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domingo, 8 de março de 2020

O domínio da natureza em cheque


O filósofo inglês Francis Bacon (1561- 1626), conhecido também como “Pai do método experimental”, foi um grande defensor do empirismo nos estudos científicos. Em busca de criar um “verdadeiro e extraordinário progresso do saber” e reformar o conhecimento humano escreveu o “Novum Organum”, onde expõe seu método. Devido sua forma de construir o pensamento, era extremamente contra os filósofos clássicos, classificando a filosofia aristotélica como estéril quanto a resultados práticos para vida do homem.
Assim, o verdadeiro filósofo natural, para Bacon, deveria acumular sistematicamente o conhecimento, sendo este ativo e prático. Bem diferente do antigo conhecimento filosófico que baseava-se na observação obediente da natureza. Essa forma baconiana de pensar deve-se ao fato de o filósofo ter vivido em um período pré revolução industrial, onde ideias inovadoras e tecnológicas circulavam pela Inglaterra, incentivando maior participação ativa na natureza. Portanto, a euforia industrial do momento reflete-se em uma de suas teorias mais conhecidas, “Saber é poder”, sendo o saber a melhor forma de conquistar a natureza, assim deixa de ser apenas um objeto de contemplação e começa a servir o homem. Essa ideia foi usada durante décadas, porém começa a trazer consequências ambientais na contemporaneidade.
Um exemplo brasileiro acerca do assunto é a expansão da fronteira agrícola e pecuária para floresta amazônica. Esse processo se intensificou em 2019 com intensas queimadas na região, onde apesar de prejudicial a terra, a técnica é frequentemente utilizada para limpar áreas desmatadas e torná-las agricultáveis. Ainda que usual, o método traz diversos problemas ambientais, como diminuição da biodiversidade e destruição da reserva de carbono. Esse comportamento irracional é resultado da falta de questionamento sobre as possíveis consequências práticas do uso inadequado da natureza, sendo a aplicação rigorosa do método de Descartes, como a dúvida e revisão entre as relações metódicas, uma maneira de corrigir essa situação.
Portanto, o avanço humano sem o devido planejamento da utilização dos recursos naturais provoca danos irreparáveis ao meio ambiente, causando grandes problemas às futuras gerações. Assim sendo, a icônica frase “Saber é poder” e a antiga euforia industrial devem dar lugar ao racionalismo ambiental do século XXI, revelando que o verdadeiro saber não se baseia pela conquista da natureza e sim pela colaboração harmoniosa entre o Homem e o meio natural.



Beatriz Adas Olacyr - 1º de Direito - Matutino

A busca pela razão e conhecimento e a complexidade que ela ganha através dos tempos
Qual a razão que nos move?
Esse questionamento poderia ser respondido de diversas maneiras das quais algumas ninguém saberia. Entretanto, independente da razão que nos move, sabe-se que o conhecimento é fruto dessa razão, sendo ele causa e causador da mesma.
Antigamente, no senso comum achava-se que a razão era advinda de Deus, era ele quem escolhia as pessoas responsáveis pela razão e, portanto essas pessoas tinham um dom divino. Por muitos anos acreditou-se que ela era obtida através da Bíblia, assim o padre era a fonte de toda a razão existente, pois ele era o escolhido de Deus. Entretanto, com o avanço da filosofia e da antropologia, percebeu-se que havia outras formas de adquirir a razão e essa forma era a grande variável para os filósofos da época.
Para Descartes e Bacon, por exemplo, a razão era vista de formas diferentes; para o primeiro, a razão vinha através do conhecimento inquestionável, já para o segundo a razão era obtida por meio de experiências. Nessa época, eles acreditavam que a razão era obtida de formas fragmentadas, cada um da sua própria maneira, estudando a sua própria teoria. Entretanto, atualmente sabe-se que a razão é uma junção de diversos fatores, sendo eles teóricos e empíricos.
Dessa forma, hoje em dia, a obtenção da razão é algo mais complexo, principalmente porque o mundo está altamente globalizado, o que faz com tenhamos um alto poder tecnológico e informativo, podendo ser disseminadas noticias falsas a todo momento, obscurecendo a visão da sociedade, bem como Bacon explica sobre os ídolos que turvam a visão social no seu texto Novo Organum.
Portanto, para que a razão seja obtida é necessário que a visão da sociedade esteja aberta a novos conhecimentos e a estudos comprovados cientificamente, para que ocorra veracidade na pesquisa. Assim, a razão que nos move é a busca pelo conhecimento, independente da forma como é realizada, pois ela tendo a possibilidade de ser comprovada cientificamente, passa a se tornar fonte de pesquisa para a obtenção da razão.

Mariana Boteguim Petter- noturno- 1º ano de direito 

Sombras da contemporaneidade


            Com o avanço da tecnologia e dos meios de comunicação, o acesso à informação se tornou muito mais simples. Porém, tal simplicidade nos colocou em uma zona de conforto em relação ao nosso trabalho de buscar conhecimento, visto que bastam poucos cliques para manter-se informado. Tendo diminuído o exercício do pensamento, compromete-se a capacidade do homem de questionar a realidade, acarretando, assim, a maior circulação de notícias falsas e o enfraquecimento dos debates ideológicos.
            Segundo o filósofo Rene Descartes todo homem possui bom senso, isto é, a capacidade de diferenciar o verdadeiro do falso de acordo com a forma como seu pensamento é conduzido. Sendo assim, no contexto das fake news e do pensamento preguiçoso da contemporaneidade, a pessoa que não procura confirmar a veracidade daquilo que lê está fadada a criar fala perspectivas de vida e tomar decisões importantes de maneira imprudente. Isso é exemplificado nas eleições de 2018, em que a circulação de boatos negativos sobre a esquerda brasileira influenciou na vitória de um candidato que defendia pontos de vista extremos e preconceituosos.
            Descartes também afirma em sua obra “Discurso do método” que o indivíduo cujo raciocínio é mais ativo tem o maior poder de convencimento por meio do diálogo. Logo, no cenário atual de propagação da ignorância, a população de maneira geral carece de argumentos concretos. Dessa forma, debates e discussões se tornaram agressivos e extremos, contando com ofensas e generalizações. Tais debates rasos foram muito recorrentes também no último processo eleitoral, na qual o povo se viu obrigado a escolher entre duas ideologias opostas e conflitantes.
            Portanto, a era das redes sociais alimenta um quadro social de carência de informações concretas e desestimula a busca pelo saber. Assim, a sociedade se encontra num paradoxo: nunca se esteva tão bem informado e mau instruído ao mesmo tempo. Como propõe o plano cartesiano, procurar questionar as informações diárias e estar apto a aprender com as opiniões alheias deve ser o início do processo de renascimento do pensamento contemporâneo, que nunca esteve tão fragilizado.
  
