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segunda-feira, 9 de setembro de 2013

             Weber e o rompimento da neutralidade


  Max Weber teve uma grande importância no entendimento metodológico das ciências humanas, principalmente para a sociologia. Ao contrário de Durkheim, o intelectual alemão partiu do pressuposto da impossibilidade do ser humano ser totalmente  neutro em relação a seu estudo e pesquisa. Tal impossibilidade para Weber é devido a grande gama cultural e sentimental do ser humano, sendo este permeado por sua cultura própria mesmo tentando distanciar- se totalmente dela.
  
  Portanto, a melhor maneira de se encaminhar uma pesquisa ou estudo, não seria buscando apenas a neutralidade absoluta, mas  sendo o estudioso conciente de sua cultura e história, ele deveria levar em conta esses aspectos próprios em seu estudo, tentando dessa maneira guiar um estudo qualitativo e direcionado.

  Outro aspecto importante do autor, é sua percepção da volatilidade das teorias sociais, sendo estas mutáveis e não absolutamente verdadeiras por toda eternidade. Esse pressuposto parte da grande mutação que sofre as sociedades constantemente e , por conseguinte, suas leis também devem mudar. Deste modo, o pensador alemão Max Weber foi de grande valia para as ciências humanas como um todo.



André César S. A. Costa
Direito Diurno

O individualismo de Weber

O intelectual alemão Max Weber ia de encontro ao materialismo de Marx, quando afirmava que o indivíduo não é fruto da economia. Ou seja, a sociedade, no âmbito econômico, não necessariamente molda o indivíduo. Segundo ele, as ações das pessoas estariam relacionadas com motivações particulares, repletas de individualidade, não sendo obrigatoriamente direcionadas pelo meio: a ação social estaria determinada por um sentido e movida por valores. Dessa forma, acreditava que mesmo em uma sociedade de massas não haveria homogeinização de valores, dado o caráter particular do indivíduo.


Weber acreditava que deveria haver uma cisão entre ciência e política, pois se as ideologias transbordassem e impregnassem a ciência esta se “perderia”. E de fato é o que ocorre, com eventos como a “Cura gay” em que os interesses da bancada evangélica direcionam, de ser modo, a ação de psicólogos e médicos.



Gustavo Lelles de Menezes                                                            Direito noturno
Max Weber viveu no tempo em que se começava a pensar nos fundamentos do individualismo moderno. Uma das grandes inovações trazidas por ele à sociologia foi o individualismo metodológico. Segundo ele, o indivíduo escolhe ser o que é, contudo, suas escolhas são definidas por seu grau de conhecimento e pelas oportunidades ofertadas pela sociedade.

Weber defendia que a sociologia era capaz de abranger a essência e as conexões presentes nas ações sociais. Ele propôs uma concepção de método e de objeto na sociologia que se baseava na interpretação de ações sociais individuais, perante condições determinadas, e busca.

Segundo o autor, o sentido de ação social nos mostra que a conduta de ator estimula certo comportamento de outro. Esse fenômeno pode ser observado no comportamento de outro individuo, de um grupo de indivíduos ou ainda de uma pluralidade indefinida de indivíduos. Ele divide a ação social em quatro categorias: de modo racional referente a objetivos, de modo racional referente a valores, de forma afetiva e de modo tradicional.


Amanda Silva Trevisan - direito noturno.

Sociedade "não-prevista"

