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domingo, 3 de abril de 2022

A Crítica como Norte nas Veredas do Racionalismo

 

Com o fim da Idade Média, o Renascimento e o Humanismo surgiram como um modelo que contrapunha, em vários momentos, o ideário cultural manifestado pelo período histórico antecessor que se baseava em um ser supremo, Deus, colocado no centro do universo dos homens que viviam sobre doutrinas, doando suas vidas, seus costumes e suas forças à igreja, com a promessa de que caso agissem como estipulado pelo clero, receberiam vida eterna. Nesse sentido, o Renascimento surge com uma nova proposta de visão sobre o mundo, colocando o Homem no centro do universo, o que gera, consequentemente, a necessidade que formar princípios nos quais os homens sustentem todos os fundamentos, cria-se assim, métodos de pensamento científicos, racionais, que fornecem subsídios humanistas na busca do conhecimento. Nesse ínterim, a razão, considerada, nesse período, maior representação da essência do ser humano, modificou este momento da história e moldou o mundo que se conhece hoje. Dessa forma, é mister atentar que são inegáveis os avanços e as conquistas adquiridas pelo método racionalista de se deter conhecimento, tanto quanto é preciso alertar sobre a falta de criticidade que acompanha, hoje, tal metodologia.

Diante disso, a busca da razão se deu por vários filósofos, entre esses Descartes e Bacon, que discordavam em opostos da maneira com que se apreendia o conhecimento, o primeiro entendia como matéria inerente da razão, já o segundo vislumbrava o conhecimento como adquirido pelas sensações do mundo. De toda forma, viam na razão seu principal objetivo, e depois, com fomento dos Iluministas, a razão, a técnica e a ciência serão vistas como as únicas formas de salvação para os seres humanos. Nessa continuidade, é preciso ressaltar que sem o racionalismo como forma de guiar e produzir ciência não chegaríamos a várias conquistas inerentes ao uso do método cientifico, tais como vacinas, sistemas de computador, internet, carros, energia elétrica e suas tantas formas de obtenção, todas baseadas em métodos e cálculos que possibilitaram sua existência. Logo, é imprescindível atentar as conquistas trazidas pelo racionalismo.

No entanto, embora tenha trazido inúmeras conquistas aos seres humanos, o método racionalista de pensamento moldou também a forma de pensamento atual, sendo fomentado ao indivíduo desde o nascimento pelas instituições sociais, como a família e a escola que, infelizmente, muitas vezes impõem uma forma de pensamento tecnicista não abrindo espaço para o senso crítico. O “racional” molda as vidas de forma com que tudo seja cronometrado, tudo tenha que ser feito a tempo, tudo em nossas vidas deve ser logico, o homem se confunde a uma engrenagem, a um robô, e a comodidade leva a alienação. Tal reflexão pode ser levantada muitas vezes por obras cinematográficas como é o caso do longa “Ponto de Mutação” no qual se é discutido sobre o racionalismo e como várias invenções trazem hoje preocupações para a vida humana uma vez que interferem no meio ambiente, como por exemplo, o consumo desenfreado de carne e a grande poluição inerente ao sistema de locomoção à gasolina, por exemplo, e como maquinas são inventadas para amenizar estes efeitos, ao invés de se investir em métodos profiláticos a esses panoramas. Assim, pensadores da Escola de Frankfurt analisam tal panorama “racional” como uma via de mão dupla,  como no drama trata-se como o mesmo método que pode gerar maravilhas tecnológicas, pode ser cego e indiferente a demandas e perspectivas mundiais, normalmente, de grupos sem muitas condições econômicas, estes pensadores ressaltam também, como a razão vendida à burguesia se torna, muitas vezes, violenta, colocando-se a frente da natureza e tornando o homem violento consigo mesmo no mundo capitalista de produção, no qual só se insere como similar a uma máquina, mais uma engrenagem  racionalista,  ao extremo, o que antes era essência, hoje, desumaniza.

Depreende-se, portanto, que são inúmeros os benefícios e avanços gerados pelo método Racionalista de pensamento e conquista cientifica, no entanto é preciso de crítica sobre essas metodologias tanto no panorama mundial, quanto individual. A Crítica deve ser, portanto, um norte nas veredas do racionalismo.