João Victor Rodrigues Ribeiro - 1°ano, Direito Noturno

O Método Cartesiano e a Pós Verdade

A obra “ O Discurso do Método” de René Descartes, trata da busca pelo conhecimento verdadeiro, a clareza através da razão, o poder do bem julgar, distinguindo o verdadeiro do falso. Segundo o autor, os nossos sentidos nos enganam, sendo assim, formula um método orientado pela razão com o objetivo de rejeitar todos os conhecimentos prévios como falso, colocando tudo em dúvida.
 Seu método consiste em primeiramente colocar em evidência, não podendo considerar como verdadeiro algo sem antes passar pelo crivo da razão, em sequência devemos analisar, dividindo em partes o todo. Posteriormente,  fazer uma síntese reunindo todas as partes do todo, das ideias simples às mais complexas e, por fim enumerar, ou seja, verificar se houve omissões  com a verdade.Desta forma, constrói o alicerce para a ciência moderna, com a clareza como critério para a verdade neutra e liberta de julgamentos subjetivos e de pré-noções. 
Descartes ainda afirma que a essência da substância humana é o pensar, a alma é puro pensamento, por isso o primeiro princípio “ Penso logo, existo”, pois ao pensar em duvidar era certo de que existia. 
Em pleno século XXI, na era da pós verdade é notório o retrocesso da sociedade, visto que a circulação de notícias falsas sem nenhum embasamento científico e os achismos pessoais se tornam verdades absolutas e irrefutáveis, substituindo o verdadeiro conhecimento obtido pela ciência por noções falsas. Como exemplo do movimento antivacina que tem como base conhecimentos advindos do exemplo e do costume, sem ter verossimilhança com a verdade e tem como consequência o ressurgimento de doenças antes erradicadas, prejudicando a sociedade como um todo. Portanto, a necessidade do uso do método cartesiano nos dias atuais é de extrema importância, a dúvida metódica  frente a todo tipo de informação e conhecimento obtido, até para a valorização da existência e substância humana já que existir é pensar racionalmente. 


Júlia Saes Martin - Matutino

A atual ciência do século XVII

A atual ciência do século XVII

Escritos há cerca de 400 anos, os textos O Discurso do método, do filósofo francês René Descartes e Novum Organum, do inglês Francis Bacon, proporcionaram um novo modo de pensamento e uma revolução no campo científico, que acabou por gerar a ciência moderna, pautada pela razão e experimentação, descolado dos parâmetros religiosos.
 Escritos no século XVII, o Novum Organum ainda hoje se mostra um texto importantíssimo para a conservação de uma ciência real, pautada nos moldes do empirismo em contra ponto à intensa onda de pseudociência e conservadorismo vigente em pleno século XXI.
Bacon, em seu texto, exemplificou diversos Ídolos, crenças adotadas pelos humanos que não são frutos da razão nem dá experimentação e podem ser resultado de influências externas. Nos apegando ao caso brasileiro, o Ídolo de maior destaque atualmente é o Ídolo do Teatro. Este, representa a teatralização de teorias, que por vezes são impregnadas de equívocos e superstições. São inúmeras as vezes que o atual governo se fez valer do Ídolo do teatro para influenciar  e assustar a população, por exemplo: Doutrinação marxista e distribuição de um suposto “Kit gay" nas escolas públicas do país.
 Mesmo escrito em 1637, o Discurso do método continua sendo a base e direcionamento de todos os avanços científicos angariados pela humanidade a partir da ciência moderna, por ser baseado na razão e na organização das etapas de estudo. Grande exemplo disto foi o impressionante sequenciamento do genoma do Corona vírus, realizado no Brasil, por uma equipe formada majoritariamente por pesquisadoras, em apenas 2 dias. E, através deste estudo serão possíveis  as fabricações de vacinas e remédios que poderão controlar a epidemia.
 Levando-se em consideração o atual bombardeamento de falsas informações a qual somos expostos, é de extrema importância levar a cabo o conselho de Descartes “nunca aceitar como verdadeiro o que eu não conhecesse como tal". E, para que continuemos avançando cientificamente, teremos que, ironicamente, voltarmos nosso olhar para os critérios de quatro séculos atrás, desenvolvidos por Bacon e Descartes.

