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domingo, 15 de março de 2020

A percepção histórica e seus efeitos na ciência

O filme “Ponto de Mutação”, adaptado do livro de mesmo nome de Fritjof Capra e dirigido por seu irmão, Bernt Capra, apresenta três personagens principais - a física Sonia, o político Jack e o poeta Thomas -, que, apesar de serem americanos, encontram-se em um castelo medieval na França e têm uma longa conversa sobre diversos assuntos vigentes do mundo, como ecologia, física, arte, guerra, relações interpessoais e política.
Ainda que seja da década de 90, a produção traz à tona perspectivas que fazem muito sentido atualmente. Dentre os assuntos abordados, a visão cartesiana acerca de como o homem é uma máquina, assim como o restante do planeta, é duramente criticada e posta como ultrapassada. Sonia diz que é preciso que haja uma mudança na forma pela qual a sociedade enxerga o mundo, sendo necessário percebe-lo através das relações e sistemas que o compõem.
Ao colocar-se em pauta como a historicidade pode afetar o desenvolvimento da ciência, pode-se usar como exemplo um dos temas vistos no longa: a bomba atômica. Numa perspectiva de guerra, algo histórico, tem-se o incentivo de produção de armas que possam favorecer um lado específico da briga. Assim, há o desenvolvimento da ciência, como ocorreu com a invenção da bomba. Para além disso, as descobertas decorrentes afetam a história, reiniciando o ciclo, já que novas produções serão demandadas com o passar dessa historicidade.
Seguindo essa linha de raciocínio, é possível afirmar que tal ciclo afeta o Direito. Com a evolução da ciência e da sociedade, novos conflitos surgem, assim como, segundo Durkheim, novas maneiras de pensar, de sentir e de agir tornam indispensável a modificação do Direito, objetivando a melhor adequação e justiça aos recentes costumes.

Ana Eliza Pereira Monteiro - 1º ano Direito - Matutino

Obsolescência científica: da soberania à responsabilidade


No filme “Ponto de Mutação”, de Bernt Capra, a personagem Sonia Hoffman – uma física pessimista quanto ao papel da ciência – afirma “A ciência já passou o pensamento mecanicista nesta proporção. Mas vocês políticos parecem ainda ter essa máquina dentro de suas cabeças”. Factualmente, à medida que consolida-se uma intersecção entre as esferas acadêmicas e políticas na contemporaneidade, constata-se o uso mecânico da ciência para benefício estadista, corrompendo sua responsabilidade social. Tal fato determina tantos as relações de poder existentes no que concerne à produção de conhecimento quanto a falta de atenção do meio acadêmico em relação à sociedade. Ademais, entende-se a função social lacunosa da ciência na pós-modernidade como essencial para a constatação dessa como instituição obsoleta.
Exposto o elencado, cabe destacar as relações entre a política e o conhecimento científico. Tendo em vista os efeitos da globalização e do avanço tecnológico no mundo moderno, é irrefutável a maneira com a qual os saberes científicos são utilizados para fins geopolíticos. Sobretudo no que tange ao meio bélico, a Ciência tem se provado uma importante ferramenta na imposição de nações, no contexto internacional, e de grupos dominantes, no cenário nacional. A exemplo dessa situação, tem-se desde os aparatos tecnológicos que aprimoram a economia, através das conjunturas comerciais e industriais, até as mídias digitais, que promovem a comunicação entre indivíduos distantes geograficamente e propiciam a velocidade da informação – poderosos mecanismos para a consolidação de classes políticas. Em um outro caso, no filme de Bernt Capra, Sonia menciona como as experiências científicas podem ser utilizadas para a destruição, utilizando como exemplo a Bomba de Hiroshima e Nagasaki. Por fim, obtém-se que, com o fomento à Ciência, essa abandona suas responsabilidades sociais e passa a arquitetar avanços e conhecimento direcionados ao interesse de soberanos.
Outrossim, é cabível a discussão sobre o retorno dos conhecimentos científicos para a sociedade como um todo. A falta de acessibilidade da ciência para a população é inegável e, em decorrência de tal circunstância, infere-se que a produção do saber está cada vez mais delimitada dentro das paredes físicas de um laboratório ou da Academia. Com isso, a falta de integração impede que a ciência tenha contado com a sabedoria popular e evolua progressivamente com ele. Também é englobada pela pauta a maneira com a qual as Ciências Humanas se ausentam, por muitas vezes, do meio social ainda que esse seja propriamente seu objeto de estudo, de tal forma que não somente as Ciências Exatas e Biológicas sejam necessariamente responsáveis por essa situação alastrada. Por fim, é indubitável que existem problemas relativos no tocante ao papel da ciência no mundo pós-moderno – o que acentua a discrepância entre a ciência determinada pelos pensadores do século 17 e o papel social que essa possui e deve assumir na atualidade.
            Portanto, é necessário repensar a ciência quantos aos moldes de como ela é fundamentada na hodiernidade. Enquanto o papel social dessa estiver ausente em todas as esferas que o competem, irá se presenciar uma produção obsoleta de conhecimentos - de tal maneira que as descobertas alimentarão um progresso tecnológico e informacional, mas não o avanço da civilização. Assim, a ciência ausenta-se de seus deveres e abastece as classes dominantes que a tratam como um meio e não como uma finalidade. Os saberes científicos tornam-se fragilizados pela dependência quanto as classes que o financiam e, progressivamente, passam a ser reféns da estrutura de poder sustentada por eles em um ciclo vicioso de ganância e imoderação.

