- Introdução e Contexto Social e Histórico;
- O Positivismo e seus três estágios;
- Positivismo no Brasil, casamento civil, a inscrição "ordem e progresso" da bandeira brasileira e as escolas cívico-militares;
- A Religião da Humanidade, fundada por Comte;
- Comte, o "pai" da Sociologia e Emile Durkheim;
- A Ciência para Comte e a psicologia Behaviorista;
- Referências bibliográficas, comentários e curiosidades sobre Comte e sua teoria.
Introdução
O contexto onde nasce e se desenvolve um pensador é muito importante para entender sua obra, mas no caso de Comte, é muito mais importante ainda. É impossível entender Comte sem entender o contexto em que ele nasceu e viveu. O contexto histórico vivenciado por Comte é de intensa transformação. Ele viveu na França napoleônica, no final da Revolução Francesa, sendo, também, contemporâneo da Revolução Industrial europeia e do desenvolvimento e crescimento da ciência. O resultado é uma Europa em ebulição, sofrendo transformações em todos os âmbitos da sociedade: educacional, religioso, econômico, social e político.
Auguste Comte nasceu em Montpellier, na França, no ano de 1798. Ele era filho de uma família monarquista tradicional e católica. Apaixonado por ciência, estudou na Escola Politécnica de Paris. O autor foi fortemente influenciado por Conde Henri de Saint Simon, de quem Comte foi secretário. O conde foi o primeiro filósofo a ver claramente a importância econômica na sociedade moderna e cujas ideias Comte absorveu sistematizando nelas um estilo pessoal que logo difundiu na fase inicial do desenvolvimento da Sociologia como ciência e do Positivismo. Acreditava Saint Simon que o conhecimento científico traria o desenvolvimento da humanidade, e que os fenômenos sociais, assim como os fenômenos físicos, respeitariam as leis físicas. Portanto, a compreensão das leis naturais possibilitaria a adoção de medidas que visassem ao equilíbrio social. Uma curiosidade interessantíssima é que o Conde de Saint Simon é considerado um dos fundadores do socialismo moderno e do socialismo utópico.
Comte foi o formulador das ideias positivistas com o trabalho “Plano de trabalhos necessários para a reorganização da sociedade”, em 1822. Ele também é conhecido por ser um fundador da Religião da Humanidade ou Religião Positivista, que substituiria as religiões tradicionais e colocaria o ser humano e o progresso positivista no lugar da ideia de Deus.
Positivismo e a Lei dos Três Estágios
Compreendendo que o ser está fadado ao processo evolutivo, Comte desenvolve o positivismo como estágio final de evolução da sociedade, baseado no conhecimento verdadeiro, conquistado pelo progresso científico, que já conquista a Europa no século XIX. Há a observação científica da realidade que, de acordo com ele, resultaria na possibilidade de se estabelecerem leis universais visando o progresso da sociedade e dos indivíduos.
Para a explicação do processo evolutivo positivista, Comte propõe uma divisão trina de etapas: a Lei dos Três Estágios. Nela, afirma que a sociedade possui uma distinção de graus de desenvolvimento, iniciando pelo estágio teológico ou fictício, passando pelo estágio metafísico ou abstrato e, por fim, chegando ao objetivo final da sociedade, o estágio positivo. Veremos cada estado mais detalhadamente a seguir:
Estágio Teológico ou Fictício: Este seria o primeiro estágio da sociedade, representado pelas respostas mitológicas sociológicas e dos eventos naturais, nos quais o conhecimento racional não representa o centro das relações de compreensão da vida em sociedade. Por isso, o ser humano se utilizava das crenças religiosas para explicar a complexidade da vida humana. Exemplo: sociedades totêmicas ou aborígenes.
Estágio Metafísico ou Abstrato: Esse estágio societário representa uma transição, lenta e gradual, entre as representações mitológicas e racionais, se utilizando da razão filosófica para a compreensão e explicação da humanidade. Representado por Agostinho, Michelangelo, Da Vinci. Um bom exemplo deste estágio é o período Renascentista.
Estágio Positivo ou Científico: Por fim, o mais avançado estágio seria o Positivo, em que a ciência seria a base da sociedade e o conhecimento seria o respaldo para toda explicação humana, subordinando toda imaginação e metafísica como base da argumentação explicativa. Esse estágio acabaria levando a sociedade a uma evolução social e o ápice de organização em comunidade, sendo representado por uma ditadura republicana tecnocrática, com base no ensino laico, público, gratuito e universal. É neste estado em que a Física Social se enquadra, tendo como papel principal a compreensão dos problemas sociais, levando ao direcionamento da sociedade para uma organização última.