Angela Severo dos Santos- 1° ano de Direito, matutino

A RACIONALIDADE COMO SOLUÇÃO PARA A IRRACIONALIDADE

René Descartes e Francis Bacon foram os principais contribuintes para a noção de instrumentalização da ciência, que é o uso prático do conhecimento, através do qual se transforma a natureza a favor do homem. Esse conhecimento, guiado pela razão e experiência, é, na ciência moderna, obtido através do método científico, este também tendo contribuição dos filósofos mencionados. O método consiste em regras e etapas para que se chegue a um conhecimento que seja, de forma muito provável, verdadeiro. Destarte, é visível a contribuição e a influência que Descartes e Bacon tiveram na sociedade brasileira e no mundo atual, visto que tanto as ciências tecnológicas quanto, por exemplo, as ciências jurídicas seguiram, em seus respectivos desenvolvimentos, um paradigma – método científico - que assegurasse, por exemplo, o bom funcionamento das tecnologias e da justiça nas sociedades, respectivamente às ciências mencionadas.                                                            
Contudo, principalmente no Brasil contemporâneo, certezas científicas como a esfericidade da Terra ou a legitimidade da Declaração Universal dos Direitos Humanos são contestadas a partir de métodos totalmente baseados não em razão ou empirismo, mas sim em emoções. Declarações como “A Terra é plana” ou “Bandido bom é bandido morto” são claros afrontes não só à racionalidade humana como também a todo o trabalho destinado ao aperfeiçoamento científico. Tudo isso evidencia uma clara descrença, ou mesmo um desuso consciente, de métodos racionais que possibilitem, através de seu uso, a descoberta da mais absoluta verdade por parte da população brasileira.

Agora, resta questionar o porquê da existência dessa descrença brasileira na ciência e em seus métodos. Uma possível resposta, já que muitas assertivas incrédulas na ciência moderna são originárias da emoção de seus locutores, ou seja, da irracionalidade, é que uma grande parte da população brasileira esteja passando por fortes emoções na contemporaneidade. Essas fortes emoções podem ser causadas por distorções eventuais na mente humana, ou seja, segundo o inglês Francis Bacon, por ídolos, que são falsas percepções do mundo. Assim, é possível que, para extinguir a repulsão à ciência existente em parte da população brasileira, é necessário justamente o uso, por parte desta mesma população, da própria ciência, pois, já que sua descrença é causada por ídolos, que são falsas percepções do mundo, apenas um método de real observação e racionalização da realidade pode fazer essas pessoas enxergarem a verdade e compreenderem o quanto que suas emoções, causadas, por exemplo, por revoltas com a situação social do país, as induzem a erros e absurdos em suas conclusões.

Portanto, o aperfeiçoamento científico e a aproximação constante de certezas, possíveis através do método científico elaborado por Descartes e Bacon, embora sofram golpes no Brasil atual, podem sofrê-los gradualmente menos, necessitando, para isso, o incentivo ao uso da razão e experimentação, não só para levar a conclusões verdadeiras pessoas já contaminadas por ídolos, como também futuras gerações de cidadãos que, já esclarecidos e tendo a capacidade de entender a realidade, possam transmitir esse conhecimento para outras futuras gerações, assim evitando o retorno da ignorância.


Vitor Nakao Tersigni – Diurno – 1° Ano Direito

Uma luz para a humanidade

Há muito tempo o homem tenta achar a forma correta de produzir conhecimento.Ao longo da história, pensadores das mais diversas áreas procuravam formas de interpretar o mundo para responder as mais inúmeras e profundas questões humanas. "Como surgiu a vida? " "Qual o propósito da existência? " "O que existe depois da morte?" .Francesco Redi, médico italiano, tentou responder a primeira dessas questões em 1668, e ficou conhecido pelo seu experimento com carnes em estado de putrefação, no qual comprovou a teoria da biogênese, um escândalo na época, pois acreditava-se que a vida surgia espontaneamente da matéria bruta, entretanto, Redi contrariou a ciência vigente e produziu conhecimento por meio da experimentação, mostrando que os seres vivos só se originam de outros seres. Francis Bacon, em seu livro "Novum Organum", escreveu que somente a experiência e pesquisa podem produzir a verdadeira ciência para que o senso comum não impere na mente humana,assim como Redi realizou.
Avançando um pouco na história, chegamos a 1789, Revolução Francesa, época de grandes mudanças  ideológicas e nas ciências. Tais mudanças foram promovidas pelos Iluministas, pensadores que acreditavam no uso da razão para fundamentar o conhecimento humano. A racionalidade para eles era vista como uma luz para a humanidade, uma vez que o obscurantismo e a desigualdade permeava a mente dos indivíduos no período, gerando pobreza extrema e violência contra os estamentos mais baixos da sociedade, assim, com suas ideias eles reverteram a moral da época e destituíram o Antigo Regime.Da mesma forma, Rene Descartes, afirmava em seu livro "Discurso do método" que a razão é a chave para produzir ciência e efetuar mudanças, pois para ele as bases do método devem ser a razão e a clareza.
Desse modo, chegamos aos dias atuais nos quais os homens se perderam no modo de realizar ciência, passando a ver o conhecimento como algo de pouco valor e nao se preocupando com a veracidade dos fatos.A exemplo disso, tem-se a eleição presidêncial brasileira de 2018, a qual foi marcada pelo uso das fake news, notícias falsas que são disseminadas nos meios de comunicação sem serem vistoriadas anteriormente, e culminou na tomada de posse do presidente Jair Bolsonaro,o qual é criticado por falar abertamente que produção de conhecimento é "balbúrdia" e pelos cortes nas verbas educacionais para as faculdades públicas, em 2019.
Assim, o ser humano é facilmente corrompivel pelas falsas certezas, uma vez que a alienação e a aceitação são caminhos muito mais rápidos de se adquirir conhecimento do que o pensar crítico e racional por meio da experimentação e das evidências concretas.
Dessa forma, os homens na atualidade estão se perdendo nas sombras,deixando de pensar racionalmente e seguindo falsas certezas, a exemplo das campanhas anti-vacinação do ano de 2019,  necessitando da ciência como luz guia nesses tempos de escuridão.

 Julia Dolores Basso.