Giovanna Spineli de Paiva – Noturno (1º ano)

Visões Da Realidade e Suas Influências nas Ciências.



 A natureza deve ser torturada,
  a ciência como inquisição.
 A natureza deve ser observada,
 a ciência como instrumento de transformação                                                                     

A natureza é uma mecanizada,
a ciência como mecanização.
A natureza é sim fragmentada,
a ciência como fruto da razão.

As visões da realidade são obcecadas em relação às partes,
estas como peças de um relógio a bater.
Acreditam que apenas reparando as peças, parte do ser,
reparam e previnem este da obtenção de novos males.

Faltam à essas ilusões a compreensão do mundo como conectado,
o reconhecimento das ciências como sistêmicas.
Apenas assim pode o objeto ser realmente reparado,
analisando-se sua relação que possui com o todo.

A realidade é, por si só, tudo.
Tudo faz parte da realidade.
Assim, para entendê-la,
deve-se observar e racionalizá-la como ela o é.



Vitor Nakao Tersigni - Matutino – 1°ano Direito

A luta pela representação feminina


O marco global e contemporâneo da luta pela igualdade de gênero é o movimento feminista, que impulsionado pelos ideais iluministas da revolução francesa e a euforia industrial do século XVII começou a quebrar antigas construções sociais que sustentavam o patriarcalismo e o estereótipo de submissão da mulher. Porém foi apenas na Primeira Guerra Mundial, situação onde as mulheres tornaram-se necessárias ao trabalho fábril devido a grande quantidade de homens na guerra, que elas alcançaram emancipação social e maiores direitos constitucionais.

Paralelamente, os direitos femininos tardaram a aparecer no Brasil, começando a manifestar-se pela primeira vez na Constituição de 1934, a qual proibia diferenças salariais entre os gêneros e igualava os sexos perante a lei, além de assegurar descanso antes e depois do parto, devido ao auxílio da Previdência Social. Contudo, as mulheres obtiveram direito ao voto apenas em 1937.

Apesar de todas essas conquistas constitucionais, o machismo continua enraizado em nossa sociedade e a mulher contemporânea ainda é vista como inferior dentro da dinâmica socias. Ainda que mulheres ocupem cargos de mesma importância que homens, acabam sendo taxadas de incapazes, chamadas de "loucas" ou "mandonas", quando se comportam como líderes. Um exemplo disso é o fato de quando uma mulher ocupa alguma posição de poder, é comum receber diversos tipos agressões, além de ser objetificada ou sexualizada constantemente. Um outro exemplo é Greta Thunberg, ativista ambiental sueca de dezesseis anos, que foi alvo de inúmeras críticas e até mesmo erotizada por se impor e defender sua 
causa.

Essa situação reflete-se também no mundo jurídico, no qual juristas conservadores e sem perspectiva de gênero acabam seguindo pressupostos machistas para resolver determinados casos, onde costumam culpar vítimas de estupro ou assédio pelo ocorrido. Dessa forma, os próprios detentores da lei perpetuam a desigualdade de gênero e as precárias leis de proteção a mulher, legitimando ainda mais atos machistas. Portanto, é essencial que legisladores percebam sua influência direta na sociedade e evitem a perpetuação da antiga cultura viril, agressiva e patriarcal.

Beatriz Adas Olacyr – 1° ano de Direito - Matutino

As bases da sociedade moderna


                                    
  O conhecimento empírico tanto quanto o racional tornaram-se a base da sociedade moderna.Algumas obras cinematográficas ou artigos da área criam embates entre as duas formas de pensar como, por exemplo, o filme “O ponto de mutação”  baseado em Fritjof Capra. Entretanto ,ambas possuem seus papéis fundamentais e nenhuma delas deve ser visto como ultrapassada .Dessa forma , cabe explicar nesse texto o motivo de ambas serem importantes.
 O racionalismo defende que o conhecimento seguro só pode ser descoberto através da razão. Nesse sentido, essa filosofia defende a utilização de axiomas(verdades inquestionáveis) para a formulação do conhecimento, como visto no desenvolvimento da matemática. O filme citado na introdução, explica através da opinião de Sonia Hoffman(personagem) que atualmente tudo está interligado e por isso a visão mecanicista de Descartes (defensor do racionalismo como única fonte de se obter a verdade) se tornou ultrapassada. Como exemplificado na ação do Brasil queimar as suas florestas por diversos motivos, entre eles para pagar suas dívidas externas. Além disso, vale dizer outra limitação do racionalismo, ao que turge as soluções de problemas cotidianos, como é o caso dos incêndios no meio ambiente, os quais só puderam ser melhor combatidos com base nos experimentos científicos. Porém, vale ressaltar que o racionalismo por mais que não consiga englobar todos esses motivos, não deve ser excluído do meio acadêmico, visto que há fatores que precisam ser explicados pela razão, além de ser eficaz para a resolução de problemas mais simples.
 A outra vertente da epistemologia é o empirismo, o qual é defendido no filme como a visão que mais compactua da realidade, pois tenta examinar as situações como um todo ao invés de dividi-la em partes como o método cartesiano prega. Entretanto deve-se ter em mente que o conhecimento empírico também possui suas limitações, uma vez que por ser dependente dos fatores sensoriais e também da experiência, não consegue fornecer soluções exatas com fundo lógico, mas apenas respostas com base em experiências. Como por exemplo as formulações matemáticas que são desenvolvidas a partir de uma linguagem matemática que não se contradizem e não dependem de experiências para serem comprovadas.
  Dessa forma, o racionalismo e o empirismo possuem suas vantagens e também limitações e por isso não devem ser excluídas como forma de se compreender o mundo.

