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segunda-feira, 4 de abril de 2011

ALICERCE PARA O REAL

Em meio a um período de ascensão política e econômica da Inglaterra, e por consequência, um período de grandes avanços, Francis Bacon escreve sua obra mais famosa: Novum Organum.

Em tal publicação o autor disserta sobre a necessidade de um novo método científico, que baseado na interpretação, experimentação e observação da natureza, substituiria os métodos vigentes (dedutivo e indutivo), isso graças à improdutividade de tais métodos.

O novo método proposto pelo autor também consistia em ter a certeza como base e objetivo primordiais. Dessa Forma seriam afastados o que Bacon chama de ídolos, idéias distorcidas que acabam por prejudicar o pensamento humano, evitando assim o sucesso das ciências.

Portanto, ao atuar promovendo a união entre ciência e técnica, Bacon lança as bases para a ciência moderna (uma ciência empírica). Esta é o alicerce para um conhecimento sólido, princípio necessário em todas as áreas do conhecimento, pois sem este correríamos o risco de viver entre descobertas pouco aprofundadas e de cunho meramente imaginativo.

Uma nova postura frente à natureza

Francis Bacon, em seus aforismos na obra Novum Organum, coloca o Homem como intérprete e ministro da natureza. Ele, ao invés da dialética escolástica, deveria utilizar o método (o organum ou ferramenta do intelecto) que mais favorecesse o trabalho intelectual, e que envolveria recolher o maior número de dados acerca de certo fenômeno por meio dos sentidos e compará-los para encontrar um axioma geral. Porém, haveria os vícios do intelecto, que deveriam ser evitados: os ídolos da tribo, distorções da mente de todo ser humano; os ídolos da caverna (alusão ao mito da caverna de Platão), próprios de cada indivíduo; ídolos do foro, criados a partir do uso impróprio das palavras; e os ídolos do teatro, discursos falsos frutos de filosofias baseadas em número reduzido de experimentos, experimento mal comprovados ou na mescla da filosofia com a fé. Evitados os vícios do intelecto, a verdadeira ciência possibilitaria a interpretação da natureza e, assim, a das reais intenções divinas. Bacon, como um dos formadores das bases da ciência moderna, nos apresenta um mundo, antes cercado de mistério, senão de medo, desmistificado, podendo ser dominado e utilizado para o bem do Homem. Deste modo, pode-se dizer que a natureza acabou por ser reduzida a simples degrau de ascensão do Homem, assim como o feito científico passou a ter importância reconhecida apenas no momento em que produz algo. Porém, o que Bacon faz é pregar um utilitarismo humanista para se opor à ciência contemplativa. Ele deu liberdade ao ser humano frente à natureza, transformando-o em sujeito ativo e autônomo.

A razão em par com a ação

Em sua obra "Novum Organum", Francis Bacon apresenta um novo método de desenvolvimento do conhecimento. Tal método baseia-se em não só na construção teórica, como previa Descartes, mas também e fundamentalmente no uso de instrumentos para que o conhecimento saia do campo superficial e lúdico do teórico e passe para o campo sólido e conciso do empírico.
O simples teorizar pode nos levar a pensamentos fantasiosos e antecipações da verdade, sem a experiência e os devidos instrumentos para a mesma, não se pode afirmar ter alcançado uma verdade pura, uma vez que não há comprovação dela.
A não limitação do pensamento pelo mundo terreno, de René Descartes, é contestada por Bacon prevendo uma formação científica pautada na observação e manipulação da natureza e esta tornou-se a base para a ciência moderna, assim como Descartes é uma base para a filosofia.

A Eficiente e revolucionária busca da razão de Descartes

Em Discurso do Método, René Descartes apresenta, de forma bem articulada, um método de obter o conhecimento em uma forma geral, o que possibilitou a evolução do mundo de maneira nunca vista antes.

Ele deixa claro no discurso que seu objetivo é mostrar como se esforçou para conduzir seu estudo, o que poderia ser útil para muitos conduzirem um de própria autoria.

Decepcionado com o estudo tradicional de sua época, Descartes mostra-se mais comprometido a reconhecer a razão do que aceitar o “sobrenatural”, o conhecimento concebido pelo hábito, e não pela lógica.