Entre o "ir mais além" e a simplicidade de certas concepções de mundo



          As bases da epistemologia na Era Moderna assentaram-se em dois grandes nomes: Francis Bacon e René Descartes. Embora fossem destoantes em relação à natureza do conhecimento humano, os dois filósofos compartilhavam de métodos científicos que eram, até então, únicos em seus rigores processuais, e que se direcionavam à vida prática do homem. Além disso, esses dois pensadores do século XVII muito se dedicaram a conceber dentro da Filosofia um fundamento ao conhecimento verdadeiro.  
       Atualmente, entretanto, pouco a pouco os indivíduos se distanciam da busca por conhecer de fato o mundo à sua volta, aderindo a concepções simplistas e que muito diferem de um olhar cuidadoso em relação à natureza e à sociedade. Dessa forma, emergem do que são chamadas por Bacon de “antecipações da mente” o terraplanismo, o movimento antivacina, a ideia de que a meritocracia ocorre por completo, a falácia de que os negros têm tratamento igualitário dentro da sociedade, etc. Consequentemente, por uma falta de “ir mais além”, segundo Bacon, ou de adotar a dúvida até a última instância, como Descartes, essas equivocadas impressões de mundo dos indivíduos acabam gerando problemas sociais, ambientais e científicos: a desigualdade social ainda se mantém, crescem os números de casos de doenças causadas por vírus, a poluição da Terra não é amenizada e a Ciência passa a ser contestada a todo momento.
     Nesse cenário, torna-se cada vez mais necessário que os detentores de um conhecimento válido e livre do senso comum se coloquem contra o avanço de teorias que atacam a razão. Na verdade, tanto a Ciência quanto a Filosofia sempre se mostraram imprescindíveis ao homem, e hoje o são mais do que nunca.


Gustavo de Oliveira Baptistini Pestana - 1° Ano de Direito - Turma: matutino

Empirismo e a ciência moderna


René Descartes, filósofo e matemático francês, foi um dos fundadores do racionalismo, onde a razão deve ser o foco no processo de conhecimento da verdade, já que se encaixa como a única via segura pela qual o conhecimento do mundo pode ser obtido. Ainda nesse pensamento, tudo tem uma causa inteligível, mesmo que não possa ser demonstrada empiricamente. Descartes apresenta em seu estudo o Método cartesiano, que consiste na ideia de a razão, para chegar em uma verdade indubtável, de passos pré-definidos realizados pelo filósofo, como definir com clareza aquilo que se quer entender, subdividir o estudo em partes, organizar as partes do estudo e posteriormente revisá-los.
Já Francis Bacon, francês adepto do empirismo, fala sobre a influência de paradigmas científicos que marcaram a sociedade industrial, analisando assim, como a experiência é o caminho para a verdade. O filósofo aborda a ideia do Método Empírico, que se pauta na ideia de que a verdade absoluta era buscada pela experiência e pela observação, com o objetivo de obter regularidade e imparcialidade nos estudos científicos.
Tendo por base os estudos desses filósofos, podemos abordar um posicionamento crítico em relação à nossa sociedade atual. Hoje, em um mundo globalizado, com o avanço da comunicação se espalhando pelo mundo todo, novas tendências anti-ciência começaram a surgir e ir de encontro a ideias colocadas como regra pela nossa sociedade, como o reaparecimento de ideais neofascistas, tanto em famílias como principalmente na política, aceitação de ideias terraplanistas e outros aspectos. Portanto, a necessidade de um estudo racional baseado em experiências e pela observação torna-se cada vez mais necessário em uma sociedade com tantas falhas de compreensão das informações repassadas à população.

                                                                                           Gustavo Muglia de Souza – Direito diurno


 Entre convicções pessoais e razão

Tem-se na idade média um mundo regido por dogmas e verdades absolutas baseados em crenças pessoais. No período posterior a ele, a Idade Moderna, vê-se o rompimento com a tradição científica clássica e a valorização do racionalismo, o qual tem seus alicerces nos fundamentos de importantes pensadores do século XVII: René Descartes e Francis Bacon, que defendiam a busca pela verdade. Nos dias atuais, por sua vez, é possível notar uma situação paradoxal, a qual consiste no avanço do método e, ao mesmo tempo, no retorno de crenças individuais que tentam negar a ciência.

Para Descartes, a razão é a essência do método para chegar ao conhecimento já para Bacon, a experiência possui um papel fundamental para chegar a tal feito. Dessa forma, se tem que a partir de esforços de pesquisa, dúvida, inúmeras análises e observações é possível encontrar verdades e fatos científicos, os quais, quando trata-se de veridicidade, devem ir além da percepção imediata e superar o senso comum.

Contudo, nos dias hodiernos é notória a ascensão de indivíduos que preferem a ignorância, por ser mais cômoda, ao pensamento crítico. Para ilustrar tal situação tem-se pessoas que possuem como tutores intelectuais as redes sociais acreditando em tudo o que leem, uma vez que a busca pela veracidade e pelo conhecimento científico pode ser árdua e exigir mais esforço e tempo para compreendê-los. Nesse ínterim, tal ignorância, cada vez mais significativa, abala as transformações e os avanços conseguidos por inúmeros cientistas ao longo dos anos.

Subjacente a tal ignorância está o que o dicionário Oxford definiu como "Pós Verdade": na contemporaneidade, a crença pessoal é mais valorizada que fatos verídicos e comprovados cientificamente por meio do método e da razão. Prova disso são movimentos muito populares atualmente como o antivacina, o terraplanista e também a ampla divulgação de fake news, em que pessoas não buscam pela veracidade do conteúdo, apenas divulgam pois, para eles, a informação a ser divulgada é conveniente.

Desse modo, devido à ignorância e ao fenômeno da pós verdade, os inúmeros benefícios da ciência, como avanços médicos e tecnológicos, conseguidos por meio de anos de esforços de pesquisa, mobilização de recursos e superação de convicções tão defendidos por Descartes e Bacon, fundadores da ciência moderna estão em risco no mundo hodierno. Assim, a ciência, a qual possui papel fundamental para os homens, sofre diversas crises e contestações ignorantes.

