Total de visualizações de página (desde out/2009)

segunda-feira, 19 de março de 2012

Descartes e o "Zeitgeist" do Século XXI

Descartes e o “Zeitgeist” do Século XXI
Sem dúvida Descartes revolucionou o que é considerado ciência. Mas como seu legado influencia a contemporaneidade? Existem muitos relatos de sua contribuição à humanidade e ao modo de pensar atual. Contudo, a aplicação da teoria de René nos dias de hoje é compatível com a concepção que o estudioso relatou em sua obra?
Primeiramente, é necessária a análise de alguns dos aspectos do legado do Filósofo. Descartes considera que o conhecimento em sua época muitas vezes não tinha aplicação prática e que partia somente de discussões ou devaneios de filósofos. Outro ponto fundamental é a crítica ao hábito, ao não questionamento e à alienação. Estes seriam pedras no caminho para adquirir o saber. Ataca a superstição e as doutrinas impostas pelos mestres.
Para extirpar todos esses empecilhos à obtenção da verdade, propõe o “Método”. O conhecimento que se tinha pelo hábito deveria ser testado, não somente para comprovar sua eficiência, mas também para entender-se como ocorria essa eficiência. O que não pudesse ser provado seria superstição. Da mesma forma, os ensinamentos dos antigos mestres seriam postos à prova, pois decorrentes de discussões filosóficas, não tinham como base o empirismo, mas, sim, conjecturas pessoais. E por fim, defende a sistematização dessas conclusões de forma que sejam facilmente compreendidas e aplicadas no mundo real.
Reconhece-se muito do “Método” em nossa era, no entanto, existem alguns pontos a serem criticados. Não foram tão bem aceitas as teorias cartesianas ao ponto de não mais serem questionadas?
Por exemplo, enquanto o pensador reconhece a importância dos conhecimentos angariados com a filosofia, hoje é uma matéria pouco prestigiada no ensino. E não é somente o governo que é o culpado, afinal foi o próprio que incluiu novamente a matéria no currículo. As pessoas também questionam a aplicação prática e como o trabalho ocupa a maior parte do tempo dessas pessoas, a contemplação e a maiêutica decorrentes da dialética filosófica se perdem.
Criou-se um novo hábito: o de acreditar no que os especialistas dizem. Por não ter uma visão geral do conhecimento, a sociedade se torna refém da informação prestada pelos profissionais e, sem o privilégio da dúvida, a aceitam.
Por último, ocorre o processo de desumanização do saber, isto é, uma tecnificação da população, na qual os meios não são mais ponderados para se atingir um fim, a tecnologia se volta para fins pessoais e não coletivos, a especialização exagerada torna a massa ignorante e justamente por essa “libertação” que a ciência pura promove, os seres humanos se tornam práticos, andróides.
            Ao fim dessa análise, vê-se que pontos fundamentaisde “O Discurso do Método”, foram aplicados de forma exagerada e outros acabaram sendo esquecidos, justamente pelo processo de fundamentalização da teoria. Portanto, é necessário realizar uma constante avaliação do meio para não nos tornarmos vítimas de um processo que em seu cerne era libertador.
Raul da Silva Carmo. Aluno do 1º Ano do Curso de Direito Noturno da UNESP Turma 2012-2016.

Transformações nos pensamentos


O anseio por mudanças e revoluções se dá em cada um de nós, mas com o tempo, começamos a perceber que a ingenuidade supera nossos desejos. Sinto-me ingênua ao conversar com o prefeito e questiona-lo :” Por que tão abusivo o preço da passagem de ônibus?” e obter como resposta frases longas, sem sentido e sem nexo, não compreendo porque as coisas tem que ser do jeito que estão. Por que não consigo realmente e de forma efetiva “mudar o mundo”? Bem, ao ler “O discurso do método” de René Descartes, descobri que segundo o método dele para obter uma verdade absoluta, se encontrar como pessoa, e interpretar o mundo, deve-se modificar os próprios desejos do que a ordem do mundo, ou seja, não há maneira de se mudar a ordem do mundo, ele não está sob nosso poderio, a única coisa que somos realmente donos, são nossos pensamentos. Pois bem, sempre quis adquirir sabedoria, estudar, ler, para me tornar uma pessoa critica e assim transformar meus pensamentos em extraordinários, ter ideias novas, realmente deixar o senso comum de lado e crescer como pessoa, sempre querendo ser uma pessoa erudita e culta, mas então no livro me deparei com a questão: o que estarei mudando, ao guardar esse conhecimento todo em minha mente e não me envolver com a sociedade, com as pessoas. Novamente em seu livro, Descartes deixa claro quais foram os métodos seguidos para que possamos realmente encontrar a nossa razão, deve-se deixar os preceitos para trás  e se desfazer de suas opiniões já formadas e esse método ficou intrínseco em minha cabeça, nunca me imaginei desgarrada de minhas paixões, minhas crenças, e por esse motivo, admiro muito a garra e a coragem de Descartes, um cidadão, que revolucionou a ideia de visão de mundo, agora levando-se em conta a razão e que para isso seguiu um método no qual renunciou muito de sua vida, de seus valores, em busca de compreensões do mundo.

Júlia Godoi Rodrigues -  1° ano Direito Noturno.