Valorizando a razão, René defende que, para chegar até ela, é necessário, primeiramente, duvidar das coisas que já foram ditas sem um propósito fundamentado. Concluiu-se então que a duvida no faz enxergar a clareza, e que a clareza nos permite ver a verdade.

O filósofo argumenta que a presunção deve ser deixada de lado para então partir de um estudo mais simples do objeto, e depois, com o tempo, levá-lo à complexidade.

Descartes dá um valor tão importante ao estudo das ciências e à ciência em si, que a destaca como de extrema importância para o “bem do homem”, favorecendo, com isso, a importância de compartilhá-lo com os outros. Ele também parte do princípio que o conhecimento mais profundo da natureza é um meio para usufruir de seus benefícios, de “possuí-la”.

Da mesma maneira que a medicina se mostra importante para a saúde física das pessoas, o estudo das ciências humanas e matemáticas mantêm a saúde do espírito e equilibra o corpo e alma. O ponto fundamental, portanto, é manter uma comunicação e haver uma coletividade entre todas as ciências.

Descartes, por fim, destaca a importância do estudo individual, mostrando o perigo que há em partir de um conhecimento não próprio para desenvolver um estudo e também de transmitir um conhecimento alheio para outra pessoa, já que as probabilidades de se haver falhas e más interpretações durante a transição são grandes.

A importância da ação sobre a natureza

Francis Bacon, na obra Novum Organum, analisa os estudos criados até sua época, conluindo que, na verdade, os resultados das pequisas anteriormente feitas teriam vindo ao acaso, que as ciências atuais eram advindas, na verdadem, de um conjunto de descobertas anteirores.
O filósofo valoriza o uso da experimentação como ponto principal de uma pesquisa, para que a prática pudesse mostrar a clareza do evento, e então ser feita a interpretação das ciências da natureza. Francis acreditava que deveria haver "a vitória sobre a natureza pela ação". De acordo com Bacon, o método consiste em "estabelecer os gruas de certeza, determinar o alcance exato dos sentidos e rejeitar, na maior parte dos casos, o labor da mente, calcado muito de perto sobre aqueles, abrindo e promovendo, assim, a nova e certa via da mente, que, de resto, provém das próprias percepções sensíveis".
Bacon faz crítica à dialética, discorrendo sobre como ela não modificara o andamento das coisas, e que serviu mais para "afirmar erros que descerrar a verdade". A partitr desta crítica, trouxe como única salvação dar princípio à cura da mente.
Bacon dicorre que para a ciência deveriam ser propostos dois métodos: o do cultivo das ciências e a descoberta científica, o empirismo, ou seja a "Antecipação da Mente" e a "Interpretação da Natureza", respectivamente.
Como antangonismo dos estudas das ciências, há a fantasia, que afasta o homem da ciência e de seus objetivos claros. Deve-se eliminar os hábitos arraigados na mente, pervetidos para esse tipo de estudo.
Como complementos dessa antagonia e obstáculo da verdadedira ciência, Bacon destaca a existência dos ídolos, que proporcionam ao homem uma falsa impressão à sua mente em relação ao mundo que o envolve, afastando-o assim, da verdade e da clareza.