Dentro do processo científico, Comte passa a classificar as diversas ciências respeitando quatro grandes critérios avaliativos: cronologia, nível de complexidade, generalidade e dependência. Nisso, Comte elege seis ciências: a Matemática, Astronomia, Física, Química, Biologia e a Física Social (Sociologia). Já a matemática ela a entende como um meio para se chegar e provar a ciência e não uma ciência.
Positivismo no Brasil, casamento civil e as escolas cívico-militares
A teoria positivista de Comte se alastrou pelo mundo e influenciou diretamente na construção republicana brasileira. Com a deposição de D. Pedro II, o Brasil adotou o positivismo como a base filosófica para a construção de uma nação republicana, em 1889.
O positivismo corresponde a uma corrente filosófica de grande relevância para o contexto intelectual brasileiro na transição do século XIX para o XX. Suas ideias deram origem a uma interpretação cientificista e laicizada da política. No Brasil, isso está relacionado, por exemplo, com o movimento que separou a igreja do estado, tornou a religião um domínio do privado e instituiu o casamento civil.
A ala militar se apropriou da filosofia positivista, visando estabelecer a ordem social em busca do progresso nacional. O lema "Ordem e Progresso" , expresso na bandeira nacional, é a expressão máxima dessa filosofia no solo brasileiro, essa palavras fazem parte de uma frase maior, do próprio Comte: "o amor por princípio, a ordem por base, e o progresso por fim"
Críticas não foram poupadas à inscrição dessas palavras na bandeira e várias mudanças foram propostas, sem sucesso. Entre as mais significativas, posteriormente, foi a do senador Augusto Coelho Rodrigues que propôs trocar a inscrição por "Lei e Liberdade".
As escolas cívico militares: Atualmente, no Brasil, a expressão da filosofia positivista pode ser vista na idéia de criar escolas com valores e conduta disciplinar militares. A imposição da disciplina deve ser, assim como era, para os positivistas, uma função primordial da escola, pois ali os membros de uma sociedade aprenderiam, desde pequenos, a importância da obediência e da hierarquia. Também serão doutrinados a aceitar e defender a sociedade como ela é, sendo a proposta de mudanças na ordem social, uma tentativa de sua subversão pois afetaria e prejudicaria o necessário e legítimo equilibrio e harmonia dessa sociedade. Num exemplo extremado, pode-se dizer que para essa visão, lutar ou combater o racismo, será incentivar o conflito entre as raças, gerando um desequilíbrio e, também uma ruptura no conceito de uma sociedade equilibrada, unida e com uma forte democracia racial. Ou seja, estar em ordem numa sociedade sem conflito é o ápice da sociedade positivista, conceito de base dessas escolas cívico-militares. Abaixo, conceitos peculiares das escolas cívico militares
“Seu primeiro e principal resultado social consistirá em firmar solidamente uma atividade moral universal, prescrevendo a cada agente, individual e coletivo as regras de conduta mais conformes à harmonia fundamental” (p.86).
Qualquer trabalho é digno de reconhecimento. Aliando-se e aplicando-se por sua natureza a todos os trabalhos práticos, tendem ao contrário, a confirmar ou mesmo inspirar o gosto por eles, quer enobrecendo seu caráter habitual, quer colocando suas consequências penosas.
Conduzindo, de resto, a uma sadia apreciação das diversas posições sociais e das necessidades correspondentes, predispõe a perceber que a felicidade real é compatível com todas e quaisquer condições, desde que sejam desempenhadas com honra e aceitas convenientemente.” (p.85).Traduzindo: Se conforme e aceite a sua vida com humildade e a sociedade como ela é, fazendo o seu melhor para manter tudo do jeito que está, sem tentar mudar nada ou alterar as posições e privilégios existentes, corrigir injustiças que não existem, pois isso criaria sem necessidade o desequilíbrio nesta perfeita e justa sociedade em que vivemos. Em outras palavras mais eufemistas, ainda que percebidas as desigualdades sociais, a grande preocupação (assim como a de Comte) é com a coesão da sociedade conseguido através de um consenso moral de conformismo e aceitação plena.