O Discurso do Método


Segundo Descartes ás vezes é preciso seguir opiniões que muitas vezes nos deixam dúvidas por desejar-se tão somente a verdade, considerando que tudo o que passa por nossos sentidos podem ser enganadores como também imagináveis. E que muito de nossos pensamentos que ocorrem quando estamos acordados também ocorrem quando estamos dormindo, sem decidir de fato o que é real e o que é sonho. E que ao mesmo tempo em que considerava tudo falso, questionava ele mesmo ser alguma coisa. Encontrando dessa forma uma verdade sólida e o primeiro princípio da filosofia. Sendo esta incapaz de ser julgada por céticos.
      Ao analisar com atenção supôs que era um ser pensante. Presumiu que ao duvidar da verdade deixava clara a sua existência, a passo que, somente se tivesse parado de pensar não existiria. Sendo ele então um ser que consiste numa natureza e essência de pensar, sem depender de qualquer substância material. Dessa maneira seu eu, ou melhor, sua alma, é completamente distinta do corpo, e que mesmo que nada fosse ele não deixaria de ser o que é.
      Por conseguinte considerou que era necessária uma proposição correta. Para que assim soubesse em que consistia essa certeza.
      Havendo uma reflexão do que duvidava concluiu que não era totalmente perfeito, pois via claramente que conhecer é maior que o próprio duvidar. E tendo em vista tamanha perfeição no que se refere a pensar, duvidou que esta pudesse ser de sua própria natureza. Até se dar conta de que, essa perfeição existia de fato em si por ser falho e não o contrário. Em seu conhecimento admitiu que não fosse o único ser que existia tampouco menos perfeito, mas um mais perfeito, do qual tivesse recebido tudo que possuía. E que assim todas as perfeições que podia perceber eram oriundas de um Ser perfeito, e que esse ser não era ninguém menos que Deus. E que se existissem outros seres que não fossem totalmente perfeitos, mesmo que de outras naturezas, todos deveriam existir de tal maneira que não pudessem subsistir sem Deus.
      Ao considerar que Deus é um Ser perfeito, pensou que o que leva as pessoas a se convencerem de que é difícil conhecê-lo e também em conhecer o que é sua alma, é o fato de estarem presas, habituadas em suas imaginações, que em particular seriam suas coisas materiais, estando assim além de coisas sensíveis da alma. E que isto é evidente pelo fato dos próprios filósofos terem em máxima em seus ensinamentos que nada existe sem ter estado primeiramente nos sentidos. Salvo com isto, mesmo os homens que querem compreender a alma e Deus, se asseguram somente através de seus sentidos. Mas se tudo se origina dele, o homem não poderia presumir qualquer dúvida a existência de Deus.
      E concluiu que, se existem homens que acreditam em astros e na Terra, que estas por serem reais e serem oriundas de Deus, só podem ser verdadeiras. O que torna evidente segundo Descartes, que não causa menos aversão admitir que a falsidade ou a imperfeição se origine de Deus. Depois que o conhecimento de Deus e a alma tenham dado a certeza disso, é fácil compreender que os sonhos que imaginamos quando dormimos não devem levar a duvidar da verdade dos pensamentos que ocorrem quando estamos despertados. Pois não importa que nossos sentidos exteriores possam nos levar a duvidar de idéias distintas que temos em nossos sonhos, pois estes também podem ser enganadores.

Arthur Gouveia Marchesi


Transformações nos pensamentos

O anseio por mudanças e revoluções se dá em cada um de nós, mas com o tempo, começamos a perceber que a ingenuidade supera nossos desejos. Sinto-me ingênua ao conversar com o prefeito e questiona-lo :” Por que tão abusivo o preço da passagem de ônibus?” e obter como resposta frases longas, sem sentido e sem nexo, não compreendo porque as coisas tem que ser do jeito que estão. Por que não consigo realmente e de forma efetiva “mudar o mundo”? Bem, ao ler “O discurso do método” de René Descartes, descobri que segundo o método dele para obter uma verdade absoluta, se encontrar como pessoa, e interpretar o mundo, deve-se modificar os próprios desejos do que a ordem do mundo, ou seja, não há maneira de se mudar a ordem do mundo, ele não está sob nosso poderio, a única coisa que somos realmente donos, são nossos pensamentos. Pois bem, sempre quis adquirir sabedoria, estudar, ler, para me tornar uma pessoa critica e assim transformar meus pensamentos em extraordinários, ter ideias novas, realmente deixar o senso comum de lado e crescer como pessoa, sempre querendo ser uma pessoa erudita e culta, mas então no livro me deparei com a questão: o que estarei mudando, ao guardar esse conhecimento todo em minha mente e não me envolver com a sociedade, com as pessoas. Novamente em seu livro, Descartes deixa claro quais foram os métodos seguidos para que possamos realmente encontrar a nossa razão, deve-se deixar os preceitos para trás  e se desfazer de suas opiniões já formadas e esse método ficou intrínseco em minha cabeça, nunca me imaginei desgarrada de minhas paixões, minhas crenças, e por esse motivo, admiro muito a garra e a coragem de Descartes, um cidadão, que revolucionou a ideia de visão de mundo, agora levando-se em conta a razão e que para isso seguiu um método no qual renunciou muito de sua vida, de seus valores, em busca de compreensões do mundo.
A importância de René Descartes para o mundo moderno é algo inquestionável, afinal, uma das maiores contribuições deste grande filósofo, físico e matemático foi o seu método para se chegar ao conhecimento através da razão, criado numa época em que a Igreja ainda possuía um grande poder ideológico, fazendo com que as pessoas utilizassem, principalmente, os ensinamentos cristãos para explicar os fenômenos que ocorriam. Em razão disso, muitos atribuem a Descartes o título de “Pai do Racionalismo”.
Segundo Descartes, devemos sempre duvidar da veracidade de algo, a não ser que haja provas claras de que esse algo é verdadeiro. Para ele, inicialmente só temos três certezas: as existências do mundo, do homem (penso, logo existo) e de Deus. O próximo passo para se chegar ao conhecimento é repartir o objetivo em partes simples, para que possam ser mais facilmente analisadas. Após isso deve-se estudar essas partes, partindo da mais simples em direção às mais complexa, para então estabelecer relações, além de fazer revisões para que nenhum detalhe escape.
Se pensarmos nos dias atuais, percebemos que a cada dia que passa vivemos num mundo mais “cartesiano”. Afinal, com o passar do tempo, tecnologias e pesquisas evoluem, fatos explicados pelo sobrenatural passam a ser explicados pela razão. Descartes nos apresentou seu método para alcançar o conhecimento através da razão, e baseados nele novos métodos surgiram, dando origem a uma sociedade cada vez mais racional.