Pequenez entrada de luz

Certamente ficariam vaidosos autores que há séculos escreveram obras extremamente aplicáveis aos dias atuais e também aqueles que nos legaram objetos sobre os quais nos debruçamos em trabalho árduo para extrair a melhor interpretação. Nesse sentido, há nomes como Aristóteles, Platão, Maquiavel, Marx, Hobbes, Francis Bacon e uma infinidade de outros pensadores.
Bacon, por exemplo, em Novo Organum descreve um novo paradigma de ciência, a pautada na experimentação. Ele desenvolve essa temática abordando inúmeros dos seus vértices, inclusive, o dos elementos capazes de impedir o desenvolvimento dela. Um deles é o Ídolo da Caverna, que faz alusão ao Mito da Caverna de Platão e afirma, nas palavras do próprio autor que cada indivíduo possui " sua própria caverna particular, que interpreta e distorce a luz da natureza", ou seja, cada um possui premissas, pré-conceitos que obstruem a real avaliação dos objetos. E é nesse aspecto que o autor revela sua modernidade nesta sociedade em que está em evidência assuntos polêmicos que tangem a sexualidade, educação, a cor da pele, extremismos políticos e religiosos, os quais orientam debates, críticas e avaliações pragmatizadas, não raro, pela caverna de cada homem.
É nessa questão que retomo o esdrúxulo depoimento proferido, na última semana por um parlamentar brasileiro, o deputado Jair Bolsonaro do PP-RJ, que em uma entrevista ao programa CQC da TV Bandeirantes afirmou a pequenez entrada de luz da sua caverna. O programa contava com a presença de Preta Gil, filha de Gilberto Gil, a qual indagou ao deputado qual a reação deste se um filho namorasse uma negra e a resposta, nas palavras do parlamentar, foi "Preta, eu não vou discutir promiscuidade com quem quer que seja. Eu não corro esse risco e meus filhos foram muito bem educados. E não viveram em ambiente como lamentavelmente é o teu." Além disso, ele ainda afirmou que " não iria à desfiles gays porque não promove 'maus costumes', que daria porrada se pegasse um filho fumando maconha e que sente saudades dos generais que presidiram o país durante a ditadura." Este é somente um dos exemplos de práticas que atacam direitos defendidos pela Constituição como os Direitos Humanos, como a isonomia. No caso, provenientes de um homem de vida pública que tem a missão de atuar no ordenamento do Estado e que certamente envergonha a mim como brasileira que, desde já, defendo sua inépcia somente ao ouvir essas poucas idéias.
Este fato atual, portanto, é um exemplo do comentado, por Francis Bacon, Ídolo da Caverna em 1620 no Novo Organum e revela a importância de ler obras clássicas, de ampliar o conhecimento através de pesquisas e estudos para que não sejamos reconhecidos como medíocres, tal qual o senhor deputado Jair Bolsonaro, ao qual desejo que sejam efetivadas as devidas sanções.

Metodologia Científica na Visão de Bacon

Francis Bacon apresenta e defende, em seu livro “Novum Organum” o método empírico de fazer ciência. Para ele, a produção cientifica até então, século XVI, havia sido fruto ou do acaso ou da combinação de descobertas anteriores - “Mesmo os resultados até agora alcançados devem-se muito mais ao acaso... Com efeito, as ciências que ora possuímos nada mais são que combinações de descobertas anteriores...”. O homem ainda não havia buscado auxilio para sua mente na tarefa de interpretar a natureza, ao invés disto, ficava a admirar o grandioso intelecto humano e sua capacidade racional. Ficavam todos, os considerados produtores de ciência, na atividade de contemplação e observação, característicos da filosofia tradicional, e não se dedicavam a pesquisa e experimentação, a fim de produzir conhecimento. Isto, na opinião de Bacon, foi o responsável por nunca haver tido grandes descobertas na humanidade até então.

O caminho certo pelo qual todos estudiosos deveriam recorrer na ciência é aquele onde o homem usa ferramentas para guiar a sua mente na missão de interpretar o mundo e de descobrir a verdade, utilizando-se, principalmente, da experimentação e da coleta de dados – “recolher os axiomas dos dados dos sentidos e particulares... Este é o verdadeiro caminho, porém ainda não instaurado”.

Bacon e seu legado para a Ciência Moderna

Ao longo da obra Novum Organum (Francis Bacon) nos deparamos com uma série de ideias do autor acerca da forma como o homem deve buscar o conhecimento sobre a natureza (ciência), com excepcional destaque em retratar todos os cuidados que devem ser tomados e os costumeiros erros cometidos nessa busca, não sendo poupados, nesse sentido, nem mesmo filósofos consagrados, como Aristóteles.
Trabalhando o conceito de antecipação da mente, apresentado na obra, Bacon nos mostra que apenas a utilização do intelecto e dos sentidos, sem estarem esses permanentemente regulados, "como que por mecanismos", estando a mente "entregue a si mesma", leva o homem ao que o autor chama de cultivo da ciência, gerando noções mal definidas e sem nenhuma solidez ("o intelecto não regulado e sem apoio é irregular e de todo inábil para superar a obscuridade das coisas"), atrapalhando, assim, o desenvolvimento da ciência. Ao contrário, o método da interpretação da natureza é defendido pelo autor como a maneira de "conhecer a verdade de forma clara e manifesta", método esse que consiste na utilização do intelecto e dos sentidos, auxiliados pela exploração regulada desses e pelo método empírico ("lhes inventamos e subministramos auxílios" - autoridade dos sentidos e intelecto) aliado ao afastamento dos chamados ídolos (noções falsas sobre o mundo), que bloqueiam a mente humana, chegando, assim, à descoberta científica.
Ao avaliar o que a obra de Bacon representou para a posteridade, notamos que, apesar de muitas noções tidas por ele como "aberrações", que "não foram abstraídas e levantadas das coisas por procedimentos devidos" terem se mantido e se consagrado com o tempo, sua visão pioneira quanto a inovação da ciência relacionada a busca pelas coisas e aspectos não visíveis da natureza pode ser encontrada em inúmeros avanços científicos (por exemplo, no campo da biologia, o descobrimento do reino das bactérias, dos protozoários e dos fungos), fazendo do autor um grande contribuinte da Ciência Moderna.