Rafael Enzo Yamada-1ano-matutino

Transformações metodológicas da Ciência Moderna


No período de surgimento da Modernidade, René Descartes e Francis Bacon, ao lançarem seus princípios e ideias, promoveram a ruptura de uma crença dogmática para uma busca pela verdade e o surgimento de uma nova metodologia cientifica que possibilitou grandes descobertas da humanidade, tal que haveria uma maior credibilidade e rigor na ciência, até então, muito rígida e inconclusiva.
No qual, isto possibilitou um progresso sem igual, se comparado aos séculos anteriores. Suas ideias baseavam-se em analisar fenômenos de forma isolada, tal como olhar somente para um compartimento daquele problema, a cada vez, e não para o todo, o qual mostraria-se ineficiente futuramente. 
Contudo todo método, em algum momento chega em uma fase de esgotamento e renovação, tal que na conjuntura hodierna os cientistas buscam por conciliar a utilização de novas ferramentas com os alicerces racionais-empiristas lançados no século XVI.
O filme “O ponto de mutação” de Bernt Capra busca debater e desconstruir essa ideia de compartimentalização do conhecimento, visto que está imergindo uma corrente interdisciplinar e que prega a necessidade de analisar os diversos antecedentes e perspectivas diferentes para explicar aquele fenômeno de forma fidedigna, dada a fabilidade da natureza humana. Desta forma, a cientista Sonia Hoffman é a personificação da urgência de uma transformação metodológica da Ciência Moderna e de como todos os meios são conectados como uma teia e dependentes entre si para a existência.
Um exemplo disto é a questão urbanística brasileira dos grandes centros urbanos nos últimos 30 anos. Se não houver uma análise profunda, que considere a questão histórica, desde o período Imperial, a política e sua alternância de prioridades no poder, a econômica dada a concentração de renda vigente, a social e étnica, o cientista chegará a um resultado equivocado ou incompleto em seus estudos para explicar o que está ocorrendo e a relação sistemática entre o meio urbano e sua dinâmica será insuficiente e, por conseguinte, não conseguirá propor soluções as demandas que urgem socialmente.
Isto reflete-se também na perspectiva jurídica, tal que o Direito, até então, era considerado para alguns como não influenciável, etéreo e externo aos apelos humanos e demandas sociais. As mudanças no pensamento humano demonstraram que era necessário reformula-lo para os novos tempos e torna-lo mais inclusivo. Deste modo, não faltam situações disso, tais como a abolição do sistema do Apartheid que segregava os negros, as conquistas do movimento feminista, as demandas LGBTQ+ por seu reconhecimento, o direito de índios e quilombolas a suas terras e sua cultura, dentre outros.
Portanto, fica constatado que o paradigma cartesiano foi importante mas nos tempos atuais demonstra-se insuficiente por diversos motivos. Nesse sentido, urge que os cientistas busquem por uma forma de promover maior conexão entre os conhecimentos e que eles dialoguem entre si, tal como um grande sistema com várias ramificações. Esta interconectividade gerará frentes de pesquisa nunca antes experimentadas e permitirá um progresso cientifico da humanidade, que agirá pela prevenção de algo e não na contenção dos danos atuais.
Carlos Augusto Polidoro da Silva
1º Direito - Matutino

A ecologia dos saberes e as cotas

  A ecologia dos saberes se baseia em compartilhar e integrar diversos tipos de conhecimentos. Desse modo, como essa teoria se relaciona com as cotas? 
  As cotas, além de serem uma reparação histórica, têm uma imensa importância no âmbito cultural pois é por elas que alunos com diversos modos de vida - e não apenas os privilegiados - podem debater sobre assuntos relevantes. Ademais, observar problemas através de realidades diferentes é sempre benéfico a faculdade.     
 Sendo assim, conclui-se que as cotas possuem tamanha importância em enriquecer a universidade, trazendo com ela saberes variados.

Qual o limite da racionalidade?