A sociedade atual transita entre o cartesianismo e a religiosidade, pois nela estão presentes pessoas que aceitam apenas o que é certo e irrefutável, eliminando todo o tipo de conhecimento inseguro, como o proveniente de crenças e religião. Entretanto, nela também estão presentes pessoas cuja religiosidade é a força que move seus pensamentos e ações, refutando qualquer tipo de conhecimento cientifíco, produzido pelo homem.
A rivalidade entre Igreja e Ciência, em busca da produção de conhecimento, sempre esteve presente desde os primórdios da civilização humana. René Descartes, filósofo francês nascido no século 15, período em que a produção de conhecimento provinha de entidades distantes do alcance do ser humano, como a Igreja Católica, a Alquimia e a Astrologia, enfrentou a ordem até então vigente, ao ser responsável pelo racionalismo ocidental e pelo método cartesiano, se tornando um dos precursores da rivalidade entre ciência e religião, embora jamais rompesse com a Igreja ou negasse a existência de Deus.
Essa rivalidade continua presente na sociedade atual, que, embora seja baseada no conhecimento produzido pelo ser humano, na razão e no cientificismo, ainda enfrenta certas controvérsias com a religião, como é o caso da polêmica existente sobre o aborto, sobre o uso de anticoncepcionais, sobre a utilização de células tronco e clonagem, entre outras várias polêmicas existentes.
O ser humano é um animal cuja razão é sua principal característica e por isso se encontra constantemente em conflito interior, pois ao mesmo tempo em que busca o conhecimento humano, baseado no cientificismo, não ignora a religião, que move suas crenças, ética e moral. 

Norteados pelo Método

  Antigamente era comum que as pessoas soubessem realizar várias atividades. As mulheres sabiam fazer roupas, sabões, queijos, doces variados entre outras coisas que as tornavam “prendadas” e os homens realizavam consertos de todos os tipos, além de exercerem suas respectivas profissões. No entanto, essa característica social já não é tão comum quanto era antes.

  Há mais de trezentos anos, “O Discurso do Método” de Descartes estabeleceu a fragmentação como mecanismo para a solução de problemas dentro da produção do conhecimento. Este último, com o passar do tempo e com o desenvolvimento cientifico, foi tornando os profissionais cada vez mais especializados em suas áreas e hoje é transmitido ás pessoas de forma totalmente fragmentada - “Caderno 3, Biologia, Setor: 142, Botânica, Capítulo 1: Briófitas”. Mas como transmitir tudo que foi construído e descoberto ao longo de séculos se não dessa forma?

  Incontestavelmente a fragmentação dos conteúdos torna prático o ensino e o método científico formulado por Descartes e aprimorado por outros grandes pensadores, contribuiu e contribui á sociedade. O método científico norteou cientistas e estudiosos em grandes avanços na Medicina, na Construção Civil, na Aeronáutica, na Geologia, na própria Filosofia e em tantas outras áreas que foram criadas. Muitos dos tratamentos médicos que curam enfermidades não teriam sido desenvolvidos se não houvessem pessoas focadas em estudar doenças específicas.
 
  A sociedade moderna, em especial, é extremamente cartesiana e especializada. Profissionais muito especializados são cada vez mais procurados e, em decorrência disso, a interdependência entre as pessoas e as instituições se faz mais presente. Esse último aspecto é o "preço" que a sociedade já paga. Sermos norteados pelo método científico compensa. Isso é claro observando os avanços nas ciências.

A contestação como método


Cansado do estudo de letras, que o tinha feito numa célebre escola da Europa, Descartes muda totalmente o direcionamento de seus estudos, pois julga ter descoberto cada vez mais a sua ignorância. Decide então não mais procurar outra ciência, senão aquela que poderia encontrar em si próprio, ou então no grande livro da vida, pois estava desejoso em aprender a diferenciar o verdadeiro do falso, vontade esta que é rara ainda nos dias atuais, onde muitos se preocupam apenas em absorver conhecimento, sem ao menos ter o bom senso em discernir o que de fato é verdadeiro.

O método que Descartes usa é simples: “rejeitar como totalmente falso tudo aquilo em que pudesse supor a menor dúvida”. Com isso, Descartes quebra toda uma linha de pensamentos já existente baseada na tradição, e chega a conclusão que a única verdade indubitável seria que ele existe, pois pensa.

O próprio Descartes assume que o seu método não é o único que pode conduzir a razão, e que ele mesmo pode estar enganado em seus pensamentos. Contudo, o que há de mais impressionante em sua obra é a ousadia de contestar, a qual é capaz de quebrar paradigmas e revelar a verdade.

Guilherme Vaz 

Cartesianismo: não tão unânime assim.


