A ciência moderna
parte do princípio de que ela deve ser liberta de sentimentos, guiada pela
razão e pela experiência, sendo que, para Descartes, a ciência é vista como uma
forma de transformação, voltada para o bem do homem. Nesse sentido, a ciência,
nessa realidade pandêmica atual, por meio de estudos e da formulação da vacina
para combate da COVID-19, surge, nesse viés cartesiano, como uma maneira de
mudar o cenário. Entretanto, são percebidos desafios nessa mudança.
Observando por um
plano cartesiano, tendo a cidade de Serrana no estado de São Paulo como
referência, a qual foi utilizada para realização de um projeto de vacinação em
massa, ao analisar estritamente os dados obtidos após o experimento,
constatou-se uma diminuição radical no número de mortes e de hospitalizações.
Logo, é notório que a ciência cumpriu seu papel de promover o bem do homem.
Todavia, alguma parte dos brasileiros insistem em negar a ciência.
Movidos por falsas
percepções do mundo, os ídolos, como Francis Bacon denominou, contestam a
ciência e sua eficácia comprovada por estarem entregues a uma interferência
guiada por suas paixões, especialmente políticas. Com o próprio presidente da
República promovendo o uso de remédios, que não possuem a comprovação
científica de efetividade, como a cloroquina e a hidroxicloroquina, seus
apoiadores ignoram a comunidade científica e desviam-se da racionalidade.
Infere-se, portanto,
que a ciência moderna visa o bem humano, como defendido por Descartes e
explícito na ação realizada na cidade de Serrana. Contudo, ela tem seu papel
limitado quando alguns orientam-se fora da esfera racional e guiam-se por suas
paixões, tais como afinidades políticas, constatando, assim, os ídolos,
conforme exposto por Bacon. Por conseguinte, a razão perde o posto para
princípios próprios, os quais implicam uma visão parcial subjetiva da verdade,
atuando, desse modo, como antônimos da racionalidade.
Anna Beatriz Hashioka- Primeiro ano matutino