Desde a metade do século XX, a relação do homem com a natureza tornou-se visivelmente predatória e desproporcional. A extração de materiais para produção de bens de consumo cresceu de forma abrupta e os reflexos desse descontrole já são bem claros. Mesmo assim, parece que a maioria se mantém cética em relação a isso. Afinal, o comodismo é mais atraente do que tomar partido de mudanças necessárias e atuar; a efemeridade da vida contagia de forma profunda e o carpe diem se desfigura a ponto de tornar-se uma filosofia deturpada de vida. Essa inconsequência frente às ações tomadas por todos, com a desculpa de efemeridade e do ‘viver o momento’ descarta qualquer possibilidade de posteridade.
As perspectivas de ganhos econômicos movem as pessoas e empresas a agirem de forma a desconsiderar qualquer impacto ou consequência possível na busca de maiores mercados, ganhos de escala e produtos mais baratos. Um exemplo é a China. Um mundo que utilizasse recursos e gerasse resíduos aos níveis da China necessitaria de um planeta 1,2 vezes maior do que a Terra para se manter, segundo um relatório sobre emissões de carbono do país apresentado no fim de 2010 pela ONG WWF (Fundo Mundial para a Natureza). Uma das sérias consequências negativas da rápida expansão industrial da China durante a década de 1980 foi o aumento da poluição e da degradação dos recursos naturais. Problemas como a erosão do solo, a desertificação, a queda contínua da disponibilidade de água potável, representam uma grande ameaça atual e futura. Isso sem falar na energia chinesa proveniente principalmente do uso do carvão.
Porém, não precisamos ir tão longe para ver o descaso com o ambiente em que vivemos e do qual tiramos nosso sustento. No Brasil, o desmatamento e as queimadas predatórias, bem como a degradação dos solos decorrentes das técnicas de produção agropecuárias, são os exemplos mais visíveis de que mesmo um país que reconhece sua riqueza ambiental não dá valor o bastante para preservá-la frente às necessidades econômicas. Até mesmo nos mercados dos bairros em que vivemos, o descarte de produtos hortifrute é exagerado, quando grande parte desses produtos poderia ser aproveitada tanto na alimentação de pessoas necessitadas, quanto na própria agricultura e agropecuária, na forma de adubos e alimentos aos animais.
O Direito Ambiental entra nesse cenário catastrófico para proteger o meio ambiente, objetivando a qualidade de vida, bem como o desenvolvimento sustentável da sociedade. Na prática, muitas vezes, esse direito se mostra ineficiente, ao vermos casos de total impunidade pela violação de regras ambientais como se fossem menos importantes que as demais. Portanto, políticas públicas de educação ambiental da sociedade e estabelecimento de efetivos estudos de impactos ambientais pelas empresas aliados à fiscalização e punição real das infrações são essenciais para garantir a sustentabilidade do crescimento econômico.
As mudanças climáticas decorrentes do uso indevido dos recursos naturais é uma verdade inconveniente, negada por muitos. É isso que mostra o documentário homônimo de Davis Guggenheim, ao trazer dados alarmantes da situação ambiental no mundo. Deveríamos assumir essa verdade, mudando nosso modo de ver a vida... e logo. Não digo para fazermos uma sociedade totalmente orgânica e em contato total com verde, mas certas práticas são factíveis e teriam um impacto positivo, construindo a consciência acerca do assunto. O projeto de supermercado verde é um exemplo, substituindo toda a estrutura construída em torno do desperdício dos grandes mercados por outras mais ecológicas e também mais funcionais. Link: http://www.slideshare.net/francoelho/supermercado-verde-presentation