Ambos os quadros : " A racionalidade leva ao melhor", primeiro em Inglês, segundo em Esperanto.



Larissa Vitória Moreira, Direito - Noturno 

1º semestre 





O RISCO IRRACIONAL

A razão é um dos principais tópicos estudados e expostos tanto por Bacon quanto por Descartes, o que os opunham a qualquer crença sem fundamentação científica, ou seja, crenças populares. Em razão disso, durante a pandemia do Coronavírus foi possível observar o raciocínio dos estudos dos sociólogos, uma vez que, uma parte da população se opôs a todos os fatos científicos sobre o vírus e a doença.  

A princípio, o descaso com as pesquisas sobre a pandemia estava relacionado a opinião popular que configurava a doença como algo simples sem grandes riscos à população, além disso, segundo Bacon quando a razão está desacompanhada do benefício à sociedade, ela é inútil, logo, quando o presidente em exercício Jair Bolsonaro disse publicamente que tratava-se de uma "gripezinha", toda a população foi posta em risco mediante a infeliz “razão” do líder da nação.

Contudo, com o passar do tempo, a opinião popular mudou de “sem riscos” para “risco excessivo” com a criação de vacinas contra o Covid-19,aqueles que se recusaram a acreditar nas comprovações científicas, disseminaram falsas informações como reações mortais à vacina, até mesmo a implantação de um chip comunista a partir das substâncias presentes nas doses, discursos sustentados pelas autoridades.

Desse modo, a forma como o pensamento é distribuído à sociedade pelos próprios cidadãos de forma benéfica para a mesma é uma obrigação natural do homem, segundo Bacon. Assim, o risco da ausência da razão é enorme, principalmente diante ao que vivemos desde o início da pandemia, e o benefício à sociedade transforma-se em perigo. Então, parafraseando Bacon, o benefício só se concretiza quando as reflexões racionais se materializam, como por exemplo aqueles que lutam a favor da ciência, que contribuíram com a razão com o número atual de brasileiros vacinados e a queda do número de mortes pela doença no país.

Maíra Janis de Sousa - Direito MATUTINO 



   

O Tribunal

Muitos se perguntam o que há no plano além do conceito existente da vida, alguns supõem que seja um paraíso repleto de todas as coisas que há de melhor nesse mundo, outros acreditam que é apenas um local temporário onde somos julgados por nossos pecados antes de voltar a terra. Porém hoje, meu caro leitor, esse plano além da compreensão humana, mais especificamente no setor reservado para aqueles que dedicaram a sua vida ao conhecimento, se torna palco para o julgamento em tribunal de duas correntes filosóficas, onde, seus advogados, são seus criadores. 

- Senhoras e Senhores, está aberta a sessão no compartimento 3,14 do pós vida, para a discussão a respeito das Bases Epistemológicas do conhecimento, para definir, nos momentos atuais, a teoria de maior importância na sociedade, promovida pelas partes René Descartes, com o Método Científico, defendida por sua obra O Discurso do Método, e, em oposição, Francis Bacon, através do racionalismo experimental, reafirmado em sua obra Novo Organum. Eu me chamo Immanuel Kant e irei julgar este processo. - Pelo fato de sua teoria se situar em um plano de intersecção entre o empirismo e o racionalismo, todos consideraram que Kant seria a atribuição ideal para tal julgamento. - Começo passando a palavra para Descartes. 


- Promovendo o início de meu argumento, Meritíssimo, gostaria de afirmar que o Método Científico não é defendido apenas em minha obra, mas sim algo difundido mesmo hoje, no ano terrestre de 2022, provando que a razão é de extrema necessidade para a pesquisa e o descobrimento, uma vez que tudo deve ser questionado, e através de tais questionamentos e, é claro, a formulação de hipóteses, chegaremos no conhecimento. O método, além de ser a forma mais clara de se alcançar o saber, não nos permite ser enganados, pois estaremos sempre munidos da dúvida e não aceitaremos aquilo que não for comprovado. 


