Este é um espaço para as discussões da disciplina de Sociologia Geral e Jurídica do curso de Direito da UNESP/Franca. É um espaço dedicado à iniciação à "ciência da sociedade". Os textos e visões de mundo aqui presentes não representam a opinião do professor da disciplina e coordenador do blog. Refletem, com efeito, a diversidade de opiniões que devem caracterizar o "fazer científico" e a Universidade. (Coordenação: Prof. Dr. Agnaldo de Sousa Barbosa)
Total de visualizações de página (desde out/2009)
sexta-feira, 15 de junho de 2012
Homem: fator secundário
O capitalista está sempre encontrando uma maneira diferente de produzir o mesmo produto. É a tal da revolução incessante dos meios de produção, da qual Marx faz referência em "O Capital". Esse caráter revolucionário do capitalismo se dá através do maquinismo: máquinas são constantemente substituídas por máquinas mais avançadas, pois assim o capitalista dribla a concorrência, aumenta a produtividade e obtém lucro. Entretanto, esse maquinismo que parece favorecer o trabalho do capitalista, parece desfavorecer uma outra classe: o proletariado.
Com a introdução de máquinas, o trabalho do operário se torna excessivamente parcelado: um grupo de operários só grampeia, outro só embala, outro só parafusa. Com a revolução incessante dos meios de produção, quando uma máquina é substituída por outra, aquele trabalho parcelado do antigo operário se modifica, e este, por desconhecer o novo processo parcelado de produção, acaba perdendo seu emprego. É nesse sentido que o maquinismo atua contra o operário, e termina por aniquilar suas capacidades produtivas, transformando-o senão numa máquina.
Deste modo, o capitalismo passa a empregar mão-de-obra barata (entende-se mulheres e crianças) pois não precisa mais de força física vinda do homem. A exploração aumenta na medida em que a produção começa a se desvincular do homem: o homem passa a ser secundário e as vezes desnecessário na produção. Passa então a ser vítima de suas próprias criações, bem como das contradições existentes em um sistema que enriquece uma minoria às custas da miséria da maioria.
O Capital visando o Capital
O Capitalismo é a ruína da sociedade humana. De forma abjeta, faz com que as pessoas se
sujeitem às mais torturantes formas de vida para, assim, terem a possibilidade
de se enquadrar nos padrões estabelecidos. Entretanto, às vezes, através de
avanços tecnológicos, algumas melhorias sociais inesperadas acabam por ocorrer
graças ao anseio insaciável do mercado por aumentar a produção.
Um exemplo se fez na introdução das máquinas nas fábricas ao
longo do século XIX. Tal fato, sob a visão do capitalismo, se fez somente para
o demasiado aumento da produção nas fábricas. Portanto, para os grandes
burgueses, donos das fábricas, a ocorrência de uma melhoria no trabalho dos
operários se fez como um fato secundário, menos importante do que o aumento
vertical dos lucros. Não só isso, mas também, à regra do capitalismo, os
burgueses se utilizavam do argumento de que os proletários precisavam trabalhar
menos para a produção, então deveria haver uma redução no salário destes. Ou
seja, pela visão do capitalismo, qualquer possibilidade de aumento na opressão
sobre os operários é válida quando o fim é a maximização dos lucros.
Além disso, a condição humana ante a implantação da
maquinaria nas fábricas foi reduzida à mínima – teoricamente – aceitável. Como
o trabalho após tal implantação era “mais fácil”, os donos das fábricas
começaram a demitir os adultos e substituí-los por crianças. Assim, como diz o
próprio Marx em “O Capital”, houve um grande aumento no número de empregados
das fábricas, já que era comum que um homem com salário de 18 a 45 xelins ser
deslocado por três garotas de 13 anos de idade com salários de 6 a 8 xelins por
semana. Tal aumento no número de pessoas, no entanto, não fazia com que as condições
dos trabalhadores nas fábricas fossem melhoradas, pois isso seriam gastos
“desnecessários”.
Visto o exposto, conclui-se que o capitalismo, mesmo que
acabe por trazer algumas melhorias para a vida social, o faz sem ter isso como
intenção primordial, mas sim como mero acaso submisso às vontades do mercado.
De forma contrária, o socialismo traria tais melhorias como objetivo primário,
já que, acima de qualquer aumento na produção, está a qualidade de vida e a
condição humana dos trabalhadores.
Assinar:
Postagens (Atom)