Mariana Antonietto Alvares Cruz - Matutino - 1º ano de Direito

As Consequências do Analfabetismo Cientifico

     Nós, seres humanos, somos criaturas incríveis. Mas por qual motivo eu estou fazendo está afirmação? O motivo é simples. A capacidade que nós temos para negar a realidade é algo surpreendente. Mas qual será o motivo que nos atrai tanto para a ficção e nos leva a negar séculos de estudo e experimentação?
     Primeiramente, a obtenção de informação nunca esteve tão fácil. Contudo, isso é válido para todo tipo de informação, desde artigos científicos até os obscurantismos mais absurdos. Por conta disso, pessoas com crenças baseadas, muitas vezes, em seus sentidos ou opiniões sem base cientifica encontraram grupos onde seus pensamentos são validados, fortalecendo está visão. Mas qual o mal nisso? A maior parte desses grupos são basicamente inofensíveis, mas um dos mais preocupantes é o grupo das pessoas anti-vacinas. São somente algumas pessoas, não é mesmo? Sim, no início eram apenas algumas pessoas, mas o número de negacionistas cresce sem parar, e alguns deles ocupam posições de grande influência ao redor do mundo. Mas por qual razão estes movimentos estão crescendo? Eles estão crescendo porque as respostas que eles fornecem são muito mais simplistas do que as fornecidas pela ciência e necessitam de bem menos reflexão, tornando-as acessíveis para pessoas comuns. 
     Em segundo lugar, o surgimento de pessoas que utilizam sua influência, seja ela advinda da religião ou de movimentos anti-ciência, para adquirir posições de poder e defenderem suas visões de mundo sem fundamento no racional é preocupante. Há inúmeros exemplos das consequências que a supremacia do oculto na sociedade causa, o que torna o surgimento, nas palavras de Francis Bacon, dos ídolos do teatro algo extremamente perigoso.
     Logo, as ideias que vão contra pesquisas fundamentadas na razão e na experimentação podem ser nocivas para o mundo civilizado. Portanto, se algo não for feito para impedir a "conversão" de pessoas para estes movimentos o mundo pode se tornar um lugar dominado por achismos.     


Victor Hugo de Souza Campagnoli - Diurno - ano de Direito
 A sociedade atual: conhecimento ou crescimento do irracional?

  Dentro do convívio social, encontra-se presente o vínculo direto entre conhecimento e cientificismo, sendo, a necessidade de comprovação essencial para a construção do discernimento. Dessarte, filósofos, como René Descartes e Francis Bacon, dissertam acerca da importância do racionalismo e da busca pela autenticidade, ao fugir da idolatria e de falsos mitos. Assim, construiu-se uma sociedade embasada em tais valores, a fim de garantir novas descobertas e, portanto, a evolução do conhecimento humano. No entanto, na conjuntura atual, movimentos anti-vacinatórios e extremistas, sejam de direita ou de esquerda, juntamente com ideais machistas e, até mesmo, terra-planistas, concretizam a perda de tais amplitudes, uma vez que são marcas da alienação e do desespero em tentar romper com o estabelecido e comprovado, demonstrando desprezo pela ciência.
     Com efeito, ainda de acordo com os preceitos cartesiano e baconiano, vê-se a necessidade de questionar a vigência e procurar por novos métodos de comprovação científicos. Contudo, tais movimentos consolidam o papel de de irracionalidade, já que, ainda com com imagens, cálculos e provas, não se acredita no saber evidenciado. Tem-se, dessa forma, a solidificação da hipocrisia e do ilegítimo discernimento, no século XXI, baseado em "achismos", na ignorância e nos desfalques do cenário educacional hodierno. A indagação imprudente, dentro desse contexto, já não se faz justa, correta ou inteligente.
     Por conseguinte, tais fatores resultam na propagação de falsos ideais e, logo, tornam-se parte do senso comum. Os movimentos passam a ser exaltados e a ciência perde sua força. A veracidade dos fatos é esquecida e passa-se a fazer alusão ao terra-planismo, machismo, extremismo e anti-vacinação, aos ídolos e mitos antes citados. 
    Em suma, evidencia-se um quadro atual de caos, frente aos valores errôneos passados pela sociedade. Como reflexo, há a consciência de que o pensamento se fundamenta no irracional, emocional, religioso e, até mesmo, cético. Por fim, pauta-se, o corpo social, na contradição do proposto pelos filósofos e na quebra do cientificismo, substituído pela visão cega e alienada do senso comum.

A "Ocidentalidade" Condutora do Mundo

A racionalidade sempre é uma capacidade cobrada em nosso mundo, porém não é comum encontrá-la, pois, mesmo havendo essa cobrança, as pessoas costumam, muitas vezes, direcionar os seus pensamentos para a religião ou para a emoção, ou seja, pensamentos completamente subjetivos e não universais, retirando todos os critérios racionais utilizados para o entendimento científico já alcançado no decorrer dos anos e, também, o conhecimento da modernidade é passível de questionamentos, apresentando um caráter democrático a ele. Além disso, é importante ressaltar que, também, dentro do direito, há uma singularização das decisões que devem valer para todos os indivíduos do planeta.
Podemos considerar nefasta a utilização de achismos para a consideração de uma verdade universal, como, por exemplo, os usos feitos pelos adeptos ao “terraplanismo” e ao movimento antivacina. É sempre importante, com moderação em alguns casos, um ceticismo para que a população não siga as mesmas ideologias controversas aos assuntos já estudados pela ciência, mas também, as afirmações e análises científicas devem ser sempre pautadas com um pouco de ceticismo para que as negações feitas pelos contrários à ciência não possam ser melhores aos ouvidos do público do senso comum, não entendedor dos conhecimentos e pesquisas científicas.
A razão, capacidade sempre defendida por René Descartes que utilizou até “O Discurso do Método” para deixar isso claro, costuma ser cobrada, mas não praticada, na contemporaneidade. Prova disso, são as escolhas e regras definidas para os Direitos Humanos, por exemplo, que mesmo sendo um documento de extrema importância e que deve ser defendido, não deixa de ser “segregador" culturalmente ao utilizar costumes completamente ocidentais para a sua definição, marginalizando diversas culturas existentes neste planeta tão diverso. Além disso, há a falta de uma especificação nos direitos para ele, tornando-o, em alguns parâmetros interpretativo, contrariando o que foi feito por Descartes ao utilizar o “Penso, logo existo", porque essa afirmação afastaria todas as dúvidas e também os mais céticos, por já ser precisa.
É importante, também, considerar que há praticamente uma quebra nas crenças da igreja na época, porque, tanto Francis Bacon em "Novum Organum" quanto Descartes em retiram Deus das respostas para todos os questionamentos; Bacon considera muito importante a experiência, já para Descartes é imprescindível a razão. 
Portanto, o que está movendo o mundo, hoje, é o ocidentalismo, o que torna os critérios muito segregadores e contraditórios, pois os direitos devem ser universais, não únicos de um tipo de sociedade. 

