Este é um espaço para as discussões da disciplina de Sociologia Geral e Jurídica do curso de Direito da UNESP/Franca. É um espaço dedicado à iniciação à "ciência da sociedade". Os textos e visões de mundo aqui presentes não representam a opinião do professor da disciplina e coordenador do blog. Refletem, com efeito, a diversidade de opiniões que devem caracterizar o "fazer científico" e a Universidade. (Coordenação: Prof. Dr. Agnaldo de Sousa Barbosa)
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quinta-feira, 15 de março de 2012
375 anos de atualidade.
Ciências e humanos
O mundo e o método cartesiano
Na época de Descartes, a ciência era pouco desenvolvida e, por isso, até ele, mesmo sendo grande defensor da racionalidade e de muito criticar a onda sobrenatural que assolava sua época (dogmas religiosos, magia, alquimia), acreditava na existência de uma inteligência superior. Para Descartes, Deus é o grande engenheiro do mundo e o homem é quem vai desvendar esse mundo. Foi exatamente a partir desse pensamento que ele constituiu sua mais famosa frase: “Penso, logo existo”, visto que o homem só pode desvendar os mistérios do mundo porque é dotado de razão e, se é dotado de razão, ele pensa e se ele pensa, existe.
O pensamento cartesiano ainda é muito atual, as pessoas buscam, cada vez mais, o conhecimento pela razão e, ao mesmo tempo, buscam explicações no sobrenatural ou em hábitos antigos para tudo o que não conseguem explicar pela ciência. Esta se torna cada dia mais criativa e começa a gerar um desencantamento do mundo, a medida que o homem tenta criar como Deus, mas com seus próprios instrumentos, como é o caso do uso de células-tronco para criar órgãos do corpo humano.
Em sua obra Discurso do Método, Descartes também mostra sua decepção e insatisfação com o ensino tradicional. Ele reclama do fato de os antigos apenas contemplarem as coisas do mundo, sem procurar entende-las na sua essência e prega que para caminhar com segurança na vida é preciso aprender a diferenciar o verdadeiro do falso e nos mostra suas máximas para isso: seguir a opinião dos mais sensatos, ser firme e decidido em suas próprias ações e procurar vencer sempre a si próprio antes de tentar desvendar o mundo. Por isso que um cientista nunca deve ser devotado por uma paixão ou crença, pois irá se cegar para o óbvio, já que não está usando somente a razão, mas os seus sentidos e, como disse o próprio autor em sua obra, apesar de enxergarmos o sol bastante claramente, não devemos julgar que ele seja do tamanho que o vemos. Enquanto que, “...a razão não nos sugere que tudo quanto vemos ou imaginamos seja verdadeiro, mas nos sugere realmente que todas as nossas ideias ou noções devem contar algum fundamento de verdade”.
Método de Descartes
Superstição, magia, alquimia, dogmas religiosos, senso comum não provado, os sentidos, pré-noções, não seriam maneiras seguras na construção do conhecimento. Havia a crítica ao conhecimento sobrenatural e a desconfiança em relação ao conhecimento transmitido pelo hábito ("enganos que ofuscam a nossa razão").
Descartes defendia a fragmentação do conteúdo para melhor analisar e solucionar suas dúvidas, o início por pensamentos mais fáceis à evolução para os mais complexos, e a "ideia de ciência como elemento voltado para o bem do homem".
Uma de suas conclusões foi a de que o conhecer é perfeição maior do que o duvidar, e de que a inteligência intelectual, o pensar, são tão importantes e magníficos que só poderiam vir de uma natureza perfeita, ou seja, Deus.
A metodologia cartesiana está presente na atualidade, pois a razão e o conhecimento são valorizados, essenciais no desenvolvimento de tecnologias e procurados na carreira profissional, como exemplos. Apesar disso, como em sua época de vida, ainda existem os dogmas, as superstições, o sobrenatural, os preconceitos, as pré-noções, os ditados populares, caminhos muito usados pelas pessoas a fim de obterem conforto, diversão, conhecimento e segurança, caminhos estes criticados por Descartes em sua obra.