- É de certa ironia, Vossa Excelência, que o defendido da oposição seja o Método Cientifico, pois eu mesmo me baseio no meu próprio. - Bacon dá partida em seu argumento - Porém, em minha teoria, defendo que o alcance do conhecimento deve ser obtido através da utilização total de nossos mecanismos e de uma proposta indutiva, onde, de uma forma experimental, alcançaremos a cura de nossa mente. E, percebendo as nossas antecipações, nos impedimos de cair no senso comum e trilhamos em busca da evolução, proposta através da interpretação de cada um da natureza. Eu proponho, meritíssimo, a cura da mente humana, e acredito que é de extrema importância para a sociedade atual. Devo esclarecer, que não me oponho de forma alguma as inovações, pois, eu mesmo sou um crítico a forma tradicional de fazer filosofia, porém, a observação é algo que não pode ser abandonado ao se fazer ciência. 


-Devo concordar que é de muita importância o método científico e o abandono do modelo antigo, mas também devo dizer que não há como se basear em observação para a constatação de fatos, pois estaríamos assim, nos deixando guiar pela ingenuidade. - Alfineta Descartes.  


- Ingenuidade, meu caro, é aceitar apenas que a razão é a única que pode nos prover o saber! 

 

A discussão se estende e se torna cada vez mais calorosa. Quando chega em seu ápice, os espectadores, os defensores e o júri concordam que para definir o futuro do conhecimento humano, devemos chamar, de outro setor, um humano que estava recentemente vivendo o período propriamente dito, então, é convocado de outro compartimento, o brasileiro Alexander Campos, que morreu por negar a vacina. 


- Dou a palavra ao senhor Alexander Campos, que irá nos auxiliar no processo para decidir qual corrente deve ser seguida!  

- Olá a todos, me desculpe a pergunta “dotô”, mas eu vou falar sobre o quê mesmo? - após ser contextualizado da situação, o brasileiro começa a falar - Então, na minha opinião, os dois tão certos. 

-Poderia nos dizer o porquê?  

-Bom, eu vou te falar que a pesquisa é muito importante sabe? Esses dias mesmo eu recebi no meu celular uma notícia que graças a Deus me impediu de tomar a vacina, vocês sabiam que a China está implantando chip nas vacinas pra conseguir controlar a gente? E tem mais! O bom da pesquisa é que ela chega rápido na gente né? Só olhar no grupo da família e prontinho, já posso ficar seguro! Mas vou te falar que observar também é muito importante! Esses dias estava vendo as notícias e observei o tanto de gente que reclama de falta de serviço por aí, e ainda culpam o presidente, mas eu sempre vi que são todos um bando de folgado que não procura emprego e eu falo isso porque eu vejo viu? Graças a Deus tenho muito conhecimento, sei das coisas!

 

Após as afirmações absurdas do senhor Alexandre e 10 minutos de silêncio completo de todas as partes, foi decidido que ambas as correntes científicas são importantes e possuem as suas semelhanças e diferenças que contribuem para o alcance do conhecimento. Sendo assim, o tribunal foi encerrado sob a justificativa que há uma desvalorização do conhecimento no ano de 2022 e uma suposição errônea a respeito do mesmo e que o ideal é encontrar uma forma de combater tal barbaridade, pois seguir uma corrente é melhor do que não seguir ou compreender nenhuma. 



Maria Cecília Da Silva Mateus - 1º Ano de Direito Noturno

A negação de um óbvio à luz de Bacon.


 O ser humano costuma gabar-se por ser “mais que um mero animal”, ou até nega ser um animal e afirma ser algo além disso, tudo graças ao fato de ser capaz de utilizar o cérebro de uma forma que nenhuma outra espécie, por ele (ser humano) conhecida, consegue. O ser humano se auto-intitula um ser racional, capaz de usar a razão e a lógica para interpretar, supostamente, o mundo de uma forma melhor do que os outros seres da natureza, porém, é extremamente complicado fazer tal afirmação considerando que um ser que se diz mais inteligente que os demais seja incapaz de enxergar (ou mesmo que enxergue, prefira negar) problemas tão evidentes e que lhe afetam diretamente, como é o caso do aquecimento global.