Na constituição da história moderna, principalmente no que se refere à ciência, Descartes foi sem dúvida um dos pensadores que mais influenciou as produções científicas.  Elaborador do método científico moderno, ou simplesmente, método cartesiano, Descartes propõem construir uma filosofia contra os misticismos. Para tal faina, o filósofo francês se propõem a desprender de sua moral e valores, adquirindo uma moral temporária que daria suporte ao seu projeto filosófico.
Na história oficial e nas derivações filosófico-científicas da humanidade, Descartes foi o pensador que inspirou todo o projeto teórico do Estado Moderno e da burguesia, produzindo uma sociedade racionalizada e a fragmentação do conhecimento. A
Neste contexto a visão holística, ou sistêmica, foi delegada para campos do estudo sub-valorizados, nos quais projeções filosóficas como a de Espinosa foram praticamente levadas ao ostracismo.
Assim como o filósofo holandês, outros autores, inclusive contemporâneos, criticam o cerne da constituição do pensamento moderno. Para o professor da Universidade de Barcelona Jorge Larrosa Bondía o ensino e o cultivo do conhecimento pasteurizado e baseado unicamente em projeções cartesianas não representam quaisquer avanços no campo do conhecimento e sim a perda das experiências humanas.
Para o autor o método cartesiano resultou na proclamação excessiva de informações e tais informações não necessariamente significam a base de um conhecimento consolidado. “A cada dia se passam muitas coisas [contatos com infomações], porém, ao mesmo tempo quase nada nos acontece”. Seja pelo viés geométrico espinosano ou por uma crítica das experiências, a teoria cartesiana é passível de contribuições e questionamentos, e não devemos considerá-la como um dogma científico como muitas vezes acontece na sociedade contemporânea.

Até que ponto somos cartesianos?


É comum classificarmos a sociedade atual como cartesiana. Sociedade esta que busca incessantemente por respostas racionais e objetivas a respeito de tudo que acontece a nossa volta. No entanto, não se pode afirmar que nossos julgamentos a respeito dos acontecimentos sejam desprovidos de um caráter subjetivo criado a partir do contexto que cada indivíduo está inserido.
            Essa teoria, que anula a possibilidade de um julgamento ser puramente objetivo, contraria aquilo que Descartes classifica como julgamento cartesiano, ou seja, puramente lógico e racional. Contudo, o próprio autor, ao tentar provar a existência de um ser superior – Deus - baseado em sua própria lógica, demonstra a carga subjetiva desse julgamento.
            Além disso, o mesmo autor, ao dizer que a variedade de opiniões se justifica pelos diferentes caminhos tomados a respeito de um assunto, deixa a ideia de que a subjetividade é intrínseca ao ser humano. Sendo assim, não seria correto afirmar que a objetividade depende da subjetividade de cada um? A questão então seria: até que ponto nossa carga subjetiva influencia nossas respostas?

José Eduardo de Andrade Filho

A Dualidade Do Progresso


Analisando algumas partes do “Discurso do Método”, de René Descartes, nos depararemos com determinadas concepções do autor tais como a de que o verdadeiro conhecimento deve ter alguma utilidade para o homem e, assim sendo, o homem estaria caminhando em direção do bem.

Nesse sentido, sabemos que a busca pela razão e por respostas de perguntas feitas pela humanidade realmente ocasionou um progresso em várias áreas do conhecimento, sobretudo nos séculos XIX e XX. No entanto, não há como afirmar que todo o conhecimento produzido nesse período tenha sido usado para o bem do homem. Por exemplo, se pensarmos no desenvolvimento que a indústria bélica teve, perceberemos que, paradoxalmente, tal desenvolvimento garantiu a opressão e consequente estagnação de alguns povos e a destruição de outros tantos.

Outro aspecto interessante do pensamento de Descartes é com relação à maneira que este buscava a verdade absoluta, ou seja, rejeitando tudo aquilo que lhe permitisse ter qualquer tipo de dúvida. Certamente tal metodologia impulsionou o racionalismo na Europa e no mundo, bem como aguçou o espírito crítico das próximas gerações, que deram continuidade ao pensamento racionalista e empírico. O resultado das novas descobertas e criações feitas naquela época pode ser percebido até os dias de hoje, já que, com o aprimoramento do conhecimento obtido, novas tecnologias foram desenvolvidas. Se pensarmos na criação do computador e na revolução que este gerou, perceberemos que um grande avanço foi obtido, pois a vida do homem foi, de certo modo, facilitada por tal instrumento. Por outro lado, o homem tornou-se, além de, muitas vezes, dependente do computador, cada vez menos crítico com relação a tudo o que se passa ao seu redor e menos reflexivo com relação à enorme quantidade de informações que tem ao seu dispor em apenas alguns segundos, diante de um “clique”. Com isso, notamos, de maneira geral, uma sociedade que, apesar de conhecer os diversos problemas que o mundo enfrenta, fecha os olhos para os mesmos.

O que é válido ressaltar da leitura dessa obra e das reflexões feitas sobre esta é que, mesmo que o homem produza um conhecimento que seja útil para ele, não significa que, desse modo, estará na direção certa; pelo contrário, algumas vezes, o progresso feito de um lado traz o regresso do outro, como já exemplificado anteriormente. Sendo assim, o progresso do homem não pode ser garantido apenas através da busca pela razão, mas também pelo aprimoramento do bom senso – também discutido por Descartes – de cada um, que garantiria o respeito entre os homens, com todas as suas diversidades e, consequentemente, o distinguiria, de fato, dos outros animais.

