No filme "O Ponto de Mutação", acompanhamos uma discussão sobre o pensamento do homem, sobre o modo que o homem percebe o mundo. Somos apresentados a diferentes pontos de vista, ou de percepção, no filme: o de uma física, o de um político e o de um poeta, e todos têm suas particularidades.
O político vê o mundo mecanicamente, como um relógio, segundo a analogia do próprio filme. Ele divide o todo (relógio) em várias partes menores (engrenagens,ponteiros) para entendê-las separadamente e também entende que a ciência deve servir a humanidade, seguindo a filosofia cartesiana e baconiana.
A física critica essa filosofia. Considera-a ultrapassada. Ela se utiliza de conceitos filosóficos do século XX para entender o mundo. Tudo está conectado, todos somos responsáveis, não se pode entender o todo subdividindo-o. A natureza e seus componentes não são máquinas, são sistemas interligados.
O poeta por sua vez, discorda da física. Acredita que a "teoria de sistemas" não é suficiente para entender a natureza. Transformar a natureza num sistema é o mesmo que transformá-la num relógio. O filme termina e as indagação ficam: será possível, algum dia, entender de fato a natureza? por quanto tempo diminuiremos a natureza a relógios e sistemas?
A ciência se renova constantemente. Descartes, Bacon, pensadores do século XX, todos muito importantes para a humanidade, mas todos com filosofias incapazes de realmente compreender o mundo. O filme nos diz isso, e diz ainda mais. Conseguiremos, nós, algum avanço científico que nos faça perceber o mundo de maneira diferente?
Péricles de Freitas Nogueira, 1º ano de direito.
Este é um espaço para as discussões da disciplina de Sociologia Geral e Jurídica do curso de Direito da UNESP/Franca. É um espaço dedicado à iniciação à "ciência da sociedade". Os textos e visões de mundo aqui presentes não representam a opinião do professor da disciplina e coordenador do blog. Refletem, com efeito, a diversidade de opiniões que devem caracterizar o "fazer científico" e a Universidade. (Coordenação: Prof. Dr. Agnaldo de Sousa Barbosa)
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quinta-feira, 24 de março de 2016
A crise de percepção
O filme "Ponto de Mutação" tem seu enredo desenvolvido em torno do diálogo reflexivo entre três indivíduos de mentalidades distintas: uma física moderna (Sônia), um político (Jack) e um poeta (Thomas). Os conceitos e ideais debatidos por eles constituem uma crítica à perspectiva mecanicista e individualista que o homem desenvolveu acerca do mundo, principalmente após a teoria de Descartes. Sônia critica severamente o método científico proposto por este filósofo, que entende o mundo como uma máquina e propõe que a construção de todo o conhecimento acerca dele deve advir da razão pura. Para ela, a maioria dos problemas da sociedade são resultado de uma "crise de percepção" do ser humano, que manteve seus ideais "engessados" enquanto o mundo evoluiu drasticamente.
Segundo a cientista, a matéria nada mais é do que padrões de conexões e toda ela se relaciona. A vida e o mundo deveriam ser estudados, portanto, como sistemas, e não de forma fragmentada. Esse paradigma da relação existente entre tudo opõe-se ao individualismo preponderante na sociedade atual, tanto nas ciências como nas interações entre os seres. O avanço do conhecimento, da tecnologia e do capitalismo tornou o homem cruel, imprudente e egoísta, capaz de pensar apenas em si mesmo e ávido por riqueza e poder. A corrida espacial, que se passava na época da produção do filme, foi citada como exemplo da arrogância e da falta de escrúpulos dos homens.
É necessário que o ser humano modifique sua percepção individualista e progressista de mundo. A exploração descomedida da natureza em prol do desenvolvimento, a falta de valores, a violência, o egoísmo e o consumismo estão destruindo o sistema do qual fazemos parte. Uma sociedade sustentável deve pensar nas próximas gerações e em todos os próximos ciclos que dependem das ações do período atual. A ideia de que conhecimento é poder precisa ser modificada pelo conceito de que conhecimento é vida e precisa ser utilizado para conservá-la. O mundo é muito mais complexo do que uma máquina e sua compreensão requer o abandono do superficialismo e do racionalismo extremo, além da desconstrução da visão mecânica e cientificista que se enraizou na mentalidade humana. "A vida é muito mais que as teorias sobre ela."
Segundo a cientista, a matéria nada mais é do que padrões de conexões e toda ela se relaciona. A vida e o mundo deveriam ser estudados, portanto, como sistemas, e não de forma fragmentada. Esse paradigma da relação existente entre tudo opõe-se ao individualismo preponderante na sociedade atual, tanto nas ciências como nas interações entre os seres. O avanço do conhecimento, da tecnologia e do capitalismo tornou o homem cruel, imprudente e egoísta, capaz de pensar apenas em si mesmo e ávido por riqueza e poder. A corrida espacial, que se passava na época da produção do filme, foi citada como exemplo da arrogância e da falta de escrúpulos dos homens.
É necessário que o ser humano modifique sua percepção individualista e progressista de mundo. A exploração descomedida da natureza em prol do desenvolvimento, a falta de valores, a violência, o egoísmo e o consumismo estão destruindo o sistema do qual fazemos parte. Uma sociedade sustentável deve pensar nas próximas gerações e em todos os próximos ciclos que dependem das ações do período atual. A ideia de que conhecimento é poder precisa ser modificada pelo conceito de que conhecimento é vida e precisa ser utilizado para conservá-la. O mundo é muito mais complexo do que uma máquina e sua compreensão requer o abandono do superficialismo e do racionalismo extremo, além da desconstrução da visão mecânica e cientificista que se enraizou na mentalidade humana. "A vida é muito mais que as teorias sobre ela."
Thainara Righeto - 1° ano Direito Matutino
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