Cesar Henrique Santana de Oliveira - Noturno - 1º ano de Direito

Os desafios da ciência em tempos pós-modernos

    Ao longo dos séculos, grandes pensadores uniram teorias para sistematizar o estudo da ciência moderna. Dentre os que se destacam, estão René Descartes, com o Discurso do Método, obra em que defende a razão e o questionamento para alcançar o saber efetivo; e Francis Bacon, elaborador de Novum Organum, que preconiza a experimentação como meio de explicação de fenômenos naturais. Infelizmente, nos tempos pós-modernos constatamos a descrença na ciência, que custou tanto tempo e esforço para ser fundamentada.
    Com uma frequência alarmante, líderes políticos e personalidades questionam dados e explicações científicas para situações graves como o aquecimento global. No Brasil, observamos as críticas feitas por Olavo de Carvalho, filósofo terraplanista e guru do Bolsonarismo, que afirma serem “Bons tempos aqueles em que os idiotas acreditam em fadas e duendes. Hoje eles acreditam em aquecimento global e fumo passivo" (26/02/2016). É preocupante a influência que esse tipo de pensamento, sem embasamento científico, tem no governo de um dos países mais ameaçados pela emergência climática e um dos responsáveis pela conservação da maior floresta tropical do planeta. E sobre tal responsabilidade, não se percebe o menor esforço para cumpri-la. Pelo contrário, são nítidas as ações para viabilizar a exploração econômica dos recursos de que a floresta dispõe. Seria essa a ação do ídolo do foro, teorizado por Francis Bacon? Refletimos que sim, visto que a aceitação da ciência é prejudicada pela falsa percepção de mundo trazida pelo comércio e pelas relações políticas e econômicas.
 São inúmeros os exemplos de questionamentos à ciência ao redor do mundo, muitos deles parecidos com os vistos no Brasil, como é o caso do presidente dos Estados Unidos, que simplesmente diz: “Eu não acredito". E mais uma vez, o governo de um país protagonista no cenário climático mundial se recusa a aceitar as constatações científicas de que o planeta está em crise.
    Frente a essa realidade, paira a dúvida de como fazer a ciência se sobrepor a tantas repulsões. O fato é que não existe uma fórmula, o caminho dos que defendem a razão ante ao obscurantismo sempre foi difícil. Como afirmado por René Descartes, “Não existem métodos fáceis para resolver problemas difíceis”. De toda forma, defender a ciência é imprescindível, para que a humanidade não se afunde mais uma vez na onda de misticismo da qual Descartes e Bacon se esforçaram para salva-la.


Lívia Mayara de Souza Rocha - 1° ano Direito matutino

Tempos de misticismo

    O século XX foi o período de maior evolução tecnológica na história da humanidade. Se no início do século, a humanidade dava ainda seus primeiros passos na mecânica aeronáutica; na farmácia de antibióticos e na computação, no fim desse o homem conquistara o céu e o espaço; criara tratamentos para os mais diversos patógenos e desenvolvera a internet, invenção responsável por nulificar as dificuldades de comunicação entre quaisquer pessoas no globo. Tamanho avanço só foi possível graças ao esforço incansável de pesquisadores como Robert Kahn; Von Braun e muitos outros. Apesar dos visíveis benefícios resultantes dessas conquistas, o final do século XX e o início do século XXI foram marcados por uma crescente cultura anticientífica, que busca negar conceitos consagrados na ciência em prol de misticismos e falsos conhecimentos científicos. Esse cenário, abre precedentes para uma regressão nunca antes vista, afogando o homem em trevas e colocando o bem estar do corpo social em xeque.
    É surpreendente que, em uma sociedade com uma crescente dependência da inovação tecnológica, discursos anticientíficos tenham conquistando um público tão abrangente. Isso se deve ao fato de que, apesar da maior parte da população mundial usufruir de algum tipo de recurso resultado da ciência moderna, seja nas necessidades básicas; lazer ou trabalho, grande parte das pessoas não recebem nenhuma educação científica durante sua vida. A consequência dessa situação é a recente mudança nos maiores governos do ocidente, que agora tem seus executivos controlados por negadores do aquecimento global e conservadores sociais, como Donald Trump e Jair Bolsonaro. 
    Em seu livro, O discurso do método, René Descartes defende a ideia da adoção de um novo pensar, hoje conhecido como método dedutivo, marcado pelo uso da razão como ferramenta investigativa, capaz de desconstruir velhos erros lógicos, em oposição a experiência sensível. Na mesma época, Francis Bacon publicava seu Novum Organum, tratado em que critica o silogismo e defende a interpretação racional da natureza, método denominado empirismo, na qual o homem é apenas um espectador que tenta interpretar e entender a verdade oculta no natural. Apesar de fundamentalmente diferentes quanto a maneira de se fazer ciência, as ideias desses filósofos, quando combinadas, são as bases do pensamento científico contemporâneo. Logo, é evidente que, apesar de datados, esses ideias são os maiores adversários do recente misticismo que ameaça o progresso.
    Em suma, não se encontra no debate acalorado, campo preferido por aqueles que desafiam a ciência, o caminho para defender as conquistas da humanidade, mas sim nos consagrados escritos do passado, pois se ao indivíduo falta conhecimento, somente pelo ensino a situação pode ser mudada. Dessa forma, faz se necessário que a sociedade civil, em especial aqueles que são privilegiados pela boa educação e dotados de boa-fé, trabalhe para reverter os acontecimentos recentes, e trazer a ciência de volta ao centro dos debates. Isso deve ser feito por meio da promoção de discussões e o retorno das academias ao estilo grego, para que o conhecimento, pautado pela razão e experiência, possa florescer na mente dos alunos. Seguido esse caminho, com as devidas alterações para as peculiaridades de cada nação, o homem se livrará das trevas, visto ideias, e nada mais do que ideias, iluminam a escuridão.
                 