A Atulidade analisada a partir do passado.


O pensador e filosofo Descartes, na obra ``Discurso Sobre o Método`` exibe sua visão racional e experimental para compreender o mundo. Ele prega que a única maneira de chegar à verdade é a partir da funcionabilidade do pensamento filosófico não só este sendo contemplativo, mas pratico incisivo na realidade, alem do questionamento e do principio da duvida.
            Pode-se observar que a obra, mesmo tendo cerca de 350 anos continua sendo de fundo extremamente atual, uma vez que a sociedade esta embasada em um fundo totalmente racional e questionador, como aquele pregado por Descartes. Uma vez que o numero de informações e sempre crescente e as pessoas são cada vez mais cobradas pelo mercado de trabalho, cabe a elas serem criticas e céticas com as informações recebidas, estudando e selecionando, a sua maneira, um modo de chegar a sua verdade universal, e não uma pré concebida anteriormente.

            Mesmo com tal fundo racional, ainda existem pessoas presas a opiniões alheias e que não tem embasamento e assim não chegam a ``verdade absoluta`` dos fatos. Fazendo um intertexto com a obra, pode se comparar os filósofos antigos a Descartes, como Aristóteles e Sócrates a tais pessoas que estão presas nas idéias apenas pré concebidas e ``imaginadas``, não provadas e pesquisadas de maneira incisiva, o que mostra mais uma vez que a obra ainda ressalta fatos modernos da sociedade.
            De forma geral, o obra se enquadra na atualidade, e da um conselho importante as pessoas que querem se destacar e obter a verdade absoluta, a duvida e a ação são as chaves. Portanto pode-se concluir que a formula que Descartes apresentou no passado pode estar ultrapassada em alguns aspectos, como o forte apego que o autor tem com a igreja, um elemento místico não comprovado, que vai contra a sua base racional, mas tem aspectos também muito pertinentes à atualidade, como os citados a cima.


Descartes, atual e inovador.


Descartes nos mostra que utilizar da razão para duvidar de tudo e todos é o caminho para aprimorar o conhecimento, este é o nosso caminho para a verdade, sendo que talvez inovador seja uma das palavras mais corretas para descrever Descartes e sua nova forma de pensar. Sua forma totalmente racional de encarar a filosofia abre um novo caminho de pensamento, muito mais focado em entender a humanidade não apenas teoricamente, mas com praticidade, fazendo a filosofia agir na sociedade, gerando desenvolvimento e novas perspectivas para o futuro.
            Seu método de entender o mundo e resolver problemas dividindo estes em partes menores de um todo para compreender minimamente do que realmente se trata tal problema e um de seus maiores legados para a humanidade, sendo este método utilizado ate hoje e se tornando uma das bases do nosso pensamento racional atual.
            Descartes pode ser citado como inovador por “quebrar” com a tradição da filosofia antiga de Platão, Aristóteles e tantos outros que possuíam um método filosófico onde, compreender a humanidade era sim importante como era para Descartes, porem sua critica a estes antigos se baseia na praticidade do pensamento filosófico. Ao estudar estes filósofos antigos, Descartes percebia que lhes faltava o agir, a incisão na sociedade de tudo aquilo que pensavam. Ele parte então do principio que a filosofia deve ser mais do que observação, deve ser pratica.
            O Discurso do método pode ter sido escrito a séculos atrás, porem suas duvidas são pertinentes até hoje, tornando Descartes, apesar de toda a diferença entre as épocas, um filosofo atual.

Ainda Somos Cartesianos?

 À pergunta “ainda somos cartesianos?” é possível, porincrível que pareça fornecer duas respostas que, não necessariamente sãocontraditórias. Isso se deve ao fato de que podemos entender o termo“cartesiano” sob duas perspectivas.
            Pode-secomeçar considerando o termo cartesiano no sentido mais rigoroso. Esse sentido refere-se ao termo“cartesiano” tomando como referência os aspectos mais peculiares do sistemafilosófico de Descartes.
            Talsistema procura pensar o conjunto das ciências como passível de ser deduzido dealgumas verdades básicas (ideias claras e distintas) indubitáveis. Esse tipo demetodologia fica bastante claro quando, em o Discurso do método, vemos ogrande racionalista por em dúvida todos os dados da experiência empírica (e,até mesmo, da matemática) e procurar verdades indubitáveis (a existência do“eu”, a existência de Deus e etc.) pelas quais se pode chegar dedutivamente atodos os conhecimentos sólidos. A percepção dessa especificidade matemática dométodo cartesiano nos permite fornecer uma primeira resposta à questão em pauta.
            Essaresposta é negativa, uma vez que, na opinião dos principais teóricos da ciênciacontemporânea, esta pode até adotar uma linguagem matemática, porém não podeser identificada com a matemática. Esse tipo de concepção fica claro seprocurarmos ler a obra de filósofos da ciência importantes: Carnap, Popper,Kuhn, Quine e etc. Todos esses autores compõem um circulo de filósofos reunidossob o título de filosofia analítica. Essa escola filosófica é caracterizadapelo fato de os autores que a compõem defenderem a tese de que as proposiçõesque não possuem nenhuma ligação com o plano factual sequer tem sentido emerecimento de serem consideradas pela filosofia ou pela ciência.
Dentro dessa busca por se livrar deproposições não-factuais a filosofia analítica procura, recorrendo, mesmo, àhistória, defender que a  ciência épredominantemente empírica e bastante diferente daquele método quase matemáticoque, acima, atribuímos a Descartes. Essa concepção da filosofia analíticaparece, inclusive, ser a mais aceita por aqueles cientistas que procuramrefletir as respeito de sua prática como o muito reconhecido Stephen Hawking.
            Sendo assim, pode-se passar a umasegunda consideração do termo “cartesiano” o tomando em um sentido mais amplo.Nesse sentido, o termo “cartesiano” referir-se-ia a um ideal de cientificismoenunciado em O discurso do método. Esse ideal aparece, principalmente,nas partes finais de tal discurso e manifesta-se, principalmente, em umaempolgação, por parte do próprio Descartes, com relação às possibilidades de aciência poder, através de experimentos (que, apesar do ideal matemático queperpassa o Discurso do método, não são negados por Descartes) exercerprevisões sobre a natureza.
            Tal forma idealizada de ver a ciência,mas do que qualquer outra coisa faz do pensamento cartesiano o cerne damodernidade, uma vez que essa passa a poder ser vista como uma busca constantepara se exercer um total domínio sobre a natureza e esquadrinhá-lacompletamente. Ao estudar esse ponto de vista, os autores da chamada Escola deFrankfurt chegaram à promissora conclusão de que o cartesianismo, como umaespécie de fantasma, permanece até os dias de hoje: embora o método cartesianonão seja mais tomado ao pé da letra, o ideal de cientificidade inaugurado porDescartes permanece sendo uma espécie de alicerce epistemológico de nossotempo.
            Feito esse último comentário conseguimos esgotar a questão de que nos havíamos proposto tratar. Acredita-se ser interessantesintetizar, em poucas palavras, tudo aquilo que foi dito: enquanto métodofilosófico específico, o cartesianismo está morto, porém, enquanto ideal decientificidade, tal forma de pensamento é uma das bases da visão de mundo quepredomina na contemporaneidade.

