Ao analisar o cenário global atual, marcado por uma intensa
globalização potencializada pela internet, nota-se a grande pluralidade de
culturas, povos e identidades presentes no cotidiano de todos. Nesse contexto,
a relevância das Ciências Sociais para um jurista torna-se evidente, pois, sem
elas, ele não tem condições de desenvolver uma atuação jurídica crítica,
competente, eficaz e humanizada.
Toda relação entre grupos humanos é regida por normas, sejam
elas mais simples, como em um ambiente familiar, ou mais complexas, como as que
organizam uma população sob uma constituição. Assim, um jurista que não
compreende plenamente as Ciências Sociais, ao lidar com uma sociedade complexa,
tem maior probabilidade de tomar decisões injustas e inadequadas às demandas
sociais. Isso ocorre porque ele não dispõe das ferramentas necessárias para
analisar conflitos, entender comportamentos e avaliar o impacto das leis na
realidade.
Ademais, deve-se considerar que tanto o Direito quanto a
sociedade foram, em grande parte, fundados em contextos coloniais, que eram marcados por racismo e segregação, e até hoje
carregam reflexos dessa origem, como destacado por Grada Kilomba. Diante disso,
conclui-se que um jurista desprovido de conhecimentos das Ciências Sociais
tende a perpetuar a exclusão de minorias e a defender interesses elitistas,
muitas vezes sem sequer perceber, pois lhe falta capacidade para analisar
criticamente as estruturas de poder, os conflitos culturais e as dinâmicas que
influenciam a criação e a aplicação do Direito. Dessa forma, ele acaba se
tornando apenas mais uma engrenagem desse sistema.
Portanto, ao reconhecer as disparidades, desigualdades e relações de poder presentes na sociedade global, o jurista poderá exercer sua função de maneira mais consciente e transformadora. Assim, fica claro que as Ciências Sociais não são apenas úteis, mas necessárias para a formação integral de um jurista.
Rafael Constâncio Cuvice - Direito norturno, 1º ano