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domingo, 24 de abril de 2022

Comte e o Positivismo como influenciadores do conservadorismo brasileiro

 Comte e o Positivismo como inspirações para o conservadorismo brasileiro

Tema: Como o positivismo apresentado por Comte possui um papel de inspiração para o moralismo do movimento conservador no Brasil.

Com a ascensão dos movimentos conservadores e moralistas, tais ideologias ganharam certo destaque nas atenções de todos ao redor do mundo. Entretanto, será que as características mais sutis destes movimentos e as suas inspirações negativas advindas do positivismo comtiano recebem atenção na mesma proporção que os discursos de massas constantemente presentes nestes movimentos? 

A resposta para a pergunta colocada anteriormente necessita, primeiro, de uma análise á respeito de quais seriam essas influências comtianas no conservadorismo brasileiro. O positivismo de Comte, entre outros fatores, dá um destaque para a questão de moralidade e da ordem como pontos extremamente importantes para o triunfo do positivismo como física social, pontuando principalmente como a moral tem a função principal de manter a ordem, com contrário também podendo ser aplicado, e quando essas duas funções atuam de maneira harmônica, o progresso, sem se desfazer da moral e da ordem vigente, é alcançado, ou seja, a estaticidade de conceitos considerados considerados corretos moralmente é necessário para manter a ordem que em resultado levaria ao progresso. Assim, fazendo uma menção direta à própria bandeira brasileira e aos discursos amplamente difundidos Brasil afora, o discurso de ´´Ordem e Progresso´´ ultrapassa a esfera do discurso de Comte para estar presente na bandeira brasileira e na boca de muitos brasileiros. Entretanto, essa faceta moralista apenas esconde uma necessidade de muitos brasileiros em manter privilégios conquistados às custas de uma história nacional manchada com sangue de pessoas inocentes, mesmo que, ás vezes, de maneira automática e não consciente.

Portanto, existe uma grande influência do positivismo comtiano nos movimentos conservadores brasileiros, sendo que muitos dos conceitos positivistas presentes no conservadorismo brasileiro escondem a necessidade de manter os privilégios presentes na sociedade brasileira e, para responder a pergunta feita ao início do texto, percebe-se que essas características não recebem o mesmo destaque que os discursos de massa feito por ídolos destes movimentos, pois caso houvesse uma consciência á respeito da origem destes conceitos presentes nos movimentos conservadores e moralistas, provavelmente, muitos de seus seguidores que sofrem com tais ideologias pensariam duas vezes antes de manter a sua defesa á tal bandeira ideológica.

Nome: Pedro Henrique Cleis de Oliveira

Turma: Matutino


Positivismo no Brasil: mais de um século de efeitos

 

    A partir de Auguste Comte, a sociedade da época como um todo estava experimentando o nascimento de uma visão científica voltada para a ideia de progresso aliada ao pragmatismo humano. Foi inclusive essa visão que acabou inspirando em muito a construção do ideal de ciência na modernidade e posteriormente, na contemporaneidade.

    É possível encontrar na porta do Templo da Humanidade no Rio de Janeiro,  fundada no final do século XIX no Brasil como a “Igreja Positivista do Brasil”, a célebre frase: “os vivos são sempre e cada vez mais governados pelos mortos”. Além dessa, outras citações como “O amor por princípio e a Ordem por base; o Progresso por fim” demonstram exatamente como esse positivismo chegou a influenciar fisicamente (na construção do templo) e principalmente na formação do pensamento social.

    Em relação à frase da porta do templo, em que é montada uma ideia de perseverança da ordem, é possível notar como ela acaba se comprovando na atualidade: mesmo após a morte de Comte, anos após o surgimento do positivismo, é possível identificar um fenômeno de conservadorismo no mundo que ainda evidencia remanescentes do pensamento positivista. O comprometimento com a manutenção dos ideários tradicionais e o choque em relação às transformações que acontecem no mundo são alguns desses remanescentes que podem ser citados.