Danilo Saran Vezzani

A ironia de Descartes

Que René Descartes foi um dos grandes pensadores, matemáticos e filósofos de seu tempo, não pode ser negado. Ele foi um dos grandes renascentistas e mudou todo o modo de pensar de sua e de todas as futuras épocas. Desse ponto de vista, tudo aparenta ser perfeito, mas sua época, na verdade, o traiu.
Descartes foi o precursor do pensamento racional como modelo. Sua teoria se baseava na quebra com tudo o que era mítico e não podia ser explicado pela ciência, se desvinculando das paixões e do senso comum para a análise de dados. Ele criou o formato que todas as pesquisas futuras usariam, usufruindo da razão e deixando de lado as crenças pessoais. No entanto, ele utilizou dessa ferramenta para fazer exatamente o contrário do que propunha: ele racionalizou a existência de Deus. Além disso, ele se dizia um fiel católico. Aparentemente, isso seria uma completa contradição em todo o seu trabalho. No entanto, é preciso levar em consideração a época em que viveu. Ele começou suas pesquisas no começo do Século XVII, na era renascentista. Nesse momento, a intenção não era se desvincular completamente da Igreja, e sim se focar no homem. Não houve um rompimento com a religião, mas sim uma troca do foco. Apenas no Iluminismo, movimento intelectual que se seguiu, foi que essa quebra começou a ocorrer, ainda se adiando para o ínicio do Século XIV.
Então, para sua época, a ideia de que Deus não existia o que o catolicismo era em si uma crença baseada no senso comum que podia atrapalhar sua pesquisa estava distante de Descartes. Era assim que funcionava, e não se tinha conhecimento científico suficiente para que fosse possível qualquer fagulha em sua mente. Isso, no entanto, não é a única ironia que gira ao redor desse pensador.
Sendo ele o precursor do pensamento racional, todas as pesquisas que, futuramente, tinham como objetivo desbancar a crença em Deus ou na Religião, utilizaram do seu método. Dessa maneira, não apenas ele usou do próprio pensamento racional para provar a existência de Deus, os pensadores que vieram depois dele foram os que conseguiram invalidar tudo o que Descartes acreditava, usando do método racional em si. Estaria ele feliz por saber que a razão prevaleceu ou triste por ver o que acreditava ser negado?

Cartesianismo Pós-Moderno: Ciência X Deus


Tendo como principal diretriz na sua busca pelo conhecimento um ceticismo próprio – erguido sobre a ideia de se certificar da veracidade dos fatos -, Descartes elaborou seu método de razão científica. Sob a alcunha de “Método Cartesiano” vêm os princípios: Duvidar, Fragmentar, Refletir e Inter-relacionar; os quais, de fato, norteiam o avanço científico e tecnológico inclusive nos dias de hoje. Entretanto, há fatores do Cartesianismo que se fizeram alterados ao longo dos séculos, como a ideia de que Deus se faz como referencial para toda a dimensão do real.

Como se vê, em uma sociedade cada vez mais cética a exemplo da vigente, a crença em Deus se faz subordinada às descobertas científicas, às novas tecnologias e a todo o “jogo” do capitalismo. Assim, as idéias de um ser regente de todo o universo se apresentam, atualmente, apenas como artifício para discursos conservadoramente hipócritas. Um exemplo está na área médica: hoje em dia, de forma geral, pessoas, ao adoecerem, primeiramente se encaminham ao médico, em busca de remédios e tratamentos considerados eficazes pela comunidade científica, e não à igreja em busca de orações e rituais.

Também pode ser tomado como exemplo o fato de a influência da Igreja Católica na mentalidade da atual sociedade global ser pífia se comparada ao poder exercido por ela sobre o que era conhecido como “verdade” pelos contemporâneos de René Descartes. A mesma instituição que há alguns séculos condenou Galileu Galilei por afirmar que a Terra não era o centro do universo, hoje em dia tenta manter uma sobrevida na mentalidade das pessoas através de discursos contra o aborto enquanto a cada momento são descobertos diversos novos corpos celestes neste universo acêntrico de constante expansão.

