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segunda-feira, 2 de abril de 2018


No romance “A Cidade e as Serras”, publicado no início do século XX, o desenvolvimento tecnológico de Paris contrasta com a simplicidade rural de Tormes. Analogamente, na contemporaneidade pós Guerra Fria, essa discrepância é notada entre os “países do Norte” e “do Sul”, já que os primeiros são cientificamente mais avançados que os demais. O sonho dos países subdesenvolvidos de possuírem os mesmos conforto e qualidade de vida que os países “do Norte”, paralelos a Paris no século passado, é aproveitado por muitos políticos brasileiros em campanhas eleitorais, para legitimar a beneficiação de grandes empresas, em detrimento do popular, já que, segundo eles, é necessária a ordem (aliada ao sacrifício das massas) para um posterior progresso de fato, segundo uma filosofia positivista de Auguste Comte. É o caso da Reforma da Previdência, defendida pelo presidente interino Michel Temer, e das diretrizes do “milagre econômico” no governo de Garrastazu Médici.
Todavia, o progresso, ao contrário do que se espera, muitas vezes acaba restrito às camadas economicamente mais favorecidas do país, o que gera debates sobre a veracidade do discurso “ a riqueza de poucos beneficia a sociedade inteira”.
Logo, o positivismo comtiano muitas vezes é usado para aumentar o distanciamento do alicerce e da cumeeira da pirâmide social, de forma pragmática no Brasil. Não por acaso, a aplicação do lema “Ordem e Progresso” em uma nação subdesenvolvida e latifundiária, que necessita de reparos e análises aprofundadas, culminou em sua classificação como o décimo país mais desigual do mundo em 2017.
Giovana Fujiwara (diurno).


No filme “A Onda”, dirigido por Dennis Gansel, um professor de autocracia busca testar a possibilidade de ascensão do nazi-fascismo na Alemanha contemporânea, após seus alunos julgarem tal possibilidade absurda. Com isso, procurou consolidar a sala em um grupo de identidade única, chamado de “Onda”, com símbolo especifico de cumprimento (notado no cartaz de divulgação da obra), uso de uniformes, marchas e respostas curtas e diretas dos integrantes ao líder.
Tamanha a identificação dos estudantes com o movimento, o experimento de Gansel extrapolou os limites éticos, já que ocorreram casos de vandalismo e intimidação de terceiros em defesa da legitimidade da “Onda”.
Como os alunos não pertencentes à sala de autocracia, como Mona (Amelie Kiefer), criticavam o posicionamento da sala e de Gansel, os membros do movimento os marginalizavam e intimidavam, inclusive com violência física.
À medida que o grupo existia independentemente da opinião de terceiros, e exercia coerção sobre os indivíduos não padronizados , podemos caracteriza-lo como um fato social, máxima de Émile Durkheim. Essas coerções não judiciais, mas sim sociais, podem ser traduzidas para a realidade atual, a exemplo da depilação feminina, já que as mulheres que não a fazem, consoante uma perspectiva feminista, são excluídas por grande parcela da sociedade, que as julgam como não higiênicas.
Vale ressaltar, ainda, que o conceito de anomia do mesmo sociólogo, definido como uma situação de ausência de normas e perdas de fé e tradição, também pode ser notado no final da obra, já que a personagem Tim, frente a possibilidade de desagregação do movimento, tem uma crise de identidade e se suicida. O mesmo provavelmente não ocorreria em soldados das Cruzadas ou das Guerras Mundiais, por exemplo, uma vez que viam a vida como uma ferramenta para a defesa de valores, como a religião e a pátria, respectivamente.
Giovana Fujiwara (diurno).



O filme “A Onda”, produzido em 2008, retrata o experimento de um professor de autocracia na Alemanha contemporânea, que buscou provar a possibilidade de uma nova ascensão nazifascista no pais, apesar de tal ideia ser absurda e obsoleta para majoritária parcela dos alunos. Para isso, o docente, Rainer Wenger, persuadiu os estudantes sobre as vantagens da consolidação da sala como um único grupo, que desconsidera as idiossincrasias dos membros, com direito a uniformes, símbolo de cumprimento e marchas. Todavia, no decorrer da obra, a identificação dos jovens, exceto Mona (Amelie Kiefer), com tal união, tornou-se tao forte que extrapolou os limites da ética profissional, já que houveram atos de vandalismo  (para a exaltação do movimento), perseguição, idolatria, entre outros.
Essa alienação dos alunos, frente `as ordens de Wenger, representa uma clara divergência em relação ao método cientifico do filosofo Rene Descartes, visto que em nenhum momento duvidaram da legitimidade do grupo, ou procuraram vencer as próprias convicções de modo racional.
Apesar do filme abordar uma extrema negligencia da racionalidade, artisticamente, o contexto no qual se insere, de desrespeito `a pratica dos princípios do método de Descartes, pode ser traduzido na realidade, a exemplo da aceitação indubitável do geocentrismo na Idade Média. Assim, cientistas questionadores, em acordo com a filosofia epistemológica, como Galileu Galilei (que propôs o heliocentrismo), podem ser caracterizados como “Monas” de paisagens exteriores `as telas de cinema, enquanto as instituições de estabelecimento de dogmas incontestáveis (como a Igreja medieval), como “professores Wengers”. Nesse caso, sem objetivo de experimentação.
Giovana Fujiwara (diurno).


Seguindo a receita de Descartes
direcionamento da mente humana
Analisar, verificar, revisar
Não deixar vestígios
dar segurança
dar firmeza para a geração de                                                      [conhecimentos

Confie no método
As tradições se equivocam
Os sentidos burlam
A memória ilusiona
É com a experiência que se formam as                                        [ideias

Seguindo a receita de Bacon
não se pode perder a praticidade
A ciência se compromete
com a obtenção do progresso
com o comando da natureza
com a evolução social

Para se alcançar a verdade
É preciso saber desviar de elementos
a falta de clareza
a parcialidade
a pessoalidade
a subjetividade
hão de afastar da proximidade das ideias                                        [precisas

A ciência moderna se apoia em receitas
na cartesiana
na baconiana
E assim se constroem verdades
Verdades ?
É melhor que se pense assim
É melhor que se siga as receitas

Ádrio Luiz Rossin Fonseca -Turma XXXV direito DIURNO - Texto sobre Descartes e Bacon