                 Comte, Marx, Durkheim estabeleceram escolas de ciências sociais, buscando entender a "máquina social". Elaboraram métodos de análise, buscando nas ciências sócias as bases de estudo tentaram criar leis, analisar como um organismo estático ou dinâmico, criaram tipos ideais e até criaram leis que nos daria a possibilidade de prever o devenir.
                  Max Weber vem nesse contexto para dar a sua contribuição às ciências sociais, que estavam por se estabelecerem nas faculdades e universidades. Pode-se dizer que a maior contribuição foi lembrar que uma sociedade é feita de homens (quem diria?) e homens não estão sujeitos a leis do mesmo modo que os planetas, ou a eletricidade (se bem que até mesmo esses corpos e fenômenos sofrem os seus desvios, previsíveis, mas ainda são desvios).
                  E foi desse modo que Weber, na sua incompreendida sociologia, procurou demonstrar que por mais que existam "fatos sociais" inevitáveis, não são de completo irresistíveis, por mais que a estrutura econômica oprima, talvez seja porque, olhando de hoje, a sociedade industrial ainda era muito jovem, e que por mais que se tenha achado um padrão, este não pode ser tomado como uma lei — como que um nobre feudal imaginaria uma sociedade burguesa? Então como prever a nova sociedade do futuro.
                  Essa forma mais abrangente de enxergar as sociedades marca a sociologia de Weber, em nenhum momento a sua proposta é banir os métodos sociológicos anteriores, a proposta é não tomar nenhum partido, nenhuma ideologia, nenhuma lei prevista; é deixar a pesquisa o mais intacto ó possível, para seus fins serem os mais amplos.
                 É interessante observar a evolução das ciências sociais, e essa proposta de Weber parece que vem a dar um up nos estudos sociais, apontando algumas coisas que faltavam, como reconhecer a composição humana da sociedade e, o mais importante, a necessidade de um estudo puro.

Weber e a complexidade das ciências sociais

Max Weber viveu num contexto de inserção da sociologia no âmbito universitário. Acreditava, antes de qualquer coisa, que esta deveria ser ensinada dentro das salas de aula não como mera ideologia – para Weber, o materialismo dialético de Marx, por exemplo, estava se reduzindo a uma – mas como uma construção científica.
Para o pensador em questão, era de fundamental importância que não se perdesse os laços com a realidade ao se estudar a sociologia. Criticava aqueles que a propunham como uma ciência exata, explicada por meio de leis imutáveis. Weber defendia, ao contrário dessa corrente de pensamento, que, por se tratar de uma ciência social – a qual possui como objeto de estudo, portanto, as relações humanas -, deve ter sua complexidade e mutabilidade compreendidas. A formulação de leis, nessas circunstâncias, empobrece a análise crítica e plural dos fenômenos sociais.
Um segundo ponto importante acerca do pensamento de Weber é o fato de o sociólogo defender não apenas uma observação contempladora da realidade, mas sim sua compreensão, dotada de completa mobilidade, capaz de servir como instrumento de atuação do homem no mundo. É também relevante ressaltar sua crença de que o ser humano não poderia, em nenhum momento, ser separado de seus juízos de valor.
É partindo, a propósito, deste ponto, que esclarecemos uma terceira característica essencial da teoria de Max Weber: segundo o pensador, o homem nunca pode ser analisado somente no contexto do grupo ou classe social dos quais faz parte, mas segundo seus valores morais, sua religião e sua conduta individual. Weber acreditava que, ao reduzir o ser humano a parte de uma massa homogênea – que seria um conjunto social idealizado – você perde completamente toda a riqueza da heterogeneidade ali contida, composta pelos pensamentos e ideologias de cada indivíduo.

Por fim, ele deixa claro que não devemos, em nenhuma hipótese, petrificar uma teoria em relação à sociedade, pois esta é mutável e inconstante, sendo possível apenas vislumbrar consequências e resultados para determinadas ações, porém nunca com certeza.

- Iara da Silva, Direito Noturno

O Princípio da Inescusabilidade

Em termos gerais, o sociólogo alemão Max Weber argumentava que o estudo das sociedades devia ser realizado tendo como base o próprio indivíduo, em vez da costumeira análise das estruturas sociais que supostamente regem as diversas esferas sociais. A sociedade, afinal, é, por definição, formada por seres singulares e diferentes entre si, portanto uma análise individual de seus componentes potencialmente ofereceria um quadro mais realista.