Desde o princípio, a razão foi usada como base para se estudar o mundo.A visão racionalista sempre foi entendida como a mais eficaz e erudita ,uma vez que estava livre de sentimentalismos e dualidades.Tal forma de ver o mundo passou a traduzi-lo como uma máquina, na qual as pessoas são entendidas como engrenagens e os problemas devem ser resolvidos de forma prática e separada do todo.O que não se foi percebido nessa teoria é que o ser humano é muito mais do que meras peças desse sistema racional e apático.O mundo é, na verdade, um organismo complexo e mutável, no qual uma vida faz toda a diferença, seja ela uma planta ou um homem e assim, os problemas do nosso mundo devem ser resolvidos mediante uma teoria sensível e de trocas, onde para se entender a conjuntura atual, as ciências devem ser estudas em conjunto, havendo constantes comutações.A exemplo disso, podemos apresentar a questão da castração química como forma de solucionar a superpopulação dos países em desenvolvimento.Ao pensar apenas racionalmente, essa seria realmente uma medida eficaz para que a taxa de natalidade fosse reduzida mas ao olhar por um viés sensível, pensando nas pessoas e na natureza humana que nos rege, chegamos a conclusão de que tal ato infringiria os direitos humanos, pois todos devem ter a possibilidade de constituir família e de gerar descendentes, não cabendo aos homens tirar tal direito.
No século passado, a razão era vista como a solução miraculosa para todos os problemas e portanto, todo conhecimento gerado a partir dela era considerado bom e útil.Não haviam críticas sobre tal forma de fazer ciência e o saber era sinônimo de poder, pois as ciências eram fragmentadas e as pessoas não tinham perspectiva do que poderia vir a acontecer com tamanha especialização e progresso.O auge de tal fenômeno se deu na Primeira e Segunda Guerras Mundiais, nas quais houveram inúmeros avanços tecnológicos e científicos mas tais modernizações não foram precedidas de responsabilidades morais, uma vez que algumas dessas criações, como o avião e a bomba atômica causaram milhões de mortes.Isso mostra que a sensibilidade não é uma fraqueza e sim uma virtude dos homens, pois quando usada em parceria  com a razão gera resultados extremamente promissores e podem evitar catástrofes.
Além disso, o mundo é um organismo que está sempre em mutação.Ao longo da história, os homens foram e são capazes de mudar radicalmente a forma como se organizavam em sociedade,seus paradigmas e conceitos.Isso mostra que tudo o que a razão cria pode ser mudado e que entender a ciência atual é sinônimo de aprender a questionar.Duvidar de racismos, esteriótipos de gênero, machismo, homofobia, autoritarismos.Ou seja, entender que a racionalidade, muitas vezes, cega a sensibilidade e cria  preconceitos que quando não combatidos podem gerar violência e alienação. A exemplo disso, tem-se as pessoas que usam embasamentos biológicos para comprovar seus preconceitos, como a homofobia, pois acreditam que apenas pessoas de sexos diferentes devem ficar juntas, uma vez que só assim é possível a reprodução, e qualquer outra forma de afeição é vista como anormal.
Dessa forma, é preciso entender o mundo enquanto processo e não fim estável, pensar nas mudanças pelas quais passamos e se adaptar a elas,usar a razão para questionar a própria razão afim de não cometer erros passados, não se deixar levar pelo ego, entender que todo conhecimento é positivo e que os saberes vão além dos livros.Assim, é preciso ser orgânico nesse mundo mecânico, contrariando os padrões sociais e defendendo os direitos humanos, pois o limite da razão vai até onde os direitos humanos não são atingidos e negados.
Princípio da precaução e como a sociedade atual é responsável pelas próximas gerações

Ao longo do filme a personagem de Liv Ullmann, Sônia, faz inúmeras críticas ao modelo que a sociedade vive hoje em dia. Críticas que relacionam o modo de vida das pessoas atualmente com o descaso governamental e com a forma que os políticos lidam com esse tipo de situação.
A partir do momento que ela se sente desmotivada a tentar fazer alterações na sociedade através da política ela deixa de votar, por achar que isso não adiantaria na hora de promover a mudança na sociedade. Entretanto, o político Jack, interpretado por Sam Waterston, tenta mostrar a ela que é através do voto que as pessoas fazem com que a sua voz seja ouvida.
Contudo, ela questiona o modo como a ciência está sendo usada para a “destruição” da sociedade, além de como está se perdendo o princípio das pesquisas cientificas que são realizadas, por exemplo a pesquisa dela que estava sendo utilizada para fins bélicos sem que esse fosse o motivo inicial.
A partir disso ela passa colocar em cheque um modelo ecológico que os políticos pensam a sociedade, um modelo que não se interessa pelos problemas ambientais causados pelo desmatamento e pelo avanço da criação de gado para fins alimentícios, citando o desmatamento da Amazônia brasileira.
No final, o grande questionamento é como ficaria o mundo daqui a alguns anos se os seres humanos continuarem agindo dessa forma, sem se preocupar com o meio ambiente, ou então utilizando pesquisas que deveriam ser utilizadas para melhorias humanitárias e são utilizadas para destruição social.
Esse questionamento pode ser relacionado com o princípio da precaução do filósofo Hans Jonas, que fala sobre o pensamento nas próximas gerações; como as atitudes atuais da população, dos governantes e da sociedade como um todo afeta as gerações futuras de uma forma positiva e negativa.
Assim, uma das temáticas que o filme aborda é o pensamento a longo prazo com atitudes atuais. Como as atitudes, ações e pensamentos da população atualmente afetam de forma significativa as próximas gerações e como isso pode alterar de forma irreversível o curso da humanidade tanto para o lado bom como para o lado ruim. E esse pensamento começa pelas nossas atitudes, com as pessoas que estão a nossa volta e com o ambiente em que vivemos.