 Segundo o livro Novum Organum, ou, verdadeiras indicações acerca da interpretação da natureza (1620) de Francis Bacon, o ser humano faz uso de seus sentidos para tentar compreender a Natureza, tomando como verdade tudo aquilo que apreendem de seus sentidos em conjunto do seu intelecto. Para Bacon, o uso dos sentidos como forma de compreensão da natureza é algo extremamente suscetível a erros grotescos, pois, para ele, a natureza é muito mais complexa do que a capacidade humana de percepção por meio dos sentidos, e além disso o próprio intelecto humano (pelo qual os seres humanos tanto se gabam em ter) é facilmente suscetível a errar, pois o cérebro humano é sujeito a inúmeras influência que, para Bacon, obstruem a obtenção de algo mais próximo do que de fato seria verdade (um axioma de fato sobre a natureza), como as emoções, os vieses, as idealizações tanto de pessoas como de conceitos e inúmeros outros aspectos que turvam o ser humano de fazer constatações de fato verdadeiras, opinião essa que baseia-se na concepção de que o ser humano se engana ao confiar cegamente em si mesmo (tanto em sua mente quanto em seus sentidos), pois o ser humano só alcançaria algo mais próximo da verdade de fato se fosse capaz de abstrair-se dessas influências que acabam turvando um maior entendimento sobre as coisas, algo que apesar de polêmico diz muito sobre como a humanidade vem encarando uma série de questões, como no caso do aquecimento global.

 Todavia, é válido ressaltar que o problema do aquecimento global, que além de sério, e óbvio, também ameaça diretamente a própria existência da espécie humana no planeta Terra, não vem sendo encarado com a seriedade adequada pela maioria da humanidade, que prefere encará-lo como um problema distante que não lhe afeta (se eximindo, assim, da responsabilidade de fazer algo á respeito), ou que prefere negar sua existência (forma desesperada de admitir que o problema é tão mais complexo que a capacidade vulgar majoritária de compreensão, que o ser humano e seu cérebro que não conseguem aceitar que não são capazes de compreender tudo que existe de uma forma lógica e coerente preferem simplesmente fingir que a questão não existe e pregar contra sua existência apenas com o intuito de sentir-se um pouco mais inteligente e no controle, ou, um pouco menos ignorante sobre a realidade e a natureza), o que, analisando como Bacon, apenas mostra como o ser humano se apequena diante das coisas que não consegue compreender e ao invés de tentar de fato se adequar para tal, prefere, na média vulgar, apelar para um senso comum de negação do problema baseado apenas na não capacidade de constatação desse problema de forma imediata por meio de seus sentidos, os quais não são capazes de apreender de forma imediata, completa e exata, as consequências de algo que foi constatado há décadas e que já vem surtindo determinados efeitos não fáceis de correlacionar e de constatar de forma fácil e imediata para o ser humano médio e comum, que prefere, por isso, fingir que tal questão não existe, confiando apenas em seus sentidos e na lógica falha de construção de raciocínio baseada no uso induzido e inadequado de seu intelecto, sem o compromisso de, de fato, tentar se aproximar da realidade, mas sim de apenas massagear o próprio ego da humanidade.

 Diante do exposto, é de fácil compreensão de que, analisando a forma como a humanidade vem tratando a questão do aquecimento global à luz de Bacon, o ser humano, de forma muito enganosa e estúpida, vem negligenciando a questão (real e fatal) do aquecimento global de forma a preferir distanciar-se ou até negar tal questão, com base em fatores de fácil sujeição ao erro, que é o caso dos sentidos e do intelecto humanos, que, para Bacon, são apenas meios errôneos de se constatar falsas verdades que objetivam apenas validar uma necessidade cerebral humana de se sentir correto e longe do erro, quando na verdade a constatação e aceitação do erro seria um caminho muito mais eficaz para se compreender um pouco melhor a realidade e a natureza. A forma como o ser humano constrói raciocínios e determina o que considera ou não fato é sempre baseada numa metodologia aculmulativa de experiências baseadas em experiências anteriores, o que apenas acaba arrastando um erro por inúmeras constatações que vão sendo feitas, igualando a importância entre coisas observadas atual e antigamente, e, para Bacon, a única forma de se romper com tal ciclo de erros seria com o ser humano procurando se abstrair de seus sentimentos e intelecto e, assim, atingindo um estágio mais eficaz de apreensão de informações sobre a natureza, deixando de Antecipar (fazer constatações baseadas em emoções, sentidos e no intelecto humano, que são falhos, se enganam) as questões da natureza e passando a Interpretar a natureza de fato (chegando em constatações independentes da vontade ou não do ser humano em acreditar naquilo, independendo da capacidade humana de ver lógica ou não na verdade de fato sobre a natureza), podendo, assim, parar de negar (seja mais sutilmente ou não) o problema do aquecimento global e podendo, portanto, endereçar o problema de uma forma adequada, sem a necessidade de uma negação estúpida do problema com finalidade exclusiva de incapacidade do ser humano de realizar sua própria ignorância e falha em compreender o tamanho da complexidade de um problema como o do aquecimento global.