Tendo em vista o exposto, é notável o fato de que o ideal de “Deus” se subjugou ao “poder” dado às ciências e à racionalidade pelo ceticismo cartesiano. Conclui-se, portanto, que, indubitavelmente, Descartes se apresenta como um divisor de águas à mentalidade humana graças a seu método científico baseado na razão, e que, mesmo séculos após sua morte, continua parcialmente atual em todas as áreas do conhecimento.

Jacques Felipe Iatchuk Vieira
1º Ano - Direito Diurno

A Interrogação Como Método Desenvolvimentista



Inexiste a possibilidade de não levar em conta o pensamento cartesiano no mundo atual, sendo este extremamente influenciado pelos interesses interpessoais e, principalmente, formatado por um capitalismo que corroe a criticidade dos indivíduos. Com a razão em sua base de raciocínio, René Descartes constrói um método interessante e polêmico, no qual ele “abandona” sua formação profissional em troca de uma experiência essencialmente pessoal, em busca de uma descoberta de si próprio e do mundo ao seu redor.

Dito isso, mister se faz uma explicação para tanta certeza na atualidade do pensamento cartesiano. 
Primeiramente, a leitura do “Discurso do Método” já pressupõe uma conclusão: a de que a formação crítica de cada um pode ser ou não dotada de reflexões que nortearam a sociedade antigamente. Em segundo, pode-se pensar que a construção de tal obra é uma herança eterna, pois, mesmo não sendo a grande intenção de Descartes, é de se levar em conta o extraordinário método de raciocínio que levou à elaboração do texto.

Não obstante, a procura pela verdade é um dos desafios mais discutidos pelo filósofo. Para isso, ele leva em conta todas as dúvidas que podem ser expostas diante de uma proposta de pensamento ou conclusão. Assim, é possível fazer uma rasa comparação entre seus métodos e os da ciência. Esta, inclusive, utiliza-se da própria dúvida para o maior desenvolvimento das teorias e descobertas. Desse modo, o mundo se transforma continuamente, com a superposição de várias reflexões acerca de um determinado assunto.

Além disso, a existência de Deus para Descartes é diferente da concepção atual. A comparação feita por ele com as demonstrações da geometria – as quais são irrefutáveis - confronta com a descrença de muitos em relação à fé nos dias de hoje. Nestes percebe-se a explícita relação do capital com quase tudo o que se pratica. Por exemplo, padres, como Fábio de Melo, os quais vendem CDs com suas próprias músicas aparentemente religiosas, mas que, fundamentalmente, possuem um interesse econômico e de caráter profissional ascendente.

Por fim, nota-se uma inter-relação entre o pensamento cartesiano e a reflexão de Heródoto. Este, defendendo que o mundo está em constante mudança, apresenta uma inter-discursividade com Descartes, já que este se leva pela dúvida e pela razão, fazendo com que muitas coisas se tornem diferentes por meio de seu raciocínio. Logo, as conclusões são parecidas, porém os métodos, diferentes. Assim, uma lição imprescindível que se deve levar do texto cartesiano é de que ninguém é mais capacitado que o outro, mas que há momentos certos para a aplicação da razão.

Ricardo Juniti Akutsu Filho
1º Ano - Direito Diurno

O Enfraquecer do Conhecimento Religioso

A obra de René Descartes, O Discurso do Método, revolucionou o pensamento científico. Publicado na França em 1637, o livro apresenta um novo caminho para se construir o conhecimento científico. Para começar, a obra foi publicada em francês, ao contrário dos grandes autores da época, assim como os mestres de Descartes, os quais publicavam seus trabalhos em latim. Para Descartes, o importante era o bom senso no estudo, “aqueles que se servem somente de sua razão natural totalmente pura julgarão melhor minhas opiniões do que aqueles que só acreditam nos livros antigos”.
Descartes propôs uma nova metodologia, na qual o homem é o centro do universo, pois através da razão pode compreender todas as coisas que o cerca, e desta forma, consegue dominar a natureza. Apesar de colocar o homem no centro das atenções, não há confrontação com a religião, uma vez que, segundo a concepção de Descartes, tudo que existe no homem se originou de Deus. Assim como, ele acreditava na “Gênesis”, ou seja, na criação de todas as coisas por Deus, desde a Terra, o céu até os seres vivos.
Podemos entender que no texto houve uma conciliação entre a religião e a ciência, o que na época era perfeitamente possível, pois não havia, por exemplo, os ensinamentos de Charles Darwin com a Teoria da Evolução, a qual comporta a ideia de que os seres vivos atuais possuem um ancestral comum que através da ação da seleção natural originou as espécies atuais.
O racionalismo proposto por Descartes domina cada vez mais o pensamento científico do homem. Todos os dias novas descobertas são feitas pelos cientistas, colocando o homem como grande dominador da natureza, hoje se desenvolve no laboratório um ser vivo a partir de simples células germinativas. A ciência cada vez mais explica coisas que antes eram explicadas puramente através do conhecimento religioso. Chegaremos ao ponto de explicar cientificamente a existência de Deus ou simplesmente descobriremos que Deus está na razão das coisas que ainda não foram explicadas?


Matheus da Silva Mayor

O contexto do discurso.


