Em um contexto revolucionário, no qual a agitação
e o anseio eram arduamente presentes, e, ademais, com uma Ciência Natural já
muito bem articulada – por Descartes e Bacon -, um estudo voltado ao campo
social tornou-se, portanto, relevante. Dessa forma, Auguste Comte, a fim de
criar uma corrente filosófica alicerçada pelos métodos cartesianos até então propostos,
de compreender o mundo social de maneira aprofundada e de conter as subversões
ameaçadoras da ordem, estruturou o chamado Positivismo - uma filosofia na qual
as relações socais e suas regras seriam explicadas a partir de leis gerais elaboradas
por meio da experiencia sensível.
Nesse sentido, Comte estabeleceu que haviam três estágios
pelos quais as sociedades deveriam passar para alcançarem o amadurecimento e máximo
desenvolvimento no que tange ao conhecimento: o primeiro e o segundo estados pautavam-se
no viés Teológico-Metafísico – eram considerados inferiores por focarem suas análises
em fenômenos sobrenaturais - e o terceiro, no Positivismo – era visto como
superior por focar no real, útil e certo.
Sob essa perspectiva, o Positivismo tinha, como
fulcro, a ordem, e o progresso como finalidade. No entanto, para conquistar tal
sociedade ideal voltada ao conhecimento máximo, apenas a vinculação entre os
fenômenos sociais era o suficiente e, assim, a explicação das desigualdades
sociais, do preconceito e de outras importunidades não se faziam necessárias –
buscava apenas leis gerais e não fazia uma análise crítica da sociedade.
Desse modo, embora aparente, de início,
subversiva, uma vez que coloca o pensamento teológico vigente como inferior, em
prol do conhecimento científico, tal pensamento é, na verdade, uma tentativa de
conter a subversão das sociedades modernas – ou seja, apesar dessa corrente
possua aparência inspiradora, sua ideia central contradiz com o intrínseco
significado de progresso, haja vista a manutenção de impertinências sociais e o
desinteresse por essas.
Nessa conjuntura, o progresso é, sobretudo, uma
forma de controle social e o Positivismo visa, com sua base rasa de
conhecimento, notadamente, apenas uma mudança que não comprometa a ordem já
estruturada. Por fim, inúmeras vozes gritantes são silenciadas e a ideia de
subversão torna-se, cada vez mais, uma contradição.