Aluno: Otávio Aughusto de Andrade Oliveira

Turma: 1° Ano de Direito (2022) - Matutino


Sonho com recheio de “realidade”

 

Texto inspirado na Quarta Parte da obra "O discurso do Método" de René Descartes, que tem como objetivo refletir a proposta fundamentada pelo filósofo de que tudo que se experiencia acordado não é mais verdadeiro do que as ilusões dos sonhos:

Ingredientes

Massa:

  • 1 kg de sentidos líquidos
  • 10 g de especulação
  • 1 hábito

Recheio:

  • 1 Deus em forma de verdade
  • 2 colheres de existência

Modo de Preparo

Massa

  1. Dissolva os objetos que representam os sentidos exteriores.
  2. Solve a dúvida de tudo que te leve ao erro.
  3. Faça bolinhas do tamanho que preferir das ações tomadas por demonstração.
  4. Após isso, frite até se transformarem em erros.

Recheio

  1. Para preparar o recheio, misture bem a compreensão de que tudo que existe no homem se origina de um ser perfeito, até engrossar.
  2. Se preferir pode adicionar uma pitada de Deus como inteligência pura, mas não exagere com os defeitos, se não o recheio pode queimar, atingindo o ponto de contingência.
  3.  Coloque em forminhas de método e a sua realidade mecânica estará pronta para servir!

Júlia Lima Souza 
1º ano de Direito Matutino
2022

A necessidade de uma base experimental para a sociedade


Apesar de não ser recente, apenas com as filosofias de Descartes e de Francis Bacon sobre a teoria do conhecimento através da sistematização do método que se obteve um avanço na construção de um método científico. Estes que apresentam divergências sobre o método, sendo o Descartes baseado no uso da racionalidade, ignorando os sentidos e utilizando da razão para julgar as verdades e as mentiras, enquanto o Bacon inicia com o pensamento do Empirismo, no qual a fundamentação do conhecimento é dada na formulação de hipóteses e na experimentação destas. 

Assim, entende-se uma evolução na fundamentação do conhecimento, saindo da teoria racionalista de Platão, passando por uma evolução dessa em Descartes e indo até o empirismo de Bacon, no qual o conhecimento é fruto de várias experimentações. Mas, mesmo após anos dessas visões de conhecimento, nos encontramos em uma situação na qual a validação do conhecimento obtido é questionada, baseando esses novos conhecimentos no senso comum. 

Desse modo, ideias anti-vacinas, contrárias ao isolamento social e contrárias ao uso de máscaras se perpetuam, questionando os métodos de pesquisa já instaurados e debatidos a anos por filósofos, e usando das ideias e do raciocínio em cima do senso comum para validar e estruturar seu conhecimento, criando uma sociedade, na qual a principal fonte de informações são conclusões que não podem ser definitivas para a formação teórica de uma sociedade. 

Dessa forma, podemos concluir que apesar de toda a argumentação acadêmica e do método cientifico para a obtenção do conhecimento, muitas pessoas são iludidas pela visão de mundo daqueles que usam o raciocínio lógico, sem qualquer fundamentação experimental. Sendo assim, é nítida a necessidade de discussão desses temas, para que possamos instruir aqueles que não tem acesso ao conhecimento em nível acadêmico e fundamentar a sociedade em conhecimento experimental. 


Gabriel Goes Rosella- 1 ano de Direito Noturno

 Não olhe para cima: não ganhou o Oscar, mas passou a mensagem.

 

 

O mito da caverna retrata a situação em que pessoas se recusam a observar a verdade em virtude de saírem da sua zona de conforto. Fora a alegoria, o filme “Não olhe para cima” retrata bem essa realidade da sociedade contemporânea com relação a ciência. Podendo-se citar: a situação da crise climática e o negacionismo como temas importantes para sociedade no século XXI e pontos de discórdias.