Weber argumenta que as ações de um determinado indivíduo devem ser analisadas talvez de forma descontextualizada. Obviamente toda sociedade forma sua própria cultura, no que diz respeito aos costumes, à religião, às relações interpessoais. Seria então um ser patológico aquele não reflita essas características da sociedade? Indo profundamente contra o que Marx diz, Weber defende que a sociedade, principalmente no viés econômico, não obrigatoriamente molda o indivíduo. Ele afirma que as ações dos indivíduos partem de motivações pessoais, intimamente calculadas, e não meramente direcionadas pelo meio.

O sociólogo defende que quanto maior a generalização, mais distante se está da realidade em análise. Esse princípio, ainda que possivelmente verdadeiro, vai de encontro a muito dos pilares do Direito. Ainda que sejamos todos diferentes, vivemos juntos no mesmo ambiente, sendo portanto necessário que existam regras gerais para direcionar nossa vida civil. O artigo terceiro da Lei de Introdução Às Normas Do Direito Brasileiro versa sobre o princípio da inescusabilidade: "Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece." É absolutamente possível que alguém deixe de cumprir uma lei por a desconhecer, no entanto imagine o caos que seria instaurado se isso pudesse ser utilizado como defesa... Esse artigo pode ser muitas vezes injusto, afinal é humanamente impossível para qualquer um conhecer todas as leis vigentes em nosso país, mas ele é também de suma importância para que a vida em sociedade seja possível. Talvez Weber esteja realmente certo, e generalizações deveriam ser evitadas, mas talvez apenas do ponto de vista analítico. Do ponto de visto jurídico e estatal, são sempre bem-vindas.

Por Lucas Omer Severen Surjus
1º Ano Direito Diurno

O indivíduo como foco

O pensador Max Weber constrói a ideia de valorização do indivíduo, do individualismo, ou seja, o desprezo das generalizações, estereótipos pois para ele ao generalizarmos descaracterizamos a essência que só pode ser notada com a análise do aspecto individual, pois cada indivíduo possui suas características próprias e específicas, portanto não permitindo o seu estudo por uma ciência.
            Assim critica o Materialismo Histórico-Dialético de Karl Marx que generaliza o indivíduo e tenta estudá-lo por meio de uma ciência, enquanto Marx se caracteriza como materialista (a economia influencia as ideias) Weber se caracteriza como idealista, ou mais especificamente culturalista que é exatamente o contrário da linha de pensamento marxista. Vale ressaltar que para Weber o conceito de ação social é essencial, ou seja, as atitudes dos indivíduos partem de suas motivações pessoais.
            Por fim, podemos exemplificar o pensamento weberiano no seu livro “A ética protestante e o espírito do capitalismo” onde é feita uma análise de como a religião protestante, principalmente a calvinista, aliada ao capitalismo influencia o indivíduo, sua motivações pessoais, suas ações sociais. 

André Mateus Pupin - Direito Diurno

Weber e a ação social

          Ao analisar por uma compreensão de cunho sociológica, Max Weber considera que devemos levar em conta que o que está em foco é a ação dos indivíduos na sociedade. Assim entes coletivos como o Estado por exemplo, devem ser estudados de forma individual.
   
     Tais entes, segundo o autor, são representações que tomam espaço na mente das pessoas pelas quais orientam suas ações. Entretanto antes de realizarem suas ações os indivíduos ponderam sobre os valores que estão corretos de acordo com sua consciência e visão pessoal e o autor ainda classifica a ação social em 4 tipos possíveis.
   
    Weber critica o determinismo científico e o materialismo histórico, pois uma ciência empírica no pode impor normas e ideais obrigatórios para a prática da ação.
       
 O autor também cria um tipo ideal que atua como uma forma de organizar a complexidade de ossa vida cotidiana e o caos gerada por ela. Assim, possibilita que se tenha uma ideia de situações futuras que a sociedade impõe ao individuo.