Émile Durkheime é considerado, ao lado de Comte, um dos pais da sociologia moderna e fez sociologia combinando teoria empírica com teoria sociológica.
Religião da Humanidade ou Positivista
O positivismo, segundo Auguste Comte, seria a Religião da humanidade, substituindo todas as concepções de deuses anteriormente fundamentados na metafísica, tendo a razão e a ciência como a expressão máxima da organização social, carregando o lema “O amor por princípio, a ordem por base e o progresso por fim”. Aqui, o espiritual é substituído pelo material, buscando uma espiritualidade plenamente humana.
O culto da Religião Humanista está baseada em um tripé: Humanidade ou o Grande Ser (conjunto de seres humanos que contribuíram ou contribuem para o progresso civilizacional), Grande Fetiche (os elementos que compõem o planeta Terra) e, por fim, o Grande Meio (os astros, planetas e universo).
Sociologia
Dentre os principais autores que articularam a Sociologia em sua fase inicial de desenvolvimento é considerado o “Pai da Sociologia”, Comte propõe o desenvolvimento de uma ciência que seja capaz de estudar e compreender a sociedade, com o intuito de organizá-la e transformá-la. A sociologia seria uma auxiliadora no processo de evolução da sociedade, sendo ela, a expressão máxima da racionalidade humana.
A Sociologia, inicialmente, é batizada como Física Social pelo autor, que, da mesma maneira que as ciências naturais desvendam as leis naturais, aponta a Física Social como capaz de descobrir as leis sociais, permitindo o conhecimento das leis que regem a sociedade e, assim, encaminhar a humanidade em direção ao progresso.
Dentro das características da Física Social, podemos notar a neutralidade e a objetividade do cientista. Ao estudar a sociedade o pesquisador deveria se abster de opiniões pessoais, para que estas não interferissem e contaminasse o processo do conhecimento, garantindo, assim, um estudo coeso. Um exemplo que posso apresentar que clarifica essa visão de "neutralidade" científica vem do Behaviorismo, Na psicologia behaviorista – influenciada pelo positivismo -, em um processo de observação, não se pode dizer que a pessoa olha para alguém ou para algo, mas que ela olha em direção a alguém ou a algo, pois dizer que ela olha para alguém ou algo seria uma inferência do pesquisador/observador, portanto inadequada, pois ela poderia estar olhando em direção à, mas nao vendo ou numa linguagem mais behaviorista, "não tendo a percepção" daquela realidade.
A Sociologia consolidou-se como ciência no final do século XIX graças aos trabalhos de Émile Durkheim, considerado tantas vezes como “pai” da Sociologia. Neste contexto, uma série de condições sociais, econômicas, políticas e acadêmicas contribuíram para o seu surgimento, dentre elas a Revolução Industrial, o cientificismo e o positivismo, herança do iluminismo francês.
Referências bibliográficas, Comentários e Curiosidades sobre Comte e o positivismo
(Importante ter a honestidade intelectual em declarar que, alguns, dos comentários e curiosidades abaixo foram retirados de questões de vestibulares)
- Até o século XVIII, a maioria dos campos de conhecimento, hoje enquadrados sob o rótulo de ciências, era ainda, como na Antiguidade Clássica, parte integral dos grandes sistemas filosóficos. A constituição de saberes autônomos, organizados em disciplinas específicas, como a Biologia ou a própria Sociologia, envolverá, de uma forma ou de outra, a progressiva reflexão filosófica, como a liberdade e a razão.
Adaptado de: QUINTANEIRO, T.; BARBOSA, M. L. O.; OLIVEIRA, M. G. M. Um Toque de Clássicos: Marx, Durkheim e Weber. Belo Horizonte: UFMG, 2002. p.12.
- Sobre o surgimento da Sociologia, a relação entre conhecimento sociológico de Auguste Comte e as ideias iluministas estava na crença da razão como promotora do progresso da sociedade e foi compartilhada pelo Iluminismo e pelo Positivismo.
- Enquanto resposta intelectual à “crise social” de seu tempo, os primeiros sociólogos irão revalorizar determinadas instituições que, segundo eles, desempenham papéis fundamentais na integração e na coesão da vida social. A jovem ciência assumia como tarefa intelectual repensar o problema da ordem social, enfatizando a importância de instituições como a autoridade, a família, a hierarquia social e destacando a sua importância teórica para o estudo da sociedade.