Rene Descartes afirma em seu livro ‘'Discurso do método’’ que, para o homem obter a verdade sobre uma ideia, ele deve se despir de qualquer tipo de pré-conhecimento ou preconceito que tenha sedimentado em seu senso, analisando tal ponto com uma ótica extremamente racional, dando o qualificativo de verdadeiro somente quando não houver mais dúvidas sobre tal. Sua obra, de cunho extremamente racionalista, inaugurou a filosofia moderna e trouxe inovações em vários os campos do conhecimento humano.

Descartes acreditava que a razão deveria permear todos os domínios da vida e que a fé não deveria mais ordenar as relações humanas. Tais pensamentos parecem aceitáveis nos dias atuais, mas em pleno século XVII poderiam ser vistos como extremamente ofensivos.

O próprio Descartes busca em sua obra uma explicação racional para a existência de Deus. Mas se o homem deveria encarar o mundo despido de pré-conhecimentos, de onde viria tal ideia? Segundo Rene, ela é inata e reside dentro da própria razão humana. Para ele a ideia de perfeição não poderia vir da imaginação, dos sentidos. Tal ideia, porém, precisa ter uma origem e, segunde ele, esta origem está num ser que a causa e, sendo este ser perfeito, ele seria o que conhecemos como Deus.

Mas não estaria o próprio Descartes munido de um pré-conhecimento ao desenvolver tal teoria? A ideia de perfeição não precisa ser necessariamente implantada por algum ser no homem, ela poderia ser fruto sim da imaginação humana ou ter uma origem cultural, parecendo ser inata quando na verdade ela apenas foi “implantada”.

Não é difícil entender a necessidade que Rene Descartes tinha em provar a existência de Deus quando se enxerga o contexto em que ele viveu. No início do século XVII a Europa passava pela ferrenha luta entre cristãos e protestantes (reforma e contra reforma) e a França ainda estava sob forte influência da Igreja Católica. Um livro que pedia para despir-se de tudo o que se era ensinado até então e para duvidar de qualquer ideia já existente poderia ser visto com péssimos olhos.

Ainda sim, muitos pontos tragos por Rene Descartes em seu “Discurso do método” mostram-se extremamente atuais e aplicáveis, só devemos antes, como ele mesmo indica, analisar muito bem qualquer ideia antes de tomá-la como verdadeira.

A matemática da verdade


                Com o Renascimento Cultural e Urbano, a Idade Média caminhava para o seu fim. O progresso de técnicas e da própria ciência primitiva era a exposição de que a própria sociedade passava por uma transição. É nesse contexto que surge René Descartes, matemático e filósofo que substitui a crença, o mito, o sobrenatural pela razão humana na base do conhecimento científico.
                Descartes, em sua obra O Discurso do Método, sistematiza o pensamento humano na busca de verdades. Para isso, propõe o princípio fundamental da dúvida: não apenas por duvidar, mas sim para tomar como verdade apenas aquelas que realmente o são, as verdades incontestáveis. Utiliza, além desse, os preceitos da análise, síntese e enumeração, e já toma por verdade a existência do eu (“Penso, logo existo”) e de Deus (o que mostra que o objetivo não é a ruptura com a Igreja). Assim, traz a ação para a filosofia, que anteriormente era apenas baseada na contemplação.
                Ainda hoje, o método cartesiano se faz presente em nossos estudos e em nossa vida prática. Em estudos, por um lado, ainda é a base da ciência; por outro, é contestado por ambientalistas que o julgam incentivador da exploração dos recursos naturais. Na vida prática, algumas vertentes consideram o método cartesiano e o método da pesquisa jurídica similares, seja em sua aplicação , seja por sua negação à “paixão” (ou seja, a imparcialidade) para a interpretação com clareza; ou ainda podemos considerar o fato de vivermos em um mundo globalizado, no qual  somos incorporados a um cotidiano repetitivo e maçante, que assiste à radicalização da especialização pregada pelo método de Descartes.
                Enfim, independente se estamos de acordo com o pensamento cartesiano ou se ponderamos que, ele, na verdade, fez do homem uma máquina, é impossível não considerar a sua genialidade, ao inovar e romper com tradições milenares, e, portanto, a sua importância no seu tempo.

A razão da razão


Desde os primórdios da civilização o homem busca respostas para as coisas que o rondam, de explicações para uma tempestade até de onde viemos ou para onde vamos quando morremos. Por muito tempo os fenômenos foram explicados através de mitos e crenças, sem serem questionados racionalmente. A partir do século XVII, Renée Descartes apresenta sua teoria racionalista em seu livro "O Discurso do método", mudando por completo o modo de pensar e, consequentemente, o modo de se fazer ciência. Sua teoria afirma que a experiência sensorial é uma fonte permanente de erros e confusões sobre a complexa realidade do mundo e que somente a razão humana, trabalhando com os princípios lógicos, é capaz de atingir o conhecimento verdadeiro.
Descartes mudou radicalmente o pensamento de sua época, estudos puderam ser comprovados e a ciência deu um salto nunca antes visto. Suas teorias continuam atuais e regem vários setores da sociedade. Na medicina, por exemplo, há a certeza do pensamento cartesiano de que a alma é totalmente independente do corpo.
Apesar de suas teorias terem contribuido (e muito) para o avanço científico e para o bem estar da sociedade, elas deixaram uma ideia puramente objetivista do mundo, sem se dar conta que sensações e emoções atuam na mente humana no mesmo plano da nossa racionalidade. Estudos comprovam que não é possível separar inteiramente em nossos comportamentos a parte racional da parte emotiva, o que revela que nosso corpo e nossa mente estão em contínua relação.