Mariana Boteguim Petter- 1º ano direito noturno 

Dialética hegeliana entre Sonia Hoffman e Jack Edwards


    Inspirado pelo filósofo Mortimer J. Adler, proponho-me a realizar, segundo ele, o método de leitura sintópica. Neste método é necessário comparar ideias de dois autores sobre o mesmo assunto, para isso, portanto, realizarei uma espécie de abstração.
    Essa abstração fantasiosa consiste em substituir os personagens do filme “Ponto de Mutação” de Bernt Capra, por outros. Assim sendo, devido à proximidade de ideias, a personagem Sonia será substituída pelo filósofo Edgar Morin, o político Jack Edwards por René Descartes, e eu como intermediador deste debate substituirei o poeta Thomas Harriman. Essa fantasiosa conversa sobre a praia de um castelo medieval francês, será parafraseada dos livros “Por uma reforma do pensamento” e “Discurso do Método”, por fim, em uma espécie de dialética hegeliana, tentarei tirar ensinamentos dessa conversa, assim como o poeta do filme.
    René Descartes: “Repartir cada uma das dificuldades que eu analisasse em tantas parcelas quantas fossem possíveis e necessárias a fim de melhor soluciona-las” (DM, p.11)
    Edgar Morin: “O meio geofísico forma espontaneamente um ecossistema, ou seja, um fenômeno organizado. E esse fenômeno organizado tem, é claro, um certo número de propriedades que não se encontram nos elementos concebidos isoladamente” (p. 24). “O sistema, como já foi dito - o todo -, é mais que a soma das partes, isto é, no nível do todo organizado há emergências e qualidades que não existem no nível das partes quando são isoladas" (p. 28)
    Chego à conclusão, após a análise das obras dos dois filósofos correlacionados ao filme em questão, que ambos métodos parecem-me apresentar limitações. No aspecto do método cartesiano, ele não é mais capaz de analisar interdisciplinarmente os diferentes conhecimentos, o que acaba por ocasionar uma visão mais limitada de mundo, centrada em apenas uma área do saber. Um economista, sem conhecimento de filosofia e história pode acabar interpretando o mundo apenas com base em métodos econômicos. Assim como, um estudante da área de exatas pode ser induzido ao cientificismo, que por consequência pode gerar um empirismo extremo, abandonando a aliança entre filosofia e ciência. Os efeitos desse método são vários, como os já citados por Sonia no filme: destruição ecológica, desigualdade sociais e entre outros.
    Concomitantemente, a teoria dos sistemas parece-me uma teoria um tanto utópica, pois apresenta uma ideia muito generalista de conhecimento, o que pode ocasionar em perdas de detalhes. Tomemos como exemplo um profissional “faz tudo”, o sujeito pode conseguir produzir, consertar e instalar várias coisas, entretanto, há processos que somente um mecânico, encanador e pedreiro conseguira fazer. O mesmo se estende para áreas do conhecimento cientifico, pois somos atormentados pelo passar do tempo e perenidade da vida, não é possível inter-relacionar e apreender totalmente todas as áreas do conhecimento.
    Diante desse cenário, concluo que não se trata de escolher entre um método que vise a separabilidade ou inseparabilidade, mas sim de promover uma dialética hegeliana entre os dois, tentando mesmo que complexo superar as limitações de cada método. Para isso é necessário tentar ao máximo promover a interdisciplinaridade na produção do conhecimento, e adentrando, conforme o necessário, nas particularidades que cada área do conhecimento necessita.

Otávio Eloy de Oliveira - 1º ano de Direito - Noturno

O todo pela parte

             O filme "Ponto de Mutação", dirigido pelo cineasta austríaco Bernt Amadeus Capra, inspirado no livro de mesmo nome de seu irmão Fritjof Capra, nos mostra a discussão entre três personagens, Jake, ex-candidato a presidência dos Estados Unidos e descrente da política, Sonia, cientista desapontada com seu trabalho, por este ser usado para fins militares e Thomas, um poeta passando por uma crise de meia idade.
             Em uma certa cena os personagens discutem sobre a abordagem cartesiana mecanicista e sua relação com o meio ambiente, um grande problema da atualidade, neste diálogo um dos personagens culpa a ciência pela crise ambiental, afirmando que após a explosão da bomba nuclear, a qual, mesmo com com seu enorme poder de destruição, não causou danos irreversíveis no planeta, as pessoas deixaram de se importar com coisas como o descarte correto do lixo, a exemplo do plástico descartável e com a poluição.
             Com isso, a realidade atual, pautada em inúmeras pesquisas dos mais respeitados cientistas do globo, revela que a humanidade está a beira de um colapso ambiental de proporções nunca antes vistas, como por exemplo o derretimento das geleiras na Antártica, que gerariam uma elevação no nível médio  dos oceanos capaz de inundar milhares de cidades, deixando milhares de mortos e desabrigados.
             Além disso, o filme também discute o problema da visão cartesiana, a qual divide os objetos de estudo em categorias, impossibilitando a compreensão das conexões entre eles. Assim, os homens por separarem sempre os objetos de estudo, perpetuam problemas, pois olham de maneira única e exclusiva para os problemas, não expandindo sua visão para o todo e assim não encontrando a raiz do problema, nem sua relação com outros fatores, deixando de favorecer o todo pela parte.