Otavio Meneghel Bastos - Direito Diurno

Weber e o direito contemporâneo




É interessante notar que o pensamento de Weber difere em alguns sentidos do funcionamento do direito contemporâneo.  Apesar de o direito basear-se grande parte de suas leis em costumes e na realidade de certo povo, criando legislações extensas e densas, Weber afirma que “jamais pode ser tarefa de uma ciência empírica proporcionar normas e ideais obrigatórios, dos quais se possa derivar receitas para a prática”. É, contudo, necessário para o bom funcionamento de um Estado, que haja certos dispositivos que possibilitem um bom convívio entre diferentes indivíduos racionais dotados de diferentes vontades.
                Nos países onde se são baseados o direito costumeiro, o chamado common law, notadamente EUA e Inglaterra, é reconhecível e amplamente divulgada sua natureza altamente abstrata de leis, elevando-se o valor da jurisprudência e dos costumes. Este tipo de Direito é tido como eficiente, uma vez que se garante a coação com base nos costumes. Todavia, Weber discorda desta visão, ao afirmar que “e quanto mais gerais, isto é, abstratas são as leis, tanto menos contribuem para as necessidades da imputação causal dos fenômenos  individuais e, indiretamente, para a compreensão da significação dos acontecimentos culturais.” No Brasil, país de civil law, o ordenamento jurídico é excessivo, maciço buscando alcançar o máximo de conceitos concretos e, mesmo assim, tem-se uma justiça falha e, muitas vezes, duvidosa.
                Ademais, faz-se necessária a análise dos meios em que os juízes se baseiam para se chegar a uma conclusão. A ação racional com relação a um objetivo é, muitas vezes, falha, pois não leva em conta os sentimentos e dificuldades por que os julgados passam. Já a ação racional com relação a um valor é pobre, uma vez que cada indivíduo foi concebido por diferentes valores. Deve-se, portanto, o magistrado basear-se, majoritariamente, nos princípios da ação tradicional, analisando o histórico daquela pessoa, como parentes e lugares ou já passou.

Individualismo da coletividade

Ao defender de forma inexorável a compreensão da sociedade para que uma crítica à realidade fosse feita, Weber criou um paradoxo dentro do Direito. Uma vez que não estuda-lo seria possuir uma lacuna na matéria sociológica do curso e estuda-lo é aprender que as leis devem ser mantidas à distancia se quisermos compreender na realidade o que de fato acontece. Essa visão weberiana possui sentido contrário ao estudo das normas que regem um país, mas possibilita uma maior compreensão da sociedade em si.
Já que, sendo papel do cientista social estudar a sociedade em suas inúmeras formas, deve-se levar em consideração que fatores como a historia, o lugar e o tempo são determinantes para a sustentação cultural de um povo.
Assim, o estudo social deve ser realizado com a cautela de focar nas ações individuais que ocorram em meio à coletividade, ou seja, analisar os aspectos humanos de forma individual e não panorâmica permite que a quantidade de detalhes sociais capitados seja maior e o estudo mais completo e sustentável.
E, aqui, retornamos ao dilema das leis. Afinal, ao estudar a coletividade de forma individualista percebemos que as leis não determinam a forma de cada pessoa agir, mas de uma sociedade em si. Por isso elas podem ser uma influência prejudicial ao estudo sociológico.
Em sua metodologia, Weber baseia-se claramente no estudo empírico utilizado nas ciências naturais, apesar de saber que as ciências humanas possuem maior abstração e complexidade. Ainda assim, ele estabelece um padrão social perfeito e analisa as sociedades reais comparativamente com esse determinado padrão.

