Segundo o historiador Mario Schmidt, durante o período de pré Revolução Industrial, "menos de 10% da população europeia vivia nas cidades", ou seja, o meio urbano era praticamente inabitado, pouquíssimo desenvolvido, apenas marcado por pequenas trocas comerciais que ocorriam entre a diminuta população de produtos artesanais ou primários.
A sociedade rural era agrícola, artesanal e ainda com resquícios de servil fruto do período feudal; a variação do modo de vida de uma geração para outra era mínimo, pois a maioria dos filhos seguia o ofício dos pais dando continuidade à tradições familiares.
Entretanto, a partir das pequenas trocas, a burguesia crescente começou a acumular riquezas, a investir mais na produção de artefatos que facilitariam a tecelagem de roupas, entre outras manufaturas, substituindo a mão de obra humana.
Com esse investimento, a esperança de melhoria de vida passou a emanar do meio urbano. O êxodo rural foi significativo, visto que a mão de obra advinda do campo era mais barata, a população mundial foi aumentando e, assim, os núcleos urbanos foram se fortalecendo.
Todo esse crescimento não poderia deixar de ser atribuído, em partes, à máquina. O investimento na indústria deixava evidente as limitações humanas: a máquina poderia fazer o serviço de 60 homens em menos tempo; a máquina poderia ser manejada por homens, mulheres e crianças; a máquina aumentou a porcentagem de lucros e mudou a configuração de densidade populacional em diversos locais. E com tanta eficiência atribuída à esse objeto, o desemprego começou a aumentar: “os efeitos da maquinaria sobre os trabalhadores que ela mesma elimina e substitui”.
Como o desenvolvimento capitalista abrevia o tempo necessário para a produção de mercadorias e a massa de trabalhadores, esse acaba contribuindo para o processo de mais-valia. O valor individual das mercadorias produzidas pela introdução geral da maquinaria põe-se diferentemente de seu valor social. O trabalhador passa a ser desvalorizado, alienado, explorado e fazendo o mesmo com sua família. São crescentes os números de favelas, cortiços, e de violência doméstica. Assim vai se formando a sociedade capitalista, das classes opostas burgueses e proletariados, marcada pelo desenvolvimento material dos meios de produção e consumo, porém de decréscimos sociais.
TEMA: A indústria e o modo de vida: entre o rural e o urbano
Ana Clara Tristão, Bárbara Borges, Joingle Viotto, Júlio César Medeiros, Lucas Palhares, Maisa Brandão - 1º ano Direito diurno