Lucas Passos Duran Netto-1ano direito-Matutino

Nada Sobrevive ao Tempo, Nem Mesmo Pensamentos e Filosofias

     Ao decorrer das revoluções, novas maneiras de enxergar o mundo surgem, e algumas delas acabam por serem uteis para o desenvolvimento da sociedade. 
     Mas, não há verdade absoluta ou uma filosofia definitiva, como exemplo de ideias ultrapassadas que ainda são utilizadas podemos citar o pensamento cartesiano. Este considera que todos os seres vivos e a natureza funcionam como maquinas, e que por isso elas podem ser desmontadas em partes menores para que seja mais fácil entende-las. Contudo, esta visão desconsidera completamente o conjunto completo e, por conta disso, ao tratar os problemas da sociedade como pequenas peças outros são criados, pois estes são extremamente complexos e não podem ser resolvidos desta forma. Mesmo sendo uma ideia datada ela predomina na sociedade e continua trazer consequências.
     Outra ideia ultrapassada que ainda é utilizada é de torturar a natureza para "extrair" seus segredos, arquitetada por Francis Bacon. Esta ideia justifica a massiva extração de recursos do planeta, pois a mãe natureza deveria ser escravizada pelo homem. Graças a está forma de pensamento inúmeras especies foram extintas, ou estão para ser, muitos ecossistemas encontram-se em situações irreversíveis e a especie humana está passando por uma crise climática de proporções catastróficas, tudo isso para termos vidas mais convenientes.
     Logo, devemos perceber que estas ideias forma uteis anteriormente, mas para a atualidade elas são completamente obsoletas e que cabe a nós repensarmos-nas para que elas não se tornem nocivas. Alem disso, devemos readequar nossas ações levando em conta a situação em que o mundo se encontra, pois, se não fizermos nada, as próximas gerações não terão conveniência alguma em suas vidas.


Victor Hugo de Souza Campagnoli -  ano de Direito - Diurno 

Estrada restrita

  Pedalo ao longo do acostamento da estrada. Moro próximo a esta rodovia e já estou habituada a sua paisagem homogênea e imutável. A monocultura de cana-de-açúcar sempre esteve presente na minha vida, todos os dias passo por ela para ir à escola. Nunca tentei mudar de caminho, foi esse o qual me ensinaram e pensar que posso me perder, não chegar a lugar nenhum, deixa-me apavorada.
  Acredito que o medo de desorientar-se e não encontrar o seu objetivo final pela estrada não é exclusivo meu. E também penso que é devido a isso que o método de Descartes foi tão difundido. Parcelar, observar e analisar as pequenas parte de um todo foi uma maneira alinhada de ordenar e atingir de forma mais especializada dado conhecimento. Com ele, cientistas puderam dominar partes específicas de suas áreas do saber, aprofundando e descobrindo dados que seriam mais dificilmente encontrados se a pesquisa não restringisse seu objeto de pesquisa. 
  Contudo, nem tudo foram flores, pois tudo o que limita uma hora vira barreira. Tamanha especialização, apesar de ter trazido frutos imensuráveis para o desenvolvimento humano, criou uma enorme segregação entre os conhecimentos. Há, atualmente, enorme dificuldade de se realizar conexões e compreender o todo daquela mesma parte estudada. A noção de ecologia dos saberes foi colocada de lado e, tanto a mente dos cientistas quanto os locais de estudo, tornaram-se enormes monoculturas, como essa pela qual perpasso. Mesmo com esses danos, escolas e universidades continuam a insistir nesse caminho, seguindo a mesma estrada do século XVII.
  Olho para o relógio: 16:37. Estou chegando, finalmente, em casa. Penso em todo o ecossistema que havia nesse trecho anteriormente e que nunca mais voltará. Torturar o planeta foi, também, uma das consequências dessa metodologia. Fizeram uma estrada, olharam para ela separadamente, mas foram incapazes de imaginar as vidas animais e vegetais que morreriam por isso. Plantaram apenas cana, olharam para ela separadamente, mas foram incapazes de imaginar a quantidade de fertilizantes que iriam utilizar para mantê-lo fértil. Muito menos de se preocupar com o efeito dos mesmos no rios. E na população que bebe as águas dos rios. E no sistema de saúde para essas pessoas. É uma teia infinita, mas que ninguém conseguiu refletir. Ou pelo menos não quis, uma vez que essa ciência, além de desagregada, é financiada. E quem paga decide sobre o que se deve pensar. 

