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segunda-feira, 2 de julho de 2018

Fazenda Primavera, prenúncio de mudança social


Notadamente, o mundo pós-moderno é marcado pela insensibilidade, bem como Zygmunt Bauman, sociólogo polonês, afirma em “Cegueira moral”. Ou seja, nunca os grupos oprimidos se viram tão vazios de esperança, uma vez seus direitos são cada vez mais desrespeitados. No entanto, levando em conta que o sistema jurídico é semiautônomo, – possui uma lógica própria – ele ainda pode ser palco para transformações sociais. Como exemplo há o caso do movimento MST, que ora tem suas reinvindicações atendidas, ora sofre com a criminalização de sua luta.
Essa dicotomia é explicada por Boaventura como sendo provocada pelas contradições internas do direito e dos tribunais. No entanto, esse conflito interior do ordenamento jurídico representa, para o autor, uma vantagem para as lutas sociais, uma vez que o direito dos oprimidos pode ser defendido. Portanto, é possível mobilizar o direito, embora tenha sido tradicionalmente usado pelas classes dominantes para salvaguardar seus privilégios em detrimento dos grupos excluídos e marginalizados.
Mas, segundo Boaventura, o que vem levando os movimentos sociais contemporâneos a mobilizarem o direito a seu favor é o sentimento de indignação. Tal sentido é, de acordo com Espinosa, “a raiva que se produz em cada um contra o mal que é feito a nós ou ao outro”. Assim, a luta social está pautada na convicção de que os grupos oprimidos sofrem um dano injusto.
Além disso, no texto de Boaventura é dito que para alcançar maior justiça social “os grupos excluídos precisam se organizar social e politicamente em movimentos sociais ou organizações não governamentais” – o que se tem visto frequentemente ocorrer. Ademais, são necessárias estratégias jurídicas e sociais que inovem quando os casos são levados aos tribunais. Vale destacar ainda que esses movimentos devem fazer pressão política no Estado e no próprio sistema judicial, de modo a agregar força à luta.
Considerando tudo já dito, é possível ver no caso da Fazenda Primavera um exemplo muito claro de como as estratégias de luta do MST geram bons frutos. Ou seja, mobilizando o direito a seu favor, seus advogados dão novas interpretações à lei, promovendo a legitimação da luta diante dos juízes, que resulta num veredito favorável ao movimento. No entanto, no Brasil a “ordem do dia” ainda é garantir a propriedade privada e favorecer os proprietários, então, muita das vezes, acontece de o grupo ser criminalizado e sua luta ser desvalorizada.
       Débora Cristina dos Santos, 1º ano – Direito/Noturno


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