    Já a segunda frase, que inclusive inspira o lema da bandeira do Estado Brasileiro, a palavra progresso é trazida e relacionada diretamente com a ideia de ordem, no mesmo sentido de manutenção dos valores já encrostados na sociedade.

    No entanto, o pragmatismo e, na atualidade, conservadorismo do pensamento contemporâneo influenciado pelo positivismo entram em confronto com diversos trâmites que seguem para a melhora de condições de parcelas marginalizadas no ambiente social, simplesmente por não estarem de acordo com esses “valores” defendidos pelo conservadorismo. É aí que a ordem passa a ser questionada se é ou não real sinônimo de progresso.


Pedro Henrique Falaguasta Nishimura - 1º Direito Matutino

Ordem e progresso ?

 

Apesar do nome e do lema aparentemente progressista, o positivismo na realidade não se enquadra nessa característica. Inaugurado por Augusto Comte, o movimento prega que a ciência é um recurso para o progresso da sociedade, pois segundo ele o “o espírito positivo é mais apto que o espírito teológico-metafísico”, ou seja, o positivismo representa a superação da exclusividade da estática (ordem) regida pelo domínio teológico. Além disso, o positivismo busca leis invariáveis da natureza sem muita análise profunda.

 A famosa frase da bandeira do Brasil “ordem e progresso” deriva dessa época, porém apesar de interpretações erradas, não representa uma visão revolucionária. O positivismo representa o conservadorismo, predominando a visão de que as coisas devem se manter da forma que sempre foram de acordo com a ética e a moral, embora não vinculadas à visão cristã. Outro ponto dessa filosofia é o amor à sociedade, no sentido de que a sociedade é mais importante que o indivíduo e que o cidadão deve sacrificar suas vontades e suas crenças para manter a sociedade funcionando em ordem, sem intervenção de ideias revolucionárias. Essa linha de pensamento representa a atual situação do Brasil, a solidariedade social, de viver em razão dos padrões da sociedade e condenar tudo que saia disso.

Portanto, o Brasil atual mantém esse pensamento de conservar os velhos costumes da sociedade e critica as condutas que fogem do padrão, taxando de promíscuas e rebeldes as pessoas que não seguem essa filosofia, mesmo que muitas vezes apenas reivindiquem seus direitos. Nesse sentido, uma vez que comportem dessa maneira, a sociedade sai de seu “eixo” natural, rompendo assim com o progresso, no sentido de estar em um movimento contínuo, porém nunca para frente e sim como se fosse um ciclo. Em suma, para Augusto Comte devemos continuar com as mesmas posturas reacionárias para evitar uma desestabilização da sociedade.

Do novo ao velho

     Sob o contexto da proclamação da república e a implantação de um novo modo de governo, instaurou- se a necessidade de construir uma nova identidade para o Brasil. Visando a construção de uma unidade nacional, criou-se os símbolos da República, os figurativos, tal qual Tiradentes, e concretos, como o hino nacional e a bandeira, que contou com influência de uma grande corrente teórico filosófica: o positivismo.

    Representada pelo lema gravado na faixa central da bandeira nacional, a teoria desenvolvida por Augusto Comte prega exatamente o que foi escrito na ocasião, “Ordem e Progresso”, ambos coexistindo de forma a manter a estabilidade da sociedade em questão. Baseada na racionalização da moral, buscava- se um mundo guiado pela razão, ordem e progresso, no qual os indivíduos ocupariam seus “lugares sociais”. O que propagava-se como uma nova perspectiva e análise da sociedade, todavia, se instaurou como mantenedor de um Status quo elitista, excludente e segregacionista.

      Com o desenvolvimento do capitalismo e o crescimento de uma classe burguesa e operária ficou evidente as desigualdades entre as populações e os males que afligiam mais umas do que outras. Sob esse contexto, os movimentos sociais em busca de melhorias e reivindicações começaram a surgir, mas dentro do viés positivista propagado, tais passaram a ser considerados como “subversivos” e destruidores de uma organização social já vigente, o que não era positivo, uma vez que destruiria a ordem social e, consequentemente, minaria o progresso.


