquel e outros metais que mais parece infinito. Como disse Marx no Manifesto, é preciso da união dos trabalhadores para que a revolução dê certo, apesar de tudo, o sonho não pode acabar. Avante!

Lara Costa Andrade -1º ano Direito (Diurno)
Introdução à Sociologia – Aula 8

                       "Tudo que é sólido: 
                           
                                                                                                                              Derrete-se no ar"


Modo asiático, feudal,

                                                                       capitalista de produção

                          Evolução ou mera ficção?

                                                           Veja o avanço: Crise por falta
                     de alimentos?, não

                             Na atual ocasião, a crise é pela

Superprodução.              
                                                                                                              Puerilidade, não?           

                                                       A ferramente era a

                     extensão do varão
                                                                                         Em poucos séculos,
                                     
                                         quanta inversão
                                                                                                                Quanta contradição!

                                                                                         E não é que o homem
                   

                    é que virou a extensão?



A interdependência universal e a crise grega

“Em lugar das antigas necessidades, satisfeitas pela produção do país, encontramos novas necessidades, exigindo para satisfazê-la produtos de terras e climas distantes. No lugar da antiga reclusão e auto-suficiência local e nacional, temos conexões em todas as  direções, uma interdependência universal.”
    Esse excerto extraído do Manifesto Comunista de Marx, ao meu ver, serve muito para compreender a situação que a Grécia está passando no momento. Seu envolvimento com o bloco econômico europeu, do qual é membro desde 1981, é demasiado e marcado, sobretudo,  pelo estabelecimento de uma relação de mais pura dependência. O que torna cada vez mais difícil o enfrentamento de uma situação de crise ameaçadora das condições sociais, da estabilidade política e econômica.
        Diante dessa crise ameaçadora, aprofundada desde 2008, o primeiro ministro do partido Syriza, Tsipras, tinha um plano original para livrar a Grécia da mesma: sua intenção é mantê-la na Zona do Euro,  reverter as medidas de austeridade, usurpadora de direitos, preponderantes nos acordos com a Troika. Renegociando os termos da dívida grega. Difícil mesmo é negociar com o imperialismo, contra a ditadura do capital, sem ser visto como um inimigo do sistema.
        Com efeito, enquanto Tsipras tentatava pressionar abertamente os representantes dos organismos multilaterais, mostrando que tais medidas de austeridade tinham um alto custo social, cuja aplicação resulta em um forte retrocesso em matéria de direitos fundamentais e sociais. As negociações não vingavam nesse sentido, pois eles, do “sistema”, se recusam a renegociar a dívida grega, temerosos de que isso poderia acabar estimulando outros países a fazer o mesmo. Consequência de tal situação, isto é, para superar esse muro de resistência entre os credores, convocou-se o referendo grego, no qual a população se mostrou majoritariamente contra a concessão de novos empréstimos com respaldo em novas medidas de austeridade.
       Disso tudo podemos extrair uma lição sobre a democracia e o capitalismo, pois, se em detrimento de uma relação econômica, com objetivo de manter-se ativo no mercado mundial e integrar o sistema globalizado, em nome de uma moeda valiosa como euro, tiverem que negar direitos ao motor da economia, melhor votar “OXI, OXI”, ou seja, contra. Já que o empréstimo de mais moeda para continuar vivo nessa organização global, não deveria valer o sofrimento, sobretudo da classe trabalhadora, que padeceria com o desemprego ou com menores salários. Em outras palavras a dignidade pessoal não pode adquirir um simples valor de troca, as numerosas liberdades, conquistadas com tanto esfroço não deveria ser substituída pela única e implacável liberdade de comércio, conforme Marx afirma que o fez a burguesia revolucionária.
      No caso grego, reportando ao autor do Manifesto Comunista, o caso não era buscar mercadorias e rescursos em “terras distantes” pois estavam logo ali, na própria Europa (o "inimigo" mora ao lado). Mas sim compreender que sua relação de dependência com relação ao “fornecedor” é tão grande que o futuro social e econômico não pertence mais ao senhor deles. 

Yasmin Commar Curia
1º ano- Direito- Noturno