  Agora chego em casa e abro a porta. Vejo tudo o que a ciência moderna me trouxe. Me aproximo da televisão e, então, ligo no noticiário. Vejo tudo o que ela causou.

Marina Colafemea - 1° ano Direito - Noturno

O proposto refinamento científico

           Em meados do século XVII , o célebre filósofo René Descartes introduz o racionalismo filosófico no âmbito científico com o intuito de promover uma mudança substancial nos métodos de investigação. O vigente ceticismo presente nas ideias desse pensador, permitiu que a Ciência Moderna se tornasse o berço dos saberes em pleno século XXI e também como fonte de inspiração para futuras elaborações culturais. Desse modo, infere-se que em virtude da eficiência metódica cartesiana, o refinamento técnico-científico na Pós-Modernidade seria inevitável e realizado com excelência.
           No filme "Ponto de Mutação", de Fritjof Capra , fica perceptível o modo como o Cartesianismo influi no pensamento dos personagens. A ordenação psicológica dos protagonistas da história reflete como os preceitos cartesianos são empregados na Contemporaneidade, sendo necessário, a priori, raciocinar com base em simples axiomas , para assim construir o entendimento total dos fatos, não deixando de aplicar contínuas deduções durante o processo. Com isso, nota-se que em importantes áreas do conhecimento como a Medicina e o Direito, a influência dessa ferramenta de elaboração científica encontra-se em um abundante comparecimento.
           Sob essa análise, vê-se que o legado racionalista concedeu à humanidade a condição de alcançar a primeira verdade proposta por Descartes. As subdivisões presentes no campo do Direito, por exemplo, permitiu com que fossem originados profissionais de uma alta capacitação, muito em decorrência do quão ampla é essa área do conhecimento, assim como diversas outras. Dessa forma, fica notório que mesmo que a Ciência esteja descentralizada em suas esferas, as quais são muito distintas umas das outras ( Humanas , Exatas e Biológicas ), o seu objetivo final será sempre o alcance da veracidade das informações, como já fora proposto pelos racionalistas.


          Mateus de Oliveira Medeiro - 1º Ano - Direito - Noturno 
  

A revolução e o retrocesso: limites de Descartes e Bacon

        As máquinas ganharam espaço no cenário mundial com as chamadas revoluções industriais, que inseriram a tecnologia no campo da produção e fizeram das máquinas o maior símbolo de desenvolvimento da humanidade. Entretanto, antes mesmo da indústria, René Descartes já introduzia as máquinas em seus estudos, inaugurando a visão mecanicista na ciência moderna, em que afirma: “Vejo o corpo como nada mais que uma máquina”, assim, para Descartes, tudo era formado por um conjunto de partes que podem ser reduzidas e separadas de um sistema, como uma máquina composta por peças. Mesmo depois de séculos, a visão de René ainda perpetua as esferas sociais e é concretizada na percepção de mundo mecânico, em que descarta-se a existência de um sistema, e limita-se ao conhecimento das partes. 
             Assim, verifica-se as limitações do método de Descartes principalmente na realidade atual, fatos abordados no filme O ponto de mutação, baseado na obra de Fritjof Capra, em que a cientista Sônia Hoffmann atenta-se a necessidade da construção de uma nova visão de mundo baseada na compreensão do sistema como um todo. Nesse contexto, pode-se mencionar, por exemplo, em paralelo com a atualidade, a questão da proibição de canudos, devido aos seus malefícios à vida marinha, além do acúmulo de plástico, protesto amplamente difundido mas que muita vezes refere-se apenas a uma pequena fração de todo o problema acerca da poluição e degradação do meio ambiente. Desse modo, um grande número de pessoas que aderem a esse movimento não preocupam-se com o desmatamento, o descarte de metais pesados, vazamento de óleo, uso de sacolas plásticas, acúmulo de lixo por produtos descartáveis, e não apenas os apoiadores da causa, mas também os países que aprovam projetos de lei voltados à proibição dos canudos promovem e apoiam a queima de combustíveis fósseis, o desmatamento para dar lugar a mineração, a agricultura, entre outras questões que impedem o desenvolvimento sustentável, desconsiderando os fatores que acarretam o ciclo da destruição da natureza como um todo e, assim como defendeu Sônia, limitam-se as raizes e ao caule, que por mais que sejam essenciais, não definem o todo. 
               Além disso, Francis Bacon também revolucionou o pensamento da época com a frase que até hoje é um marco na história: “saber é poder” e que evidencia a crise de percepção a qual estamos vivendo. A construção do conhecimento como forma de poder tem causado prejuízos, muitas vezes irreparáveis, pela inconsequência na produção e busca do saber que pode ser destrutivo, assim como presenciamos em Hiroshima e Nagasaki, em que o conhecimento nuclear aliados a guerra e o poderio de um país, ceifou a vida de milhares de pessoas e  deixou marcas de destruição na cidade. Tal questão acerca do pensamento de Bacon é um dos temas da discussão entre Sônia, Thomas e Jack, protagonistas do filme de Fritjof e que percebem a falta de limites do saber como forma de obtenção e manifestação do poder. 
                Por fim, o pensamento ecológico proposto pela cientista no longa-metragem apresenta-se como forma de superação da visão atual do mundo, permitindo a integração entre os pensamentos e ações humanas, aliados ao desenvolvimento e evolução das próximas gerações, muitas vezes superando as visões de Descartes e Bacon de um mundo mecânico e destrutivo, que não reconhece a complexidade dos problemas e limita-se a percepção das peças reduzidas diante de um sistema que só funciona quando integrado, assim como a sociedade. 