MARTINS, Carlos Benedito. O que é Sociologia. São Paulo: Brasiliense, 2006, p. 30.
- Na parte mais tardia de sua carreira, Comte elaborou planos ambiciosos para a reconstrução da sociedade francesa em particular, e para as sociedades humanas em geral, baseado no seu ponto de vista sociológico. Ele propôs o estabelecimento de uma “religião da humanidade”, que abandonaria a fé e o dogma em favor de um fundamento científico. A Sociologia estaria no centro dessa nova religião
GIDDENS, Anthony. Sociologia. 4.ed. Porto Alegre: Artmed, 2005. p. 28.
- Comte aponta para o papel da Sociologia como ciência fundamental para a compreensão do consenso moral, como solução para regular e manter unida a sociedade. Seu esquema sociológico positivista, acreditava que toda a vida humana tinha atravessado as mesmas fases históricas distintas e que, se a pessoa pudesse compreender esse progresso, poderia prescrever os remédios para os problemas de ordem social. Era um grande defensor da moderna sociedade capitalista.
- Uma das grandes preocupações de Auguste Comte era a crise de sua época, causada, segundo ele, pela desorganização social, moral e de ideias. A solução se encontraria na constituição de uma teoria apropriada – a Sociologia –, capaz de extinguir a anarquia científica vigente, origem do mal. Esse seria, precisamente, o momento em que se atingiria o estado positivo, o grau máximo de complexidade da ciência.
- O nome “positivismo” tem sua origem no adjetivo “positivo”, que significa certo, seguro, definitivo. Como escola filosófica, derivou do “cientificismo”, isto é, da crença no poder dominante e absoluto da razão humana em conhecer a realidade e traduzi-la sob a forma de leis que seriam a base da regulamentação da vida do homem, da natureza e do próprio universo. Com esse conhecimento pretendia-se substituir as explicações teológicas, filosóficas e de senso comum por meio das quais - até então - o homem explicaria a realidade e a sua participação nela”
(COSTA, Cristina. Sociologia: introdução à ciência da sociedade. São Paulo, 2005, p.72.).
- Auguste Comte foi quem deu origem ao termo Sociologia, pensada como uma física social, capaz de pôr fim à anarquia científica que vigorava, em sua opinião, ainda no século XIX.
- “Estudando, assim, o desenvolvimento total da inteligência humana em suas diversas esferas de atividade, desde seu primeiro voo mais simples até nossos dias, creio ter descoberto uma grande lei fundamental, a que se sujeita por uma necessidade invariável, e que me parece poder ser solidamente estabelecida, quer na base de provas racionais fornecidas pelo conhecimento de nossa organização, quer na base de verificações históricas resultantes do exame atento do passado. Essa lei consiste em que cada uma de nossas concepções principais, cada ramo de nossos conhecimentos, passa sucessivamente por três estados históricos diferentes: estado teológico [...] estado metafísico [...] estado positivo [...]”.
(COMTE, A. Curso de filosofia positiva. Trad. José Arthur Giannotti. São Paulo: Abril, 1985, p. 9-11).
- As preocupações intelectuais de Auguste Comte decorrem, principalmente, da herança do Iluminismo e da Revolução Francesa. Inspirado no método de investigação das ciências da natureza, procurava identificar os princípios da vida social assim como outros cientistas explicavam a vida natural. Além de cunhar o nome da nova ciência de Sociologia, foi dele a primeira tentativa de definir-lhe o objeto, seus métodos e problemas fundamentais, bem como a primeira tentativa de determinar-lhe a posição no conjunto das ciências.
- “A história da sociologia caracteriza-se pelo relacionamento ambivalente com a biologia e outras disciplinas que dizem respeito ao meio ambiente natural (...) De um lado, o pensamento sociológico é fortemente influenciado pelas imagens de desenvolvimento, evolução e adaptação de organismos (...) Paralelamente, o desenvolvimento da teoria sociológica segue um modelo principalmente moldado pelas reações contra o simplismo biológico de vários tipos (especialmente o darwinismo social e o determinismo ambiental).”
(BUTTEL, F. A sociologia e o meio ambiente: um caminho tortuoso rumo à ecologia humana,
In Perspectivas. V.15, 1992. p. 69).
