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sábado, 23 de março de 2019

Os empecilhos culturais e seletivos de uma sociedade racista


A produção de conhecimento como uma atividade pública e acumulativa é derivada de ideais surgidos na modernidade. Apesar disso, uma educação inclusiva e que busca fins práticos ainda é rara no Brasil, mesmo no século XXI. Em meio a isso, considerar o conhecimento como um instrumento de poder poderia ser emancipatório caso a desigualdade não fosse tão ordinária e constante.
Ao limitar a ciência como mero exercício da mente, sem a possibilidade de aplicações e obras palpáveis, o conhecimento é restringido a uma elite intelectual, que provavelmente também é a elite política e econômica. É devido a esse fator que a inclusão de classes e grupos menos favorecidos incomoda tanto os privilegiados.
A baixíssima quantidade de discentes e docentes negros nas universidades, em comparação com sua a população total no Brasil, demonstra não só a dificuldade de acesso dessas pessoas às instituições de ensino superior, mas também como o racismo é legitimado e institucionalizado desde a infância das crianças negras.
A criação, a rotina e as preocupações destes são de total divergência da população branca de alta renda. Além disso,é de extrema complexidade que a população negra atinja amplamente às noções de razão e experiência sem que toda a sociedade se transforme e entenda como o racismo dificulta, desde muito antes, a chegada dessas pessoas a um ensino de qualidade.

Pequenos movimentos e pequenas atitudes, que para uma pessoa que não sofre preconceito racial é desnecessário, para uma criança negra eles deverão ser feitos inquestionavelmente e da forma mais sutil possível, principalmente devido à violência policial que é claramente racista e a favor da marginalização dessas pessoas.

Dessa forma, a segregação da população negra é, indubitavelmente, um dos maiores fatores que impedem sua inserção efetiva na sociedade, tanto no campo da educação como no campo político-econômico, e que reflete não só na ingenuidade e pureza que são quebrados desde sua aurora, como também nos constantes preconceitos sofridos ao longo de suas vidas.
Laura Tamiê Facirolli Fukuhara (direito noturno)

A naturalização do preconceito

  No Brasil há uma falsa ideia de que não há preconceito racial, de que se é um povo tolerante e receptivo para todos os credos, culturas, formas de pensar, pelo fato de se ser um país miscigenado. Porém, o preconceito racial no Brasil e tão-se não mais- perverso que o que ocorre nos Estados Unidos. Lá, admite-se o racismo, brancos e negros raramente misturam-se tanto em ambiente escolar, quanto de trabalho e outros âmbitos. No Brasil, não se admite a presença do racismo e profere-se belos discursos de que todos são iguais, entretanto, as oportunidades de vida não são as mesmas, o maior número de mortos pela polícia são jovens negros e pobres, a população carcerária é em sua maioria composta por negros, estes são raros em cargos de chefia e vistos em pequeno número em instituições de ensino.
 Nas tirinhas esse preconceito velado fica evidente quando a menina negra já tem em mãos a nota fiscal de sua bicicleta, por saber já ser considerada previamente ladra pelo policial, por conta de sua cor de pele e quando afirma ao amigo, que é branco, que não pode correr até a outra amiga, pois há um policial por perto e poderia concluir que por estar correndo ela era culpada de algo. Outra conclusão possível, é que essa cultura é perpetuada por privar-se desde criança os direitos dos negros, que são obrigados a agir de maneira contida e tendo que mostrar previamente que são inocentes por algo que nem ao menos cometeram.
 A situação só irá mudar quando o país admitir que é racista e, a partir disso, realizar uma mudança cultural e social profundas, dando reais e iguais oportunidade para negros e brancos, inserindo realmente nos currículos o ensino da cultura negra e o quanto dela foi absorvida em toda a cultura brasileiro, entre outras medidas que mudem como um todo a mentalidade dos brasileiros. Só assim haverá o respeito à dignidade e aos direitos dos negros, minando o deplorável racismo que persiste no país.

Caroline Kovalski primeiro ano Direito noturno