Em biologia, sabe-se que todos os seres vivos são
formados por células. Estas, por sua vez, são consideradas as menores unidades
dos seres vivos. Porém, ainda no citoplasma das células, encontram-se as
denominadas organelas celulares, as quais cada uma possui uma função própria.
Para exemplificar, lá são encontrados: centríolos, ribossomos, lisossomos,
complexo de Golgi, vacúolos, retículo endoplasmático liso e rugoso, etc. Assim,
não é difícil entender que cada organela depende da outra, formando um complexo
interdependente, podendo-se comparar a uma cidade, onde o trânsito depende da
economia, que depende da condição financeira das pessoas, que por sua vez
depende do emprego e assim por diante.
Durkheim faz essa análise profunda, porém nas relações
sociais e como os seres humanos se inter-relacionam, através de instrumentos
como o Direito (repressivo e restitutivo). Agora, no capítulo III de A Divisão do Trabalho Social, o autor analisa
a solidariedade orgânica, característica das sociedades pré-modernas. Dito
isso, Durkheim diz que a solidariedade não se dá por conta de as pessoas terem
crenças em comum, mas sim de uma complementaridade de cada função exercida.
Pega-se, como exemplo recente, o ditador Muammar Kaddafi,
que por ser considerado, pela população, um ser violento, por reprimir os
líbios através de seu exército, foi morto brutalmente por alguns muitos
revoltados com a situação política degradante mantida pelo coronel. Em análises
de revistas renomadas, como Carta Capital
e especialistas em geopolítica, mesmo Kaddafi ter tomado conta do poder por
42 anos, ele desenvolveu a economia com triunfo, levou o país a um dos maiores
produtores de petróleo do mundo e não foi um mal governante. Porém, mesmo
assim, a consciência coletiva atingiu e contaminou as consciências individuais,
onde aquelas clamavam por democracia, onde os jovens pediam mais chances de
empregos e melhores condições de vida na Líbia. De modo a analisar
profundamente a situação, a passionalidade dos líbios tomaram conta de seus
corpos e mentes, denotando o fim do regime político instaurado pelo ditador.
De outro lado, pensa-se que as penas deveriam ser
severas, de acordo com o a “gravidade” de um certo crime, ou seja, se um
indivíduo mata outro, aquele deve ter seu destino traçado pela morte, porém,
psicologicamente, a família da vítima nunca vai ter seu “dano” reparado por uma
vingança produzida pelo Direito. Assim, para Durkheim, o Direito utiliza-se não
da emoção, mas sim da técnica para caracterizar um homicídio (culposo ou
doloso).
Por fim, atesta-se, de modo geral, que a consciência
coletiva consegue imiscuir propriedades intelectuais individuais em seu grupo e
a passionalidade a acompanha em todas as épocas e séculos que se passam. O que importa,
realmente, nos dias de hoje, é exatamente o Direito restitutivo, que nada mais
tem por objetivo colocar as coisas em seus respectivos lugares, mas com todos
os seus cacos juntados e rachaduras visíveis, como se vê na forma
organizacional das relações interpessoais atuais.