- O positivismo, sendo mais que somente um método científico, valorizava justamente a "Ordem e o Progresso", impondo-se como teoria do social capaz de solucionar os problemas de desorganização da sociedade moderna.
- A produção intelectual de Comte se insere em um contexto no qual os primeiros sociólogos buscavam estabelecer a sociologia enquanto ciência, a partir da definição de uma metodologia semelhante a das ciências da natureza, de modo que se propunha uma análise das sociedades humanas baseada na mesma precisão que estas.
- A teoria, ou lei, dos três estados, proposta por Comte, define o estado teleológico como aquele no qual as sociedades explicam o mundo por meio de divindades e forças sobrenaturais. Nesse estágio de desenvolvimento, que Comte considera primitivo, o mito tem um papel central no entendimento do mundo. Já o estágio metafísico é caracterizado por um abandono parcial das explicações míticas e pelo início das investigações sobre a natureza a partir de raciocínios abstratos. A filosofia passa a substituir o mito como forma de investigação e explicação do mundo. Por fim, no estágio positivo, observa-se a ciência como instrumento de investigação e explicação da natureza, a partir da identificação e descrição de leis gerais. Para Comte, esse seria o estágio mais avançado da civilização. A filosofia comteana pode ser entendida como uma reação ao contexto da Revolução Francesa, que questionou a ordem vigente
- Os problemas sociais não eram vistos como resultado do desenvolvimento econômico, mas expressão de que determinada sociedade ainda não chegou ao estado positivo. A sociologia seria responsável justamente por conduzir a sociedade na superação desses problemas.
Segundo Comte, a sociedade está organizada segundo leis da natureza. O homem racional seria aquele capaz de conduzir a sociedade ao seu progresso, justamente de acordo com essa lei natural.
- O conhecimento científico, segundo Comte, não é metafísico, sendo superior à toda visão metafísica e religiosa do mundo.
- Para Comte, a sociologia seria a forma mais evoluída de explicação das sociedades. Além disso, vale ressaltar que a sociologia de forma alguma naturaliza a vida social por meio de explicações ambientais.
- “Ordem e Progresso” tem origem no Positivismo de Auguste Comte, estando relacionado ao lema da religião positivista: “O Amor por princípio e a Ordem por base; o Progresso por fim”. Essa relação surgiu a partir da forte influência do positivismo nos ideais republicanos, no Brasil.
- O positivismo valoriza a ciência como principal fonte de conhecimento, estando acima da religião e da filosofia. Esse modelo também atinge a educação e está presente em diversas escolas. Isso se verifica, por exemplo, quando as disciplinas científicas em uma escola são mais valorizadas que as disciplinas artísticas ou culturais.
- Convicto de que a reorganização da sociedade exigiria a elaboração de uma nova maneira de conhecer a realidade, Comte procurou estabelecer os princípios que deveriam nortear os conhecimentos humanos. Seu ponto de partida era a ciência e o avanço que ela vinha obtendo em todos os campos de investigação. (...) O advento da sociologia representava para Comte o coroamento da evolução do conhecimento científico, já constituído em várias áreas do saber.
MARTINS, Carlos Benedito. O que é Sociologia. São Paulo: Brasiliense, 2006, p. 44.
- O conjunto da nova filosofia tenderá sempre a fazer sobressair, tanto na vida ativa como na especulativa, a ligação de cada um a todos, sob uma série de aspectos diversos, de modo a tornar involuntariamente familiar o sentimento íntimo da solidariedade social, (...) Não somente a ativa busca do bem público será sempre privada, será sempre representada como a maneira mais conveniente de assegurar a felicidade privada; mas, por uma influência (...) dos pendores generosos, se tornará a principal fonte da felicidade pessoal.
COMTE, August. Discurso sobre o espírito positivo. São Paulo: Escala, s/d, p. 74.
- A Revolução Industrial e a Revolução Francesa impulsionaram o surgimento da Sociologia como ciência voltada para compreender as novas relações entre as pessoas. Essas relações envolviam agora um complexo de hábitos e costumes e eram provocadas por causa da maneira de se produzirem e se consumirem os excedentes na Europa do século XIX. Sobre esse período da Sociologia e com base nesta concepção as investigações sociológicas deveriam utilizar os mesmos procedimentos das ciências naturais, ou seja, a observação, a experimentação e a comparação.
Rubens Chioratto Junior