A produção de conhecimento como uma atividade
pública e acumulativa é derivada de ideais surgidos na modernidade. Apesar disso,
uma educação inclusiva e que busca fins práticos ainda é rara no Brasil, mesmo
no século XXI. Em meio a isso, considerar o conhecimento como um instrumento de
poder poderia ser emancipatório caso a desigualdade não fosse tão ordinária e
constante.
Ao limitar a ciência como mero exercício da mente,
sem a possibilidade de aplicações e obras palpáveis, o conhecimento é
restringido a uma elite intelectual, que provavelmente também é a elite
política e econômica. É devido a esse fator que a inclusão de classes e grupos
menos favorecidos incomoda tanto os privilegiados.
A baixíssima quantidade de discentes e docentes
negros nas universidades, em comparação com sua a população total no Brasil,
demonstra não só a dificuldade de acesso dessas pessoas às instituições de
ensino superior, mas também como o racismo é legitimado e institucionalizado desde
a infância das crianças negras.
A criação, a rotina e as preocupações destes são de
total divergência da população branca de alta renda. Além disso, é de extrema complexidade que a população negra atinja amplamente às noções de razão e experiência sem que toda a sociedade se transforme
e entenda como o racismo dificulta, desde muito antes, a chegada dessas pessoas a
um ensino de qualidade.
Pequenos movimentos e pequenas atitudes, que para
uma pessoa que não sofre preconceito racial é desnecessário, para uma criança
negra eles deverão ser feitos inquestionavelmente e da forma mais sutil
possível, principalmente devido à violência policial que é claramente racista e
a favor da marginalização dessas pessoas.
Dessa forma, a segregação da população negra é, indubitavelmente,
um dos maiores fatores que impedem sua inserção efetiva na sociedade, tanto no
campo da educação como no campo político-econômico, e que reflete não só na
ingenuidade e pureza que são quebrados desde sua aurora, como também nos
constantes preconceitos sofridos ao longo de suas vidas.
Laura Tamiê Facirolli Fukuhara (direito noturno)