Caminhos para o conhecimento

Francis Bacon, em Novo Organum, defende a necessidade de outros métodos para a construção de conhecimentos. Diante de gerações apoiadas em métodos dedutivos - silogismo aristotélico - Bacon aponta ideais de caminhos baseados não só na razão, mas principalmente na experiência e nas próprias percepções sensíveis. Para o filósofo, isso era fundamental para o desenvolvimento da ciência.

Para isso, o homem não deve permitir que a sua mente se guie por si mesma, uma vez que tradições e costumes se impõem ao intelecto e dificultam a obtenção de verdades. À esses bloqueios da mente humana, Bacon denominou ídolos. São eles: ídolos da tribo (falsas noções da espécie humana), ídolos da caverna (falsas noções do ser humano como indivíduo – alusão ao mito da caverna de Platão), ídolos do mercado ou do foro ( falsas noções provenientes da linguagem e da comunicação) e ídolos do teatro (falsas noções provenientes das concepções vigentes). Esses seriam os responsáveis pelos insucessos da ciência.

Superados esses entraves, Bacon propõe dois métodos para a ciência: o cultivo das ciências, que consiste em conhecimentos elaborados a partir da contemplação (antecipação da mente) e a descoberta científica, que consiste na busca por conhecimentos a partir da exploração e experimentação sem limites (interpretação da natureza). Para as descobertas científicas, o filósofo propôs o método indutivo da investigação, baseado na observação rigorosa dos fenômenos naturais. Tal método propõe etapas como a observação da natureza para a coleta de informações; organização racional dos dados recolhidos empiricamente; formulação de explicações gerais (hipóteses) destinadas à compreensão do fenômeno estudado; comprovação da hipótese formulada mediante experimentações repetidas, em novas circunstâncias e outras.

Bacon, portanto, mesmo propondo um novo e poderoso método científico baseado em experiências sensíveis, não descarta a importância e o papel do pensar na conquista do saber – ‘’Nem a mão nua nem o intelecto, deixados a si mesmos, logram muito...dependem em igual medida...’'

Assim, a grande contribuição de Francis Bacon foi apresentar um método de investigação capaz de conciliar a observação, o experimento e a razão, tendo como resultado os alicerces de conhecimentos científicos imprescindíveis para o homem.

A conciliação entre razão e experiência

Francis Bacon preocupou-se em estudar qual a melhor maneira de alcançar o verdadeiro conhecimento, e nessa busca distanciou-se do que mais tarde seria proposto por Descartes.Diferentemente de Descartes, Bancon acreditava que o conhecimento é fruto da conciliação entre experiência e razão.
Bacon em sua obra, Novum Organum,afirmou que a busca pela verdade que é conduzida apena com o auxílido da razão, pode nos conduzir a pensamentos fantasiosos, ou seja,frutos da antecipação da mente.A experimentação seria, para ele, uma forma de comprovarmos se aquilo que nossa razão concebe, é, de fato, real ou apenas ilusão.Portanto, a experiência, para Bacon, é um aparato imprescindível no exercício do conhecimento, pois atua como um "policial" de nossa razão.
O autor também diferenciou-se dos filósofos gregos, pois propôs uma ciência prática. Bacon criticou filósofos como Aristóteles, pois acreditava que a busca pela verdade deveria ser acompanhada por obras e não servir apenas para a especulação como faziam os gregos.
A teorização de Francis Bacon foi muito importante para a ciência moderna e até hoje influencia os campos que se dedicam ao conhecimento. Acredito que essa grande influência reside no fato, dentre outras coisas, de esse autor tonar o conhecimento mais palpável e prático ao considerar a experimentação um mecanismo seguro para auxiliar na busca pela verdade.