       O lema que buscava instaurar uma nova era na sociedade, dessa maneira, serviu de base para a manutenção dos velhos costumes, privilégios e discursos conservadores. Ignorando as necessidades, a racionalização da moral fez com que se perdesse a sensibilidade com aqueles que não podem mais permanecer em seus respectivos lugares sociais e com que não se enxergasse que, na verdade, as mudanças sociais são passos importantes tanto para a ordem de uma sociedade quanto para seu progresso.

Ana Laura Murari Silva
1o ano - Direito matutino

Como o positivismo é capaz resumir todo o espírito de uma era

 

O positivismo de Comte, nascido em meados do século XIX não podia melhor sintetizar a era que se iniciara algumas décadas antes e da qual ainda não demos conta de sair. A Europa do final do século XVIII era revolucionária; a das próximas décadas do século seguinte já possuía uma estrutura mais ou menos fixa, tendo atingido ao menos em parte os anseios dos revolucionários franceses e ingleses do século anterior, que derrubaram reis e entregaram o poder ao povo (ao menos à burguesia), o velho mundo já se estabelecia de um modo mais conservador, com pouco interesse de mudança. O mundo já estava em certa ordem.

É nesse momento que as ciências, em especial as naturais se desenvolvem de maneira impressionante, físicos, químicos, biólogos, astrônomos, todos eles descobrem fórmulas e leis gerais capazes de desvendar os segredos do universo, dominar a natureza e compreender racionalmente o mundo. As ciências humanas, por outro lado permaneciam no campo do que não era considerado propriamente científico, até que um filósofo francês propusesse uma ciência que estudasse, com o rigor do método científico de Descartes e Bacon, a sociedade. Assim nascia a filosofia positiva, um embrião da sociologia que mais tarde seria desenvolvida.

Comte sintetizou em sua filosofia todo o espírito de uma era – que ecoa até os dias de hoje e parece impregnada na consciência coletiva – racionalista, antropocentrista e, principalmente pragmática. As classes dominantes de meados do século XIX não eram apenas a aristocracia e a realeza, que, sempre tendo estado em posições favorecidas podiam se dar ao luxo de filosofar, de pensar nas coisas belas e nos problemas sem a menor intenção de propor soluções viáveis, muito menos de resolvê-los. Entrava agora em campo uma nova classe, que saída das camadas populares vinha ganhando poder econômico e consequentemente político. A burguesia não se importava como os nobres com coisas etéreas, imateriais e que não tinham uma finalidade prática que pudesse lhes gerar lucro, o que interessava aos burgueses eram soluções para seus problemas cotidianos. Ou seja, precisavam de uma filosofia pragmática e a de Auguste Comte serviu perfeitamente para isso.

O positivismo, como física social não se interessa em entender o “porquê” das coisas, basta saber como funciona e para o que serve e se não servir para nada, então não precisa existir. Assim surge um pensamento altamente pragmático e cercado de métodos (influências de Bacon e Descartes) para compreender tudo o que importasse na sociedade.

    Além disso, agora que a burguesia já tinha em suas mãos uma importante fatia do poder na Europa, ela devia tentar mantê-lo de todas as formas, ou seja, a classe que algumas décadas antes tinha decapitado reis e criado novas formas de governo era agora conservadora e precisava manter a ordem em que o velho mundo estava. Comte mais uma vez traz a base teórica para os novos poderosos: a ordem é fundamental para o progresso e essas são as características de sociedades modernas e civilizadas. Era exatamente disso que precisavam: manter a ordem em que as coisas estavam e conseguir mais e mais progresso para suas fábricas.

Assim, fica evidente que o positivismo não só descreve a Idade Contemporânea, abarcando todo o seu período, da Revolução Francesa aos dias de hoje, como também foi de suma importância para que essa ordem se estabelecesse globalmente até a atualidade.


Maria Júlia Magalhães Leonel, 1º ano direito matutino 

O positivismo é positivo?