Ana Carolina de Campos Ribeiro - Direito matutino (1º ano)
Método científico de Descartes: válido ou ultrapassado?
   Há muito a se discorrer acerca de Descartes e seu método científico, desde sua vigência na ciência atual até sua incapacidade de acolher a diversidade de pensamentos. Desse modo, encontra-se críticas diante da abrangência cartesiana, uma vez que especializa indivíduos em determinada atividade, mas não os prepara para o elo entre as diversas áreas do sistema neoliberal atual. Assim, tal pensamento é expresso em "Ponto de Mutação", filme de 1990, o qual debate acerca da revolução científica trazida por Descartes, juntamente com sua necessidade de adaptação ao contexto hodierno.
  Com efeito, deve-se reconhecer que, assim como Descartes afirmava, seu método deveria ser uma forma de evolução do pensamento científico, de modo a ser mais fácil a análise e a conclusão do experimento. Entretanto, atualmente, vê-se, como fundamental, a necessidade da interdependência dos saberes, agregando o conhecimento das áreas exatas, humanas e biológicas com o aprendizado popular. Dessarte, durante todo o filme, uma das personagens principais, Sonia, demonstra que cada um dos problemas do sistema está interligado às bases que regem tal vigência, já que não há a percepção das conexões citadas acima, podendo haver mudança, somente, com o rompimento da crença de separação. 
  Por conseguinte, da mesma forma que Descartes retratou em sua obra, suas ideias deveriam ser questionadas e, portanto, modificadas. A manutenção destas trouxe, apenas, a visão mecanicista da natureza, fazendo com que seja explorada e analisada como objeto. As relações e o progresso tecnológico passaram a ser frívolos e não se entende a importância da interdisciplinaridade. Perdeu-se valores antigos concretizados e não discute-se a real possibilidade de mudança do sistema neoliberal 
  Em suma, é imprescindível que se adquira, com o tempo, a capacidade de reavaliação do método científico cartesiano, de modo a reconhecer seus benefícios trazidos, para a época, e conseguir remodelá-lo. Dessa forma, usa-se o desenvolvimento obtido e o aperfeiçoamento, compreendendo que a interdisciplinaridade faz com que sejam abrangidas todas as necessidades, de todas as áreas possíveis dentro do sistema atual, ao modificar a perspectiva da sociedade e sobrelevar a visão de Descartes. Só assim é capaz de superar os problemas trazidos pelo individualismo e validar um panorama livre das distinções do conhecimento. 
   

Entre o cartesianismo e o pensamento ecológico

A partir do século XVII, surge uma mudança na organização do método científico e nas relações pessoais, baseada no pensamento de separação e análise de Descartes. Contudo, atualmente, o cartesianismo é questionado quanto às limitações que o acompanham, precipuamente no que tange ao dilema da globalização, consumismo, mudanças políticas e crises ambientais. É sob esse impasse que o filme “Ponto de Mutação” elabora discussões e contradições existentes entre três personagens: uma cientista, um político e um poeta. 
 Primeiramente, a discussão do filme se baseia na contraposição do mecanicismo e da sustentabilidade. De fato, a perspectiva mecanicista defende uma visão separada da natureza, sem analisar as consequências de cada ação. Assim, o desmatamento é visto de forma individual, acarretando problemas irreparáveis no ecossistema e na interligação de toda uma biogeocenose. Torna-se imprescindível, logo, que essa perspectiva mecanicista seja substituída por um posicionamento ecológico, que avalie os efeitos em conjunto e pense no mundo de forma geral, sem separar os problemas.  
 Surge, então, um conceito no filme, que é a crise de percepção. É necessário, segundo a cientista Sônia, que os indivíduos mudem sua forma de ver o mundo, pensando nos problemas como um sistema, uma continuação, e que resolver apenas um fragmento não é suficiente para evitar um posterior colapso total.  
 Ademais, essa crise de percepção se expande até uma crise da ciência, que é utilizada amplamente sem a imposição de um pensamento ético. A crise é, portanto, o uso do conhecimento e da tecnociência para fins destrutivos, em que a preocupação é alcançar o progresso e não a melhoria das condições de vida. A ciência é indissociável às consequências provocadas pela mesma, mas os princípios morais e os efeitos futuros são insuficientemente considerados no processo científico. 
 Portanto, enquanto o cartesianismo defende a separação em etapas e analisa o mundo como um relógio, com peças que devem ser trocadas caso parem de funcionar; o pensamento ecológico analisa todas as questões como um sistema, pois estas estão sempre interligadas. Assim, a perspectiva ecológica permite uma nova análise do mundo, considerando todo o ecossistema.

Mariana Pereira Siqueira - 1° ano - Direito Diurno