Penso que o Direito, enquanto ciência, vale-se do método baconiano para compreender a sociedade, propor normas e verificar o cumprimento e eficácia das mesmas. E é, portanto, prova concreta de que esse autor continua sendo fundamental para a sociedade atual.

A sistematização da ciência

Através de sua obra-prima "Novum Organum", Francis Bacon enaltece o Empirismo como forma ideal de se encontrar a real ciência. Antes dele, Tomás de Aquino, através da Escolástica, e Aristóteles afirmavam que a melhor forma de se atingir o conhecimento era através da indução. O pensamento baconiano refuta essas idéias ao acreditar que a experimentação seria o método ideal para se guiar a mente.
Bacon cria esse novo método, conhecido como "cura da mente", que tem a função de disciplinar e regular a mente para que não seja influenciada por diversos fatores, tais como a fantasia, a magia ou a fé. Além disso também apresenta dois métodos, sendo um baseado na antecipação da mente (pelo cultivo de idéias anteriormente formadas e assimiladas), e outro baseado na descoberta científica (que propõe a interpretação da natureza para a busca de um novo conhecimento). Acredita que o segundo método seria mais eficiente, pois através da pesquisa e observação dos fatos pode-se chegar à realidade pretendida.
A mente humana pode ser facilmente influenciada. Assim acreditava Bacon, que dizia haver quatro tipos de ídolos responsáveis pelos erros cometidos na analise das idéias. As paixões e os sentidos; a formação do individuo, as relações sociais e as representações teatralizadas induzem o individuo ao erro e à falsa percepção do mundo.
O autor pode ser considerado o precursor da tecnologia e da ciência moderna, pois ao incentivar a pesquisa para o alcance do bem estar comum, o homem se livrou de antigos métodos que não melhoravam a condição humana realmente.

A cura da mente em benefício do homem

No início do século XVII, é publicado uma das mais importantes obras filosóficas de Francis Bacon para descrever seu novo método de pesquisa que, mais tarde, viria a substituir o Organon aristotélico.

Em sua obra “Novum Organum” são criticados os resultados práticos defendidos por filósofos escolásticos, sendo estes inteligentes, no entanto, alheios à realidade. Segundo Bacon, a descoberta de fatos verdadeiros depende da experimentação e da observação regulada pelo raciocínio indutivo, constituindo uma nova maneira de estudar os fenômenos naturais. O real conhecimento é resultado da concordância e variação dos fenômenos devidamente observados, havendo a necessidade de descrever os fatos de modo pormenorizados.

Bacon buscava uma mudança total do conhecimento humano, almejando um progresso do saber. Ressaltava constantemente o fato de que, até a sua época, os filósofos anteriores não trilhavam o caminho de uma ciência em benefício do homem, criticando-a como mero exercício da mente. Logo, o seu novo método pode ser sintetizado como a cura da mente por mecanismos da experiência, já que as antecipações são bases para o senso comum, tendo mais valia que as interpretações, que “não podem, súbito, tocar o intelecto, de tal modo que, à opinião comum, podem parecer quase tão duras e dissonantes quanto os mistérios da fé”.

Pode-se, então, ressaltar o contraste frisante entre Bacon e Descartes, pois enquanto o primeiro busca o conhecimento novo por meio da exploração sem limites, o outro eleva a razão como instrumento para dominar e transformar a natureza. Eis as contribuições de cada método para o advento da ciência moderna, capazes de influenciar a sociedade e desenvolver possíveis aplicabilidades até os dias atuais.