 

Corrente sociológica surgida no século XIX baseada na aplicação de métodos científicos, surge com o avanço da Burguesia, tendo influências da Primeira Revolução Industrial como também do Iluminismo, em busca de conhecimentos verdadeiros sobre a sociedade.

Auguste Comte é considerado o pai do positivismo, tendo como argumentação que o conhecimento científico é o melhor conhecimento para identificar problemas sociais e compreender melhor a economia, educação e sociedade; em busca de alcançar a ordem e progresso através da ciência. Sendo assim considera que o estudo da sociedade deva ser rigoroso tão quanto as ciências naturais, surgindo de tal modo a sociologia que estuda a ciência universalmente válida, baseada na experimentação, explicação dos fenômenos sociais e apoio ao conhecimento científico.

O positivismo valoriza a ciência, tendo por objetivo fundar uma sociologia verdadeiramente científica; deixando de buscar a essência das coisas como ocorria ao decorrer da Filosofia Antiga. Agora ao relacionar fenômenos, tem como máxima a ideia Baconiana de que “Somente são reais os conhecimentos que repousam sobre fatos observados”.

Pode-se considerar o estado positivo como o último estágio da construção do conhecimento, sendo o primeiro o teológico voltado a explicação do mundo a partir da experimentação comumente relacionado a deuses e o segundo o metafísico relacionado a explicações relacionadas a elementos naturais. Dentre suas leis, se obtém na lei estática condições orgânicas de que dependem determinadas funções, podendo-se citar como exemplo normas, hierarquias, moral e a família (presididas geralmente pelo teológico). E a Lei dinâmica que se caracteriza como a marcha efetiva do desenvolvimento humano, ação efetiva. Sendo assim a filosofia positivista representa a superação da ordem estática do predomínio teológico, considerando ser a moral religiosa contrária a essência da vida social moderna, tendo por sociedade algo passageiro.

Ao contrário da moral católica o positivismo prevê a interferência da sociedade sobre o indivíduo, levando a uma moral propriamente humana, assim a felicidade associada ao bem público se sobrepõe ao individual de felicidade, sendo a solidariedade centro da organização social positiva. O trabalho então passa a ser considerado como expressão privilegiada da sociedade, sendo digno de reconhecimento, como se observa na doutrina Calvinista, adotada por uma maioria burguesa.

O positivismo pode ser observado dentre muitas situações a exemplo dos clássicos da literatura brasileira como em “O Cortiço” de Aluísio de Azevedo, que passa a retratar a realidade como ela é despida de qualquer idealismo, como também na política tendo sua máxima no escrito “Ordem e progresso” encontrado na bandeira nacional do Brasil.  

Contudo há de se considerar que nem sempre se alcança o progresso através do positivismo visto que esse, apenas observa e relaciona fenômenos, não obtendo um papel crítico a cerca dos fatos ocorridos, portanto deve-se questionar se há necessariamente que haja ordem para que se obtenha progresso? Bem como se considerar o contexto em que tais falas se aplicam, visto que ideal possa ser relativo e segregador.

 


Clara Letícia Zamparo

Direito - 1° ano, matutino 



 

 

Comte como recepcionista das almas no submundo

     Augusto Comte trabalhava no pós vida. Assim como qualquer outra pessoa que, em vida, foi excepcional, influenciou vários povos e futuras gerações e mudou a visão da sociedade como um todo. Com seus estudos e teorias sobre o Positivismo, nada mais justo que o próprio tivesse esse direito. Seu emprego era, por falta de exemplos mais compatíveis, de recepcionista. Mas não qualquer um, pois ele era o recepcionista das almas dos mortos no Submundo. Já trabalhou como adestrador de cachorro para cuidar dos chacais de estimação de Anúbis, ajudante de Valquíria, que levavam as almas dos heróis até Valhalla, e até poleiro de pássaros, para que os corvos de Morrigan pousassem em seus braços depois de se esbaldarem em carniça. Hoje trabalhava para o próprio Hades, considerava uma evolução.  Nada mais satisfatório que provar suas teorias usando a si mesmo de exemplo, afinal, se todos aceitassem seus cargos, dados por seres superiores, e seus lugares sociais, como ele fez, suas existências seriam contempladas com algum favor dos deuses.

