A modernidade é marcada por duas figuras: o burguês e o
proletariado. Somente essas duas. Há uma insistente tentativa de adicionar uma
classe a essa analise que, nada mais é do que o trabalhador bem vestido. A tal
“classe média”, que gosta de usar esse nome para não se confundir com a ralé
operária, é uma cópia malfeita, o xerox barato de uma impressora velha com
tinta seca, daqueles que realmente possuem poder de fato.
A classe média surgiu na modernidade principalmente por
conta do capitalismo. A classe operária, depois de tanto ser abusada pelos
donos dos meios de produção, começou a perceber o poder que tinha em mãos
quando se uniam através dos sindicatos. É fácil despedir um trabalhador que
reclama de seu mísero salário, mas se torna muito difícil demitir todos os seus
trabalhadores. Se fizer isso, a fábrica seria só um amontoado de metal parado.
Com esse tipo de manifestação, os operários começaram a ter um salário
minimamente digno e tiveram a possibilidade de trazer melhores condições para a
sua família. Essas melhores condições incluíam as universidades para seus
filhos, e esse é um ponto crucial para a origem dessa classe média.
Através da ascensão econômica dos herdeiros dos
trabalhadores, a classe média nasce, mas, quase como uma história com um plot twist no sense, esse grupo se vira
contra os sindicatos. Ao invés de defenderam jornadas de trabalhos justas,
salários dignos, benefícios para os trabalhadores, eles adotaram a perspectiva
neoliberal para ver o mundo. Ao invés de defenderem seus pais, eles defendem seus
chefes.
Mas
por que defender alguém que tem o maior poder? Qual é a finalidade de tentar se
aliar aqueles que podem, a qualquer momento, mandar-lhe para a rua? Há uma
figura muito semelhante, mas de outro período histórico: o capitão do mato, o
negro caçador de negros. Esse sujeito é uma tentativa se assemelhar ao seu
senhor, tentando copiar suas ideias e suas vontades, nem que, para isso, seja
necessário punir seus iguais. O comportamento da classe média é semelhante.
Mesmo que esses dois personagens nunca vão ocupar o mesmo lugar que seu senhor,
eles acreditam fielmente que estão chegando lá.
Assim se comporta a classe média. Simplesmente um cão de
caça, cujo dono dá uns biscoitinhos toda vez que repete algumas palavras como
“livre mercado”, “sindicatos são um bando de vagabundo”, “sou a favor da
reforma trabalhista’, “pela terceirização”, entre tantas outras frases...
Murilo de Oliveira Botaro - 1° ano Noturno