Ciência como forma de melhorar a condição humana

Francis Bacon em sua obra "Novum Organum" preocupa-se em demonstrar que os métodos vigentes, o dedutivo na filosofia e o indutivo por enumeração em algumas ciências eram improdutivos. Associado a isso havia também os bloqueadores da razão que ele chamava de ídolos e por fim apresenta um novo método que visa à produção de conhecimentos mais coerentes. O problema da dedução é que ela em vez de interpretar a natureza, procura antecipá-la, deixando de lado o experimento, e assim constrói noções prematuras da natureza por utilizar um método inadequado. Por isso, conclui ele que, a lógica tradicional era inútil para a pesquisa das ciências e para a filosofia. Além de criticar o método vigente da época, apresentou os bloqueadores da razão humana, para o filósofo, aqueles que se detinham as especulações científicas e as reflexões filosóficas deveriam ter cuidado com os deturpadores da verdade que ele chama de ídolos. Esses são falsas noções que invadem o intelecto humano, tornando difícil o acesso à verdade. Bacon também afirma que há a necessidade de um auxílio para a razão, por isso, estabelece uma nova lógica indutiva por eliminação. Esta consiste em extrair dos fatos particulares axiomas (médios) interpretativos da natureza, afim de, obter conhecimentos gerais mais seguros. A indução proposta por Bacon é chamada de eliminação, pois visa a partir de uma idéia básica de determinado fenômeno eliminar as hipóteses falsas com o intuito de fazer valer uma teoria verdadeira. Por tanto estes são as três temáticas trabalhadas por Bacon na primeira parte, criticar os métodos vigentes, expor os bloqueadores da razão e apresentar um novo método para a filosofia.

Crítica, razão e experimentação.

Francis Bacon demonstra em sua obra-prima filosófica ter um agudo senso critico e uma mente lógica e perspicaz. Apesar de estar inserido no contexto renascentista, não se curva e assume como verdades absolutas as proposições feitas pelos antigos. Tal afirmação é facilmente observada na passagem retirada de seu livro “Novum Organum”: “A verdade não deve, porém, ser buscada na boa fortuna de uma época, que é inconstante, mas à luz da natureza e da experiência, que é eterna”; esta é a passagem mais importante do livro, pois dela se desprendem as mais importantes teorias de Bacon – a consideração das teorias até então feitas como falhas e a experimentação.

Assim como Descartes, o filósofo inglês parte do método de desconstrução do universo para o maior compreendimento da natureza. Seu pensamento, porém, difere de Descartes em certo ponto, pois para Bacon, a verdade só seria encontrada partindo das sensações e chegando a um axioma particular, e dele indo para os axiomas gerais e, a seguir, aos princípios de inamovível verdade. Sua filosofia empirista envolvia as sensações e a experimentação, pois para ele os sentidos e a razão são dependentes para a realização de qualquer feito.

Francis Bacon toma como base a filosofia de Demócrito de tomar a natureza em partes para penetrar em seus segredos. O inglês prega a submissão do homem à força da natureza para melhor se utilizar dela. Nesse ponto chega a ir mais além do que Descartes e defende a ideia da escravização da natureza para o beneficio humano.

É defendido também no “Novum Organum” que o intelecto humano não é luz pura, pois recebe influência da vontade e dos afetos. A partir deste ponto, Bacon discorre sobre os ídolos e noções falsas que obstruem o acesso à verdade pelo homem, tais como: os Ídolos da Tribo (erros fundados na espécie humana); os Ídolos da Caverna (erros nos homens enquanto indivíduos – e há aqui menção ao mito da caverna de Platão); os Ídolos do Foro (erros que ocorrem na associação reciproca dos indivíduos) e, nos Ídolos do Teatro (erros que ocorrem pela invasão do espirito dos homens por regras viciosas).

Todas suas contribuições, seja com métodos ou ideais, o fizeram ser cunhado como o pai da ciência, tomando o posto de Aristóteles e reinventando os métodos de pesquisa e comprovação de teorias.