O filme narra a chegada eminente do cometa Dibiasky, que ao se chocar no oceano pacífico, destruiria a Terra. Podendo-se interpretar como metáfora para o perigo da crise climática que o mundo enfrenta. No longa metragem a presidenta do EUA, interpretada pela por Meryl Streep se preocupa apenas com a sua reeleição. Algo comum em nossos líderes que resistem em tomarem medidas para a redução de emissão de gases efeitos estufas. Muitos negam a ciência para se perpetuarem e seus cargos levando ao fracasso as tentativas de acordo de promover a sustentabilidade do planeta nas conferências climáticas.

Na mesma linha, outro tema importante abordado no filme foi o negacionismo, onde em oposição a campanha “Olhe para cima” para mostrar que o cometa era visível e estava se aproximando, criou-se pelo governo a campanha “Não olhe para cima” com intenção de dizer que o cometa não existia. Assim, não é difícil de visualizar essa problemática na atualidade com relação as vacinas para Covid-19. No Brasil, o governo de turno nega a mortalidade do vírus e a eficiência da vacinação, mesmo com 660 mil mortes causadas pela doença no país.

Outrossim, mais de 2300 anos após Platão e o mito da caverna, quase quatrocentos anos depois da racionalismo da ciência de René Descartes e do método indutivo de Francis Bacon, a ciência neste século têm o papel de salvar o planeta do incontestável aquecimento global, promover o desenvolvimento sustentável e ainda estar preparada para enfrentar pandemias como da Covid-19 e outras que virão. Dessa forma, o filme Não Olhe pra cima, apesar de não ter ganhado o Oscar 2022, trouxe à tona temas importantes para sociedade neste século.

 

 

Joel Martins S. Junior

Aluno do 1º ano de Direito – Noturno

O método cartesiano e baconiano e a desinformação

O método cartesiano e baconiano e a desinformação


O conhecimento e a curiosidade sobre a natureza das coisas, desde as sociedades primitivas, foram de interesse do homem, que buscava explicações de diversas formas, seja na religião ou na ciência. Assim, na Idade Moderna, com a influência e o estudo do conhecimento greco-romano e a ascensão da camada burguesa, refletiu-se muito sobre a forma como o homem assimila e desenvolve o conhecimento e sua legitimidade. Nesse contexto, destacam-se os filósofos Francis Bacon e René Descartes, que propuseram caminhos para ter certeza acerca da veracidade de uma informação. Contudo, esses caminhos não são necessariamente considerados para a compreensão da realidade contemporânea.

Para Descartes, a filosofia, até sua época, tinha bases fúteis e incertas e o conhecimento que fora construído a partir dela era também algo pouco consolidado. Diante de tantas incertezas, a dúvida deveria ser o meio para adquirir o conhecimento, logo, torna-se a base do método científico na ótica cartesiana, assim, a veracidade de tudo deveria ser questionada para se ter. Dessa forma, as coisas podem ser tidas como verídicas só se forem fatos claros e distintos, sem motivos de dúvida. E, para a análise das coisas que não são claras, deve-se dividi-las o máximo o possível para resolvê-las melhor, partindo do estudo das questões mais simples para as mais complexas, e, em todo caso, fazer um estudo amplo e íntegro, que não deixasse quaisquer dúvidas remanescentes. Sua elaboração, o método científico cartesiano, deveria ser seguido de maneira racional, objetiva e sem influências pessoais, para que a natureza seja compreendida e a ciência, desenvolvida de forma prática pela raça humana ao longo do tempo.

Em contraste, Bacon não reconhecia grandes contribuições na filosofia tradicional e grega antiga para o homem, além de criticar o método científico por sua dificuldade de implementação pela incerteza das coisas e por ser simplesmente um exercício da mente. Assim, propõe um novo método, no qual os mecanismos da experiência determinam a mente, chamado de "cura da mente", em contraste com a percepção de Descartes que prioriza a razão à experiência. Além disso, o filósofo valoriza as antecipações da mente sobre a interpretação, por elas serem mais objetivas e base para o senso comum, então mais facilmente admitidas do que as percepções falsas que temos sobre o mundo que são, para Bacon, de quatro tipos e origens diferentes e chamadas de ídolos. Dessa forma, como a filosofia tradicional não é útil para o homem, deve-se desenvolver uma ciência empírica proveitosa para o domínio progressivo da natureza, para possibilitar inovações constantes com origem na mente humana, sem influências dos ídolos. 