Era estranho pensar em criaturas divinas e, ainda pior, em um contingente de servos presos em um estágio teológico impossível de escapar, sem chance de progresso. Por sorte, Comte era um indivíduo evoluído e conseguia perceber as falhas daquela sociedade fantasmagórica. Tão evoluído que, um dia, seria um dos Grandes Juízes do Submundo, aqueles que decidiam para qual Campo as almas recém-chegadas iriam: de Punição, para pessoas impuras e impiedosas; de Asfódelos, um território neutro para pessoas insignificantes; e os Elísios, lugar apenas para os mais honrados heróis. Augusto gostaria de ser um Juiz, mas não teria ambições tão exorbitantes, faria o trabalho braçal com honra e aceitaria convenientemente o momento em que seu valor fosse reconhecido. Daqui uns séculos, talvez, os deuses o agraciariam.

Falando em Juízes, havia um julgando as últimas almas do recebimento mais recente do barqueiro Caronte. O positivista estava surpreso, fazia um tempo que não aparecia uma figura tão inusitada: uma mulher relativamente jovem, da pele negra e usando calças. Ela contava sua história, filha de pais pobres, lutava para conquistar um lugar em uma faculdade conceituada e morreu atropelada quando tentou salvar um gatinho no meio da rua. Seu destino foram os Campos Elísios, o que Comte considerou um absurdo. Como pode uma pessoa que renega seu papel social predefinido e colabora para uma situação de conflitos, impedindo a evolução de sua sociedade, ser tão bem contemplada? Uma mulher que estuda e trabalha? Quem cuidará da casa? Pobre que almeja grandes conquistas? A sociedade ficará desequilibrada, pois ninguém irá fazer o trabalho braçal. Uma pessoa deveras egoísta, nem um pouco solidária, pensando apenas na felicidade própria e mesmo assim ganhando tão grande recompensa.

         Aparentemente, o espírito do Juiz ainda não amadureceu, pois parecia incapaz de entender a falta de lógica e de ordem na situação. Antes que o recepcionista pudesse reclamar, um político cristão apareceu. O homem era um corrupto que utilizava violência para permanecer no poder, e foi banido para a punição eterna. Justo, para Comte, pois ele impedia o acesso da população à política, único poder que deveria ser acessível a todos, além de ser completamente imoral, corroborando um regresso social.

Após isso, veio outro homem, dessa vez um europeu, que utilizava seu poder econômico para levar o progresso às sociedades mais atrasadas no século XIX. Quanto mais ele falava sobre avanços tecnológicos, humanidade moderna e ordenada, com estruturas definidas e rigorosas, leis efetivas e relações invariáveis de sucessão e similitude, mais os olhos de Comte brilhavam. Quando a condenação foi o Campo de Punição, o brilho se apagou completamente. Era basicamente sua teoria em ação, uma sociedade desenvolvida, estudos sociais tão racionais quanto o da gravidade e o progresso sendo alcançado, não havia nada de errado. Depois, o positivista descobriu sobre como sua análise foi realmente utilizada, apenas como desculpa para interesses próprios, e lhe restou apenas rir de sua tolice, imaginar que algum dia um grupo de humanos seria tão perfeito quanto na teoria. No fim, levou cada alma para o portão de seu Campo destinado, sem pestanejar. Comte, então, decidiu passar o resto do pós vida apreciando e estudando as sociedades vindouras, pois elas tinham muito a ensinar. 



Micaela Mendonça Herreira - Direito noturno - 1o ano        



  

"Ordem e Progresso" expressão estampada em nossas bandeiras é também o lema do positivismo. O grande símbolo do Brasil que a cada dia vem perdendo sua força , para correntes religiosas e pelo misticismo, que por sua vez está impregnado nas raízes de nossa sociedade afetando assim a política.