Nova maneira de pensar

Francis Bacon constrói um método novo de pensar: A cura da mente. Nesse, ele procura não se basear nem na filosofia clássica nem de sua época, apesar de não as condenar. Não se preocupa em fazer algo que seja fácil das pessoas entenderem tampouco que seja útil.
O autor defende a existência de dois caminhos diferentes da filosofia:"um destinado ao cultivo das ciências e outro destinado à descoberta científica". A escolha de qual do dois caminhos a pessoa deve seguir é detectada pro suas características. Ele ressalta a importância de cada um caminho use seu próprio método. O primeiro é chamado de Antecipação da mente enquanto o segundo é Interpretação da natureza.
Bacon também faz um alerta em sua obra-prima, no qual nos avisa do perigo e erro de deixarmos a mente guiar-se sozinha. Além desse aviso, ele faz outro. Nesse, afima que não devemos confiar nos ídolos, pois suas visões de mundo não são verdadeiras.
Ele divide os ídolos em quatro categorias: os da tribos,da caverna, do foro e do teatro. Os ídolos da tribo erram pois usam os sentidos como se nunca estivessem errados: os ídolos da caverna veem um mundo,através de sua cova, distorcido; os ídolos do foro são comerciantes e usam a oratória; enquanto que os ídolos do teatro usam a filosofia.

Francis Bacon e a arte de interpretar a Natureza

Na obra "Novo Organum", em meio a críticas aos gregos e ao modo como as ciências eram conduzidas, Francis Bacon apresenta um novo método para a pesquisa científica e a expansão do conhecimento, o qual foi formulado para substituir o "Organon" aristotélico. Bacon entendia a ciência em geral como a arte de interpretar a natureza, e considerava como função do homem desmistificá-la. O homem, como ser racional, é o único realmente capaz de realizar tal tarefa, e a sua inesgotável curiosidade é o principal motivo pelo qual se dedica arduamente à esse dever. Porém, essa busca pela verdade por trás da natureza não deve ser feita de qualquer maneira. Para que seja eficiente em seus resultados, Bacon prega como melhor método de pesquisa o que "... recolhe os axiomas dos dados dos sentidos e particulares, ascendendo contínua e gradualmente até alcançar em último lugar os princípios de máxima generalidade". (aforismo XIX) Mesmo seguindo esse método, Bacon já dá a entender anteriormente na obra que seu uso não fará ao homem um dia chegar a todas as verdades da natureza, pois ela "... supera em muito, em complexidade, os sentidos e os intelectos". (aforismo X) Na obra, segundo o aforismo XXXI, Francis Bacon também incentiva os cientistas a experimentarem coisas novas, uma vez que nenhum avanço será observado tentando achar algo novo sobre o velho. Ele aconselha olhar o velho de uma outra maneira, reinventá-lo, para assim poder encontrar algo novo. Para finalizar, gostaria de citar o aforismo XXVII, o que me chamou mais a atenção devido à seu potencial poético: "... se todos os homens se tornassem da mesma forma insanos, poderiam razoavelmente entender-se entre si". Talvez por ser a mais bela frase da obra, é a que considero mais equivocada, uma vez que, no mundo atual, no meio de tantas crises e caos, não existe um homem são e, mesmo assim, a sociedade não se entende.

O filósofo da justa medida, o guia da ciência moderna.

A valorização da experiência e a contestação da indulção vulgar trouxeram retidão, aprofundamento e ,claro, exatidão a diversos fundamentos das ciências que antes, situavam-se sobre fracas e incompletas bases.
Outro aspecto que evidencia a riqueza e a importância da obra de Bacon é que o filósofo não refuta totalmente as ideias e conceitos dos antigos pensadores. Contrariamente, Bacon ressalta que não seria possível caminhar pelas trilhas da ciência se antes não houvessem sido abertas. Contudo, lembra também que a ciência estaria condenada à estagnação caso não se empregasse a decisiva inovação nas ideias e métodos sobretudo.
É interessante notarmos que Bacon coloca o ser humano como parte integrante da natureza que , na maioria das vezes, não consegue entender as forças e dinâmicas presentes no universo a seu redor. Prova disso, segundo o autor, é a grande quantidade de associações e paralelismos errôneos apontados pelo homem ao analisar os fenômenos naturais.
Cabe dizer também que o filósofo faz certas ressalvas em relação à capacidade e à fragilidade da mente humana. Nota-se tal constatação em dois momentos: quando se trata dos sentimentos e sua interferência no raciocínio humano, e na necessidade de haver agentes que auxiliem o pensamento do cientista, visto que este pode facilmente desviar-se de seus objetivos caso seu único instrumento de análise seja sua mente.
A constante renovação das tecnologias e as novas descobertas científicas que surgem diariamente deixam evidente que o método e as ideias de Bacon são utilizados na ciência moderna com grande força e tornaram-se ,além de tudo, fundamentais.