Uma das características mais marcantes do pensamento do alemão Max Weber
é a sua abordagem do fato social, a que Weber atribuiu o nome de ação social.
Ao contrário de Durkheim, ele defendia que o sujeito que analisa o fato social
não procure distanciar-se dele, porque isso seria impossível, dada a carga de
interesse que ele possui no fato – todos nós, por sermos membros da sociedade,
por estarmos com ela envolvidos, somos, para Weber, incapazes de estudarmos os
fatos sociais de forma distanciada. O método de análise que Weber defende é
fundamentado no uso do que ele chama de tipos ideais, conjunto de ideais a
respeito de um dado objeto estabelecidas de modo anterior a sua análise, ideias
que se sabe não necessariamente corresponderem à realidade, mas que são
extremamente úteis para chegar-se a ela.
É muito bem-vinda na atualidade essa concepção weberiana. Afinal, o tempo
todo encontramos pessoas fazendo ou tentando fazer análises de toda sorte de
acontecimentos. Tragicamente, elas parecem crer que suas análises são
objetivas, distanciadas do objeto analisado, o que não poderia estar mais
distante da realidade: cada vez mais, as alegações que fazemos são
influenciadas e, pior, distorcidas por
ideologias. A tendência é cada vez mais adotar a postura oposta à de Weber:
utiliza-se preconceitos não para se chegar uma análise, mas para eles próprios
serem a análise, e coloca-se sobre eles uma roupagem de análise objetiva e
racional.
Além disso, Weber lembra que o indivíduo ocupa lugar central na análise,
concepção que também permite um entendimento muito mais completo da realidade,
qualquer que seja o fato social analisado, pois, afinal de contas, toda ação
humana é levada a cabo por indivíduos. Certamente, o indivíduo pode ser influenciado
em enorme grau pelas tendências de um grupo, mas este não existe por si só –
ele nada mais é que um conjunto de indivíduos, de modo que, se uma parcela
significativa deles opta por uma ação B em vez de uma ação A, a tendência do
grupo que eles formam não é a mesma que seria caso optassem por A.
Evidentemente, é de se lamentar
que o pensador rejeite a pretensão de questionar com o intuito de modificar a
realidade que se constata. “Uma ciência empírica não pode ensinar a ninguém o
que deve fazer”. Ainda assim, as contribuições de Max Weber para todo o
pensamento das Ciências Humanas são muito significativas – se é que tais
palavras expressam de maneira satisfatória o tamanho de seu impacto – e por
isso dignas de serem conhecidas e, uma vez conhecidas, questionadas, como devem
ser todas as coisas.