Apesar de ambas as visões dos filósofos, mesmo que divergentes, retratarem caminhos possíveis para a assimilação do conhecimento, contemporaneamente, é comum que seus métodos sejam ignorados e informações falsas, como as fake news, amplamente divulgadas. Entre elas, pode-se citar o incentivo ao uso da hidroxicloroquina como método de prevenção ao coronavírus, mesmo sem confirmação científica de efetividade, por figuras como o Presidente Jair Bolsonaro. Nesse caso, muitas pessoas tomaram o medicamento sem que a dúvida de sua efetividade tivesse sido extinta como sugeria Descartes e sem buscar se livrar dos ídolos como recomendava Bacon. Portanto, mesmo com meios claros, seja por experiência ou razão, de ter um conhecimento, as pessoas tendem à desinformação por influências pessoais e dos ídolos sem ter consciência da invalidade das coisas que acreditam por não as questionarem. Assim, independentemente de qual dos caminhos, de Descartes ou de Bacon, é melhor de seguir para se conhecer algo de fato, a maioria das pessoas não analisa informações para assimilá-las.


Luiza Polo Rosario - 1º ano matutino

A influência de Descartes e Bacon para o mundo contemporâneo.

 A influência de Descartes e Bacon para o mundo contemporâneo.

Apesar de serem considerados como opostos devido a suas correntes filosóficas, Descartes e Bacon convergiam e um ponto, A visão de Bacon sobre a necessidade do entendimento da natureza para sua dominação converge com a visão mecanicista de descartes no quesito de a natureza ser uma máquina e a ciência ser a forma de entendê-la e controlá-la. Dessa forma, apesar das divergências sobre o verdadeiro meio de se alcançar a verdade, ambos promoveram o conceito de dominação da natureza, buscando a praticidade na ciência, com um papel de alterar as condições de vidas humanas, supostamente para melhor. Essa visão foi fundamental para a sociedade científica da época e afeta a humanidade de diversas formas até hoje.

 

Essa influência pode ser vista na maneira como a humanidade age de formas muitas vezes sistemáticas, nas quais as relações que deveriam ser afetivas tornam-se irracionais, como, por exemplo, analisar um relacionamento pessoal com viés econômico, tentando avaliar se esse gasto seria compensado futuramente na forma financeira (um filho que futuramente irá trabalhar) ou afetiva (os gastos necessários para alcançar um relacionamento com alguém). Outra situação mais extrema é a racionalização da vida, onde o sacrifício de certas pessoas é considerado válido para o benefício maior. Esta ética utilitarista tem como maior exemplo o nazismo, o qual pela ótica da escola de Frankfurt é o resultado do conceito de dominação da natureza levada ao extremo, o que gerou, não só o domínio da natureza, mas também o do próprio ser humano. O filme Mindwalk -  O Ponto De Mutação (1990) também aborda como essa visão gerou dentre outros fatores o desequilíbrio da sociedade e eventos similares ao holocausto (no caso usando o exemplo da caça as bruxas).

 

Além disso, essa visão de mundo extremamente fundada na ciência é uma das principais causas para o desencantamento do mundo. Esta teoria proposta por Max Weber afirma que essa vigência da  razão objetiva instrumental gerou o fim das tradições como a religião no âmbito social. Isso porque, com o predomínio do meio científico, as formas de saberes advindas da tradição e religião são consideradas sem fundamentos científicos e, portanto, inferiores à verdadeira ciência. Essa interpretação dos fatos pode ser vista na contemporaneidade, onde a religião, apesar de restringir certas áreas de pesquisa, tem pouca influência nas universidades e pesquisas acadêmicas dos países.

 

Dessa forma, é possível concluir que essa forma de pensar advinda desses filósofos cientistas tiveram um forte influência não só naquela época, mas para além dela. Tal pensamento é nítido na contemporaneidade, o qual  muitas vezes gera consequências negativas quando utilizado de forma agressiva. Sendo assim, é importante discernir as situações na qual a praticidade científica deve ser utilizada.

