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quarta-feira, 9 de abril de 2025

Brasil: Ordem na Bandeira, Caos na Nação

 "Ordem e Progresso", um sonho distante,

Marcado em cores, tom de hipocrisia,
Enquanto a fome aumenta a cada instante,
E o medo dita a nova sinfonia!

As leis se tornam letra irrelevante,
Na selva, ruge a voz da tirania
E em meio ao fogo, o lucro fulminante
Apaga um povo e ri da agonia.

A rua clama, mas ninguém escuta,
Pois quem governa mente a direção,
E ao justo resta a resistência astuta!

Se a velha ordem rende-se à corrupção,
Que venha o caos, rompendo a força bruta,
E forja o tempo em brasa e revolução.

Um soneto sobre uma reflexão do positivismo na atualidade nacional por M.J.L


Maria Júlia Miranda Loureiro - 1º ano Direito (matutino)

Entre a Ordem e a Desordem: a variação do ponto de vista

 

Para Comte, buscar o conhecimento verdadeiro é imprescindível para a humanidade, de forma que observações empíricas e métodos científicos garantem a supremacia do pensar cientifico positivo. Assim, desde fundamentos teológicos a metafísicos a, por fim, positivos, os homens buscam aprimorar sua compreensão da realidade que os cerca.

Tal capacidade de construção racional é o que transforma as sociedades, as quais, por sua vez, demandam um estudo próprio: A sociologia –considera pelo autor a mais soberana das ciências.

Embora o ‘’Positivismo’’ proponha uma análise fundamentada, percebe-se que suas máximas, como a famosa estampada na bandeira nacional mostra-se parcial, de forma a não se perpetuar de maneira uniforme por toda a sociedade. Por isso, apesar de propor avanços sociais –‘’Ordem e Progresso’’- a teoria positivista manifesta-se incompletamente na modernidade.

Essa perspectiva, muito bem ilustrada por Grada Kilomba em ‘’Memórias da plantação’’, demonstra que o conhecimento e sua manipulação permanecem instrumentos exclusivos, de forma a manter marginalizado todo e qualquer ponto de vista se não aquele ‘’legitimado’’ –não coincidentemente, em sua maioria, masculino branco cis ocidental. Dessa maneira, a pluralidade racional é menosprezada, perpetuando uma visão ‘’colonial’’ do conhecimento.

Tal mazela - enfrentada por diversas figuras promotoras de dinâmica social, ou seja, perturbação da estática, como a palestrante Rita von Hunty – drag queen brasileira, a qual, mesmo enfrentando constantemente a descredibilização e o desrespeito, busca construir e disseminar um saber crítico e embasado em seu canal do Youtube - demonstra que, embora elaborada há aproximadamente dois séculos atrás, a teoria positivista ainda influencia as relações contemporâneas.

Desse modo, enquanto uma minoria reconhece progressos do saber, a maioria diversa mantém-se subalternada e excluída dessa apropriação do conhecimento. Portanto, não se questiona a necessidade de ‘’Ordem’’ ou ‘’Progresso’’ em si, mas sim a perspectiva de quem por eles são alcançados e sob qual ponto de vista são descritos.

Isabella Peres Alves da Silva 1ºano Direito Matutino

Coerção social ou insistência do preconceito?

 A escultura “Vênus de Willendorf,” uma das obras de arte mais antigas e conhecidas do mundo, retrata uma mulher do período Paleolítico. Tal obra, ao representar a Mãe-Terra e seus seios fartos, tinha como finalidade destacar características femininas associadas à fertilidade. Desse modo, não é difícil perceber a relação de importância atribuída ao gênero feminino desde os primórdios da humanidade.


Com o tempo, os valores foram se transformando, e as mulheres passaram a conquistar mais visibilidade social, adquirindo cidadania, direito ao voto e inserção no mercado de trabalho. No entanto, a ideia de maternidade ainda é fortemente presente no imaginário popular, fazendo com que pessoas com útero se sintam constantemente pressionadas a gerar filhos.


Nesse sentido, é possível traçar um paralelo entre essa situação e o pensamento de Durkheim acerca da coerção social. De acordo com o sociólogo, a sociedade busca se harmonizar com conceitos considerados padrões e, tudo aquilo que é classificado como diferente dessa perspectiva — isto é, anormal — sofre um julgamento coletivo intenso, sendo, muitas vezes, forçado a se adequar a atitudes conservadoras.


Um exemplo disso é o Projeto de Lei 1904/24, que pretende inviabilizar qualquer tipo de interrupção da gravidez, inclusive em casos de estupro ou situações de risco à vida da gestante. Assim, fica evidente a objetificação extrema dos corpos uterinos, que são desvalorizados, uma vez que a sobrevivência e o estado psicológico das gestantes são ignorados em prol de uma tendência ultrapassada e invasiva que prioriza a procriação.


Dessa forma, a teoria de Durkheim sobre coerção social se faz presente no cotidiano dessas pessoas. No entanto, o fato de existirem tantas outras que também compreendem a importância de lutar pelo direito à autonomia sobre o próprio corpo revela que essa forma de pressão não passa de um conservadorismo preconceituoso, que visa manter valores extremamente ultrapassados.


Nome: Camilly Isabele Mendes Agostinho

Curso: 1º ano Direito Noturno