Bárbara Andrade Borges - direito diuno

O individualimo weberiano em oposição ao materialismo marxista

O final do século XIX e o início do século XX foram marcados por uma efervescência cultural e política que culminou nas duas grandes guerras e na revolução socialista na Rússia. Muitas doutrinas e escolas de pensamento surgiram nessa época, buscando entender o que se passava na sociedade e até, em alguns casos, prever os acontecimentos vindouros.
Max Weber (1864-1920) foi um sociólogo e jurista alemão que escreveu durante esse período. Suas obras buscavam explicar a economia capitalista, a ética religiosa, a política de diversos países, entre outros temas.
Além de buscar a objetividade do conhecimento, como muitos de seus contemporâneos, Weber diferenciou seu método de pensar a sociologia ao partir do indivíduo para fazer suas análises. Faz parte da metodologia weberiana o conceito de ação social, que envolve analisar a ação dos indivíduos a partir de suas motivações pessoais: valores, objetivos, relações afetivas e costumes.
Nesse sentido, Weber se diferencia radicalmente de Marx. Ambos os pensadores tiveram importância indiscutível no período, porém suas abordagens são totalmente distintas. Marx parte do modelo de produção econômica para determinar como os indivíduos agem; para Weber, ocorre o contrário. O próprio Weber, em seus escritos, critica a metodologia de Marx.
É preciso ir além da pergunta simplista de "quem estava certo?". O legado dos dois pensadores deve ser levado em conta. Atualmente, o marxismo recebe muitas críticas, mas teve importância inegável enquanto método. As falhas de Marx estão ligadas à sua tentativa de "prever" a revolução socialista e às limitações metodológicas do materialismo. A sociologia de Weber também é questionada, no sentido de ser estereotipadora e, por isso, também limitante. Embora decorram de uma má interpretação de suas ideias, tais questionamentos não podem ser ignorados.

                                        O que de fato nos é concebido como valor?

          Pensando na sociologia de Weber como uma sociologia embasada nas ações sociais, nas quais cada indivíduo utiliza de seu próprio juízo de valor para realizar sua conduta perante a sociedade, temos desmistificadas as ideias anteriores no tocante à "definição ou taxação da sociedade". Mais claramente, quer-se dizer que Weber , por mais que estude a ação social do indivíduo em estado bruto, não faz de seus resultados leis universais. Sua "anti-nomologia" , que deixa a pureza conceitual de lado, não mais irá buscar pela taxação dos Estados, nações, sociedades, etc, e sim compreender o que intrinsecamente as concebe : a ação individual.
          Percebo-me interessado por tal pensamento. Por mais que Weber cite um "tipo ideal", propõe-se longe de defini-lo como um "dever ser". Por mais que se enraízem tradições, hábitos, costumes e crenças em uma sociedade, estará o sujeito destinado a absorvê-las como fundamento de seu respectivo juízo de valor? É no inteligente modo de se conceber uma sociedade sem pureza conceitual que se abre lacunas para condutas inesperadas, para ações patológicas dentre outras afins que de certa aparecem e afetam o meio em que surgem.
          Em minha concepção, é dessa forma que podemos entender a ação dos indivíduos pelo viés da compreensão, e não da taxação e do julgamento, não que os mesmos não sejam necessários. O que se verifica, na verdade, é uma reação menos espantosa diante das inesperadas condutas que possam emanar do meio social. Acredito ser verdade, uma vez que muito me intrigo com Dexter Morgan, personagem de um seriado estadunidense.
         Órfão de uma mãe mutilada por serra elétrica, pai, psicopata, perito forense, assassino em série...  Age normalmente em sociedade, trabalha com homicídios, cuida do filho, mata... Mata, e ainda nos parece inocente. É raro encontrar algum espectador da série que o enxergue com maus olhos. Não identifico-me como um deles, por sinal, e acredito que o maior motivo para isso consiste em minha compreensão sobre o que verdadeiramente pesa em seu juízo de valor. Ter a mãe morta em sua frente e chorar sobre seu sangue o fez psicopata, o que no tardar de sua vida o fez agir fora da conduta social, seguindo sua paixão de matar.
        Tudo isso torna, ao meu ver, seus atos compreensíveis, o que acho ao mesmo tempo estranho. Estaria Weber falando de tal neutralidade perante os atos em seus ensinamentos?
          