 

Paulo Henrique Illesca Da Costa – Direito matutino 1o ano

    Em tempos onde realidade e razão por muitas se fundem, a percepção de ciência verdadeira se perde. Dificultando a distinção entre opinião e fato, o que causa graves danos à sociedade e consequentemente a saúde. 

    Grandes deturpações de informações foram geradas sobre os métodos de prevenção contra a Covid-19. Notícias como "a vacina muda o DNA" ou " o uso de máscaras deixam doente"  são frequentemente espalhadas por diversos tipos de redes, acertando em cheio uma parcela da população que utiliza do seu "bom senso" para julgar e avaliar tudo o que chega até eles. Muito dificilmente procuram pela base ou fatos concretos da mesma. Ajudando assim a perpetuação das famosas Fake News.


    De acordo com o Discurso do Método de René Descartes (1637) , o homem só chega à verdade através da razão. Portanto, utilizar como base a opinião e pura especulação,  fere diretamente com seus princípios. A desinformação leva a descrença nas medidas sanitárias propostas, levando ao descumprimento das mesma, o'que causa diversos prejuízos na saúde pública,  como a propagação do vírus, aumento do numero de casos e consequentemente do numero de mortos.


    Dessa forma, toda e qualquer informação sem os devidos experimentos científicos, devem ter sua veracidade questionada. Para que assim possamos evitar os impactos negativos que as notícias falsas causam, diminuindo assim sua ampla divulgação e focando no real cumprimento do objetivo da ciência, o bem comum, ajudar o próximo e desenvolver a sociedade.


A Importância científica em tempos de obscurantismo.



A ideia de um estudo do conhecimento não é recente. Desde a antiguidade, houve certos precursores que tiveram sua importância no estudo da epistemologia. Dentre eles, podem-se destacar : Platão, Tomás de Aquino , Santo Agostinho, etc. Entretanto, foi no período moderno que se começou a estudar formalmente a epistemologia. Sobretudo, a partir de Descartes em “O Discurso do Método” e Francis Bacon em “Novum Organum”. Com cada qual divergindo quanto ao modo de como se obter conhecimento. No primeiro, inaugura-se a escola chamada de Racionalismo, cuja perspectiva estava fundamentada no uso da Razão, isto é , trata-se da capacidade através da qual se distingue o verdadeiro do falso; e se para que isso seja feito de forma correta é necessário que a razão seja submetida a um método livre de ideias preconcebidas. Em contrapartida, Bacon inaugurou uma nova forma de análise : O Empirismo. Valendo-se do uso da experimentação e da formulação de hipóteses para legitimar seu método de obtenção de conhecimento.

Apesar desses progressos no modo de produção e de sistematização do conhecimento, na contemporaneidade, muitos deles foram deixados de lado à medida que ideias sedutoras e simplificadas são submetidas a massificação e ,então, transmitidas em veículos de mídia ao público geral a fim de atingir maiores receptores.

Nesse viés, certas  matérias informativas objetivam tão somente angariar a atenção do público, sem quaisquer compromissos para se chegar à verdade. Há, nesse sentido, a prevalência da mentalidade capitalista e da busca inexorável do lucro que tem, por consequência, a subversão da verdade. Ademais, há evidente diminuição da profundidade de temas e da banalização da ciência em discursos e ideias pretensamente “científicas”.

Portanto, as bases da epistemologia foram alicerçadas no período moderno, e foram sine qua non para o desenvolvimento do pensamento científico. No entanto, apesar desses progressos , vemos um claro abandono aos princípios que balizaram o sustentáculo do rigor metodológico. Causados, dentre outras coisas, pelas instabilidades políticas vigentes e, em última instância,  pela despreocupação com a realidade dos fatos por alguns veículos de imprensa. Sendo assim, com a ascensão do obscurantismo e fake news, fortalecem-se ideias e modos de agir danosos à sociedade além de mentalidades extremistas e não abertas à mudança e a dúvida. Conceitos esses universalmente fundamentais e inegociáveis ao exercício científico.


Direito Matutino- 1°ano

Rienzzi K. C. P. Morais