Ao analisarmos o Manifesto Comunista, elaborado por Karl Marx e Friedrich Engels, é interessante notarmos que logo no início do texto, fica claro que para seus autores a burguesia é uma classe essencialmente revolucionária, que apesar de sempre estar se reinventando não aboliu de forma alguma os antagonismos de classes. Isso fica claro ao constatarmos que há um evidente violento conflito: o da burguesia contra o proletariado.
Outro ponto da abordagem de Marx e Engels que merece destaque é a análise que ocorre sobre a evolução dos meios de produção através da história. A princípio, temos o sistema feudal, em seguida surge a manufatura e finalmente, com o aumento da demanda, a manufatura dá lugar à indústria. Dessa evolução anteriormente relatada, há a produção de uma nova classe: a burguesia moderna.
Essa nova classe “substituiu a exploração velada por ilusões religiosas e políticas, pela exploração aberta, imprudente, direta e brutal.”. Ou seja, essa classe, ao utilizar-se dos novos meios de produção, fez com que o trabalhador trabalhasse pelo aumento da produção, pela eficiência e não pela esperança em alguma recompensa de caráter metafísico ou algo do gênero. Além disso, houve uma “globalização” da produção, pois, como podemos constatar vislumbrando os atuais meios de produção, há uma dispersão dos locais onde se produz e idealiza partes integrantes de um mesmo produto.
Existem duas consequências bastante visíveis ao analisarmos a burguesia e seus efeitos sobre a sociedade como um todo: a primeira resume-se no fato de haver um significável aumento nas aglomerações urbanas (urbanização), e a segunda é encontrada nas periódicas crises que o sistema capitalista enfrenta durante sua existência. A crise imobiliária de 2008 iniciada nos EUA exemplifica perfeitamente a segunda consequência mencionada. E o atual crescimento vertiginoso de cidades por todo o globo concretiza o que foi dito na primeira consequência.
O desenvolvimento burguês, no entanto, acarretou o desenvolvimento de outra classe poderosíssima, o proletariado. É ele que opera as máquinas dos patrões burgueses, ele é a força produtora e, por essa razão, se dá seu poder. Sua exploração é evidente a todo momento na história capitalista e por tal razão é compreensível que essa classe ora ou outra manifeste-se contra um sistema que somente a oprime. Tais manifestações são de certa forma, organizadas através de instituições que representam os interesses proletários dentre os quais se destacam os sindicatos.
Voltando à questão da luta de classes, pode-se dizer com certeza que a proposta mais agressiva em relação a seu enfrentamento é a dos comunistas. Segundo Marx e Engels, “a teoria dos comunistas pode ser resumida em uma sentença: abolição da propriedade privada”. Essa propriedade baseia-se no antagonismo de capital e trabalho assalariado. Baseia-se, portanto, na exploração do proletariado que sofre entre outros abusos o da mais-valia.
Apesar de a proposta parecer violenta, os autores ressaltam que na verdade a propriedade privada é um privilégio de uma minoria social e que, dessa forma, extingui-la seria um benefício para a maioria dos integrantes da sociedade. Essa melhoria social é expressa na seguinte sentença do texto: “Na proporção em que a exploração de um indivíduo por outro termina, a exploração de uma nação por outra também terminará. Na proporção em que o antagonismo entre classes dentro da nação desaparece, a hostilidade de uma nação para outra terminará”.
Em síntese, o que Marx e Engels procuram explicar no Manifesto Comunista é que o proletariado é a classe social com mais potencial revolucionário e com maior força que existe. É a classe que torna a produção em larga escala algo viável e, portanto, sua existência é fundamental para que a burguesia se mantenha íntegra. Por essa razão, os autores defendem através de pressupostos do Manifesto e de grandes argumentos e exemplos, que o proletariado deve se unir e atuar em prol de seus interesses e de melhorias que beneficiem a maior parte da sociedade. Pois, segundo eles “os proletários nada têm a perder fora suas correntes. Têm o mundo a ganhar”.