                                       
                                                      Matheus Ferrão e Silva - 1° ano Diurno 

A ciência nos tempos atuais



   Atualmente, vive-se um momento de questionamento do conhecimento científico e da ciência no Brasil e no mundo, vide as recentes atitudes e declarações de membros do Poder executivo brasileiro, que vão de críticas à teoria da evolução nas escolas, ataques ao pensamento crítico nas escolas com o projeto escola sem partido e o questionamento de acordos climáticos, além dos movimentos anti-vacinação e o terraplanismo com adeptos espalhados pelo globo. Essa onda anticientificista contraria diretamente autores clássicos como Descartes e Bacon, defensores e entusiastas da ciência.
   Descartes, em sua obra Discurso do Método aborda sua descrença com o ensino tradicional e sua ânsia por alcançar uma base sólida para o conhecimento científico, para tanto elabora um método, no qual se tem a dúvida como princípio fundamental e a razão como meio de se chegar a uma “verdade científica”. Já Bacon, aponta para o afastamento dos ídolos, ou seja, falsas percepções do mundo que constituem obstáculos para a construção do conhecimento e para a experimentação como base para a ciência.    Nesse ponto, observa-se que essas teorias conspiracionistas falham ao não ter bases sólidas para a sustentação de suas teses e por serem baseadas em “achismos”, ou seja, ídolos e por não se comprovarem experimentalmente, no entanto, mesmo assim movimentos como o terraplanismo e anti-vacinação mantém-se fortes no imaginário popular, devido, principalmente, a grande quantidade de notícias falsas circulantes e o ataque por parte de personalidades influentes à ciência e o conhecimento, além do enfraquecimento do criticismo na educação.
   Portanto, pode-se afirmar que é necessário reafirmar a importância da produção científica responsável, a partir de bases sólidas e racionais, para evitar a disseminação de desinformação, além de reagir rigidamente contra as atuais teorias conspiratórias.

Rafael de Oliveira Trevisan- 1°ano direito- Noturno

Qual meu dia?

08 de março de 2020.

Querido diário,

Hoje é o Dia Internacional das Mulheres. Com imponentes letras maiúsculas, simbolizando a oficialidade dessa data, no anseio de escancarar ao globo a extrema preocupação com o “outro”. Interessante, não? Matam-nos e, então, entregam-nos um dia. E rosas. 

Para mim, mais interessante ainda foi que essa comemoração se deu pelo complexo engajamento político das mulheres operárias após a Revolução Industrial, as quais ganhavam menos por exaustivas jornadas de trabalho. Como hoje. Como a minha mãe. E eu. Contudo, a grande indagação do falo é: “quando será o dia do homem?” (não me obrigue a colocar maiúsculas). E ele ri, entregando-me aquela mesma abominável flor de todos os anos, tocando minha cintura de forma que nunca consenti. “Quando será o meu dia?”, eu ainda me questiono. 

Por mais chocante e deplorável que isso me pareça, para esse indivíduo, é completamente normal e aceitável. Não só para ele, mas para o restante dos homens de sua família, os quais o encorajam e o parabenizam. “Sempre foi assim”, todos esses me diriam. E acreditariam, plenamente, estar com razão.

Entretanto, amado diário, como o próprio Descartes afirma, o bom senso é algo tão bem distribuído neste plano que até mesmo os mais incansáveis em outros aspectos não desejam buscá-lo mais do que já possuem, por pensarem, justamente, estar repletos dessa qualidade. Ainda que seja, apenas, uma quantidade ínfima. Acho que é dessa forma que a desgraça se concretiza. 

 Há, além disso, outro ideal do mesmo filósofo que esses grandes “cidadãos de bem”, dotados de alta racionalidade, parecem não conhecer: suspeitar dos juízos de seus amigos quando são a seu favor. Utilizar do método da dúvida para evoluir gradativamente no seu conhecimento não é uma vergonha, mas uma virtude, e me traz grande incômodo essa acomodação. Infelizmente, vejo, por parte desses exímios questionadores de datas, que não há grande desejo de estudar o livro do mundo e observar que nele, muitas vezes, há mais conteúdo do que nos escritos de homens letrados. Se até Descartes pôde separar um tempo para aprender com outros fora de sua “bolha” e notar que a verdade está além de suas convicções individuais, como um trabalhador meritocrático da empresa do próprio pai não consegue o mesmo?

