Total de visualizações de página (desde out/2009)

domingo, 22 de maio de 2011

Descartes inicia o “Discurso do método” dizendo que a diversidade das opiniões ocorre por causa das diferentes considerações que as pessoas fazem para chegar ao que acreditam ser a verdade. E as qualidades que ele diz serem necessárias para o aperfeiçoamento do espírito, e que envolve a procura da verdade, são o pensamento rápido, a imaginação clara e a memória boa.

Ele complementa ainda que é exatamente a razão que nos difere dos animais e nos torna humanos.

Na busca pela verdade Descartes faz uma ressalva que diz que estamos sujeitos a nos enganar em relação aos juízos de outras pessoas, devemos estar sempre atentos para ver se o que lhe é dito é de fato a verdade. Deve se ter um olhar de desconfiança, que não deve ser entendido como um olhar de presunção.

Outro ponto levantado por ele é a sua decepção com o ensino, pois mesmo após a conclusão de seu curso superior ele ainda estava embaraçado em perguntas, dúvidas e erros, e que sua instrução apenas teve como função para ele de se autodescobrir ignorante.

Numa vontade de conhecer outras formas de pensamento e culturas Descartes compara a leitura de livros a uma conversação com o autor, e chama ainda de conversação premeditada, pois ao ler o livro são ali retratados os melhores fatos, os melhores pensamentos e abordados de forma bastante clara. Entretanto não era ainda suficiente para ele, que resolveu então viajar pelo mundo, pois funcionaria da mesma forma como ler um livro, ao viajar se conheceria os hábitos diferentes dos povos para que julgasse os próprios pensamentos de forma mais justa e não pensasse que tudo quanto é diferente dos nossos costumes é ridículo e contrário à razão. Contudo, ele diz, caso passemos muito tempo viajando nos tornamos em estrangeiros em nossos próprios países e que quando ficamos excessivamente curiosos das coisas do passados nos tornamos ignorantes das coisas que acontecem no presente.

Dessas viagens ele tira a lição de que se deve desconfiar do conhecimento passado pelo hábito, e que dessa forma ele conseguiu se livrar de alguns enganos que o atrapalhavam na busca pela razão e a razão seria o caminho para a verdade, e a ciência seria o elemento voltado para o bem do homem.

Descartes monta também seus preceitos básicos da razão científica, que são: nunca aceitar algo como verdadeiro que não se conhecesse como tal; o de repartir cada uma das dificuldades para que facilitasse a solução dos problemas; conduzir os pensamentos do mais simples e ir elevando aos poucos até os pensamentos mais complexos; e por fim efetuar em toda parte relações metódicas tão completas e revisões tão gerais nas quais se tivesse a certeza de não estar omitindo nada.

Além desses preceitos ele monta também o que seriam as máximas da moral provisória: obedecer as leis e os costumes de seu país se mantendo a religião na qual Deus o concedera, e que se deveria levar em consideração mais o que as pessoas praticavam do que aquilo que elas diziam; a outra máxima consistia em ser o mais firme possível nas ações, e caso não seja possível distinguir entre o que é verdade e falso deve seguir o que é mais provável se libertando dos arrependimentos e remorsos; a terceira máxima era de procurar sempre antes vencer a si próprio do que ao destino.