No texto “Do socialismo utópico ao socialismo
científico”, segundo Engels, as diversas críticas e métodos alternativos ao
capitalismo seriam responsáveis por formular um socialismo eclético e medíocre.
Por isso, seria necessário “situá-lo no terreno da realidade”, o que foi feito
utilizando o método da dialética no materialismo histórico, semelhante aos de
Hegel e Marx. Caberá aqui neste texto citar um pouco do socialismo utópico, no
qual suas ideias não pareceram idealizadas, e sim apenas desinteressantes aos interesses
políticos ordinários.
Engels inicia a sua
crítica ao antagonismo de classes descrevendo os ideais implícitos da Revolução
Francesa. Segundo ele, os princípios universais relacionados aos direitos do
homem apresentavam a justiça burguesa, na qual a igualdade nas leis, o direito
de propriedade e o contrato social dariam origem à república democrática
burguesa: a “razão eterna [...] não era mais que o senso comum do homem
idealizado da classe média que, precisamente então, se convertia em burguês”. Também é interessante o apontamento feito sobre
a indústria: “sobre as bases capitalistas converteu a pobreza e a miséria das
massas trabalhadoras em condição de vida da sociedade”.
Como exemplo de
socialismo utópico, é citado o Charles Fourier, o qual “pega a burguesia pela
palavra, [...] seus interesseiros aduladores de depois da revolução: Poe a nu,
impiedosamente, a miséria material e moral do mundo burguês”. Também relaciona
a posição da mulher como barômetro natural da emancipação geral. Após dividir a
história da civilização em quatro fases, o selvagismo, a barbárie, o
patriarcado e a civilização, denomina a última fase como elevadora, de forma
complexa e hipócrita, dos vícios da barbárie.
Posteriormente, é dado o exemplo de
aplicação de ordens justas na indústria como fez Robert Owen: deu condições
mais humanas de vida, diminuindo a jornada de trabalho, e criou os jardins de
infância, para a educação da prole. Mesmo assim, o valor e os lucros da empresa
aumentaram. No entanto, ele ainda considerou seus funcionários escravos, pois
não podiam desenvolver racionalmente o caráter e a inteligência. Apontou também
a importância do lucro produzido pelas novas forças produtivas, as máquinas, o
qual poderia ser a base para reconstrução social e a propriedade coletiva, o
comunismo oweniano. Depois disso, perdeu sua posição social e foi execrado da
sociedade oficial tradicional.
Juliane Siscari de Andrade- Direito Diurno