Interpretação da Ação Social por Weber

     Weber acreditava que o papel principal da sociologia era fazer uma crítica da realidade, uma crítica do mundo, ao invés de investigar às ciências nomológicas, as ciências naturais, que se fundamentam pelo estudo das leis que regem os fenômenos. Assim, quanto mais nos apegamos às leis, mais longe da realidade estamos, pois esta só é alcançada através de uma operação crítica. Ademais, para Weber, as ciências naturais apresentam uma compreensão imóvel, pois apenas contemplam o mundo.
     Assim, o cientista social tem o dever de investigar o sentido e os valores da ação social, pois esta é formada pela injunção de valores culturais, religiosos, tradicionais, e não apenas por engendramentos econômicos, como pensava Marx. Desse modo, Weber se diferencia do pensamento marxista, pois os indivíduos não são movidos apenas por classes sociais, mas sim por valores multifacetários que cada indivíduo carrega, pois é impossível separar o juízo de valor dos cientistas sociais de seu objeto de trabalho.
     Portanto, a compreensão sociológica deve se focar na ação dos indivíduos, mesmo quando se trata de analisar entes coletivos, como o Estado ou a família. O que importa é a conexão de sentidos individuais, e não apenas pensando no prisma econômico, pois este é apenas mais um dos fatores da ação social.
     Outra característica que Weber analisa é a de evitar olhar para o mundo com uma visão panorâmica, pois pela visão geral não captamos os detalhes da ação social. Dessa forma, quando temos respostas de antemão para tudo, podemos ser surpreendidos pelos vários outros fatores existentes. Por exemplo, quando pensamos no proletariado na visão marxista, temos como suas principais características a alienação, a classe dominada, a consciência de classe e o ator de uma possível revolução. Porém, devemos evitar esse denominador comum de todo modelo ideal, pois as leis são apenas o primeiro passo na análise dos objetos.
     Por isso, o modelo ideal das leis apenas dão uma direção, um sentido, pois na consciências individuais há vários horizontes que podem ser pensados diferentemente. Portanto, para Weber, o proletariado não deve agir apenas como classe social, mas sim analisando a combinação de fatores das ações sociais e projetando possibilidades diferentes para o futuro de cada um. 
    
Elisa Kimie Miyashiro - Direito Noturno       


       Max Weber queria estabelecer as fronteiras do que poderia ser a sociologia, uma ciência da realidade, esquadrinhando elementos fundantes da interpretação sociológica. Ela lançaria olhares para todas as áreas do conhecimento, no qual o cientista almejaria pela subjetividade mínima em tentar compreender o outro, uma vez que seria impossível separar o homem de seus juízos de valores.
Diferente das ciências exatas, na qual existem leis e regras fixas que regem os fenômenos da natureza, as ciências sociais irão absorver a pura e simples realidade. O mundo real é caracterizado por ser algo tão complexo e multifacetado, por isso quanto mais basearmos em leis para seu entendimento, mais nos afastaríamos do real.
       A ciência da realidade teria como função compreender o sentido da ação social, que não há como reproduzi-la e nem modelizar, mas se pode apenas imaginar o leque dos possíveis sentidos dela. O importante são as conexões que o indivíduo atribui ao agir. Ele será o elemento que constrói o sentido de mudança social engendrado permanente por injunções que a sociedade cristaliza sob o individuo, podendo ser movido por valores emocionais, culturais e não apenas econômicos como pensavam o marxismo.
       Em sua metodologia ele traça um modelo para esta ciência. Primeiro se cria um “tipo ideal”, que seria um parâmetro de analise, e através dele se observaria o ator real. Certamente este ator será diferente do tipo ideal, e assim esse ideal desaparecerá com a combinação de fatores. A teoria se transforma comportando esses novos elementos para manter o teor explicativo. E finalmente se tenta estabelecer as conexões entre elas e pensar nas possibilidades para o futuro. O cientista social irá apenas vislumbrar o que pode vir acontecer, não existe uma certeza ou uma possibilidade dogmática.