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sexta-feira, 15 de junho de 2012

Homem: fator secundário


    O capitalista está sempre encontrando uma maneira diferente de produzir o mesmo produto. É a tal da revolução incessante dos meios de produção, da qual Marx faz referência em "O Capital". Esse caráter revolucionário do capitalismo se dá através do maquinismo: máquinas são constantemente substituídas por máquinas mais avançadas, pois assim o capitalista dribla a concorrência, aumenta a produtividade e obtém lucro. Entretanto, esse maquinismo que parece favorecer o trabalho do capitalista, parece desfavorecer uma outra classe: o proletariado.
    Com a introdução de máquinas, o trabalho do operário se torna excessivamente parcelado: um grupo de operários só grampeia, outro só embala, outro só parafusa. Com a revolução incessante dos meios de produção, quando uma máquina é substituída por outra, aquele trabalho parcelado do antigo operário se modifica, e este, por desconhecer o novo processo parcelado de produção, acaba perdendo seu emprego. É nesse sentido que o maquinismo atua contra o operário, e termina por aniquilar suas capacidades produtivas, transformando-o senão numa máquina.
    Deste modo, o capitalismo passa a empregar mão-de-obra barata (entende-se mulheres e crianças) pois não precisa mais de força física vinda do homem. A exploração aumenta na medida em que a produção começa a se desvincular do homem: o homem passa a ser secundário e as vezes desnecessário na produção. Passa então a ser vítima de suas próprias criações, bem como das contradições existentes em um sistema que enriquece uma minoria às custas da miséria da maioria.

O Capital visando o Capital


O Capitalismo é a ruína da sociedade humana.  De forma abjeta, faz com que as pessoas se sujeitem às mais torturantes formas de vida para, assim, terem a possibilidade de se enquadrar nos padrões estabelecidos. Entretanto, às vezes, através de avanços tecnológicos, algumas melhorias sociais inesperadas acabam por ocorrer graças ao anseio insaciável do mercado por aumentar a produção.

Um exemplo se fez na introdução das máquinas nas fábricas ao longo do século XIX. Tal fato, sob a visão do capitalismo, se fez somente para o demasiado aumento da produção nas fábricas. Portanto, para os grandes burgueses, donos das fábricas, a ocorrência de uma melhoria no trabalho dos operários se fez como um fato secundário, menos importante do que o aumento vertical dos lucros. Não só isso, mas também, à regra do capitalismo, os burgueses se utilizavam do argumento de que os proletários precisavam trabalhar menos para a produção, então deveria haver uma redução no salário destes. Ou seja, pela visão do capitalismo, qualquer possibilidade de aumento na opressão sobre os operários é válida quando o fim é a maximização dos lucros.

Além disso, a condição humana ante a implantação da maquinaria nas fábricas foi reduzida à mínima – teoricamente – aceitável. Como o trabalho após tal implantação era “mais fácil”, os donos das fábricas começaram a demitir os adultos e substituí-los por crianças. Assim, como diz o próprio Marx em “O Capital”, houve um grande aumento no número de empregados das fábricas, já que era comum que um homem com salário de 18 a 45 xelins ser deslocado por três garotas de 13 anos de idade com salários de 6 a 8 xelins por semana. Tal aumento no número de pessoas, no entanto, não fazia com que as condições dos trabalhadores nas fábricas fossem melhoradas, pois isso seriam gastos “desnecessários”.

Visto o exposto, conclui-se que o capitalismo, mesmo que acabe por trazer algumas melhorias para a vida social, o faz sem ter isso como intenção primordial, mas sim como mero acaso submisso às vontades do mercado. De forma contrária, o socialismo traria tais melhorias como objetivo primário, já que, acima de qualquer aumento na produção, está a qualidade de vida e a condição humana dos trabalhadores.