Além de tudo, não consigo entrar nas redes sociais hoje. Vejo o dono do toque indesejado compartilhar sobre como se deve respeitar as mulheres, uma vez que poderiam ser suas mães. Ou porque serão mães. Gostaria de compreender essa lógica. Não é tão culto? Como não teria lido Francis Bacon e o que esse pensa sobre antecipação? O sujeito se baseia num fato familiar - provavelmente no de que possui uma mãe - e toma isso como um fato universal: TODAS AS MULHERES ALCANÇARÃO A MATERNIDADE. Ou pior! Na ideia de que as mulheres só devem possuir direitos porque gerarão vida (como sua própria mãe). Honestamente, não sei o que Bacon acha a respeito da emancipação feminina, mas sei que ele demonstra métodos melhores para chegar numa ideia, fugindo de concepções prévias ou generalizações mentirosas. 

Como se não me bastasse tudo isso para me trazer descontentamento nessa data, volto a refletir sobre a chocante, revoltante, estarrecedora máxima do “sempre foi assim”. Uma frase que perpetua qualquer tipo de opressão existente no planeta. Como é possível, no século XXI, alguém ser tão resistente a abandonar seus ídolos? Os da caverna, por exemplo! Uma educação machista e misógina não pode impedir a busca pela evolução de alguém pelo resto da vida. Se estiver preso, continuamente, em percepções falsas frente ao mundo que o cerca e mobilizado pelo hábito, qual razão o irá mover? Tenho sérias preocupações. 

Enfim, creio que já deu para entender minha angústia.

Até amanhã,

Rappi. 

O recesso da ciência no século da globalização e tecnologia.



    Em pleno século XXI, período de maiores avanços tecnológicos e científicos, surge um movimento que contraria todo o desenvolvimento relativo à pesquisa obtido através da razão e do experimento, o movimento terraplanista. Nesse contexto, um grupo de pessoas que, segundo o Instituto DataFolha já somam 11 milhões de pessoas no Brasil, acreditam que a terra é plana e está parada, negando o Héliocentrismo de Nicolau Copérnico.
    Nesse sentido, é possível notar um ruptura com a ciência moderna, a qual possui origens no experimentalismo de Francis Bacon e no racionalismo de René Descartes, ruptura motivada pela falha pedagógica de ensinar o que realmente é ciência e o que é ideologia. Assim, cresce entre a sociedade um pensamento que não se preocupa em provar empiricamente ou racionalmente sua teoria, negando toda uma ciência comprovado por meio da matemática e da física, ou seja, não duvida da própria suposição e, ainda por cima, busca comprovar suas hipóteses por meio de postulados, sem experiências que comprovem o fato.
    Portanto, fica evidente que uma educação falha, que não ilumine o caminho correto para a verdade por meio da dúvida e do experimentalismo, abre espaço para os dogmas e para o senso comum, tornando os seres racionais cada vez menos racionais, possibilitando comanda-lós como robôs, de acordo com interesses particulares de um grupo.


José Augusto Costa Starteri -noturno- 1º ano direito

Entre a demagogia e os ídolos: O poder da manipulação na sociedade midiática

Em países governados por líderes autocráticos, as ideologias e convicções da população não são relevantes, desde que o governo possa manipulá-las e utilizar-se dessas convicções a seu favor.  
Em primeiro lugar, é importante compreender que a identidade de um indivíduo é moldada e influenciada diariamente pela cultura do lugar em que vive, pela formação que teve e pelas pessoas com quem convive. Tal pensamento, relaciona-se com a Teoria dos Ídolos de Francis Bacon, em que os ídolos são a representação dos falsos fundamentos da mente humana que influenciam cotidianamente os pensamentos e as decisões de uma pessoa.  
Na teoria de Bacon, as crenças religiosas fazem parte dos ídolos do teatro, definidos pelo autor como as percepções oriundas de superstições, astrologia, religião, entre outras, e a formação do indivíduo, a educação e o modo que foi instruído a enxergar o mundo, faz parte do que foi definido pelo autor como os ídolos da caverna. 
Partindo desse princípio, e levando em consideração que vivemos numa sociedade do espetáculo, como definiu Guy Debord; é possível perceber como esses governos autocráticos formularam ao longo dos anos uma sociedade em que as relações sociais são intermediadas por imagens e que utilizam-se desses ídolos do teatro e da caverna para manipulação da população, através de veículos midiáticos. 
Utilizando o atual governo brasileiro como exemplo, em que a maioria dos ministros possuem formação acadêmica em universidades públicas — locais que são historicamente no Brasil referência no desenvolvimento de pesquisas científicas, projetos sociais e qualidade de ensino — é possível perceber que se aproveitam, principalmente de crenças religiosas, como meio de influência, ao invés de promover o conhecimento científico. 
A maior parte da população não utiliza das tecnologias e princípios dos métodos científicos de análise e averiguação, para comprovar as diversas informações a que são expostas ao longo do dia. Grande parte dessa falta de averiguação de informações, está ligada a má qualidade da educação brasileira, que não instiga os alunos a procurarem por evidências, que promovam o pensamento crítico. 
A junção do poder de persuasão dos ídolos do teatro e da caverna sobre as decisões humanas e a falta de pensamento crítico de grande parte da população, torna muitos indivíduos vulneráveis a acreditar nas falácias (premissas verdadeiras com uma conclusão falsa) que o governo divulga para justificar e explicar os diversos erros cometidos. Além de tentar convencer a sociedade de políticas públicas baseadas em religião e com pouquíssimo, ou até nenhum, fundamento científico e racional. 
Tais exposições tornam perceptível o processo de mercantilização do ensino superior, em que as universidades têm se afastado do pensamento crítico e de pensar educação e produção de conhecimento como possibilidade de emancipação, para pensar nesse espaço como meio de conseguir ascensão financeira e social.  
 Provavelmente, este é o caso de alguns dos ministros do governo bolsonarista, que ao invés de tentarem desenvolver o pensamento crítico da população e utilizar-se da ótima potencialidade que possuem as universidades públicas do Brasil, para desenvolver conhecimento que os auxiliem na criação de políticas públicas efetivas e com caráter social, aproveitam-se da situação para manipular a população para interesses próprios. 

Milena dos Santos Camargo - 1º ano Noturno