  O estado Laico, um dos pontos mais afetados pelo enfraquecimento do positivismo, tem deixado sua marca na política e em vários aspectos da sociedade, como a saúde e a educação. Quando o ponto de vista religioso, que prega uma única opção de gênero e sexualidade como a correta e o mesmo toma à frente de assuntos como a educação, podemos observar diversas falhas na ideologia religiosa e quando alinhada com a educação resulta em muitos problemas sociais,  como a exclusão e a destilação de ódio que e sofrida por diversas minorias. 

 Nas questões ligadas à saúde,  temos alguns casos que deveriam ser apenas julgados pelo ponto de vista cientificista, como a distribuição de preservativos nas escolas e o aborto. Porém políticas que deveriam ser focadas somente na saúde pública acaba sofrendo a resistência de parte da população que colocam suas crenças à frente do bem público. Muitas dessas ideologias são apoiadas e perpetuadas por políticos de nosso próprio país,  que por sua vez se esquecem do verdadeiro significado positivista de nossa bandeira " Ordem e Progresso".


Gustavo Brunelli Esteves , 1° Ano Direito Diurno.

Positivismo, seu ônus e bônus

A corrente filosófica conhecida como positivismo fundada por Auguste Comte trouxe diversas inovações em sua época, ela quebrou com os paradigmas sociais ao romper com a ordem teológica e estabelecer o seu espírito positivo. Para Comte, ainda que a Igreja tivesse universalizado a moral, ela não se fazia correta pois aspirava algo sobrenatural, algo que vai contra o foco do pensador nas experiências terrenas baseadas na ciência. Baseado na vida em sociedade, Auguste acreditava que o progresso, ordem, o rigor e o empenho fossem essenciais para o avanço de uma organização social e assim, essa visão também passou a ser aplicada em assuntos das Ciências Sociais.

Essa visão de mundo se espalhou para todos os cantos do globo e certamente alterou a história da humanidade ao possibilitar um impulsionamento tremendo em tecnologia e industrialização. Porém, como tudo, o positivismo possui o seu ônus e seu bônus. Ao visualizar as relações humanas somente como fatos, números e aquilo que são no momento, sem pensar nas origens de certos comportamentos e situações, se descarta a tão essencial ponderação do por que e do como.

  Atualmente, o pensamento positivista ainda é bastante comum e, apesar de ser “bom” nas áreas tecnológicas, ele é nocivo na área social, visto que uma de suas características básicas é a ordem (palavra inclusive vista em nossa bandeira), algo que não raramente é quebrado em prol de mudanças importantes. O impedimento do chamado progressismo causado por esta visão pode ser visto, por exemplo, em casos que a fim de manter o que se considera ser a ordem, políticos e juízes se recusam a refletir e a auxiliar em causas significantes. Ainda mais claramente, pode-se citar o caso de juízes do estado de Pernambuco que se recusaram a participar de um curso antirracista.


João Pedro Menon
1º Direito Diurno

Progresso pra quem?

 



 
 

O positivismo se mostra uma ideologia que, embora pareça superada em algumas perspectivas, parte de preceitos que estão muito presentes no nosso cotidiano, principalmente no Brasil regido pelo bolsonarismo militaresco. A ideia de progresso positivista, finge abarcar a sociedade como um todo, no entanto, se mostra apenas uma forma de hierarquizar posições sociais a fim da preservação do status quo. Assim, tem por intuito manter grupos historicamente marginalizados em seus lugares “naturais”.

Quando observamos o governo federal com seu discurso “Brasil acima de todos” vemos praticamente o lema positivista transcrito. Seu intuito é mostrar que qualquer reivindicação daqueles que não se encaixam no seu ideal de Brasil, é menor, o questionamento de qualquer indivíduo à moral imposta deve ser subjugado em nome da pátria, em nome da ordem universal. 

Esse ideal de nação é problemático, pois é focado em noções hegemônicas que excluem o diferente, com apagamento sistemático de raça, classe e gênero. O positivismo se manifesta não só uma ideologia profundamente conservadora, como também, profundamente antidemocrática, dado que preconiza que a moral deve prevalecer perante o poder popular. Assim como o atual governo, que impõe a sua moral hegemônica e literalmente destrói e deslegitima os espaços populares de questionamento e de crítica à sua gestão, como universidades, setor cultural, imprensa, entre outros. Cabe a nós o questionamento, esse é o progresso que queremos? 

 

 

Luiza David F. Neves – 1 º ano Direito Matutino 

A INFLUÊNCIA DO POSITIVISMO PARA O MENOSPREZO DAS CIÊNCIAS HUMANAS

 A influência do positivismo pode ser vista em diversos lugares, mas um de seus principais pontos de influência se encontra no ramo das ciências associados com a ideia de avanço. Entretanto, “ciência” pode ser considerada um termo vicioso, uma vez que, na realidade, essa corrente corrente filosófica acaba gerando uma valorização apenas das ciências naturais e exatas. Desse modo é preciso entender as justificativas e as consequências desse tipo de viés nocivo.

Primeiramente é preciso entender como essa corrente promove essa ideia, tendo em vista que a principal forma desse preconceito advém principalmente do método positivista. Este, não  busca a essência das coisas, mas apenas a vinculação entre os fenômenos, o que dificulta a imposição das ciências humanas, as quais tem menos resultados “objetivos” quando comparada às outras áreas científicas. Tal diminuição também é acentuada devido ao espírito de conservação, o qual é uma forma de se manter certo “status quo” na sociedade, o que vai diretamente contra as ciências humanas e suas "balbúrdias" mediante certas desigualdades.

 Além disso, é preciso entender como essa visão de mundo promove medidas antidemocráticas. Isso porque, afirmar a inexistência do racismo nos dias atuais é reafirmar práticas preconceituosas contra essa população, o mesmo pode ser afirmado em relação às questões da mulher e dos indígenas, por exemplo. Ou seja, a manutenção de certas ideias impedem uma maior igualdade social.

Conclui-se, portanto, que a influência dessa filosofia , apesar de promover a ciência, promoveu a desvalorização das áreas de ciências humanas, principalmente de cunho social. Logo, é importante saber a forma como essa visão científica é enviesada. Apenas assim será possível entender certos retrocessos promovido por essa visão.



Paulo Henrique Illesca Da Costa - 1º ano de Direito (Matutino)


ORDEM E PROGRESSO: PARA QUEM?

          Em primeiro momento, é de suma importância comunicar a respeito do que é o positivismo. É uma filosofia baseada na ordem e na ciência para que haja um progresso dentro da sociedade, é inclusive, a inspiração de origem para o lema da bandeira nacional: Ordem e Progresso. Tal princípio demonstra sua vontade de manter a ordem dentro das instituições e o aceite de determinadas posições sociais para o bem maior da sociedade. Porém, se analisada a fundo, é válida a dúvida: Afinal, quem deve manter a ordem para que os outros obtenham progresso?  

Em seu exercício nos dias atuais, a filosofia se torna uma forma de dominação e até mesmo uma justificativa para o mantimento de instituições sociais, fazendo com que se perpetue a ideia de que é necessário que determinados tipos de pessoa sofram para que os outros vivam bem. Dentre tais tipos, se localizam facilmente os marginalizados pela sociedade, que ao mesmo tempo, são sua principal força, seja na economia (com subempregos) ou até mesmo em instituições sociais como a família.  

Dessa forma, é visto que tal pensamento se torna o principal discurso do conservadorismo pois, além do avanço, o positivismo defende que ele deve acontecer nesse instante, logo não compactua com a ideia de que se deve evoluir agora para um benefício futuro, mas exige recompensas imediatas, fortalecendo assim cada vez mais a exigência dentro daqueles que acabam em situações desfavorecidas na prática de tal teoria. 

Sendo assim, pode-se concluir que ainda que a filosofia defenda a evolução, a mesma não é para todos, o que reforça e reformula a dúvida de início: Afinal, quem deve se manter em ordem, para que os outros obtenham o progresso? 


Maria Cecília S. Mateus

1º Direito - Noturno